• Maconha faz mal?

    Saiba mais sobre a fundamentação científica acerca dos efeitos da maconha sobre o organismo.

Maconha X Direção


Maconha X Direção

O nosso artigo anterior, olhou para o Nacional Avanced Driving Simulator, que o NIDA, o Gabinete de Política Nacional de Controle de Drogas (ONDCP), e a Administração Nacional Highway Traffic Safety (NHTSA), usou para um estudo de três anos sobre os efeitos da maconha, com e sem uma dose baixa de álcool na condução das pessoas. O que o estudo descobriu?

A realização do estudo

Primeiro, vamos olhar para a forma como o estudo trabalhou. Aqui estão alguns dos princípios básicos: 
(1) Os pesquisadores selecionaram 18 participantes entre as idades de 21 e 55 anos que preencheram os critérios específicos.  

Os participantes:
  • relataram beber álcool e usar maconha não mais do que três vezes por semana;
  • haviam sido motoristas licenciados por não menos de dois anos, e tinham uma licença irrestrita válido; e
  • tinham percorrido pelo menos 1.300 milhas no ano anterior.

Os participantes também:
  • não tinham nenhuma doença médica significativa passado ou atual (ou seja, uma doença médica com um genuíno, efeito perceptível na vida diária);
  • não tinha história de uma experiência negativa significativa com a cannabis ou intoxicação alcoólica, ou com a doença de movimento;
  • não estavam grávidas ou amamentando; e
  • não estavam tomando medicamentos que possam causar danos se eles fossem combinados com cannabis ou álcool, ou que são conhecidos por afetar a condução.

(2) Os participantes receberam quantidades específicas de maconha, álcool, e,  ambos, ou um placebo (algo que não iria ter efeito algum) antes de cada simulação e teste. Uma vez que a Universidade de Iowa é um campus de não fumantes, os participantes receberam maconha vaporizado em vez do tipo que você fuma. 

(3) Depois de passar a noite no Hospital da Universidade de Iowa, para garantir que eles estivessem sóbrios quando o teste começou, os participantes chegaram a NADS, consumiram a cannabis e / ou álcool ou placebo, e então foram ao simulador durante 45 minutos. Cada um deles fez isso seis vezes, separados por pelo menos uma semana entre os testes.

Como dissemos no post anterior, o National Avanced Driving Simulator (NADS) mede muitas coisas sobre o comportamento, e movimentos de olho de motorista, tempos de reação, e a direção nas situações de condução.Os primeiros resultados do estudo focou em três aspectos:
  •     quanto alguém fazia "zigue-zague" dentro da pista;
  •     o número de vezes que o carro saiu da pista; e
  •     o quão rápido o "zigue-zague" era.

Lembre-se, a principal questão de pesquisa era, qual o nível de Δ9-tetra-hidrocanabinol (THC) no sangue do motorista, era necessário para prejudicar seu desempenho de condução, semelhante ao álcool, dentro de um limite de US 0,08%? THC é o principal ingrediente da maconha.


A resposta: A concentração sanguínea de 13,1 ug / L (microgramas por litro de sangue) de THC aumentou o zigue-zague do carro dentro da pista com a mesma intensidade dos motoristas com uma concentração de álcool de 0,08%. 


Tradução: Fumar um único cigarro de cannabis tem mesmo nível de comprometimento desta concentração mínima de álcool.

É importante notar que esta foi a "concentração de maconha no sangue", registrada durante a condução, não no momento em que sangue de uma pessoa seria coletado após um acidente ou a polícia o parar. Por que isso é importante? A concentração de THC no sangue, começa a diminuir paulatinamente, após o uso. No momento em que um motorista recebe um exame de sangue, o seu nível de THC estará abaixo de 13,1 ug / L, mas isso não significa que eles estavam bem quando eles estavam dirigindo.

A Maconha é frequentemente consumida em combinação com álcool. O estudo constatou que os motoristas que usavam álcool e maconha tecida dentro pistas, mesmo que os seus THC e álcool concentrações sanguíneas foram abaixo das concentrações de imparidade de um ou outro quando usado sozinho.


Isto significa basicamente que quando o álcool ea maconha são usados ​​juntos, você precisa de menos de cada um para prejudicar suas habilidades de condução. Se isso soa complicado, é. É muito arriscado para beber e dirigir, ou erva daninha do fumo e de unidade. 

Perdeu a Parte 1? Leia-o aqui!(em inglês)

Traduzido e adaptado por Mais24Hrs
Autor - NIDA for Teens - NIDA

Biologia da Toxicodependência

Drogas e álcool podem sequestrar seu cérebro - Biologia da Toxicodependência


As pessoas com dependência, perdem o controle sobre suas ações.
Elas anseiam em procurar drogas, álcool ou outras substâncias, não importa o que o custo, mesmo correndo o risco de amizades prejudiciais, prejuízos a família, ou a perder postos de trabalho. O que há, sobre esse ciclo vicioso, que faz com que as pessoas se comportem de maneira tão destrutiva?
E por que é tão difícil parar?
Cientistas NIH estão a trabalhar para aprender mais sobre a biologia do vício. Eles mostraram que a dependência é uma doença cerebral duradoura e complexa, e que os tratamentos atuais podem ajudar as pessoas a controlar(estagnar) seus vícios. Mas, mesmo para aqueles que já tiveram sucesso, há sempre o risco de retornar, o que é chamado de recaída.
 

A base biológica da dependência de ajuda a explicar por que as pessoas precisam de muito mais do que boas intenções ou vontade de quebrar seus vícios.
"Um equívoco comum é que a dependência é uma escolha ou problema moral, e tudo que você tem a fazer é parar. Mas nada poderia estar mais longe da verdade ", diz o Dr. George Koob, diretor do Instituto Nacional do NIH sobre Abuso de Álcool e Alcoolismo. "O cérebro realmente muda com o vício, e é preciso uma boa dose de trabalho para obtê-lo de volta ao seu estado normal. Quanto mais drogas ou álcool que você use, mais perturbador é para o cérebro ".
Os pesquisadores descobriram que muito do poder de vício reside na sua capacidade de sequestrar e até mesmo destruir regiões importantes do cérebro que se destinam a ajudar a sobreviver.
 

Um cérebro saudável, tem um sistema de recompensa, através de comportamentos saudáveis, como exercícios, comer, ou ligação afetiva com os entes queridos. Ele faz isso por ligar os circuitos cerebrais que fazem você se sentir melhor, que então te motiva a repetir esses comportamentos. Em contraste, quando você está em perigo, um cérebro saudável empurra o seu corpo a reagir rapidamente com medo ou alarme, para assim que você sair da situação adversa e perigosa. Se você é tentado por algo questionável, como comer sorvete antes do jantar, ou comprar coisas que você não pode pagar, regiões frontais do cérebro podem ajudar a decidir se as consequências valem as ações.
 

Mas quando você torna-se viciado em uma substância, os processos cerebrais podem começar a trabalhar contra você. Drogas ou álcool podem sequestrar os circuitos de prazer / recompensa em seu cérebro e ligá-lo a querer mais e mais. A adicção, também pode enviar aos seus circuitos emocionais estímulos, fazendo você se sentir ansioso e estressado quando você não está usando as drogas ou álcool. Nesta fase, as pessoas costumam usar drogas ou álcool para não sentir-se mal, em vez de por seus efeitos prazerosos.
Para acrescentar a isto, o uso repetido de drogas pode danificar o centro de decisão essencial na parte frontal do cérebro. Esta área, conhecida como o córtex pré-frontal, é a região que deve ajudá-lo a reconhecer os malefícios do uso de substâncias que causam dependência.
"Estudos de imagem cerebral de pessoas viciadas em drogas ou álcool mostram diminuição da atividade neste córtex frontal", diz Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional do NIH sobre Abuso de Drogas. "Quando o córtex frontal não está funcionando corretamente, as pessoas não podem(ou conseguem) tomar a decisão de parar de usar ou tomar, a droga, mesmo que eles percebam que o preço de tomar essa droga pode ser extremamente alto, como perder a custódia de seus filhos ou acabar na cadeia. No entanto, eles usam. "
 

Os cientistas ainda não entendem por que algumas pessoas se tornam dependentes, enquanto outros não. A doença da adicção(dependência química) tem certos tipos de genes, e estes têm sido associados a diferentes formas de dependência. Mas nem todos os membros de uma família afetada, por exemplo, são necessariamente propensas ao vício. "Tal como acontece com doença cardíaca ou diabetes, não há um gene que torna vulnerável", diz Koob.
Outros fatores também podem aumentar suas chances de vício. "Crescer com um alcoólico; sendo abusado quando criança; sendo expostos a estresse extraordinário, todos esses fatores sociais podem contribuir para o risco de dependência de álcool ou drogas ", diz Koob. "E com drogas ou álcool, quanto mais cedo começar, maior a probabilidade de ter o transtorno de uso de álcool ou dependência mais tarde na vida."
 

Adolescentes são especialmente vulneráveis ​​ao vício possível, porque seus cérebros ainda não estão completamente desenvolvidos, nas regiões frontais que ajudam com controle de impulso e avaliação de riscos. Circuitos de prazer no cérebro de adolescentes também operam em uma forma de "prazer maior", fazendo uso de drogas e álcool ainda mais gratificante e atraente.
NIH está lançando um novo estudo de âmbito nacional para saber mais sobre como o cérebro adolescente são alterados pelo álcool, tabaco, maconha e outras drogas. Pesquisadores usarão exames cerebrais e outras ferramentas para avaliar mais de 10 mil jovens em um período de 10 anos. O estudo vai rastrear as ligações entre o uso de substâncias e as alterações cerebrais, desempenho acadêmico, o QI, habilidades de pensamento e de saúde mental ao longo do tempo.
Embora há muito ainda a aprender, nós sabemos que a prevenção é fundamental para reduzir os malefícios do vício. "A infância e a adolescência são momentos em que os pais podem se envolver e ensinar seus filhos sobre um estilo de vida saudável e atividades que podem proteger contra o uso de drogas", diz Volkow. "A atividade física é importante, bem como o trabalho, projetos de ciência, arte, ou redes sociais que não promovem o uso de drogas."
 

Para tratar o vício, os cientistas identificaram vários medicamentos e terapias comportamentais, especialmente quando usados ​​em combinação, isto pode ajudar as pessoas a parar de usar substâncias específicas e prevenir recaídas. Infelizmente, não há medicamentos disponíveis para tratar a dependência de estimulantes, como a cocaína ou metanfetamina, mas as terapias comportamentais podem ajudar.
"O tratamento depende, em grande medida, da gravidade do vício e da pessoa individual," adiciona Koob. "Algumas pessoas podem parar de fumar cigarro e transtornos por uso de álcool por conta própria. Casos mais graves podem exigir meses ou mesmo anos de tratamento e acompanhamento, com esforços reais pela abstinência individual e geralmente completa da substância depois. "
 

Pesquisadores NIH também estão avaliando terapias experimentais que possam melhorar a eficácia dos tratamentos estabelecidos. A meditação e a estimulação magnética do cérebro estão a ser avaliados por sua capacidade de fortalecer os circuitos cerebrais que tenham sido prejudicados pelo vício. Os cientistas também estão a estudar o potencial de vacinas contra a nicotina, cocaína e outras drogas, que podem impedir o fármaco de entrar no cérebro.
"O vício é uma doença devastadora, com uma taxa de mortalidade relativamente elevada e graves consequências sociais", diz Volkow. "Estamos explorando várias estratégias para que as pessoas acabarão por ter mais opções de tratamento, o que irá aumentar suas chances de sucesso para ajudá-los a parar de usar drogas."

Fonte - NIDA
Traduzido por Google Tradutor (com adaptações e correções por Mais24hrs)

Comunidades terapêuticas são regulamentadas


O Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad/MJ) aprovou Resolução que regulamenta as chamadas comunidades terapêuticas. Essas entidades, que realizam o acolhimento de pessoas, em caráter voluntário, com problemas associados ao uso nocivo ou dependência de substância psicoativa, integram o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) e passam agora a ter mais uma ferramenta normativa, além da RDC Anvisa nº 29/2011. O documento, assinado pelo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi publicado no DOU desta sexta-feira (28).


Atualmente existem cerca de 2 mil entidades nessa situação no Brasil e todas eram fiscalizadas apenas com base nas normas sanitárias. Com o marco regulatório das comunidades terapêuticas, o Brasil, nos moldes de outros países que organizaram amplamente sua rede de cuidados, passa a ter um importante instrumento de proteção às pessoas acolhidas em tais órgãos.

Para o secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Vitore Maximiano, o esforço conjunto do governo e da sociedade civil para a regulação das CTs tornou o texto final um material que contempla as garantias aos acolhidos e mecanismos de funcionamento e fiscalização dos orgãos de controle e das próprias comunidades. “Estamos dando condições ao estado para a garantia de um espaço digno, que respeita os direitos humanos e tem condições de participar do processo de recuperação de usuários abusivos de drogas. Foi um processo democrático que levou ao marco regulatório dessa rede suplementar cujo objetivo é a reinserção social e a proteção do usuário, e não o tratamento de saúde propriamente”, afirmou.

O documento foi construído com a participação da sociedade civil por meio de um grupo de trabalho dentro do Conad, audiências públicas, consultas públicas e amplo debate. Participaram das discussões representantes de vários segmentos representativos do governo e da sociedade civil, dentre eles das próprias comunidades terapêuticas.

O presidente da Confederação Brasileira das Comunidades Terapêuticas, CONFENACT, Célio Barbosa, acredita que começou uma nova etapa para as comunidades terapêuticas no Brasil. “Nós tínhamos CT e prestadores de serviço que não eram CTs, mas atrapalhavam nosso trabalho usando esse mesmo nome. Estivemos numa luta de um ano e quatro meses para mostrar á sociedade e governo que prestamos um serviço diferenciado, de interesse da saúde, assistência social, justiça e educação”. Para Célio também será importante a diferenciação das instituições que prestam serviços de saúde e que não se enquadram como CT. “Não somos um equipamento de saúde e o entendimento disso, a interpretação dessa realidade, foi um processo pesado de demonstração que tivemos nesse tempo. Agora, ninguém fica no limo. Conseguimos, além disso, separar o joio do trigo”.

Dentre os avanços da regulação, fica determinado que as entidades não são estabelecimentos de saúde, esses regidos pela RDC Anvisa nº 50/2002, mas de interesse e apoio das políticas públicas de cuidados, atenção, tratamento, proteção, promoção e reinserção social de usuários de drogas. As entidades que oferecerem serviços assistenciais de saúde ou executarem procedimentos de natureza clínica não serão consideradas comunidades terapêuticas.

A adesão e permanência do cidadão é exclusivamente voluntária e entendida como uma etapa transitória para a reinserção sócio-familiar e econômica do acolhido, que pode interromper o acolhimento a qualquer momento.

Essas instituições precisam oferecer ambiente residencial, de caráter transitório, propício à formação de vínculos e com convivência entre os pares. O foco deve ser pessoas em situação de vulnerabilidade com problemas associados ao abuso ou dependência de substância psicoativa.

Entre as novas regras previstas, cabe destacar:

  • As CTs precisam comunicar o início e o encerramento de suas atividades, bem como o seu programa de acolhimento, para os órgãos de controle e atuar de forma integrada com a rede de cuidados;
  • Todos os acolhidos precisam passar por avaliação prévia na rede de saúde;
  • Devem elaborar plano de atendimento singular (PAS), em consonância com o Programa de Acolhimento da entidade;
  • Desenvolver atividades recreativas, de desenvolvimento da espiritualidade, de promoção do autocuidado e da sociabilidade e de capacitação, de promoção da aprendizagem, formação e as atividades práticas inclusivas; 
  • Informar os critérios de admissão, permanência e saída;
  • Permitir a visitação de familiares, bem como acesso aos meios de comunicação que permitam contato com familiares;
  • Não praticar ou permitir ações de contenção física ou medicamentosa, isolamento ou restrição à liberdade da pessoa acolhida;
  • Manter os ambientes de uso dos acolhidos livres de trancas, chaves ou grades;
  • Não praticar ou permitir castigos físicos, psicológicos ou morais, nem utilizar expressões estigmatizantes com os acolhidos ou familiares;
  • Não submeter os acolhidos a atividades forçadas ou exaustivas, sujeitando-os a condições degradantes; 
  • Fica garantido ao acolhido o direito à privacidade.


Financiamento público

O Governo Federal, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, de forma inédita, tem um programa de financiamento de vagas em comunidades terapêuticas. Até o momento, foram contratadas 371 entidades, gerando 8034 vagas em todo o Brasil. O valor pago é de R$ 1 mil/mês para adulto e de R$ 1,5 mil/mês para adolescente ou mãe/nutriz.

Fonte - Senad/MJ

"Porque, hoje, já não dão."


O STF está julgando a liberação do porte de maconha para uso próprio. A favor da medida estão, como sempre, cantores, jornalistas, sociólogos, advogados, surfistas e ex-presidentes que, durante seus governos, nunca tiveram uma política sobre drogas em termos de esclarecimento, prevenção e cura –entre os quais, FHC. Mas o que pensam a respeito os profissionais da saúde, como os médicos e os psiquiatras?


A entrevista da dra. Ana Cecilia Marques, presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas), à Folha ("População não entende liberação de droga para uso próprio, diz psiquiatra", 21/8), responde a essa pergunta. Merece ser acessada e lida na íntegra. Mas aqui vão alguns de seus principais pontos.


"A população não entenderá que a liberação é só para uso pessoal. Pensará que liberou geral. * Nos países que aplicaram essa flexibilização, houve aumento de consumo entre adolescentes, de dependência da cannabis e da facilidade para consumir outras drogas. * Fala-se do porte individual, mas onde cada um vai comprar? De empresas que plantem, colham e fabriquem o cigarro. Ou seja, vai-se criar uma indústria da maconha, como a do álcool. * Quem dita a política do álcool no Brasil? A Ambev. Quem ditará a política da droga? A indústria da droga.



"Onde está escrito que a droga é um problema individual, que não afeta terceiros?
* A maconha não é um simples produto. É uma droga psicotrópica, que atinge o córtex pré-frontal, que controla a autonomia. O usuário não controla a quantidade que usa nem os seus atos e muito menos as consequências, que não atingem só a ele. "As pessoas vão usar mais, vão pirar mais e não haverá leitos ou serviço de saúde que deem conta dos quadros de intoxicação e dependência – porque, hoje, já não dão."
Autor - Ruy Castro, Folha de São Paulo 

IML afirma: álcool está presente no sangue de 21% das vítimas em acidentes


A Gerência de Estatística do Departamento de Trânsito (Detran) divulgou, nesta semana, um levantamento com dados fornecidos pelo Instituto Médico Legal (IML) que apontou que 21% das pessoas vítimas fatais no trânsito do Distrito Federal, no primeiro semestre deste ano, tinham ingerido bebida alcoólica. O exame de sangue realizado pelo IML indicou resultado positivo para álcool em 38 das 180 pessoas.


De acordo com o Detran, nas vias internas das cidades, o segmento que apresentou maior índice de vítimas alcoolizadas foi o de motociclistas. Os dados mostraram que cinco dos 20 motociclistas mortos tinham ingerido bebida alcoólica, um índice de 25%. Já nas rodovias distritais e federais que cortam o DF, a presença de álcool foi constatada no sangue de quatro dos 25 motociclistas mortos (16%).

Com base nesses dados, o Detran informou que já preparou ações educativas e de fiscalização com foco na condução de motocicletas. O órgão esteve presente no evento Brasília Motocapital, ocorrido em julho deste ano, na Granja do Torto, para realizar uma campanha educativa com o slogan “Motociclista: se beber, não pilote”.

A ocorrência de alcoolemia também esteve presente em 16 dos 56 pedestres mortos (28%) e cinco dos 20 ciclistas vitimados (25%). A análise por tipo de via apontou que o número de pedestres mortos sob efeito de álcool foi de 35% nas rodovias (11 de 31) e 25% nas vias urbanas (5 de 20); já os ciclistas alcoolizados representaram 30% das ocorrências nas rodovias (3 de 10) e 20% nas vias urbanas (2 de 10).


Fonte - Jornal de Brasília

Diálogo com usuários foi prioridade na semana nacional de prevenção ao uso de drogas


A 17ª edição da Semana Nacional de Políticas sobre Drogas, realizada entre 19 e 26 de junho, teve como ponto comum em diversas atividades o contato com o usuário de drogas. Em rodas de conversa, visitas e eventos, os técnicos do Ministério da Justiça acolheram as necessidades, reclamações e pedidos de usuários em situação de vulnerabilidade social.


O tema escolhido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Senad/MJ, Todos pela Prevenção, foi utilizado nacionalmente por governos e prefeituras, que também organizaram seus próprios eventos para promover o debate desse tema.

Em Salvador, a equipe da Senad/MJ visitou a comunidade do Pela-Porco, onde funciona o programa Ponto de Cidadania. No local, são atendidos usuários em situação de rua, que podem lavar roupas, tomar banho, receber atendimentos de equipes multidisciplinares. Na região existe uma cena de uso que é diretamente atendida pelo programa. No bairro de Aquidabã, o governo da Bahia tem um convenio com a Senad/MJ para ampliação do Ponto de Cidadania, com mais duas instalações de área para atendimento. Também no local, o programa Corra para o Abraço desenvolve programações de cultura, arte, lazer e melhoria da qualidade de vida para usuários em situação de rua. Entre as principais necessidades apontadas por esses usuários estão a criação de uma rede de acolhimento, pois muitos não têm onde dormir, e de capacitação para busca de emprego. Na ocasião foi lançada a campanha acolha não puna.

A semana é um chamado para que governo e sociedade civil caminhem juntos num tema tão importante. A data é celebrada desde 1999, quando a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas completou seu primeiro ano. Essa Semana Nacional tem por objetivo principal a conscientização e a mobilização da sociedade brasileira no que diz respeito aos problemas e às atividades de redução da demanda e oferta das drogas.

Em São Paulo, além da participação no Seminário Diálogo Regional sobre Políticas de Droga e Aids, com Ministério da Saúde e Unodc, a equipe da Senad/MJ realizou visita a unidades com os programas Fortalecendo Famílias, no Centro de Referência de Assistência Social na Penha, e #Tamojunto no bairro Jardim Iguatemi. Para Vitore Maximiano, secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, esse contato direto com a população é muito importante na construção da política pública. “Queremos levar para todo o Brasil as ações de prevenção, como essas de São Paulo, que buscam fortalecer os vínculos familiares e estimular novas habilidades, com foco nos jovens, adolescentes e suas famílias”.

Em Fortaleza, a Senad/MJ acompanhou a instalação da Secretaria Especial de Políticas Públicas sobre Drogas do Estado do Ceará. Entre os projetos em andamento com a nova Secretaria, destacam-se o Projeto Redes e o apoio ao Centro de Referência em Drogas. O governo estadual transformou a antiga assessoria de drogas em Secretaria com a finalidade de incrementar o desenvolvimento das políticas públicas na área, bem como a articulação com as demais pastas envolvidas com a temática de drogas. Entre os desafios da nova gestão está a regulação das vagas em comunidades terapêuticas, incluindo aquelas já contratadas pela Senad/MJ.

No Rio de Janeiro foi realizada a apresentação do espetáculo “Em uma família”, do grupo Maré 12, um dos três grupos de jovens do projeto Teatro do Oprimido na Comunidade da Maré. A peça de Teatro-Fórum aborda o machismo que uma jovem de 15 anos sofre dentro de sua família. No espetáculo, a plateia é convidada a substituir a protagonista e no lugar dela, propor alternativas. Mais de 100 alunos, jovens entre 12 a 20 anos, da Escola Municipal Clotilde Guimarães, participaram do evento.

Já os leilões realizados durante o mês de junho, obtiveram sucesso de arrecadação. O Fundo Nacional Antidrogas, Funad, colocou a venda 394 lotes, entre os quais veículos, sucatas diversas e outros objetos nas cidades de Curitiba (PR), Amambaí e Campo Grande (MS). Em Amambaí a quantia arrecada pelo Funad foi de R$ 381.100. Todos os 41 lotes de veículos foram vendidos, via sistema on line. Já em Curitiba, o valor bruto de R$ 2.035.550,00. Todos os bens foram vendidos, incluindo os relógios do traficante Juan Carlos Abadia.

Fonte - Senad/MJ

Por que eu estou aqui de jaleco branco, enquanto esse sujeito está fumando crack

Crack - Tudo o que sabíamos sobre ele estava errado



Foi essa a pergunta do título do artigo, acima, que surgiu na cabeça do neurocientista Carl Hart, em 1998, enquanto ele tomava notas de suas observações para a pesquisa sobre efeitos do crack que estava realizando no Hospital da Universidade Columbia, em Nova York.



Hart era um cientista respeitável de Columbia, com três pós-doutorados, o primeiro negro a ser contratado como professor titular na área de ciências desta que é uma das melhores e mais tradicionais universidades americanas. O homem à sua frente era negro também, também na quarta década de vida, embora sua expressão indicasse muito mais idade. Era um vendedor ambulante, que tinha o hábito frequente de fumar crack nas ruas de Nova York, e que tinha concordado em participar da pesquisa em troca de droga grátis e algum dinheiro.

Os dois não poderiam estar em situação mais diferente. Mas Hart sabia bem que, por pouco, ele próprio tinha escapado do destino do outro. É essa a história que ele conta no livro Um Preço Muito Alto, que demole vários mitos sobre o crack.

Como ele escapou

Nos anos 80, quando estava no ensino médio, num bairro pobre de Miami, o pai alcoólatra, a mãe desequilibrada, cada um numa casa, a vida sem perspectivas, Hart traficava maconha. Ele circulava com um fuzil no porta-malas, ameaçava brancos que se aventurassem pelo bairro, roubava baterias de lojas de autopeças e televisores da casa dos vizinhos.

Por sorte (e por ser jogador de basquete e futebol americano e, portanto, correr bem), nunca foi pego. Se fosse, a ficha suja acabaria com suas chances de sucesso. A maioria das pessoas à sua volta - amigos e família - saiu-se pior. Uns se afundaram no crack, outros mofaram na cadeia. Um morreu com um buraco de bala numa execução na rua.

Hart usou drogas e tomou todas as decisões erradas possíveis. Mas encontrou um caminho para uma vida produtiva, de pagador de impostos e educador da juventude. "Foi sorte", admite. Mas não só sorte. Hart se salvou agarrando-se a oportunidades que apareceram. Primeiro: ele tinha jeito com matemática - e descobriu ainda adolescente o prazer de ser bom em algo.

Segundo: teve na família algumas referências sólidas de valores. Uma avó ensinou-lhe a ética do trabalho duro, outra transmitiu-lhe a importância de obter uma educação. Graças a isso, quando terminou o ensino médio e se deu conta de que o sonho de ser atleta profissional não passava de ilusão, ele teve forças para entrar na Força Aérea. No quartel, pôde começar uma faculdade, viajar o mundo e conhecer algumas referências de negros de sucesso, algo que não existia em seu bairro.

Terceiro: ele teve chances. Havia vagas em universidades de primeiro time para gente talentosa que viesse de uma vida miserável. Hart foi estudar na prestigiosa (e caríssima) Yale, com bolsa. Encontrou mentores que o guiaram e descobriu que, além do talento matemático, ele tinha capacidade de observação e habilidade para fazer cirurgia cerebral em ratos de laboratório. E aí uma carreira acadêmica se abriu para ele.

Ele decidiu tornar-se especialista nos efeitos do crack, para entender como a droga tinha destruído sua comunidade. E virou um neurocientista improvável, com seus dreadlocks e os três dentes de ouro, lembranças dos tempos de pobreza.

Enquanto Hart avançava na carreira, um incômodo crescia. Ao mesmo tempo em que se aprofundava nos dados científicos, ele acompanhava o debate público sobre a droga. Todo mundo dizia que o crack transformava pessoas em zumbis. Que era uma epidemia se alastrando. Que viciava logo na primeira vez que alguém experimentasse. Que matava em poucos anos e que transformava gente comum em criminosos.

O problema é que nenhuma dessas certezas tão repetidas estava de acordo com o que ele observava no laboratório.

"Procuram-se crackeiros"

"Procuram-se usuários de crack que não estejam dispostos a parar de fumar." Era esse o texto do anúncio que Hart publicou num jornal gratuito de Nova York, em setembro de 1998.

Sua ideia era ousada: dar crack a pessoas que já eram usuárias e pretendiam continuar (não seria ético fornecer droga a um não-usuário ou a alguém que estivesse tentando parar). Dessa forma, ele poderia observar os efeitos de maneira científica, controlada, objetiva. Não foi fácil aprovar o estudo, dadas as complicações éticas e a dificuldade de financiamento para um projeto tão polêmico. Mas Hart conseguiu porque já tinha uma reputação na área e o apoio de uma universidade respeitada.

Foi assim que começou seu projeto de registrar cientificamente os efeitos do crack, em vez de acreditar no que se dizia na TV. Por meses, ele deu doses de crack ou placebo (para comparação) a vários sujeitos. Eles então eram convidados a escolher entre mais crack ou outra coisa (dinheiro, por exemplo). Hart percebeu que os usuários são sim capazes de tomar decisões. Se a alternativa era boa, eles abriam mão do crack.

"Como qualquer um de nós, dependentes não são sensíveis a só um tipo de prazer", escreveu. O vício realmente "estreita o foco" - um "crackeiro" tem mais dificuldade de achar graça em outras coisas, assim como um faminto prioriza comida. "Mas o vício grave não transforma a pessoa num ser incapaz de reagir a outro tipo de incentivo", diz. Mesmo na fissura, um dependente é capaz de tomar decisões racionais, quando a alternativa compensa. Ele não se transforma num zumbi criminoso.

Essa descoberta está de acordo com pesquisas feitas com ratos pelo canadense Bruce Alexander. Ratos mantidos sozinhos em gaiolas apertadas, quando recebem crack, drogam-se tanto que às vezes se esquecem de comer e morrem. Mas, se a gaiola tiver diversão, interação social e um cantinho para ficar a sós com as ratinhas, eles acabam escolhendo os prazeres alternativos e deixam a droga de lado.

O problema é que, em muitos lugares, como no bairro onde Hart cresceu, não há muitas alternativas que compensem. Dependentes de crack não são irracionais: são pessoas que não enxergam saída na vida e que optam por fugir do estado consciente, ainda que isso lhes faça muito mal e possa matá-los. O próprio Hart escapou das drogas não porque ficou longe delas, mas porque encontrou outros interesses, que o motivaram a trabalhar duro.

"Crack não vicia muito"

Em maio último, Hart veio ao Brasil para lançar o livro. Uma noite ele participou de um debate com o médico Drauzio Varella, numa livraria de São Paulo. Drauzio, que passou décadas trabalhando em cadeias, deu um depoimento que chocou o público: "uma coisa que eu percebi olhando os presos é que o crack na realidade não vicia muito".

Mas como? Não se diz que o crack vicia automaticamente, logo na primeira vez? Pois, segundo os dados, isso é outro mito: simplesmente não é verdade. "Oitenta por cento dos que experimentam não se viciam", diz Hart. "Largar o cigarro é mais difícil que largar o crack", concordou Drauzio.

Mas, para conseguir largar, é preciso ter o que Hart chama de "reforço alternativo" - uma outra opção, que seja atraente o suficiente. Por exemplo: família, uma carreira interessante, uma paixão, algo que motive a largar a fumaça inebriante.

Para as pessoas que estão na rua, sem perspectiva, não há reforço alternativo. Ficar sem crack, para eles, é pior, porque obriga-os a conviver de cara limpa com a sujeira, a desesperança, a violência. Por isso que, embora crack seja usado por gente de todas as classes e etnias, os brancos e os de classe média geralmente não se viciam, porque têm algo a mais a esperar da vida. Quase sempre quem se dá mal são os mais pobres, os que vêm de famílias desestruturadas e os membros de minorias raciais.

Hart sabe disso não só pelas suas pesquisas, mas por sua história. "É impossível crescer num mundo que despreza pessoas que têm a sua aparência e não sucumbir secretamente à insegurança", escreveu. Ele próprio acreditou que, por ser negro num bairro pobre, jamais poderia aspirar muito. Mas, à medida que portas foram se abrindo e ele foi entrando, Hart recebeu "reforços positivos", que foram condicionando-o a continuar tentando. É psicologia básica.

Os dados ajudam a enxergar a desigualdade racial dos danos ligados ao crack. Nos EUA, 52% dos usuários são brancos, enquanto só 15% são negros. Mas, entre os que acabam sendo presos, 79% são negros e só 10% são brancos. No Brasil também, a imensa maioria de quem chega ao fundo do poço é negra ou mestiça. Segundo uma pesquisa recente da Fiocruz, 80% da população das chamadas cracolândias tem pele escura.

"Acho ofensivo vocês brasileiros chamarem as cenas de uso de cracolândia", disse Hart na livraria. "Passa a ideia de que tudo o que acontece lá é por culpa do crack. E não é. O que está acontecendo lá é desespero, é racismo, é pobreza. O crack não cria a pobreza." Na realidade, o uso excessivo é consequência, não causa, das cenas degradantes.

Outra ideia disseminada é a de que há uma "epidemia" de crack. Segundo Hart, trata-se de outro mito. Os números da Fiocruz mostram que há 370 mil usuários de crack nas capitais do País. Se extrapolarmos esse número para todas as cidades do Brasil, chegaríamos a 700 mil usuários - número provavelmente exagerado porque o crack ataca mais as cidades grandes. É muito, mas longe de ser uma epidemia - não chega a 0,4% da população. E não está crescendo de maneira explosiva.

Há sim um alastramento do vício em crack entre os mais pobres, desestruturados e desesperados. Mas isso não vira epidemia porque o vício não se alastra para fora desses grupos.

Como vencer?

O Brasil tentou vencer o crack com repressão. A polícia prendia os usuários que viviam na rua, queimava seus barracos improvisados, levava-os algemados a um tratamento compulsório. O resultado foi que as cenas de uso, antes concentradas, se espalharam por toda parte. As pessoas que eram forçadas a se tratar podiam até parar por algum tempo, mas, sem "reforço alternativo", acabavam voltando para a rua. Afinal, sempre haverá um beco escuro para se drogar. E sempre haverá uma pedra de crack para comprar, já que é impossível vigiar toda a imensa fronteira entre a Amazônia brasileira e os países produtores de cocaína - Bolívia, Colômbia e Peru.

Como todo mundo diz que crackeiros são "zumbis", eles próprios acabam muitas vezes acreditando nessa visão, e se julgando incapazes de escapar- aí não têm motivação nem para tentar. Assim, as cracolândias vão ficando maiores e mais comuns. Foi o que aconteceu nos últimos 15 anos no Brasil.

Ultimamente, algumas cidades começam a se dar conta disso, inspiradas por experiências de outros países. Em São Paulo, 2014 começou com uma nova estratégia na região da Luz, a primeira cracolândia brasileira. A ideia central do programa Braços Abertos é tratar as pessoas vivendo na rua como gente. A prefeitura disponibilizou chuveiros, passou a oferecer atendimento médico, cedeu quartos em pequenos hotéis da região a 400 dependentes que queriam melhorar de vida, e agora está ajudando-os a regularizar seus documentos.

Vários dos ex-moradores da rua passaram a trabalhar na varrição das vias, com remuneração. O resultado é um ambiente um pouco menos degradante. Cento e vinte dos usuários já têm carteira de trabalho. Quarenta deles estão prestes a conquistar um emprego, fora dali. Reforço positivo.

Numa segunda de manhã, vou passear pela região. Entro em alguns dos hotéis: simples, mas dignos. Ando pelas ruas e vejo, aqui e ali, alguma beleza. Converso com as pessoas. Há muitos problemas ainda - desconfiança mútua entre usuários e governo, rivalidade entre a prefeitura (do PT) e o Estado (do PSDB), dúvidas quanto à qualificação de quem trabalha no programa. Mas o número de usuários na rua diminuiu, a sensação de segurança aumentou. Há alguma esperança no ar.

Mundo real

Quando chegou ao Brasil, Hart avisou que não veio para cá apenas para conversar com médicos. Queria ver o mundo real. Foi visitar uma das cenas de uso de crack mais terríveis do Brasil: a cracolândia da favela de Manguinhos, no Rio, um canto que a própria favela segrega.

No última dia dele em São Paulo, ofereço uma carona até o aeroporto. Foi o único horário que consegui em sua agenda, em meio a reuniões, debates em livrarias e visitas a cracolândias. Pergunto se ele se chocou com o que viu. Ele não parecia surpreso. "É a mesma cena de pobreza no mundo todo", diz.

Pergunto se ele não tem medo de que a exposição de sua vida pessoal prejudique a carreira que ele construiu com tanto esforço. "Eu costumava ter esse medo, sim", ele responde. "Mas já tenho 47 anos e é minha obrigação contar o que eu sei. Se eu não fizesse isso, minha consciência não me deixaria olhar no espelho." Ele acha que boa parte de seus colegas é omissa. "A ciência já compreende há 20 anos a farmacologia do crack, mas as pessoas que sabem permanecem em silêncio." Hart chama a ciência de "clube de elite", sem muito interesse pelos problemas dos negros e dos mais pobres. "Além disso, muitos cientistas se beneficiam dessa perspectiva errada, porque o governo gasta uma fortuna combatendo as drogas e esse dinheiro acaba financiando suas pesquisas."

Assim, gasta-se muito, não resolve-se nada. Afinal, não é o exército, nem o governo, nem a polícia que vão vencer o crack. É cada usuário, cada dependente, tendo como arma apenas a vontade que encontrar dentro de si. Só o que o resto da sociedade pode fazer é oferecer incentivos que sirvam de reforço, e informação confiável que aumente sua capacidade racional de decidir melhor.


Mito número 1 - Há uma epidemia de crack, que transforma uma multidão de pessoas em zumbis sem vontade própria.

A verdade - Não é uma epidemia, já que ela não se alastra. E usuários não são zumbis - se têm oportunidades, são capazes de largar a droga.

Mito número 2 - O crack transforma as pessoas em criminosas, incapazes de refletir sobre a consequência de seus atos.

A verdade - O vício aumenta sim a taxa de roubos, mas metade dos dependentes tem emprego fixo e não comete crimes.

Mito número 3 - Crackeiros tornam-se incapazes de encontrar prazer fora do crack. Escravos da droga, não têm motivação para mais nada.
A verdade - Pesquisas mostram que dependentes de crack são capazes de responder a outros estímulos, se houver uma alternativa atraente.

Imagem: Creativecommons/ Marcos Gomes- na cracolândia
Fonte - Super Interessante

A internação para usuários de drogas: diálogos com a reforma psiquiátrica

A biblioteca eletrônica SciELO abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros. Com o intuito de disponibilizar informações sobre o uso de drogas visando o cuidado, com foco no tratamento, o Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas veicula o artigo "A internação para usuários de drogas: diálogos com a reforma psiquiátrica", publicado, em 2013, na biblioteca eletrônica SciELO.

Resumo

O artigo tem como objetivo analisar as variantes do cuidado para pessoas em sofrimento decorrente do uso de drogas, tecendo um paralelo com o percurso da reforma psiquiátrica brasileira. Para isso, apresenta-se um breve panorama das conquistas da reforma psiquiátrica para o processo de cuidado no campo da saúde mental, levantando questionamentos sobre a implantação dessa forma de cuidado no tratamento do usuário de drogas. Aponta-se para os perigos advindos do rumo atual que o campo tem tomado devido à utilização indistinta de paradigmas contraditórios que defendem práticas de internação de longo prazo.

Clique aqui e tenha acesso ao artigo na íntegra

Fonte - Biblioteca SciELO

Consumo excessivo de álcool atinge mais de 40% dos menores de 15 anos

O uso abusivo de álcool está caindo nos 40 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e em seus parceiros-chave, mas os jovens impedem que as estatísticas sejam melhores. Nas pesquisas realizadas até agora neste século, 43% dos jovens menores de 15 anos e 41% das jovens já experimentaram o consumo excessivo. Antes, os números eram, respectivamente, 30% e 26%. O primeiro estudo da OCDE sobre o alcoolismo, divulgado na manhã desta terça-feira em Paris, revela também que o álcool se tornou, nos últimos 30 anos, a quinta causa de morte e invalidez. Anteriormente ocupava o oitavo lugar.

A OCDE se junta à Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate ao alcoolismo. Do ponto de vista econômico, afirma o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, “esse relatório demonstra que mesmo as políticas mais caras de prevenção do alcoolismo compensam no longo prazo”. Os custos do alcoolismo não se medem apenas pelo número de mortos (2,5 milhões por ano no mundo todo), mas também como causa de doenças, violência e acidentes de trânsito. O relatório, intitulado “Combate ao consumo nocivo do álcool”, está disponível no site da organização.

A tendência é, em termos gerais, positiva nos países da OCDE. O alcoolismo caiu 2,5% nos últimos 20 anos. A média se situa em 9,1 litros anuais de álcool puro por pessoa. Acima dessa média estão no topo da lista os países em que mais se bebe: Estônia, Áustria, França, Irlanda e República Tcheca. Os países que consomem menos álcool são Indonésia, Turquia, Índia, Israel e México. Especialmente importantes são os dados sobre o México, onde a cultura muçulmana não influi na abstinência ao álcool. Um amplo leque de medidas políticas conseguiu manter a taxa de consumo em 5,7 litros nos últimos 30 anos.


Fonte - Com informações do El Pais Brasil

Anvisa aprova novas advertências nas embalagens de derivados de tabaco


A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no início de abril, uma Resolução que altera as embalagens de produtos fumígenos derivados do tabaco. A nova regra foi publicada nessa semana no Diário Oficial da União (DOU).

De acordo com o texto, as embalagens deverão trazer advertências sanitárias que ocupem 30% da parte inferior da face frontal das embalagens desses produtos, mantendo as fotos já existentes na face posterior. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) dá cumprimento ao que prevê a Lei Federal nº 12.546/2011 e o Decreto nº 8262/2014.

O texto da advertência deve ser: "Este produto causa câncer. Pare de fumar. Disque saúde: 136". A resolução determina que a mensagem seja escrita de forma legível e destacada, com letras brancas, em negrito, caixa alta, fonte Arial 8, espaçamento simples, sobre fundo de cor preta, conforme modelo disponível no portal eletrônico da Anvisa.

Prazo
O parágrafo 6º, artigo 3º, da Lei 12.546/2011 estabelece o dia 1 de janeiro de 2016 como data para inicio de comercialização dos produtos com a nova advertência. A Regulamentação passou por uma Consulta Pública em que a sociedade e os fabricantes tiveram 10 dias para enviar as contribuições. No total foram recebidas 38 contribuições de diversos setores.

Fonte - Com informações da Anvisa

Austrália conclui que dois em cada três fumantes podem morrer devido ao tabagismo

Austrália conclui que dois em cada três fumantes podem morrer devido ao tabagismo
Um estudo australiano com mais de 200 mil pessoas mostrou que até dois em cada três fumantes morrerão por causa da dependência, caso continuem fumando. A pesquisa, publicada em fevereiro na revista “BMC Medicine”, é a primeira realizada com uma grande amostragem a mostrar que o número de mortes relacionadas com o tabagismo pode chegar a dois terços do total de fumantes.

A coordenadora do estudo e pesquisadora da universidade australiana, Emily Banks, disse que os dados mostram que os fumantes têm um risco três vezes maior de morte prematura e que eles morrerão aproximadamente 10 anos antes dos não fumantes.

O estudo apontou que quem fuma apenas 10 cigarros por dia, em comparação aos não fumantes, tem o dobro do risco de morte, enquanto as pessoas que fumam um maço por dia tem um aumento de quatro a cinco vezes nesse risco. A pesquisa, desenvolvida por uma equipe internacional, teve apoio da Fundação Nacional do Coração, da Austrália, em colaboração com o Conselho do Câncer de New South Wales.

As conclusões foram resultados de uma análise de quatro anos de informações sobre a saúde de mais de 200 mil homens e mulheres que fizeram parte do estudo "45 and Up", do Instituto Sax, da Austrália - considerada a maior pesquisa sobre saúde e envelhecimento realizada no Hemisfério Sul.

Fonte - CONICQ

Produção e uso de substâncias sintéticas crescem a números alarmantes.

São cerca de 97 novas drogas por ano. No Brasil, o usuário é do Sul e Sudeste, recém-saído da faculdade e de classe média alta

Camila Brandalise (camila@istoe.com.br)

Apenas neste ano, uma droga sintética chamada PMA já levou três homens à morte na Inglaterra. A pílula com o símbolo do Super-Homem costuma ser vendida como ecstasy, mas é muito mais perigosa, pois pode elevar a temperatura do corpo até a morte. A facilidade do surgimento de novos laboratórios e do acesso às matérias-primas, na maioria dos casos, a anfetamina, tem feito a produção e o consumo dessas novas drogas sintéticas aumentarem drasticamente, como aponta estudo divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Em 2013, 97 substâncias novas foram identificadas. Mas o próprio órgão afirma que deve haver ainda mais drogas não catalogadas, bem como pequenos laboratórios onde são produzidas. “É dificil contar a produção mundialmente. Está fragmentada e os químicos estão muito disponíveis. É praticamente impossível erradicá-la”, afirma Nivio Nascimento, coordenador da Unidade de Estado de Direito do UNODC.

Segundo a psiquiatra Ana Cecília Marques, presidente da Associação Brasileira para o Estudo do Álcool e outras Drogas (Abead), o Brasil já vem sendo alertado sobre a nova onda de drogas sintéticas há 15 anos, mas não se vê uma preocupação do governo em informar e pesquisar sobre essas substâncias.
“Além de não se tocar no assunto como deveria, os anfetamínicos voltaram a ser liberados como controladores de apetite”, afirma. O perfil dos consumidores das sintéticas, segundo Ana Cecília, segue um padrão: são usadas no Sul e no Sudeste, por população com mais poder aquisitivo, pois, no geral, são mais caras que maconha, por exemplo.

O consumo também é ligado à diversão, como festas e baladas, e os usuários, na maioria, são homens que saíram da universidade e estão começando a entrar no mercado de trabalho.

Para Nivio Nascimento, do UNODC, o primeiro passo para controlar o avanço dessas drogas é, justamente, traçar o perfil dos produtores e usuários com mais precisão. “Sabemos que, depois da maconha, os estimulantes anfetamínicos são os mais conhecidos no mundo, até mais do que cocaína, mas é preciso mapear a demanda, saber quem consome e onde.” Há também a necessidade de conscientização sobre os efeitos dessas drogas. Levar informações aos usuários, bem como alertá-los de que há o risco de comprar uma droga por outra, é um começo para evitar tragédias.

Fonte - Isto é 

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LSD

Pesquisa indica que usuários abusivos de cocaína não podem reconhecer a perda emocional

Um estudo publicado no Jornal of Neurosciene revelou que um viciado em cocaína não pode reconhecer a perda ou o ganho emocional. Com o forte efeito destrutivo da droga sobre o cérebro os pesquisadores afirmaram ser impossível para um usuário de cocaína sentir tristeza como, por exemplo, por um término de relacionamento ou a perda de um familiar ou, alegria, no caso do nascimento de um parente próximo. O que acontece, de acordo com os estudiosos, é que a droga afeta diretamente as vias de percepção de sinalização do cérebro.


Para chegar às conclusões, os especialistas estudaram a atividade cerebral de 75 pessoas, 50 viciados em cocaína e 25 saudáveis, enquanto jogavam um jogo de azar. Cada convidado deveria prever se iria ganhar ou perder dinheiro em cada rodada.

Os resultados mostraram que o grupo dos viciados na droga tinha dificuldade em fazer previsões durante o jogo. Ou seja, eles não conseguiram emitir as emoções esperadas durante o jogo (positiva ou negativa), em comparação com as 25 pessoas saudáveis.

De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo estudo, a descoberta pode ser usada para desenvolver novos tratamentos contra o vício de drogas.

Fonte - Medical News Today (com adaptações)

Misturar bebidas alcoólicas com energético faz mal, entenda os riscos

Combinação explosiva pode causar arritmias cardíacas, palpitações, crises de hipertensão e até AVC. 


Os energéticos se tornaram uma das opções preferidas de quem quer acabar com o cansaço e ganhar ânimo para curtir uma noite de festa. A bebida, que contêm cafeína e taurina, é estimulante, mas pode se tornar extremamente prejudicial quando misturada de forma excessiva com álcool.
 
Isso acontece porque, segundo a médica Olga Ferreira de Souza, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), os energéticos permitem que a pessoa beba por mais tempo e em maior quantidade. "Eles escondem os sintomas de embriaguez, pois mascaram os efeitos do álcool que ocorrem depois da fase inicial de euforia, como a sonolência e o relaxamento", afirma.

Energético e álcool: por que mistura faz mal?

Ela explica que misturar energético com bebida alcoólica leva à redução de reflexos, riscos de quedas e acidentes, de dependência, crise hipertensiva, arritmias cardíacas, palpitações, e até mesmo AVC ou à morte súbita, mais raramente. "Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que a cafeína presente nos energéticos potencializa o efeito maléfico do álcool, pois acelera a morte de células cerebrais, causada principalmente pelo álcool, que pode levar ao envelhecimento precoce e a doenças como mal de Alzheimer e de Parkinson", diz. 

Tomar energético faz mal para o coração?

Outro grande perigo da mistura de álcool com energético é a pessoa ter algum problema cardíaco ainda não diagnosticado. "O risco é enorme para aqueles que são portadores de doenças do coração, hipertensão arterial e arritmias e também para os que não sabem ter doenças”, explica.

Por isso, se a ingestão de bebida alcoólica for inevitável, ela recomenda manter a hidratação e se alimentar bem, nunca beber em jejum. “Se for beber, que seja de forma moderada, pouca quantidade, evitando bebidas destiladas que possuem maior teor alcoólico", finaliza.

Fonte UOL