600 vagas serão criadas em instituições mais abertas que os hospitais tradicionais; clínica será inaugurada em Botucatu
Jornal O Estado de S. PauloFabiana Cambricoli e José Maria Tomazela / Botucatu - O Estado de S.Paulo
Quase
dois anos após iniciar uma operação policial no centro de São Paulo
para tentar acabar com a Cracolândia, o governo do Estado decidiu mudar
de estratégia mais uma vez e agora vai investir na ampliação dos leitos
de comunidades terapêuticas para dependentes químicos. Segundo Ronaldo
Laranjeira, coordenador do Programa Recomeço, pelo menos 600 vagas serão
abertas até o fim do ano. Hoje são cerca de 300.
"A ideia é iniciar um modelo social de recuperação. As comunidades
terapêuticas são unidades mais abertas que os hospitais, nas quais o
dependente vai reconstruir a vida dentro de uma estrutura social nova. É
como se fosse uma família substituta", explica Laranjeira.
Para ele, a operação de janeiro de 2012, na qual a Polícia Militar tomou a Cracolândia, não teve êxito porque não houve integração com as políticas de saúde. "A operação até conseguiu desorganizar o tráfico, mas não houve continuidade."
Para ele, a operação de janeiro de 2012, na qual a Polícia Militar tomou a Cracolândia, não teve êxito porque não houve integração com as políticas de saúde. "A operação até conseguiu desorganizar o tráfico, mas não houve continuidade."
Os leitos novos estarão em entidades privadas ou filantrópicas que farão convênio com o Estado. "Já temos entre 600 e 700 leitos pré-credenciados. Ainda não temos a confirmação do número final porque temos de checar as condições de infraestrutura e de documentação antes de finalizar o credenciamento. O pagamento é feito diretamente à comunidade, R$ 1.450 por mês por paciente."
Clínica. O governo estadual também inaugura hoje, em Botucatu, no interior, a primeira clínica própria do Estado exclusiva para o tratamento de dependência química. Hoje, os leitos existentes são em alas psiquiátricas de hospitais gerais ou em unidades privadas. Vinculado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, o Serviço Hospitalar e Ambulatorial de Referência em Álcool e Drogas vai atender adolescentes entre 12 e 18 anos.
A aparência da clínica é de uma pousada, cercada por bosques e gramados. Há uma área de lazer, com piscina, quadra de esportes e churrasqueira.
São 76 leitos, dos quais dez ficam na ala de desintoxicação, que recebe pacientes em crise ou situação de risco. O período de desintoxicação vai de três a cinco dias. Depois, o paciente segue para reabilitação.
O prédio tem um auditório com 60 poltronas e uma oficina de estética. "Vamos oferecer cursos de tudo o que for possível: cabeleireiro, manicure, maquiador, cozinheiro, confeiteiro, garçom, jardineiro, horticultor. Eles vão ter a oportunidade de se ocupar e aprender", diz Marly Thieghi de Mello, diretora do Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais), que engloba a nova unidade.
A unidade vai atender pessoas de Botucatu e de 67 municípios do entorno. O encaminhamento será feito pelas unidades de saúde, mas familiares de dependentes também podem procurar o serviço. "O período de internação pode chegar a 15 dias, mas o tratamento mesmo não tem prazo para terminar. A ideia é que, mesmo após deixar a unidade, o paciente volte sempre que quiser ou sentir que precisa de ajuda", conta Marly.
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