• Maconha faz mal?

    Saiba mais sobre a fundamentação científica acerca dos efeitos da maconha sobre o organismo.

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Comunidades terapêuticas são regulamentadas


O Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad/MJ) aprovou Resolução que regulamenta as chamadas comunidades terapêuticas. Essas entidades, que realizam o acolhimento de pessoas, em caráter voluntário, com problemas associados ao uso nocivo ou dependência de substância psicoativa, integram o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) e passam agora a ter mais uma ferramenta normativa, além da RDC Anvisa nº 29/2011. O documento, assinado pelo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi publicado no DOU desta sexta-feira (28).


Atualmente existem cerca de 2 mil entidades nessa situação no Brasil e todas eram fiscalizadas apenas com base nas normas sanitárias. Com o marco regulatório das comunidades terapêuticas, o Brasil, nos moldes de outros países que organizaram amplamente sua rede de cuidados, passa a ter um importante instrumento de proteção às pessoas acolhidas em tais órgãos.

Para o secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Vitore Maximiano, o esforço conjunto do governo e da sociedade civil para a regulação das CTs tornou o texto final um material que contempla as garantias aos acolhidos e mecanismos de funcionamento e fiscalização dos orgãos de controle e das próprias comunidades. “Estamos dando condições ao estado para a garantia de um espaço digno, que respeita os direitos humanos e tem condições de participar do processo de recuperação de usuários abusivos de drogas. Foi um processo democrático que levou ao marco regulatório dessa rede suplementar cujo objetivo é a reinserção social e a proteção do usuário, e não o tratamento de saúde propriamente”, afirmou.

O documento foi construído com a participação da sociedade civil por meio de um grupo de trabalho dentro do Conad, audiências públicas, consultas públicas e amplo debate. Participaram das discussões representantes de vários segmentos representativos do governo e da sociedade civil, dentre eles das próprias comunidades terapêuticas.

O presidente da Confederação Brasileira das Comunidades Terapêuticas, CONFENACT, Célio Barbosa, acredita que começou uma nova etapa para as comunidades terapêuticas no Brasil. “Nós tínhamos CT e prestadores de serviço que não eram CTs, mas atrapalhavam nosso trabalho usando esse mesmo nome. Estivemos numa luta de um ano e quatro meses para mostrar á sociedade e governo que prestamos um serviço diferenciado, de interesse da saúde, assistência social, justiça e educação”. Para Célio também será importante a diferenciação das instituições que prestam serviços de saúde e que não se enquadram como CT. “Não somos um equipamento de saúde e o entendimento disso, a interpretação dessa realidade, foi um processo pesado de demonstração que tivemos nesse tempo. Agora, ninguém fica no limo. Conseguimos, além disso, separar o joio do trigo”.

Dentre os avanços da regulação, fica determinado que as entidades não são estabelecimentos de saúde, esses regidos pela RDC Anvisa nº 50/2002, mas de interesse e apoio das políticas públicas de cuidados, atenção, tratamento, proteção, promoção e reinserção social de usuários de drogas. As entidades que oferecerem serviços assistenciais de saúde ou executarem procedimentos de natureza clínica não serão consideradas comunidades terapêuticas.

A adesão e permanência do cidadão é exclusivamente voluntária e entendida como uma etapa transitória para a reinserção sócio-familiar e econômica do acolhido, que pode interromper o acolhimento a qualquer momento.

Essas instituições precisam oferecer ambiente residencial, de caráter transitório, propício à formação de vínculos e com convivência entre os pares. O foco deve ser pessoas em situação de vulnerabilidade com problemas associados ao abuso ou dependência de substância psicoativa.

Entre as novas regras previstas, cabe destacar:

  • As CTs precisam comunicar o início e o encerramento de suas atividades, bem como o seu programa de acolhimento, para os órgãos de controle e atuar de forma integrada com a rede de cuidados;
  • Todos os acolhidos precisam passar por avaliação prévia na rede de saúde;
  • Devem elaborar plano de atendimento singular (PAS), em consonância com o Programa de Acolhimento da entidade;
  • Desenvolver atividades recreativas, de desenvolvimento da espiritualidade, de promoção do autocuidado e da sociabilidade e de capacitação, de promoção da aprendizagem, formação e as atividades práticas inclusivas; 
  • Informar os critérios de admissão, permanência e saída;
  • Permitir a visitação de familiares, bem como acesso aos meios de comunicação que permitam contato com familiares;
  • Não praticar ou permitir ações de contenção física ou medicamentosa, isolamento ou restrição à liberdade da pessoa acolhida;
  • Manter os ambientes de uso dos acolhidos livres de trancas, chaves ou grades;
  • Não praticar ou permitir castigos físicos, psicológicos ou morais, nem utilizar expressões estigmatizantes com os acolhidos ou familiares;
  • Não submeter os acolhidos a atividades forçadas ou exaustivas, sujeitando-os a condições degradantes; 
  • Fica garantido ao acolhido o direito à privacidade.


Financiamento público

O Governo Federal, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, de forma inédita, tem um programa de financiamento de vagas em comunidades terapêuticas. Até o momento, foram contratadas 371 entidades, gerando 8034 vagas em todo o Brasil. O valor pago é de R$ 1 mil/mês para adulto e de R$ 1,5 mil/mês para adolescente ou mãe/nutriz.

Fonte - Senad/MJ

Comunidade Terapêutica X Recuperação - Como e porque...

Comunidade Terapêutica X Recuperação - Como e porque...


Muitas matérias, vem sendo divulgadas em virtude do caos gerado pela epidemia do crack. O crack, é realmente uma das drogas "apocalípticas" podemos dizer assim, pela: velocidade com que se espalha, pela rápida dependência que instala no usuário, e pela "destruição humana" e social que causa em velocidade igualmente rápida. 

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"Cachimbo" de crack ("mãos do crack"...)
A cocaína, proporciona cenários parecidos, mas não iguais ao crack. Ainda devemos dar graças a Deus, pela ausência quase que total da heroína em nosso país, esta, tão terrível ou mais que o próprio crack, e muito mais devastadora eu diria, sob determinados aspectos. A Rússia, por exemplo, luta há muito contra a heroína, e se não bastasse, vive uma situação parecida como a que aconteceu em relação à cocaína/crack no Brasil. Ou seja, a epidemia do crack se iniciou digamos assim, devido a potencialidade de ação da droga, mas devido ao preço também, há alguns anos atrás. Em equiparação, lá no leste europeu, em substituto à heroína, encontra-se o "krokodil" (AVISO: Imagens Fortes), uma desomorfina, droga obtida através da codeína e dezenas de outros produtos corrosivos.
Um rápido comparativo (Obs: assim como o efeito do crack, se comparado com a cocaína, é de menor duração, o mesmo ocorre entre o krokodil e a heroína):
  • O valor de uma dose de heroína na europa custa em média de 30 a 200 Euros, o equivalente a cerca de 80 a 600 Reais (as diferenças se devem ao tipo da heroína, e do país, na Suécia por exemplo pode chegar a 220 euros, na Eslováquia, 20 Euros (Dados do EMCDDA), enquanto que o valor de uma dose de krokodil, está em uma média de 4 Euros apenas, ou 10 Reais.
  • No Brasil, o valor em média de um grama de cocaína comercial (com um grau de pureza entre 60 e 80%, varia entre 30 e 80 Reais. O valor de uma pedra de crack (cerca de três doses), pode variar de 5 a 15 Reais no máximo.  

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Usuários de crack
Portanto, de leste a oeste, e de norte a sul do Brasil, existem notícias do crack, da epidemia do crack, esta, fruto da natureza humana que busca o prazer, consequência muitas vezes de uma cultura de centenas de anos iniciada errada, e que continua errada. 


Entram aí o uso e abuso do álcool no núcleo familiar, políticas públicas despreparadas, condescendência com a publicidade explícita de bebidas alcoólicas por muitos anos, desinformação da população com respeito à droga de um modo geral, e por aí vai.

Não faz muito tempo, ouvi de um adolescente (que estava ao lado de sua mãe), que preferia que seu filho um dia fumasse maconha, que cigarro, pois maconha não faz mal.  Sendo que a mãe, que não fez nenhum comentário, ainda fez graça, junto com a irmã que estava ao lado dos dois, sugerindo que o mesmo já estaria fumando um "baseadinho".  O guri, disse por sua vez, que não gostava do cheiro, por isso não usava e tal. Este menino tinha creio eu, uns 12/13 anos.

Sei, que este, não é um caso isolado, infelizmente. Ora, totalmente inocente, pessoas jovens e crianças desinformadas, mães desinformadas totalmente sobre questões de drogas, e sobre educação até. Um absurdo, mas, é a realidade. 

Claro que não faço aqui defesa ao cigarro, que também é uma droga (apenas lembrando que o cigarro é uma droga estimulante, mas que não causa alterações perceptivas, visuais ou motoras, a sua maior dependência é no tocante ao "hábito", sendo que há também a dependência física cujos sintomas podem durar de 2 a 4 dias incluindo irritabilidade, e aparente "nervosismo", suportáveis sem maiores consequências), e uma droga poderosa, mas faço referência à inocência com que pessoas desinformadas, tratam a maconha e o seu uso, fazendo comparações desconexas e irrealistas, sem ao menos conhecer o que é a palavra dependência química, ou mesmo o que é o THC (Princípio ativo da maconha) e a sua ação no SNC (Sistema Nervoso Central, onde ocorrem as sinapses) por exemplo, ou sabem ?

Mas, voltando às notícias atuais sobre drogas, crack etc. Estas falam a respeito de tratamento voluntário, involuntário, "bolsa-crack", programa de governo, clínicas, terapias, vacinas, novas descobertas, etc, tudo, girando em torno de um único objetivo ou assunto: DEPENDÊNCIA QUÍMICA, como recuperar, como tratar.

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Terapia Ocupacional - O residente participa do cultivo do próprio alimento
Em um destes temas, e dentro dele, encontram-se diversos questionamentos, de muitos especialistas até, sobre a eficácia, de uma Comunidade Terapêutica, por exemplo. Infelizmente, muitas instituições, não são sérias, e são aquilo que exatamente aparece nas notícias: "Fontes de dinheiro", "Depósitos de gente", etc. Também existem clínicas assim, hospitais, etc. Em todas as áreas, existem "maçãs podres".

Vamos lá. A dependência química, não é apenas uma doença física, ou seja, não é como por exemplo, um braço quebrado, ou uma infecção do apêndice. É uma doença, física e psíquica, basicamente, ou seja, afeta estas duas áreas, cada droga de maneira diferente, mas afeta. Diretamente, ou conjuntamente, podemos também declarar, que é uma doença comportamental (ligado ao lado psíquico, alterando ou reforçando comportamentos sociais deturpados ou desviados) agindo como um alterador e criador também de novos "comportamentos sociais", estes, muitas vezes compulsivos. 

E podemos afirmar, com plena convicção que, é uma doença espiritual. Espiritual em que sentido ? Não há plena recuperação, sem uma profunda mudança espiritual e emocional, ou seja, em minha própria alma, no meu interior, subjugando dentro de mim mesmo o egocentrismo de toda uma vida, pois todo dependente químico, em determinado ponto colocará a droga de sua preferência, como o centro de sua vida, e com maior importância do que qualquer outra coisa na face da terra, inclusive o próprio dependente. O lado espiritual da doença, traduz-se pela ausência de Deus, e pelo egocentrismo. Alguém pode recuperar-se com a ausência da parte espiritual ? Sem dúvida, já vi casos, mas com certeza, as chances de voltar ao uso são 100 vezes maiores, que o contrário.

Recuperação, em resumo, é uma mudança completa, no modo de vida do indivíduo, ou em todas as áreas identificadas como necessárias a serem mudadas.
Não é possível, pela minha experiência, tratar o usuário somente com remédios, ou somente com psicoterapia, ou somente o lado espiritual, ou o físico. É um conjunto. Uns necessitarão mais ou menos, de trabalhar cada área, mas para um efetivo sucesso, todas devem ser contempladas. Partindo é claro, do ponto inicial, que é o desejo de parar de usar do dependente. Deste desejo, desta vontade, é que nascerá o sucesso final.

Definição rápida de Comunidade Terapêutica (no que diz respeito ao tratamento para dependência química) - Um lugar livre de drogas, sexo e violência (sexo claro, que temporariamente), onde uma equipe técnica qualificada e multidisciplinar proporcionará um ambiente favorável à recuperação individual, e coletiva, de corpo, mente, e espírito do indivíduo que busca ajuda para o seu problema com drogas, através da psicoterapia, farmacoterapia, reeducação alimentar e pessoal, aprendizado de técnicas subjetivas e objetivas com o intuito de o manterem longe de locais e situações que possam proporcionar riscos de recaídas, prática espiritual, prática de princípios humanos básicos, práticas educativas e atividades lúdicas, e que tentarão fazer com que o mesmo encontre o equilíbrio físico, e emocional necessários para uma eficaz reinserção social e familiar.

Um Comunidade Terapêutica séria hoje, dispõe de, de acordo com as características da doença D.Q.:

Física: Assistência médica para desintoxicação, medicação, alimentação adequada, acomodações adequadas (não se traduza em luxo), terapia ocupacional (horta, animais, limpeza e manutenção da CT, etc);

Mental ou Psíquica: Medicação se necessário e pelo período necessário (auxiliares no sono, estabilizadores de humor, etc), psico-terapia, horários e disciplina (reorganização e reeducação pessoal), programa terapêutico (12 passos, identificação de problemas e soluções, aprendizado sobre a doença e comportamentos inerentes, cuidados e prevenção à recaída), ajuda mútua inter-grupo;

Comportamental: 12 Passos (Mudança, novos hábitos, novos lugares, novas pessoas), reeducação e disciplina pela prática de horários rígidos, cuidados com a higiene pessoal (que inclui cuidados com seu próprio vestuário -lavação e organização deste), mudanças no vocabulário, leitura, divisão de tarefas, responsabilidades, etc;

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Equilíbrio
Espiritual: Prática de espiritualidade. Aqui, esta palavra não se traduz em religiosidade, trata-se da prática diária, de orações que necessariamente não necessitam ser desta ou daquela religião, mas sim, orações simples, feitas em conjunto, por períodos curtos mas diários, leitura de textos bíblicos, e ensaios de louvores. Exemplo: Em geral, existem nas CT's, dois momentos diários de espiritualidade, 1 pela manhã antes ou depois do café, e outro pela noite, antes ou depois da janta. Estes momentos, em sua maioria, tem a duração de meia hora, e em CT's sérias, não levam nenhuma espácie de "Placa Religiosa", ou seja, não são direcionados pra esta ou aquela religião, como disse, espiritualidade, é muito diferente de religiosidade. Ou seja, a tentativa de um reencontro do indivíduo não só com Deus, mas com ele mesmo, "para onde vai", "o que quer", "o que deseja e sente", "seu lugar no mundo". Praticas de espiritualidade, auxiliam também no retorno o reavivamento da empatia pelo próximo.
Definição de Espiritualidade:
A espiritualidade é uma dimensão da pessoa humana que traduz, segundo diversas religiões e confissões religiosas, o modo de viver característico de um crente que busca alcançar a plenitude da sua relação com o transcendental. Cada uma das referidas religiões comporta uma dimensão específica a esta descrição geral, mas, em todos os casos, se pode dizer que a espiritualidade "traduz uma dimensão do homem, enquanto é visto como ser naturalmente religioso, que constitui, de modo temático ou implícito, a sua mais profunda essência e aspiração".
Estes pontos, são essenciais, e trabalham em conjunto, onde a Equipe Técnica que trabalha em prol ou dentro de uma CT, busca equilibrar da melhor forma possível todos eles, uns necessitam mais disto, outros daquilo, é o tratamento individualizado. 
Leia Mais:
Comunidade Terapêutica
Formas de Tratamento e Recuperação

Fazem parte em geral do corpo técnico de uma CT, os seguintes membros ou funções, presentes diariamente (Plantão), ou de forma semanal:

De forma direta:
  • Psicólogo;
  • Assistente Social;
  • Terapeuta;
  • Coordenadores e Monitores (Plantão dentro da CT, ou seja, estão 24 Horas do dia);

Ainda indiretamente (não necessariamente efetivos):
  • Médico Clínico Geral;
  • Médico - Psiquiatra;
  • Orientadores Religiosos (Pastor, Padre);
  • Voluntários em atividades diversas;
  • Estagiários de Cursos Superiores (em geral Psicologia);
  • Palestrantes. 
  • Grupos de apoio AA/NA (Através de serviço específico destes chamado de H.I., ou, serviço de informação junto de hospitais e instituições.

O tempo de tratamento pode variar em Comunidades Terapêuticas, mais comum são os períodos de 6, e de 9 meses. Pontos importantes: Além dos citados acima, a internação sob forma de residência temporária em uma CT, proporciona um afastamento do indivíduo, do meio em que estava, sem acesso temporário a este. O período de internação, se mostra necessário, em virtude da complexidade da doença, ou seja, não é humanamente possível recuperar, ou aplicar um programa terapêutico, sem este período de afastamento, que dependendo da substância e do tempo de uso, pode variar, mas é necessário. 

Existem programas terapêuticos que podem ser aplicados em três meses, para usuários com grau de dependência inicial, mais especificamente na maconha, ou quando muito cocaína, a avaliação deve ser feita por profissional adequado, porém, estes é de se ressaltar, que seriam usuários com um ano no máximo de uso crônico (de 2 a 3 vezes por semana) de maconha, ou que tenham feito uso por alguns meses da cocaína, em resumo, iniciantes nestas drogas. É possível que um tratamento neste espaço de tempo (3 meses) de resultado, conforme, avaliação prévia, claro. Não perdendo de vista aqui, que quando se fala de uso crônico desta ou daquela droga, não significa que exista um "uso seguro", muito pelo contrário, não há uso seguro, nem redução de danos para qualquer tipo de droga, inclusive o álcool, pois mesmo este e ainda que se trate de pessoas que não possuem dependência, especificar um uso determinado  é tolice sob ponto de vista terapêutico. 

Quando muito, (e uso de bom senso aqui porque não sou obtuso, reacionário, ou fanático) só conheço um tipo de uso saudável (para aqueles que podem e querem) para o álcool, uma taça de vinho, por exemplo, em um jantar especial (2, 3 vezes em 1 ano), onde esta taça é parte integrante do jantar, sob o aspecto culinário, não um mero acompanhamento alcoólico. Mas é claro que isto é uma ilusão, em se tratando da cultura da bebida alcoólica no Brasil e no mundo, talvez 1 em cada 1.000.000 façam uso desta maneira. (A presença do álcool e outras substâncias na cultura brasileira)

Mas, em se falando de períodos de uso maior, de qualquer droga, principalmente do álcool, cocaína, e crack, é sem dúvida alguma que programa terapêuticos de 6 meses no mínimo, terão maior eficácia (nenhum resultado é garantido).

Não é em 30 dias, ou 60, que se fará algo concreto pelo indivíduo, senão apenas a desintoxicação física.

A Comunidade Terapêutica é um meio de tratamento eficaz e comprovadamente traz resultados, levando-se em consideração é claro que, infelizmente, as estatísticas globais (todos os métodos de tratamento) não passam de 15 a 20 % de recuperação até 1 ano após, e descem para 10% de 1 ano a 3 anos. Sendo que estão em uma faixa de 3 a 5% quando chegam a um período de 5 anos. Ou seja, de 30 indivíduos que iniciam um tratamento juntos, daqui a 5 anos, em média, 1 ou 2 estarão "limpos", sem terem sofrido nenhuma recaída no período. Não significa que, todos estarão de volta ao uso crônico, alguns, podem sofrer as chamadas recaídas, e reiniciarem o processo novamente, até mesmo sem a necessidade de nova internação, falo aqui de períodos ininterruptos. (Dados colhidos ao longo do tempo por experiência, em CT's, e com profissionais ligados a área)

Importante é, manter a fé. O problema "drogas" existe, questão de saúde pública, e está à nossa volta, na esquina, nas ruas, fechar os olhos e cruzar os braços, sem ao menos discutir ou opinar buscando soluções, é entregar o futuro a própria sorte. No mínimo, fiscalizar o estado (os eleitos), no cumprimento de sua obrigação para prover educação, infraestrutura, segurança, saúde, e combate efetivo a questão, não só nas consequências (é o mais imediato), mas também nas causas.

Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade






Coordenador de Comunidade Terapêutica: A Missão

Coordenador de Comunidade Terapêutica: A Missão


Trago aqui, alguma abordagem, sobre este trabalho. Primeiro, vamos entender o funcionamento de uma Comunidade Terapêutica com relação ao Coordenador:

Uma CT, em geral, é o braço principal, de uma Instituição, ou Associação. Abaixo, estão relacionados os principais membros, ligados diretamente ao trabalho da CT:

COORDENADOR ADMINISTRATIVO
Cuida da parte administrativa, relações públicas e de logística da CT, integrada com a Instituição como um todo.

COORDENADOR GERAL
Coordena os trabalhos na CT, as diretrizes deste, as prioridades, revisão e adaptação do programa terapêutico, "ponte" entre os demais membros administrativos e equipe técnica, e coordena diretamente os demais Coordenadores e Monitores.Também trabalha  com os residentes.

COORDENADORES 
Em uma CT, por exemplo, com a capacidade para 20 residentes, em geral existem 2 plantões, cada qual constituído por um Coordenador, e um Monitor, que trabalham durante 9 dias consecutivos, com uma folga de 5 dias, ou 8 por 7. O Coordenador, é o responsável pelo plantão, e em última análise, toma as decisões urgentes, e estas, em sua absoluta maioria, sempre em conjunto com o Monitor, seu auxiliar.  Decisões menos urgentes, são levadas às reuniões semanais ou quinzenais da equipe técnica, onde estão presentes toda a equipe técnica, Coordenadores, Monitores, Coordenador Geral, Psicólogo.

MONITORES
Tem como finalidade, auxiliar diretamente o Coordenador em uma CT, mais atuantes em campo, que na sede, e substituí-lo, em caso de necessidade, visto estarem a par, de todos os trâmites internos, e da rotina da CT.
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"O trabalho de Coordenador de uma fazenda, traz mais sacrifícios, que frutos..."

Esta é uma frase correta, do ponto de vista de retorno material, e até pessoal. Há outra ótica, que vou abordar mais adiante.
Na maioria esmagadora, os Coordenadores e Monitores, são dependentes químicos, em recuperação. Como ocorre ? O residente, após o término de seu tratamento, analisados o perfil, a disposição, e o conhecimento razoável, é convidado, a participar de um estágio, que pode variar de 1, a 3 meses, cada CT, tem uma maneira diferenciada então, de aplicar este estágio. Este é um período, onde a pessoa irá experenciar, o "outro lado da moeda", e verá, se tem realmente vontade de prosseguir neste trabalho. Também, a equipe técnica irá analisar o estagiário, em todo o período. O estágio, é as vezes, um período difícil, em geral, os residentes, tendem a escolher o estagiário, como "alvo" e nele, descarregar de diversas formas, frustrações, desinteresse pelo tratamento, rebeldia, etc. A serenidade do estagiário, é testada, em muitas oportunidades. Também, será neste período, que ele começará seu aprendizado em como "lidar" de maneira terapêutica e adequada com o residente, e que irá perder sua própria postura de residente, e adquirir a postura de "Cuidador" (Coordenador, Monitor). Firmeza (postura) na hora certa, retidão, visão de cada indivíduo como sendo único, aplicar sua experiência pessoal, na tentativa de auxiliar o residente a galgar os degraus do tratamento, muitas vezes doloridos.

Muito importante, e vale salientar, que um "cego", não pode guiar outro. Existe um código ético, da febract (Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas), que norteia o trabalho e os procedimentos gerais de uma CT. Mas, óbvio, que se o indivíduo, trabalha com a recuperação de pessoas, pregando um programa terapêutico distinto, sua conduta fora da Instituição, a conduta social, deve ser no mínimo aceitável. Não falamos nem de regras morais e éticas pessoais, mas no mínimo, ser idôneo em sua conduta no comércio, por exemplo, não frequentar prostíbulos e outros, ou seja, estar realmente em recuperação, e ter um comportamento social condizente com aquilo que transmite aos outros.
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O Coordenador, e o Monitor, tem a função primordial, de proporcionar, um ambiente favorável ao tratamento dos residentes, e monitorá-los/auxiliá-los nas diversas atividades do cronograma interno diário da CT, além de ministrar palestrar e reuniões temáticas, a respeito dos 12 passos, prevenção a recaída, motivacionais, dentre outras possíveis. Estar presente junto às capelas (espiritualidade), e regular as demais atividade. A CT, a priori, é norteada, por meio do Regimento Interno e Normas de Convivência, toda a disciplina, é regida e aplicada por este mecanismo, comum e igualitário, com a diferença de que, cada caso é análisado separadamente, mas nunca pode ser omisso perante os demais pares. 

Uma outra ótica, deste trabalho, é o ganho como ser humano. Antes, vale salientar, que para um DQ, o trabalho em uma CT, não é sinônimo de recuperação individual

Explico: Como a grande maioria, dos que trabalham como coordenadores ou monitores, são DQ'S, com a diferença que estão há tempos, até anos, "limpos" e em recuperação, ou seja, com a sua doença "estagnada", obviamente, que também teriam que fazer, como todo DQ, sua "manutenção" pessoal (reuniões grupos de apoio, espiritualidade, e outros). Existe um grande engano, de alguns, que por estarem em contato direto com o assunto recuperação, o assunto 12 passos, e todo o ambiente de CT, sugere-se que, esta, já é uma forma de manterem-se bem, sem maiores cuidados consigo mesmos. Na verdade, o equívoco está no ponto que, a pessoa que trabalha em uma CT,  trabalha com a "doença dos outros", e não com a sua, e nisto, pode esquecer de si mesmo. Mas, com toda a certeza, esta ajuda mútua, este trabalho, que é sim uma tentativa de salvar vidas, retorna com uma ganho espiritual para aquele que está verdadeiramente envolvido, o qual não tem preço, além de ser uma grande experiência pessoal.

CT Saudável e CT Doente

O trabalho em CT, é deveras importante, e delicado. Deve-se ter em mente, que está se tratando de seres humanos, e as consequências por uma dinâmica dos trabalhos errada, pode ser grave.

Alguns exemplos reais da “CT saudável” e “CT doente”(Texto de autoria de Laura Fracasso)


“CT SAUDÁVEL”
  • Ao dar uma experiência educativa a equipe considera o indivíduo que praticou o ato e procura, através da experiência, fazer com que ele reflita sobre o ato. Exemplo: um residente que atrasa para acordar deverá, por uma semana, ser o “despertador” de toda a CT.  
  • Sempre que possível às experiências educativas são individualizadas. 
  • O residente tem liberdade para dar autoajuda a qualquer pessoa da equipe. Ex: Fui confrontada por um residente por exceder o número da fila do almoço. 
  • A equipe quando comete erros ou injustiças pratica o 9 passo de Alcoólicos Anônimos. Exemplo de humildade concreta aos residentes. Na nossa experiência esta postura faz com que o residente respeite ainda mais o nosso trabalho. Diferente do que pensam algumas equipes: não podemos porque senão perdemos o respeito de todos. 
  • Postura da equipe com autoridade e não autoritarismo.  
  • Uma residente que não sabia nem fritar um ovo, ao ser escalada na laborterapia e receber o apoio da equipe para uma aprendizagem social, não só aprendeu a fazer muito bem o seu trabalho na cozinha, como deixou para outras pessoas, como ela, um livro especial de receitas: com todas as dicas que não encontramos nos livros normais. 
  • Quando algum familiar insiste, por gratidão, a dar um presente é orientado a presentear a CT e não alguém em especial. 
  • A equipe trata os residentes de maneira igualitária sem distinção de raça, credo, religioso, condição social, econômica e cultural.
  • Equipe fala a mesma linguagem e demonstra postura em harmonia aos princípios da CT. Princípios acima das personalidades. 
  • Equipe tem uma carga horária compatível (40h) assim como folgas.
   

“CT DOENTE”
  • Diante de um comportamento inadequado o residente fica o dia todo na enxada. Muitas vezes temos residentes que se “escondem” no trabalho e deixá-lo o dia todo na enxada só força este mecanismo.  
  • “Por preguiça” da equipe em observar quem está com comportamento inadequado a experiência educativa é coletiva. Ex: Perda de atividades de lazer e até de direitos básicos como a “mistura” da refeição. 
  • Cobrar valor extra para trabalhar a sexualidade dos residentes. Como? Levando-os a casas de prostituição. (um absurdo, mas que acontece)
  • Residente não tem direito a questionamentos, pois a palavra chave é aceitação. Algumas equipes “produzem” situações para testar a aceitação do residente. “Animal a gente adestra, ser humano a gente educa”. (Paulo Freire) A equipe jamais comete erros. (Quanta onipotência!) 
  • Posturas autoritárias da equipe. (Medo de perder o controle.). 
  • Um residente tem uma determinada habilidade e a equipe “explora” isto prejudicando o tratamento como um todo. (muito comum)
  • O residente é utilizado para trabalhos particulares para a equipe. (Infração ao Código de Ética da Federação Brasileira de CT`s, muito errada e equivocada postura de tratamento)
  • A equipe faz distinção entre os residentes, principalmente, na questão econômica. Se a família do residente paga um valor alto, ele terá “direitos” especiais. (Outra infração). 
  • Equipe recebe presentes dos residentes e familiares e, muitas vezes, privilegia, esses residentes (outra infração ao Código de Ética). 
  • Equipe com pessoas inseguras que para demonstrarem poder desautorizam orientações dadas por outros, deixando os residentes confusos. Personalidades acima dos princípios. 
  • Equipe trabalha 21 dias e folga 7. Isto prejudica a saúde mental da Equipe e a relação com os residentes.

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Comunidade Terapêutica - Abordagens
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Outros artigos


O trabalho em Instituições, Clínicas, e Comunidades Terapêuticas, não para de evoluir. Novas diretrizes são lançadas, ao mesmo tempo que existe hoje uma maior fiscalização governamental sobre instalações e pessoal capacitado, para que neste trabalho de recuperação de vidas, que já possui suas próprias dificuldades e percalços, "a emenda, não saia pior que o soneto", pois como existem excelentes CT's, (em sua maioria) existem verdadeiros crimes em forma de Comunidades pelo Brasil afora. Não há ao meu ver, justificativa de qualquer espécie em ações que visem ajudar outro ser humano, se estas ações forem criminosas, imorais, ou anti-éticas. Se eu desejo fazer o bem há alguém, e utilizo de meios criminosos ou imorais, ou anti-éticos para realizar esta ajuda, este "bem" está fadado ao fracasso. Somos seres humanos, e falhos, nesta linha de pensamento, sempre a primeira vez estaria rodeada de "boas intenções", e talvez lá no fundo seriam estas até verdadeiras, mas logo, a exceção se tornaria a regra, num círculo vicioso que cresceria em espiral ascendente...


Hoje existe o envolvimento de uma gama de profissionais, como Assistentes Sociais, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Médicos Psiquiatras, Enfermeiros, etc. A figura do Coordenador, e/ou Monitor, também tem diferenciado de função, e nome, hoje em alguns locais não existe mais o Coordenador mas apenas Monitores, voltados para o acompanhamento diário dos internos. Especificamente neste locais, existem terapeutas ocupacionais, psicólogos, e assistentes sociais presentes quase que diariamente, onde a CT, não tem tamanho superior a um pequeno sítio, sendo que o gerenciamento administrativo, é feito por profissionais contratados.

Toda mudança, é bem vinda se vir a auxiliar na recuperação de vidas. Claro que nem tudo é adaptável, tudo dependerá da estrutura física, financeira, e terapêutica de cada local. Com certeza também, é válido falar, que uma Clínica ou Comunidade Terapêutica com instalações luxuosas, não é necessariamente sinônimo de recuperação, ou tratamento adequado até. Instalações adequadas, mas simples, podem e suprem as mesmas necessidades do tratamento adequado necessário, o que diferencia aí, é uma escolha pessoal ou familiar que pode ou deseja pagar por um serviço ou por instalações mais abrangentes.


O velho mito de que: "Em se querendo, qualquer lugar funciona", é também algo que mostrou-se ao longo dos anos errado. Somos seres únicos, e cada um é diferente do outro, portanto, uns adaptam-se melhor ao sistema de tratamento X, outros ao Y.


Importante é, não desistir...

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Curso para profissionais de comunidades terapêuticas abre 10 mil vagas

Curso para profissionais de comunidades terapêuticas abre 10 mil vagas (22/11/2012)



Curso de Capacitação - http://www.mais24hrs.blogspot.com
O programa Crack, é possível vencer vai capacitar 10 mil profissionais e voluntários que atuam nas comunidades terapêuticas de todo o Brasil. O curso à distância é realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp).

As inscrições podem ser feitas a partir desta quinta-feira (22/11). Líderes, voluntários, profissionais e gestores que atuam em comunidades terapêuticas podem participar.

Serão abordados os principais aspectos ligados ao acolhimento e reinserção social de dependentes de crack, álcool e outras drogas, assim como a legislação e políticas públicas correlatas à área. A capacitação tem duração de quatro meses, com a carga horária de 120 horas e certificado de extensão universitária emitido pela Unesp.

A iniciativa é parte do eixo prevenção do programa Crack, é possível vencer, que prevê, entre outras ações, a ampla capacitação de profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, justiça, segurança pública, além de lideranças comunitárias e religiosas.
As comunidades terapêuticas que forem selecionadas pelo Edital Senad nº 01/2012 terão vaga garantida no curso.
As inscrições podem ser feitas até o dia 20 de janeiro de 2013 pelo site:
 
 www.capacitact.senad.gov.br
Autor: SENADFonte: SENAD


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Entidades de acolhimento de dependentes de drogas são convocadas por edital

Entidades de acolhimento de dependentes de drogas são convocadas por edital.(08/11/2012)

Entidades de acolhimento de dependentes de drogas são convocadas por edital - http://www.mais24hrs.blogspot.com

A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) divulgou, nesta quinta-feira (8/11), edital para comunidades terapêuticas voltadas para o acolhimento de pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de crack e outras drogas.

A ação é parte do programa Crack, é possível vencer e visa gerar mais de 10 mil novas vagas para o acolhimento gratuito de usuários e dependentes de drogas em todo País.

O edital determina que a entidade participe da capacitação dos profissionais e voluntários que atuam diretamente com as pessoas acolhidas, por meio dos cursos oferecidos pela Senad, com aproveitamento exigido. Também será obrigatória a participação em processo de avaliação dos serviços prestados pela entidade.

Entre as obrigações das entidades selecionadas estão a internação voluntária (ressalvados os casos previstos em lei), o respeito à Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 29 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a comunicação formal do acolhimento às redes do SUS e SUAS, além de não praticar ou permitir a contenção física, isolamento ou restrição à liberdade da pessoa acolhida.

Os recursos para ação são provenientes do Fundo Nacional Antidrogas, com o pagamento de R$ 1 mil, mensais, pelos serviços de acolhimento de adultos e R$ 1,5 mil, por mês, para crianças, adolescentes e mães em fase de amamentação.

As comunidades terapêuticas interessadas em participar têm até o dia 7 de janeiro de 2013 para encaminhamento de documentos para habilitação. 

Edital - parte 01
Edital - parte 02
Edital - parte 03
Edital - parte 04

Anexo I

Anexo II

Anexo III

Anexo V

Autor: SENAD
Fonte: OBID


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Reinserção social para dependentes químicos - Família

Reinserção Social


Reinserção Social - Família - http://www.mais24hrs.blogspot.com
A presença da família é importante durante todo o processo de tratamento da pessoa que apresenta dependência e fundamental também na etapa da reinserção social do ex-usuário de crack. Após o término da fase intensiva de tratamento e com o retorno ao meio familiar, o restabelecimento das relações sociais positivas está diretamente relacionado à manutenção das transformações.
Segundo Fátima Sudbrack, psicóloga e professora da Universidade de Brasília (UnB), um dos primeiros passos para o processo de reinserção social é evitar o isolamento do usuário. “É uma ilusão achar que só a internação vai resolver o problema. Na verdade, a desintoxicação é só uma parte do tratamento, pois o mais importante é a reinserção social. É importante que o dependente saiba com quem pode contar”, explica.
É fundamental que a família reconheça que ele está em um processo de recuperação de dependência, compreenda suas dificuldades e ofereça apoio para que ele possa reconstruir sua vida social. “Durante o tratamento os familiares e amigos podem e devem apoiar o dependente, se possível com ajuda profissional. O principal risco para um ex-usuário é se sentir sozinho, desvalorizado e sem a confiança das pessoas próximas”, diz Fátima.
A capacidade de acolher e compreender, estabelecer regras claras de convivência familiar, a demonstração de um interesse real em ajudar e de compromisso com a recuperação, além do respeito às diferenças e da manutenção de um ambiente de apoio, carinho e atenção, são atitudes que contribuem para melhorar a qualidade de vida do ex-usuário e ajudam na prevenção de recaídas. “De forma geral, no início é preciso exercer um controle maior sobre as atividades do indivíduo, manter uma rotina mais rigorosa, com acompanhamento. É preciso oferecer toda a ajuda possível, manter uma proximidade maior. O que faltou antes vai ter que ser fortalecido neste momento”, afirma o médico Mauro Soibelman, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É o chamado manejo firme e amigável, expressão usada por psiquiatras especializados no tratamento de dependentes químicos. “Não significa ser autoritário e bruto, apenas firme no propósito de manter o usuário longe do crack”, completa o especialista.
De acordo com Raquel Barros, psicóloga da ONG Lua Nova, é preciso dar espaço para a pessoa recomeçar. “Não se trata de fazer de conta que nada está acontecendo, mas de não focar a pessoa só nisso”, ressalta. A procura por um trabalho e a volta aos estudos deve ser incentivada. “É fundamental ocupar o tempo em que o dependente fumava crack com atividades saudáveis, seja com estudos, trabalho, esportes ou caminhadas”, diz Mauro Soibelman.

Hábitos sociais

Situações de convívio social fora do ambiente familiar tendem a ser desafiadoras para o ex-usuário de crack. Para a psicóloga Fátima Sudbrack, não é recomendado que a pessoa volte a freqüentar casas noturnas, bares ou mantenha contato com amigos que fazem uso de drogas. “Não podemos pedir que a pessoa abandone tudo o que fazia, mas é bem difícil retornar a esses lugares e não voltar a consumir a droga”, diz.
O uso de drogas lícitas, mesmo de forma moderada, não é recomendado pela maioria dos especialistas. “O cigarro é mais tolerável, apesar de controverso. Mas o álcool é um grande problema. Mesmo em baixas doses, a bebida alcoólica afrouxa as defesas do usuário e se torna um facilitador para recaídas”, explica Soibelman. Para a psicóloga Fátima Sudbrack, o dependente tende a compensar a ausência do crack com outra droga mais acessível. “Fazendo o uso de álcool e outras drogas ele não vai se recuperar, mas apenas buscar satisfação em outro produto”, diz.


Por mais 24 Hrs

De extrema importância são, assuntos como este. Não só a família, para aqueles que ainda a tem (não devemos esquecer que muitos, não tem mais familiares, ou foram abandonados, ou por mais diversas situações), é de extrema importância, mas a postura da família, com relação ao retorno do ente, após o período de tratamento. Por isso, é de muita importância, que a família venha a participar também, de um processo de recuperação, em grupos para familiares, como Al-Anon, Nar-Anon, Amor Exigente. Todo membro familiar, que conviveu com o DQ, torna-se, em maior ou menor grau, codependente deste, e esta codependência, tem suas consequências, e características. Outro aspecto importantíssimo, ao qual eu pessoalmente avalio como um determinante de sucesso em se falando disto é que: ÁLCOOL, TAMBÉM É DROGA ! Exetuando-se o tabaco (cigarro), TODA E QUALQUER SUBSTÂNCIA QUE PROVOQUE ALTERAÇÃO DE HUMOR ( ÁLCOOL, DROGAS ILÍCITAS, e LÍCITAS - REMÉDIOS (DIAZEPAM, NEOZINE, AMPLICTIL, E OUTROS DO GÊNERO ) , não devem mais fazer parte da vida do dependente químico, em recuperação, de forma alguma, salvo, no caso dos medicamentos, se houver acompanhamento médico adequado, e controlado. 

Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade - Emerson 

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Comunidade Terapêutica - Abordagens

Comunidade Terapêutica - Abordagens

Comunidades Terapêuticas - Abordagens - http://www.mais24hrs.blogspot.com
Você pôde conferir neste blog, artigos sobre a história das comunidades terapêuticas, sua trajetória, e a sua importância hoje, no contexto da sociedade atual sendo parte importantíssima no apoio, tratamento e recuperação de dependentes químicos. Ainda sobre estas, existem muitas histórias de sucesso, e muitas de fracasso e até tragédia, quando se fala em CT's. Se tem notícias, num passado recente, anos 70/80, de espancamentos e inclusive morte em dependências de comunidades terapêuticas. Muita coisa mudou, afora as punições cabíveis nestes locais pelas autoridades, a sociedade mudou, e o programa terapêutico aplicado mudou.

Vejamos as características dos seguintes Programas Terapêuticos:

Programa Terapêutico Baseado no Modelo Minnesota:

Algumas características básicas (nem sempre são a regra)

Espiritualidade: Ecumênica (São aceitas todas as opções religiosas, podem existir visitas de pastores e/ou padres em determinados dias, a prática espiritual feita entre os residentes (Capela) é com moldes simples: Leitura Bíblica, Discernimento do Texto Bíblico, e Louvores, em geral com 30 minutos de duração, matinal, ou noturno.

Orientação Religiosa: Católica em cerca de 90%. (Outros: luterana, batista, espírita, etc)

Programa: 12 Passos AA ou NA com tarefas (questionários sobre os passos), reuniões de passos, temáticas, reuniões entre residentes e com psicólogos, confronto de auto ajuda, laborterapia (terapia ocupacional).  Atendimento individual com psicólogos. Tempo de tratamento: em geral de 6, e/ou 9 meses.



Outras Abordagens do Tratamento: Terapia em grupo, Farmacoterapia (interação e auxílio medicamentoso no processo), Terapia individual, Atividades lúdicas, Atividades físicas, Laborterapia (atividade proposta com cunho ocupacional: manutenção primaria da CT, horta, estábulos, limpeza, etc), Incentivo a leitura, Vídeoterapia (filmes terapêuticos), Lazer.
 

Forma de Abordagem: Conscientização. Fazer com que o residente, crie a consciência sobre sua situação, e interiorize as "ferramentas" para lidar com sua doença. Existe a presença também de medidas reeducativas, no dia a dia da CT, pelo não cumprimento do regimento interno, nas obrigações inerentes a si próprio, ou desrespeito aos demais residentes de qualquer forma ou âmbito. No modelo proposto, as medidas reeducativas são aplicadas de forma mais gradual, em último caso, e de maneira mais objetiva digamos assim.

Programa Terapêutico Baseado no Modelo Day-Top

Espiritualidade: Ecumênica (São aceitas todas as opções religiosas, podem existir visitas de pastores e/ou padres em determinados dias, a prática espiritual feita entre os residentes (Capela) é com moldes simples: Leitura Bíblica, Discernimento do Texto, e Louvores, em geral com 30 minutos de duração, matinal, ou noturno.

Orientação Religiosa: Católica em cerca de 90%. (Outros: luterana, batista, espírita, etc)

Programa Terapêutico: 12 Passos AA ou NA. Reuniões de passos, temáticas, reuniões entre residentes, confronto de auto ajuda, laborterapia, disciplina mais rígida. Atendimento individual com psicólogos.Tempo de tratamento: em geral de 6 e/ou, 9 meses.



Outras Abordagens do Tratamento: Terapia em grupo, Farmacoterapia (interação e auxílio medicamentoso no processo), Terapia individual, Atividades lúdicas, Atividades físicas, Laborterapia (atividade proposta com cunho ocupacional: manutenção primaria da CT, horta, estábulos, limpeza, etc), Incentivo a leitura, Vídeoterapia (filmes terapêuticos), Lazer.

Forma de Abordagem: Conscientização. Fazer com que o residente, crie a consciência sobre sua situação, e interiorize as "ferramentas" para lidar com sua doença. Existe a presença também de medidas reeducativas, no dia a dia da CT, pelo não cumprimento do regimento interno, nas obrigações inerentes a si próprio, ou desrespeito aos demais residentes de qualquer forma ou âmbito. No modelo proposto, as medidas reeducativas são aplicadas de forma rígida, sendo que, o residente é motivado diante da "dor" da perca de privilégios, a repensar suas atitudes, se estas não condizem com a realidade do tratamento proposto.

Programa Terapêutico Baseado no Modelo Evangélico:

Espiritualidade: Ecumênica (São aceitas todas as opções religiosas). Hoje em dia, pode variar, de cerca de 3 horas diárias de oração, a até 4 ou 5 horas, masi estudos bíblicos e palestras. A espiritualidade dos residentes é determinada pela religião evengélica presente na instituição, e em moldes iguais.

Orientação Religiosa: Evangélica.

Programa: Oração disciplina e trabalho, hoje existe o atendimento psicológico em muitas, inclusive individual. Tempo de tratamento: nunca inferior a 9 meses. Todas as práticas, da religião evengélica, são aplicadas no programa, não é feita a discriminação, nem nenhuma forma de pressão para mudança de religião, na sua maioria, porém, existem as exceções.


Outras Abordagens do Tratamento: Terapia em grupo, Farmacoterapia (interação e auxílio medicamentoso no processo), Terapia individual, Atividades lúdicas, Atividades físicas, Laborterapia (atividade proposta com cunho ocupacional: manutenção primaria da CT, horta, estábulos, limpeza, etc), Incentivo a leitura, Vídeoterapia (filmes terapêuticos), Lazer.
 
Forma de Abordagem: Conscientização por meio de que, a "cura" é obtida através da conversão, de valores, de atitudes, de hábitos, e de princípios de vida.

Informação: Existem três tipos de chamadas "Altas", de uma Comunidade Terapêutica:

1-Alta Terapêutica - Conclusão de Tratamento : Seria quando o residente-paciente, conclui o tratamento proposto na CT. O mesmo, após um período (via de regra 3 meses) ainda passa pela graduação, onde recebe o certificado de conclusão de tratamento. Este fato, é mais um simbolismo, porém muito importante, reúne amigos e familiares, comemora-se a vitória pela conclusão do tratamento proposto. O graduado, é convidado a retornar a CT, quando quizer (visitas agendadas) para enfim, bater uma bola, conversar com os residentes, passar um dia com os mesmos, demosntrando, pela simplicidade, que funciona, ou, como tem funcionado em sua vida o programa de recuperação.


2-Alta Pedida - Desistência : Ocorre a desistência do tratamento proposto, não importando se, com uma semana de casa, ou faltando apenas um dia para concluir nove meses por exemplo. Por via de regra, o desistente não pode retornar para visitas a CT, antes de um determinado período que pode variar de 6 meses a 1 ano, e é claro, requisito é que esteja em recuperação. Em algumas CT'S, não é permitido visitas de residentes desistentes. A razão desta proibição, ainda que por ventura o desistente esteja limpo, é a não influência dos demais. Explica-se: A adicção, como dissemos várias vezes, é uma doença complexa, e esta complexidade inclui negação, manipulação prórpia e outras características. Bem, quando um desistente, volta a Instituição, e este naquele momento, está aparentemente bem, os demais, dirão a si mesmos (alguns): - Bem, se ele (desistente) ficou 30 dias, e está funcionando, ora então irá funcionar para mim também !. Isto é um raciocínio lógico, e é claro, doente. Segundo estatísticas, as chances de sucesso, após um tratamento, são de 10 %. Este número pode se reduzir, após 1 ano, para 4% -6%. Para um desistente, o que envolve, além do fato de não ter completado o tempo que poderia ser adequado, para estruturação pessoal, uma subversão e distorção das regras (normal em um DQ, ainda mais estando "doente"), as chances se reduzem drásticamente, posso afirmar que são de 1 para 1000, neste caso. Aqui, não importanto o tempo de tratamento, 45 dias, 6 meses, ou nove meses por exemplo, pois este, é inerente a cada Instituição, e baseado de acordo com o programa das mesmas. O retorno, para uma nova internação, pode variar de 3 meses a 6 meses, ou até 1 ano, dependendo se for a 1ª ou 2ª desistência num curto espaço de tempo por exemplo.


3-Alta Administrativa - Exclusão : Neste caso, o residente, por diversos motivos, não se adapta, a rotina da CT. Dificilmente, será excluído, por falhas não intencionais. Mas sim, por sabotar, seu próprio tratamento, criando situações, discussões, não atendendo as regras, chegando até as vias de fato, enfim, transgredindo o regimento de normas da CT. Estas, tem por via de regra, os seguintes procedimentos: Medidas Reeducativas - Advertência Verbal - Advertência Escrita (geralmente 3, a terceira é exclusão automática) - Exclusão (direta em casos graves de uso de drogas dentro da Ct por exemplo). Na verdade, na grande maioria dos casos, creio que 99 % deles, o residente, ainda quer fazer uso de sua substância, e a partir daí, dependendo da situação, pode "criar" situações, para que seus familiares, não vejam o processo como uma simples desistência. Nesta situação, o retorno para visitas, geralmente não é permitido em nenhum tempo, e para uma nova internação, pode variar de 6 meses a 1 ano. A alta administrativa também pode ser gerada por: Não retorno à CT quando das ressocializações, e fuga ou evasão da CT por parte do residente.

Mudanças e Evolução:

Abordagem sobre a evolução das CT'S   

Exemplo tomado: Comunidade Terapêutica com cunho Evangélico - Desafio Jovem

Para se ter uma idéia, vou tomar como exemplo, uma comunidade evangélica, que tive o privilégio digamos assim, de conhecer. Em 1996, esta comunidade, já estava em funcionamento, porém, com suas instalações um pouco precárias, não digo aqui como forma de denegrir, mas precárias no sentido de simples e modestas, devido em parte ao fato de ser uma comunidade nova, e em parte à falta de recursos. Nesta época, o programa terapêutico era muito rígido, e simples. Oração e trabalho. Oração pela manhã, meio dia, tarde, noite e madrugada. Não haviam maus tratos, de forma alguma, mesmo porque o tratamento era voluntário. A alimentação, muito simples, mas que satisfazia as necessidades. As acomodações mais simples ainda. O futebol era proibido ( influência da religiosidade), banhos de lagoa somente com camisa e calça (influência da religiosidade), música que não fosse gospel, nem pensar.

Pois muito bem, vamos avançar agora, para o ano de 2009, 13 anos depois.

Muita coisa mudou. As acomodações, muito melhores, em casa de material, quartos coletivos espaçosos. O preço da mensalidade do tratamento, 1 salário mínimo. Alimentação balanceada e diversificada. Pão feito na própria comunidade. Nota-se aí, uma gestão de recursos muito eficaz.

Quanto ao programa terapêutico, ela passou a contar com psicólogo, ex-interno da própria instituição, formado anos após tratar-se na mesma, por sinal, um excelente profissional. Incursões, como forma de trazer informação, de grupos de AA e NA, coisa impensável em 1996, e impensável, em muitas comunidades evagélicas ainda nos dias atuais. Estudantes, de cursos de gradução da universidade local, que traziam, palestras, e material para reuniões de apoio.

Nota-se uma evolução, agregando conhecimento, e permitindo a abertura de "leques" e outras opções (no caso de AA NA), porquanto o foco, é o ser humano, ainda que este, não "siga" a religião oficial da comunidade. Evolução ainda, no tratamento, agora acompanhado por psicólogo, que só tende a auxiliar de forma geral.

Ainda, no que tange a espiritualidade, as orações, ainda são presentes, manhã cerca de 1 hora, 2 vezes por semana estudo bíblico, a noite, e, na madrugada, tornaram-se opcionais, quando estas existem. O futebol é permitido, e incentivado, e, os banhos de lagoa, podem ser tomados de bermuda, sem camiseta.

Ora, claramente, nota-se a evolução, dos dirigentes desta instituição. Pode-se notar isto, no âmbito religioso, pois todos sabemos, que cada religião possui seus dogmas próprios, de conduta. E muitas religiões, antes rígidas em certas questões, abriram suas portas, e mudaram por assim dizer, encontrando base inclusive para esta mudança na palavra bíblica. Tempos mudam, e mudanças são bem aceitas. Normas criadas, para serem aplicadas no século passado, já não tem lugar em tempos atuais, não se trata aqui da palavra de Deus, mas sim de diretrizes criadas pelos respectivos dirigentes das religiões. Mas, estas questões, creio que, não sejam relevantes discutir aqui.

Autor - Emerson
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O modelo Minnesota

O MODELO MINNESOTA

Comunidade Terapêutica

Eliana Freire *

Vou falar sobre o Modelo Minnesota para o tratamento de dependentes de substâncias psicotrópicas, que é uma tentativa de integrar várias técnicas psicológicas com a proposta dos doze passos do A. A (Alcoólicos Anônimos, 1978). Trata-se de um modelo multidisciplinar, que utiliza profissionais de diversas áreas bem como "conselheiros leigos", e visa, sobretudo, a integração dessas diferentes abordagens num clima de humildade, pois é complicado trabalhar com profissionais de áreas diferentes.
O processo, baseado no conceito de dependência química como um fenômeno bio-psico-sócio-espiritual, é ancorado numa dinâmica essencialmente grupal na qual os residentes (clientes ou pacientes) compartilham entre si suas histórias e dificuldades, aprendendo a identificar suas emoções, valores e atitudes antes distorcidos pela droga.

A partir daí, aprendem um novo estilo de vida, livre das drogas. O essencial aqui é que, num clima amoroso, de aceitação mútua, descobrem que não estão sozinhos, que outros já passaram por sofrimentos semelhantes e hoje estão vivendo a vida de forma integral, com todas as suas dificuldades inerentes, sem drogas. Basicamente, de uma forma sucinta, esse seria o Modelo Minnesota que tanto pode ser adaptado a ambulatórios como a sistemas de internação (Burns, 1992,1995 e 1998; Anderson,198 1; Heilman, 1 980; Kurtz,1979; Spicer,1993).


Este é um dos modelos entre vários que se pode falar, ilustrando a questão da espiritualidade e o encontro com a psicologia. Eu, pessoalmente pude conhecê-lo em 1985, pois tive problemas com álcool e realizei o processo do Modelo Minnesota como cliente, e mudou totalmente a minha vida. Nesta época esse método tinha acabado de chegar dos Estados Unidos no Brasil e ainda estava sendo adaptado. O que ali experienciei, em muitos aspectos, fugia de tudo que havia aprendido academicamente na minha formação em psicologia. Tive a sorte de participar quando ele ainda estava com três anos de vida no Rio de Janeiro. É interessante, pois tende a existir uma garra e uma grande paixão nas pessoas que trabalham com propostas novas e pude usufruir desta atmosfera de uma forma intensa e positiva, com resultados que reverberam no meu cotidiano até hoje. Depois, as coisas tendem a se institucionalizar, e fica difícil manter aquela chama que se vê nas tentativas iniciais de tratamentos novos. O próprio John Burns (1998) que trouxe o Modelo Minnesota para o Brasil em 1982 percebeu que "esse modelo, já naquela época, estava literalizado e forjado num molde administrativo e terapêutico para satisfazer às companhias de seguro" (p. 12). Sorte minha que isso ainda não havia acontecido no Brasil. Ele e suas equipes se preocupam até hoje com atualizações, adaptações, estudos e questionamentos (Burns, 1998).


Considero a história do Modelo Minnesota uma história que nos ensina, ilustra, a atualização (no sentido de transformar em ação) do que estou chamando de espiritualidade no sentido mais horizontal, transformando os saberes (de origens diferentes, tanto acadêmicos como leigos) em ajuda àquele que sofre, num clima de humildade, solidariedade e compartilhamento. Na década de 50, pós Lei Seca e pós Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, existia um índice de alcoolismo muito grande e o modelo de saúde tradicional (psiquiatria e/ou psicanálise) não estava sendo eficaz. Realizavam muitas tentativas de internação, tratamentos e desintoxicação, mas a pessoa saía, recaía e voltava. Era aquele moto contínuo que todos conhecem, com os médicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfim, uma enorme equipe tentando ajudar sem obter êxito. Paralelamente, em Minnesota, um estado dos Estados Unidos, havia um pequeno grupo de alcoólatras em recuperação, que já estava em abstinência e freqüentava o A.A. Todos eles se conheciam e conheciam os médicos que
[1] lá estavam, desesperançados. Os profissionais de saúde então, começaram a abrir a mente para aprender com esses "leigos" (da medicina, mas certamente não do alcoolismo e nem da recuperação), como era essa história de ser dependente e como conseguir parar, pois no hospital as pessoas não conseguiam. Elas paravam apenas enquanto estavam internadas, quando saíam bebiam outra vez.

Nas reuniões de A.A. que, primeiramente pareciam esquisitas, diferentes e em bases duvidosas e estranhas àqueles profissionais, eles abriam a mente para conhecer as pessoas e entender esse processo. No começo, aquela linguagem era muito estranha (primeiro passo, impotência perante o álcool, poder superior, "só por hoje", etc.). A "ciência" ficou meio abalada, mas ao mesmo tempo curiosa, pois estavam vendo, inegavelmente, que aquela proposta estava funcionando (Darrah,1992; Robertson,1988).
Foram chamados alguns alcoólatras em recuperação, que já estavam em abstinência há mais tempo para o Willmar State Hospital em Minnesota, onde 80% dos pacientes tinham diagnóstico de alcoolismo. Este hospital foi o pioneiro no desenvolvimento do que veio a ser chamado "Modelo Minnesota". A equipe de profissionais começou a aprender com eles (alcoólatras em recuperação) como era esse processo de parar de usar a substância e ao mesmo tempo ficar tranqüilo e curtir a vida com todas as suas dificuldades naturais. A maioria estava bem, interagindo com as pessoas, readaptada à vida, à sociedade. Não era aquela história de parar e ficar de mau humor ("porre seco"), mas sim, de mudar de estilo de vida.

A equipe se propõe a aprender com eles, e mais ainda, há um treinamento em que os alcoólatras em recuperação aprendem algumas técnicas com os profissionais também (há uma troca), e se tornam "conselheiros em dependência química" – isso não existia ainda. Surge uma mini comunidade terapêutica, um ambiente em que tudo objetivava facilitar a conscientização daquele dependente químico e da sua situação, da sua história de vida, facilitando a aceitação dessa disfunção, que seria crônica, primária e progressiva. Também identificam a importância da aceitação da idéia da abstinência e da reformulação de estilo de vida resultando na possibilidade de curtir o "barato" da vida sem drogas. Eram propostas diversas atividades, consultas individuais, terapia de grupo, diversas dinâmicas e palestras. Com o tempo as equipes chegaram à conclusão de que o elemento mais forte dessa abordagem eram exatamente os grupos informais de dependentes químicos. Os internos (residentes, pacientes ou clientes) se juntavam, falavam de suas histórias e trocavam com os mais velhos (antigos, i.e., mais tempo abstinentes), descobrindo maneiras de permanecerem "limpos". Como disse Spicer (1993), "a verdadeira terapia acontecia quando a equipe de terapia ia para casa" (p.42).


A grande novidade era a humildade para aceitar que, se por um lado existia uma limitação crônica, por outro havia a possibilidade da conquista de uma nova liberdade. Paradoxalmente, aceitar a limitação também abre para outras dimensões. Como já assinalava Gregory Bateson (1971) aqui o mito do autocontrole, da auto-suficiência da cultura hedonista e individualista é questionado. Nessa nova proposta, a pessoa se capacita a desenvolver todas as áreas da sua vida que estavam aprisionadas, por conta da perda de controle com as drogas, através de trocas solidárias, de ajuda mútua.

Gostaria de salientar que esta aprendizagem exige humildade, mente aberta de todos, tanto do profissional, como dos alcoólatras em recuperação (que eram conselheiros) e dos clientes. Havia um clima de camaradagem, do uso de primeiro nome, uma aproximação muito grande entre todos, um clima de família. Esse clima era altamente terapêutico. Então, basicamente, o que ocorria era uma aprendizagem por conta da experiência. Até existiam palestras sobre alcoolismo, mas na verdade, o resultado se dava devido aos relacionamentos no cotidiano, através dos exemplos, não das teorias.


Se um agia de determinada forma, o outro dizia: "você não acha que está meio nervoso?" Aí, ele olhava para um que estava lá há mais tempo, "zen", tranqüilo e observava, pois queria ficar daquele jeito. Ou seja, isso vem de uma sabedoria milenar. Aprendemos pela vivência, com o exemplo dos outros, que na verdade é o trabalho que os grupos do A.A. e N.A. fazem. Houve esse encontro de vários saberes, que


logicamente, com o tempo começou a ser mais complexo, por exemplo, o modelo se estendeu para a dependência de outras substâncias psicoativas além do álcool, incluindo as ilegais c legais (como os fármacos), além da inclusão de comorbidades (Laundergan, 1982; Kinney e Leaton,1983; Smith e Wesson, 1985). Alguns casos de dependência química precisavam de medicação, principalmente durante a síndrome de abstinência. Eram usados todos os serviços (médicos, psicólogos, assistentes sociais, conselheiros, enfermeiros, etc.), mas o mais interessante é que todos (incluindo cozinheiros, pessoal da limpeza e administração) que trabalhavam nessas mini-comunidades acreditavam nesse estilo de vida altamente espiritualizado. Não a espiritualidade estando lá e eu aqui, mas sim, ela sendo vivida no cotidiano, na troca.

Se a patologia é fundada na relação disfuncional do indivíduo com a droga, a recuperação é aprender a se relacionar com o outro de uma forma amorosa, ela se dá na relação, é por isso que o grupo é importante. As pessoas se identificam e vêem que um não é tão diferente do outro. A culpa, a vergonha, o sentimento de excepcionalidade que existia antes, vai se reduzindo, pois são todos dependentes químicos, e muitos já parados há algum tempo. Todos são agradecidos aos que dividem suas histórias e que dão o exemplo de si mesmos. Como diz Hillman (1967):


Um novo sentimento de perdoar-se e aceitar-se começa a espalhar e circular. É como se o coração...estivesse aumentando sua influência. Aspectos sombrios da personalidade continuam com seu peso negativo, mas agora dentro de um contexto de uma "est6ria" mais ampla, o mito de si mesmo, e o começo de um sentimento de que eu sou como eu devo ser. Meu mito transforma-se em minha verdade; minha vida torna-se simbólica e alegórica. Perdoar-se, aceitar-se, amar-se e mais, perceber-se como pecador, mas sem culpa; agradecido por seus pecados e não pelos pecados dos outros, amando seu destino até o ponto de sempre estar desejando ser como é e manter esse relacionamento consigo mesmo. (p.119).


Eu acrescentaria "e com os outros".

Creio que este modelo, acima de tudo, respeita a visão holística do ser humano como ser bio-psico-sócio-espiritual, enfatizando o sócio-espiritual tão esquecido em nossa sociedade individualista e materialista. Para terminar, independentemente da abordagem terapêutica adotada, creio que qualquer psicólogo concordaria com as metas contidas na sábia "Oração da Serenidade" proferida pelos grupos anônimos (A.A., N.A., Al-Anon, Nar-anon) em suas reuniões:

Concedei-nos Senhor a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras. ('Mascarenhas 1990, p.147)

Referências Bibliográficas 
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*Prof'. do Departamento de Psicologia, PUC-Rio, Ma., University of Houston. 

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