• Maconha faz mal?

    Saiba mais sobre a fundamentação científica acerca dos efeitos da maconha sobre o organismo.

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Como acabar com a cracolândia

Quem quer acabar com a cracolândia



Alguém já deve ter escutado o ditado que diz: "O mundo é perfeito, os seres humanos é que são complicados...". Bom, conforme o tempo passa, eu pessoalmente acredito cada vez mais nessa máxima.
O mundo, na verdade, anda complicado. Uma coisa que aprendi na vida, é que quando se trata de algo que envolve pessoas diferentes entre si, seja uma empresa, uma associação, etc, se nós colocarmos nossas "personalidades" acima dos "princípios", problemas com certeza vão acontecer. Então, hoje vivemos em um mundo polarizado, como algumas pessoas chamam, ou seja, pontos de vista opostos, opiniões opostas, e conflitantes entre si pela intolerância pessoal de cada um, e aí, entra a parte "personalidades acima de princípios". Mas, então não devemos ter uma opinião firme, ou posicionamento sobre os mais variados assuntos? Lógico que sim, a questão é não radicalizar estas opiniões, ou seja, respeitar o contraditório, respeitar os divergentes.

Eu pessoalmente tenho uma posição política, defendo esta posição com os argumentos que entendo serem coerentes, e tenho uma opção por regime econômico. Não se deve confundir regime de governo (presidencialismo, parlamentarismo, ditadura, etc), com regime econômico (basicamente socialismo, e capitalismo), apesar de que, alguns regimes de governo também o são econômicos, mas há outros distintamente separados. 

A Cracolândia
Como acabar com a cracolândia
Cracolândia antes da "remoção"
O que é a cracolândia? É de direita? De esquerda? De centro? Ou liberal? É pois capitalista, ou socialista? Pois é...nenhuma das opções. A cracolândia, também não é um "problema" por assim dizer, mas sim, um RESULTADO, uma consequência, um reflexo.


Cracolândia, terra do crack

Porque é chamado de cracolândia? Bom, não é só porque lá, neste local, tem, ou havia o "crack" a vontade, que é a droga em questão. (Veja: O que é droga?) Chamou-se de cracolândia, pois o local faz uma referência a permissividade, a liberalidade, ou seja, uma espécie de área livre para o uso desta substância, e de outras...Sem lei, sem ordem, sem condições de vida, sem alimentação regular, sem assistência, sem nada. Sob este ponto de vista, o Brasil então, ou algumas áreas do Brasil, poderia ser chamado de uma grande cracolândia, não? Lógico, o único detalhe é que naquela cracolândia de São Paulo, e em outras similares por capitais do país, a CONCENTRAÇÃO é destacada. 

No caso da CRACOLÂNDIA BRASIL, tudo fica mais "espalhado"...A CRACOLÂNDIA BRASIL, é o resultado de, ou igual a: falta de emprego, falta de qualificação, estrutura em saúde e saneamento, segurança, falta de moradias, falta de investimento, falta de opções.

A CRACOLÂNDIA SÃO PAULO, é o resultado de: 

1 - Uma droga muito "eficaz" no que tange a destruição do ser humano;
2 - Negligenciamento público quanto a estruturação de locais adequados para tratamento de dependentes químicos;
3 - E os pontos restantes são inerentes à CRACOLÂNDIA BRASIL.

Nas redes sociais, pode-se acompanhar os mais diversos pontos de vista:


  • Existem os defensores da cracolândia (acredite, existem e não são usuários...);
  • Existem aqueles que simplesmente opinam em "matar" todos e ponto;
  • Outros dão soluções religiosas, médicas, ou policiais;
  • Outros realmente gostariam de fazer algo, mas não sabem o que fazer.

A realidade é que, essa situação, e outras iguais no país e no mundo até, não se resolvem do dia pra noite, elas são um "RESULTADO", não um acontecimento. E resultados vem de ações ou omissões, resultados podem ser POSITIVOS, OU NEGATIVOS, e logicamente no caso da cracolândia, são negativos.

Agora, importa menos a questão: Como chegamos nesse ponto?, do que a questão: O que faremos? Num caso desses, não importa mais, ao menos para estas pessoas que estão "presas" a essa dependência, como é que a cracolândia surgiu, mas sim, qual a solução não só para por fim a cracolândia, mas a solução para as vidas destas pessoas.

Um aparte 
Como acabar com a cracolândia
Usuário de crack
Na época da escravidão, ou melhor, na época em que o fim da escravidão ganhou espaço nos países, um questionamento era feito (e inclusive pelos próprios escravos), na sociedade daquela época: "O que faremos com nossa liberdade". Sim, pois que, um indivíduo que até ontem, era considerado por muitos um mero "animal", não um ser humano, perguntava-se quais perspectivas teria para o futuro. Emprego, casa, condições de vida, alimento, etc...E realmente, é inegável o quanto a sociedade, em boa parte uns mais outros menos, pelejou no que diz respeito ao racismo, e isso até os dias atuais.

Bom, nesse aparte, vale a mesma pergunta para os "escravos" da cracolândia: "O que eles farão com a liberdade?", ou melhor dizendo, "O que farão após serem libertados da cracolândia?". Logicamente, continuam escravos de uma doença, do vício, do crack, e sob este aspecto, qual perspectiva de vida e/ou de sobrevida? Ainda há um porém, diferentemente do aparte apresentado, a escravidão dos tempos antigos, era uma condição mais externa (imposta) do que interna. Já, a escravidão do crack, se impõe basicamente por uma escravidão interna, é essa, é mil vezes pior, nesse sentido já disse Mahatma Gandhi:


"A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência." 
Como acabar com "as cracolândias"

Então, o que fazer? Já sabemos, que acabar simplesmente com a cracolândia, não vai resolver a questão dos indivíduos que estão lá, é o primeiro passo, sim pois, o primeiro passo é a ordem, a presença de "sociedade civilizada", lei, sem isso, nada ocorre. Naquela situação, agora recente em São Paulo, em minha opinião o poder público agiu corretamente em sua postura firme, devolvendo aparentemente ao local, a presença de "sociedade civilizada", com lei, e ordem, mas, infelizmente, não tinha um plano preparado para o "The day after". Volta-se a questão: o que o "escravo" vai fazer, após "libertado" do "local de cativeiro", sim, porque em verdade, CONTINUA ESCRAVO do crack...

É complicado. Certamente, ainda mais do jeito que o nosso país anda (quebrado e corroído pela política em todos os níveis), não vai ser da noite pro dia, que a solução vai ser realizada. Planos, vontade e ideias, tem dezenas, centenas...mas o que falta é o OBJETIVO, o CONCRETO, o real e possível a FAZER. 


NÃO SE RECUPERA NINGUÉM, ainda mais um dependente de crack, com: bolsa crack, pensão paga pra morar, ou até mesmo trabalho (ainda que essencial após o processo de tratamento). Um dependente de uma droga tal qual o crack, "desaprende" a viver, perde a estrutura interna, ou seja, é impraticável querer (salvo 1 em 1 milhão) retirar o indivíduo de uma condição de rua, e total dependência de uma droga, e querer imediatamente REINSERI-LO na sociedade. É um absurdo, porque não dizer, uma perca de tempo. Esse cidadão, deve passar obrigatoriamente por um TRATAMENTO, quer seja, internação, ou ambulatorial, e na maioria dos casos em se tratando de crack, ambulatorial não surte efeito. A pessoa deve ser "afastada" do meio social comum, para REAPRENDER hábitos, receber assistência médica, psicológica, e ter conhecimento de um tratamento psicoterapêutico que vá nortear sua vida no pós internação, além de, acima de tudo, buscar a Deus. Com a devida licença a ateus e etc, a crença em um Poder Superior (da forma e maneira como a pessoa concebe, seja evangélico, católico, luterano, etc) e o auxílio Deste, é FUNDAMENTAL na recuperação, logicamente na vida de cada um de nós, mas daí vai da crença pessoal de cada indivíduo. E porque? A Dependência Química é uma doença, com características: sociais(comportamentos), físicas(tolerância), psicológicas(compulsão e dependência) e espirituais. A questão do lado espiritual da doença DQ, é de que entre outras coisas, somente algo MAIOR que nós mesmos, ou que o próprio dependente, pode suprir, e substituir, e ajudar, e devolver a SANIDADE à ele, pois que, se sugere que seja um Deus, ONIPOTENTE, AMOROSO, E MISERICORDIOSO.
(Veja: Tratamento para DQ, Biologia da Toxicodependencia)
Muito importante, agora sob o aspecto do usuário, é que: é necessário QUERER..não há recuperação possível e eficaz, se a pessoa não quer. Em estando disponíveis os meios, sejam eles quais forem e de que tipo forem, de nada vão adiantar se o indivíduo não quiser.

Discordo que, a internação compulsória, se devidamente organizada, e supervisionada, não seja indicada. Não sou médico, mas ver um médico dizer simplesmente que não deve se internar a força um dependente grave de crack, por questões vazias, e sem sentido, embrulha o estômago. 

Veja, é uma condição quase que essencial, que o indivíduo queira se recuperar. Mas, por outro lado, quando e se, a pessoa chega em um extremo de um condição tal, que não tem mais capacidade de se auto-governar, vivendo exclusivamente para a droga, nesse caso, ainda que a pessoa não queira, é válido a internação "forçada". É uma OPORTUNIDADE, e existe a possibilidade, que mesmo de maneira forçosa, o indivíduo possa desenvolver a vontade pela recuperação. Porque senão, qual a outra opção? Se não vejamos, se a pessoa não quer: Tratar-se, trabalhar, não quer ajuda, então ok, fica nas ruas por conta, mas então formam-se aí, as cracolândias da vida, em São Paulo, no Rio, em Porto Alegre, e por aí vai. E aí? Ficam ali, sustentando parasitas humanos (traficantes) por intermédio de furtos, roubos, e mortes? Qual a opção, criar guetos? Lógico que não.


Nesse sentido então, o país, o nosso país demanda de logicamente o básico para todos os cidadãos, veja, se pessoas que não tem nenhuma dependência, que vivem e trabalham etc, já não tem a estrutura adequada por parte do governo, sejam, escolas de qualidade e inteiras, hospitais públicos, programas de financiamento a moradias(honestos e que funcionem), rede social, rede viária, estrutura de segurança, etc, ainda mais nessa situação, os dependentes de drogas. Ou devem ser construídos centros de recuperação, ou e acredito ser o melhor, aumentar recursos para Comunidades Terapêuticas e Clínicas de Reabilitação. Porque é melhor a segunda opção? Porque no Brasil, já é tradição o governo "não funcionar direito", tudo fica bonito somente no papel, então, terceirizar estas ações, seria mais barato, e teria um serviço de melhor qualidade. Ao governo, caberia simplesmente fiscalizar, só.


Como acabar com a cracolândia
Traficante na cracolândia
O fim da cracolândia em São Paulo, é ótimo, excelente, e necessário...mas faltou um planejamento anterior, e isso não é somente responsabilidade deste governo que lá está, e sim, de todos os governos anteriores, pois a bem da verdade, existem governos, que tem sim é interesse que a cracolândia continue, a cracolândia é "boa" para eles no sentido em que: cria certo caos, cria dependência do governo, desvia a atenção.Essa é a mais pura verdade. Afora é claro, que a "estrutura" definida como cracolândia, é também do interesse e dirigida por criminosos do tráfico, que tem nos usuários, verdadeiros soldados que vão defender "esse território", por apenas uma pedra, matarão em alguns casos, se preciso for.

Não é humanamente possível admitir, que seja aceitável uma situação destas. Não há justificativa. A "força" policial é totalmente justificada porque existia, nesse caso, uma situação de crime, de direito das pessoas circunvizinhas ao local, de segurança, e de saúde pública, então, lógico que os usuários vão "resistir", pois estão apoiados pelos traficantes do local, dessa maneira, não há outro meio senão a intervenção pelo uso da força necessária, para desimpedir a rua, prender os criminosos, e promover a ordem.

Sabemos que, o "problema" é bem maior, o "buraco é bem mais em baixo". O Brasil, de norte a sul, sofre com suas "cracolândias" espalhadas por todas as cidades, dizimando vidas, famílias, e recursos sociais. O país sofre com a miséria humana da corrupção, da indecência humana governamental, milhões de desempregados, ingerências de toda sorte em todos os níveis (hospitais, escolas, habitação, etc), o país, parece que nunca vai "funcionar" de verdade. 

Legalizar, não é solução, como no caso da maconha. Drogas, não são a solução pra nada, já chega as lícitas como o álcool, pra que aumentar este Rool? É preciso educar, informar, fazer por exemplo o meu filho saber (na idade certa e com a informação correta) que ninguém precisa de drogas para viver, para trabalhar, ou estudar, e etc, etc, etc e tal. O foco nessa informação adequada, e evitar primordialmente a experimentação, isso diminui drasticamente os riscos.


A fé em dias melhores, é que mantém muitas pessoas neste mundo, de pé e confiantes.


Mais 24Hrs

Por que eu estou aqui de jaleco branco, enquanto esse sujeito está fumando crack

Crack - Tudo o que sabíamos sobre ele estava errado



Foi essa a pergunta do título do artigo, acima, que surgiu na cabeça do neurocientista Carl Hart, em 1998, enquanto ele tomava notas de suas observações para a pesquisa sobre efeitos do crack que estava realizando no Hospital da Universidade Columbia, em Nova York.



Hart era um cientista respeitável de Columbia, com três pós-doutorados, o primeiro negro a ser contratado como professor titular na área de ciências desta que é uma das melhores e mais tradicionais universidades americanas. O homem à sua frente era negro também, também na quarta década de vida, embora sua expressão indicasse muito mais idade. Era um vendedor ambulante, que tinha o hábito frequente de fumar crack nas ruas de Nova York, e que tinha concordado em participar da pesquisa em troca de droga grátis e algum dinheiro.

Os dois não poderiam estar em situação mais diferente. Mas Hart sabia bem que, por pouco, ele próprio tinha escapado do destino do outro. É essa a história que ele conta no livro Um Preço Muito Alto, que demole vários mitos sobre o crack.

Como ele escapou

Nos anos 80, quando estava no ensino médio, num bairro pobre de Miami, o pai alcoólatra, a mãe desequilibrada, cada um numa casa, a vida sem perspectivas, Hart traficava maconha. Ele circulava com um fuzil no porta-malas, ameaçava brancos que se aventurassem pelo bairro, roubava baterias de lojas de autopeças e televisores da casa dos vizinhos.

Por sorte (e por ser jogador de basquete e futebol americano e, portanto, correr bem), nunca foi pego. Se fosse, a ficha suja acabaria com suas chances de sucesso. A maioria das pessoas à sua volta - amigos e família - saiu-se pior. Uns se afundaram no crack, outros mofaram na cadeia. Um morreu com um buraco de bala numa execução na rua.

Hart usou drogas e tomou todas as decisões erradas possíveis. Mas encontrou um caminho para uma vida produtiva, de pagador de impostos e educador da juventude. "Foi sorte", admite. Mas não só sorte. Hart se salvou agarrando-se a oportunidades que apareceram. Primeiro: ele tinha jeito com matemática - e descobriu ainda adolescente o prazer de ser bom em algo.

Segundo: teve na família algumas referências sólidas de valores. Uma avó ensinou-lhe a ética do trabalho duro, outra transmitiu-lhe a importância de obter uma educação. Graças a isso, quando terminou o ensino médio e se deu conta de que o sonho de ser atleta profissional não passava de ilusão, ele teve forças para entrar na Força Aérea. No quartel, pôde começar uma faculdade, viajar o mundo e conhecer algumas referências de negros de sucesso, algo que não existia em seu bairro.

Terceiro: ele teve chances. Havia vagas em universidades de primeiro time para gente talentosa que viesse de uma vida miserável. Hart foi estudar na prestigiosa (e caríssima) Yale, com bolsa. Encontrou mentores que o guiaram e descobriu que, além do talento matemático, ele tinha capacidade de observação e habilidade para fazer cirurgia cerebral em ratos de laboratório. E aí uma carreira acadêmica se abriu para ele.

Ele decidiu tornar-se especialista nos efeitos do crack, para entender como a droga tinha destruído sua comunidade. E virou um neurocientista improvável, com seus dreadlocks e os três dentes de ouro, lembranças dos tempos de pobreza.

Enquanto Hart avançava na carreira, um incômodo crescia. Ao mesmo tempo em que se aprofundava nos dados científicos, ele acompanhava o debate público sobre a droga. Todo mundo dizia que o crack transformava pessoas em zumbis. Que era uma epidemia se alastrando. Que viciava logo na primeira vez que alguém experimentasse. Que matava em poucos anos e que transformava gente comum em criminosos.

O problema é que nenhuma dessas certezas tão repetidas estava de acordo com o que ele observava no laboratório.

"Procuram-se crackeiros"

"Procuram-se usuários de crack que não estejam dispostos a parar de fumar." Era esse o texto do anúncio que Hart publicou num jornal gratuito de Nova York, em setembro de 1998.

Sua ideia era ousada: dar crack a pessoas que já eram usuárias e pretendiam continuar (não seria ético fornecer droga a um não-usuário ou a alguém que estivesse tentando parar). Dessa forma, ele poderia observar os efeitos de maneira científica, controlada, objetiva. Não foi fácil aprovar o estudo, dadas as complicações éticas e a dificuldade de financiamento para um projeto tão polêmico. Mas Hart conseguiu porque já tinha uma reputação na área e o apoio de uma universidade respeitada.

Foi assim que começou seu projeto de registrar cientificamente os efeitos do crack, em vez de acreditar no que se dizia na TV. Por meses, ele deu doses de crack ou placebo (para comparação) a vários sujeitos. Eles então eram convidados a escolher entre mais crack ou outra coisa (dinheiro, por exemplo). Hart percebeu que os usuários são sim capazes de tomar decisões. Se a alternativa era boa, eles abriam mão do crack.

"Como qualquer um de nós, dependentes não são sensíveis a só um tipo de prazer", escreveu. O vício realmente "estreita o foco" - um "crackeiro" tem mais dificuldade de achar graça em outras coisas, assim como um faminto prioriza comida. "Mas o vício grave não transforma a pessoa num ser incapaz de reagir a outro tipo de incentivo", diz. Mesmo na fissura, um dependente é capaz de tomar decisões racionais, quando a alternativa compensa. Ele não se transforma num zumbi criminoso.

Essa descoberta está de acordo com pesquisas feitas com ratos pelo canadense Bruce Alexander. Ratos mantidos sozinhos em gaiolas apertadas, quando recebem crack, drogam-se tanto que às vezes se esquecem de comer e morrem. Mas, se a gaiola tiver diversão, interação social e um cantinho para ficar a sós com as ratinhas, eles acabam escolhendo os prazeres alternativos e deixam a droga de lado.

O problema é que, em muitos lugares, como no bairro onde Hart cresceu, não há muitas alternativas que compensem. Dependentes de crack não são irracionais: são pessoas que não enxergam saída na vida e que optam por fugir do estado consciente, ainda que isso lhes faça muito mal e possa matá-los. O próprio Hart escapou das drogas não porque ficou longe delas, mas porque encontrou outros interesses, que o motivaram a trabalhar duro.

"Crack não vicia muito"

Em maio último, Hart veio ao Brasil para lançar o livro. Uma noite ele participou de um debate com o médico Drauzio Varella, numa livraria de São Paulo. Drauzio, que passou décadas trabalhando em cadeias, deu um depoimento que chocou o público: "uma coisa que eu percebi olhando os presos é que o crack na realidade não vicia muito".

Mas como? Não se diz que o crack vicia automaticamente, logo na primeira vez? Pois, segundo os dados, isso é outro mito: simplesmente não é verdade. "Oitenta por cento dos que experimentam não se viciam", diz Hart. "Largar o cigarro é mais difícil que largar o crack", concordou Drauzio.

Mas, para conseguir largar, é preciso ter o que Hart chama de "reforço alternativo" - uma outra opção, que seja atraente o suficiente. Por exemplo: família, uma carreira interessante, uma paixão, algo que motive a largar a fumaça inebriante.

Para as pessoas que estão na rua, sem perspectiva, não há reforço alternativo. Ficar sem crack, para eles, é pior, porque obriga-os a conviver de cara limpa com a sujeira, a desesperança, a violência. Por isso que, embora crack seja usado por gente de todas as classes e etnias, os brancos e os de classe média geralmente não se viciam, porque têm algo a mais a esperar da vida. Quase sempre quem se dá mal são os mais pobres, os que vêm de famílias desestruturadas e os membros de minorias raciais.

Hart sabe disso não só pelas suas pesquisas, mas por sua história. "É impossível crescer num mundo que despreza pessoas que têm a sua aparência e não sucumbir secretamente à insegurança", escreveu. Ele próprio acreditou que, por ser negro num bairro pobre, jamais poderia aspirar muito. Mas, à medida que portas foram se abrindo e ele foi entrando, Hart recebeu "reforços positivos", que foram condicionando-o a continuar tentando. É psicologia básica.

Os dados ajudam a enxergar a desigualdade racial dos danos ligados ao crack. Nos EUA, 52% dos usuários são brancos, enquanto só 15% são negros. Mas, entre os que acabam sendo presos, 79% são negros e só 10% são brancos. No Brasil também, a imensa maioria de quem chega ao fundo do poço é negra ou mestiça. Segundo uma pesquisa recente da Fiocruz, 80% da população das chamadas cracolândias tem pele escura.

"Acho ofensivo vocês brasileiros chamarem as cenas de uso de cracolândia", disse Hart na livraria. "Passa a ideia de que tudo o que acontece lá é por culpa do crack. E não é. O que está acontecendo lá é desespero, é racismo, é pobreza. O crack não cria a pobreza." Na realidade, o uso excessivo é consequência, não causa, das cenas degradantes.

Outra ideia disseminada é a de que há uma "epidemia" de crack. Segundo Hart, trata-se de outro mito. Os números da Fiocruz mostram que há 370 mil usuários de crack nas capitais do País. Se extrapolarmos esse número para todas as cidades do Brasil, chegaríamos a 700 mil usuários - número provavelmente exagerado porque o crack ataca mais as cidades grandes. É muito, mas longe de ser uma epidemia - não chega a 0,4% da população. E não está crescendo de maneira explosiva.

Há sim um alastramento do vício em crack entre os mais pobres, desestruturados e desesperados. Mas isso não vira epidemia porque o vício não se alastra para fora desses grupos.

Como vencer?

O Brasil tentou vencer o crack com repressão. A polícia prendia os usuários que viviam na rua, queimava seus barracos improvisados, levava-os algemados a um tratamento compulsório. O resultado foi que as cenas de uso, antes concentradas, se espalharam por toda parte. As pessoas que eram forçadas a se tratar podiam até parar por algum tempo, mas, sem "reforço alternativo", acabavam voltando para a rua. Afinal, sempre haverá um beco escuro para se drogar. E sempre haverá uma pedra de crack para comprar, já que é impossível vigiar toda a imensa fronteira entre a Amazônia brasileira e os países produtores de cocaína - Bolívia, Colômbia e Peru.

Como todo mundo diz que crackeiros são "zumbis", eles próprios acabam muitas vezes acreditando nessa visão, e se julgando incapazes de escapar- aí não têm motivação nem para tentar. Assim, as cracolândias vão ficando maiores e mais comuns. Foi o que aconteceu nos últimos 15 anos no Brasil.

Ultimamente, algumas cidades começam a se dar conta disso, inspiradas por experiências de outros países. Em São Paulo, 2014 começou com uma nova estratégia na região da Luz, a primeira cracolândia brasileira. A ideia central do programa Braços Abertos é tratar as pessoas vivendo na rua como gente. A prefeitura disponibilizou chuveiros, passou a oferecer atendimento médico, cedeu quartos em pequenos hotéis da região a 400 dependentes que queriam melhorar de vida, e agora está ajudando-os a regularizar seus documentos.

Vários dos ex-moradores da rua passaram a trabalhar na varrição das vias, com remuneração. O resultado é um ambiente um pouco menos degradante. Cento e vinte dos usuários já têm carteira de trabalho. Quarenta deles estão prestes a conquistar um emprego, fora dali. Reforço positivo.

Numa segunda de manhã, vou passear pela região. Entro em alguns dos hotéis: simples, mas dignos. Ando pelas ruas e vejo, aqui e ali, alguma beleza. Converso com as pessoas. Há muitos problemas ainda - desconfiança mútua entre usuários e governo, rivalidade entre a prefeitura (do PT) e o Estado (do PSDB), dúvidas quanto à qualificação de quem trabalha no programa. Mas o número de usuários na rua diminuiu, a sensação de segurança aumentou. Há alguma esperança no ar.

Mundo real

Quando chegou ao Brasil, Hart avisou que não veio para cá apenas para conversar com médicos. Queria ver o mundo real. Foi visitar uma das cenas de uso de crack mais terríveis do Brasil: a cracolândia da favela de Manguinhos, no Rio, um canto que a própria favela segrega.

No última dia dele em São Paulo, ofereço uma carona até o aeroporto. Foi o único horário que consegui em sua agenda, em meio a reuniões, debates em livrarias e visitas a cracolândias. Pergunto se ele se chocou com o que viu. Ele não parecia surpreso. "É a mesma cena de pobreza no mundo todo", diz.

Pergunto se ele não tem medo de que a exposição de sua vida pessoal prejudique a carreira que ele construiu com tanto esforço. "Eu costumava ter esse medo, sim", ele responde. "Mas já tenho 47 anos e é minha obrigação contar o que eu sei. Se eu não fizesse isso, minha consciência não me deixaria olhar no espelho." Ele acha que boa parte de seus colegas é omissa. "A ciência já compreende há 20 anos a farmacologia do crack, mas as pessoas que sabem permanecem em silêncio." Hart chama a ciência de "clube de elite", sem muito interesse pelos problemas dos negros e dos mais pobres. "Além disso, muitos cientistas se beneficiam dessa perspectiva errada, porque o governo gasta uma fortuna combatendo as drogas e esse dinheiro acaba financiando suas pesquisas."

Assim, gasta-se muito, não resolve-se nada. Afinal, não é o exército, nem o governo, nem a polícia que vão vencer o crack. É cada usuário, cada dependente, tendo como arma apenas a vontade que encontrar dentro de si. Só o que o resto da sociedade pode fazer é oferecer incentivos que sirvam de reforço, e informação confiável que aumente sua capacidade racional de decidir melhor.


Mito número 1 - Há uma epidemia de crack, que transforma uma multidão de pessoas em zumbis sem vontade própria.

A verdade - Não é uma epidemia, já que ela não se alastra. E usuários não são zumbis - se têm oportunidades, são capazes de largar a droga.

Mito número 2 - O crack transforma as pessoas em criminosas, incapazes de refletir sobre a consequência de seus atos.

A verdade - O vício aumenta sim a taxa de roubos, mas metade dos dependentes tem emprego fixo e não comete crimes.

Mito número 3 - Crackeiros tornam-se incapazes de encontrar prazer fora do crack. Escravos da droga, não têm motivação para mais nada.
A verdade - Pesquisas mostram que dependentes de crack são capazes de responder a outros estímulos, se houver uma alternativa atraente.

Imagem: Creativecommons/ Marcos Gomes- na cracolândia
Fonte - Super Interessante

Pesquisa cria medicamento para minimizar danos do crack em fetos


Pesquisa cria medicamento para minimizar danos do crack em fetos
Os bebês de usuárias de crack são as principais vítimas de um vício que cresce no país. São gerados por mulheres dependentes da droga e costumam nascer prematuros, com problemas respiratórios. Em alguns casos, com sequelas carregam pelo resto da vida. Na tentativa de diminuir os danos, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolvem um medicamento para diminuir os riscos para a saúde dessas crianças, enquanto os bebês ainda estão na barriga das mães.


Essas crianças são mais irritadiças, costumam dormir mal e se alimentar mal. É uma síndrome de abstinência que a criança sofre. Ainda de acordo com pediatras, a sífilis congênita é uma doença comum entre os casos. Provocada por uma bactéria, ela é transmitida por meio de relações sexuais praticadas sem proteção, e pode ser passada para o filho durante a gravidez. A criança pode nascer com doença neurológica, com convulsões.

Existe tratamento, mas essa criança vai ter que ser acompanhada por uma equipe: pediatra, neurologista, nutricionista, entre outros.Além de enfrentar as consequências da droga, esses bebês podem sofrer com doenças sexualmente transmissíveis, passadas pela mãe contaminada. Um estudo do Ministério da Justiça mostrou que 2,6% dos usuários de crack têm hepatite C. A média nacional de incidência da doença em pacientes não usuários da droga é de 1,38%. E a recorrência de Aids entre os usuários de crack é oito vezes maior que no restante da população.

Segundo o Centro de Referência em Drogas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a droga provoca o fechamento das artérias e prejudica o envio de oxigênio e nutrientes ao bebê. Os pesquisadores modificaram a estrutura da cocaína, que é a base do crack, para criar um novo medicamento. Testes em animais mostraram que eles desenvolveram anticorpos que bloqueiam cerca de 50% da passagem da cocaína pela placenta. Os filhotes já estão nascendo com menos problemas de saúde. Mas o coordenador alerta que o ideal seria interromper o uso da droga durante a gravidez. Além dos diversos ricos à saúde, dos usuários e dos filhos, estes últimos apresentam baixo peso, alimentação muito precária e são hiperativos e agressivos, em vários casos observados.

Fonte - G1

Haddad agora vai demitir viciado em crack que não trabalhar. É mesmo, é? Não me digam!!!

Haddad agora vai demitir viciado em crack que não trabalhar. É mesmo, é? Não me digam!!!
E não é que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do PT, decidiu que os viciados em crack contratados pela Prefeitura que não comparecerem ao trabalho serão desligados do programa “Braços Abertos”!? Se bem se lembram, trata-se daquela literalmente estupefaciente iniciativa que garante a um grupo de viciados emprego, salário, casa e comida. E sem exigir deles nada em troca! Não são obrigados a se submeter a tratamento. E, creiam, não se cobrava nem mesmo a frequência ao trabalho. Como a remuneração é feita por dia — R$ 15 por quatro horas —, pagam-se as jornadas “trabalhadas” e fim de papo.

Ora, aconteceu o óbvio: boa parte dos beneficiários não dá as caras e só se aproveita de uma parte do programa: a que garante casa e comida. A renda que conseguem, para financiar o vício, deriva de alguns bicos que fazem e de pequenos delitos. Trabalhar pra quê?

Leitores, prestem atenção: governantes existem não apenas para corrigir problemas, mas também e sobretudo para se antecipar a eles. Ou por que precisaríamos manter a pesada máquina estatal? E eis, então, que se revela um dos principais defeitos da gestão de Haddad: ele está sempre atrasado em relação ao óbvio. Ou por outra: o óbvio chega antes, e ele vem depois.

Quando o petista lançou o tal “Braços Abertos”, escrevi aqui aqui um longo texto apontando suas sete grandes imposturas:

1: O programa de emprego para viciados atingia quase 400 viciados, e se estima em 2 mil o número de frequentadores da Cracolândia;
2: o programa “Braços Abertos” atendia (?) apenas os viciados que resolveram criar uma favela no meio da rua;
3: decidiu-se premiar com trabalho, salário, casa e comida quem ocupou o espaço público na marra para manter o seu vício; os benefícios são superiores aos pagos pelo Bolsa Família;
4: os viciados receberiam benefícios, mas não seriam obrigados a se tratar nem a trabalhar;
5: os viciados têm renda, oriunda ou do trabalho informal ou de práticas criminosas; o dinheiro da Prefeitura seria um suplemento que estimularia o consumo de drogas;
6: se a Prefeitura fornece casa e comida a drogados que criam favelas no passeio público, por que não fazer o mesmo com quem não é viciado?;
7: o Prefeito escolheu o caminho mais fácil e mais barato: financiar o vício em vez de combatê-lo.

Digam-me: era ou não evidente que a iniciativa daria com os burros n’água? Como é que um programa que remunera viciados, sem exigir deles nada em troca, que os sitia numa área em que a polícia não entra, garantindo-lhes casa e comida, pode ambicionar ser de “combate ao crack”? Ao contrário: trata-se de um programa que estimula o consumo.

A última trapalhada do Prefeito na região se deu com as tais grades. A Prefeitura decidiu instalá-las para tentar delimitar o espaço ocupado pelos viciados e pelos traficantes, abrindo caminho, tanto quanto possível, para o cidadão comum poder transitar por lá, já que existem moradores naquela área da região central. Não adiantou! Os ongueiros viciados em viciados protestaram; os líderes — Santo Deus! — dos frequentadores da Cracolândia não gostaram, e as tais grades foram retiradas pelos próprios consumidores de crack, que se transformaram no verdadeiro poder público por ali.

Na campanha eleitoral, Haddad prometeu que daria à Cracolândia uma resposta inovadora. Não se pode acusá-lo de ter traído esse propósito, não é mesmo?

Por Reinaldo Azevedo

Pernambuco: Grávidas usuárias de crack terão atenção especial do governo do estado

Grávidas usuárias de crack terão atenção especial do governo do estado
A barriga de sete meses de gravidez é um incentivo. Não impede, porém, que B.B, 19 anos, acenda um cachimbo de crack quando a abstinência chega ao limite. “Comecei a usar grávida de dois meses da minha primeira filha. Tinha me separado. Eu estava passando debaixo de uma ponte, vi uma roda de gente e fui saber o que era. Foi a primeira vez que usei o crack”, contou.

Hoje, ela luta para se livrar do vício. Entre idas e vindas está numa casa de apoio há três meses mas passou um mês fora e só retornou há três dias. No Recife e Jaboatão, são pelo menos 68 gestantes e usuárias de crack e outras drogas vivendo nas ruas, estima a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

Devido ao número relevante, a pasta passará a oferecer, na segunda quinzena de março, atendimento especializado a estas mulheres, através do Programa Atitude, que trabalha com dependentes químicos. As gestantes ficarão lá por até um ano, separadas das usuárias que não grávidas, no novo Centro de Acolhimento Intensivo, de localização sigilosa.

De acordo com o secretário Bernardo D’Almeida, o núcleo funcionará 24 horas e a meta é atender pelo menos 90 gestantes da RMR.

Fonte - Diário de Pernambuco

É como colocar alcoólatra em bar, diz médico sobre programa na cracolândia

É como colocar alcoólatra em bar, diz médico sobre programa na cracolândia

O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do Programa Recomeço, do governo do Estado, defende que o viciado seja afastado do ambiente em que está acostumado a consumir drogas. Por isso, acha pouco provável o sucesso da iniciativa da prefeitura.

O programa que ele coordena está baseado no resgate dos dependentes químicos para serviços de saúde, oferecendo vagas em clínicas especializadas e nas chamadas comunidades terapêuticas.Para Laranjeira, só depois de ter o vício e suas consequências estabilizadas é que o dependente deve começar a trabalhar. "Em alguns casos, leva-se meses", afirma.

Folha O senhor acredita na abordagem feita pela prefeitura? 

Ronaldo Laranjeira Torço muito para que dê certo, mas acho pouco provável. O mais crível é que essas pessoas façam dos hotéis novos locais de uso. Os usuários foram colocados todos juntos, assim, manteve-se a lógica da rua, uma lógica que não tem muita ética. 

Seria preciso retirá-los de vez da cracolândia? É preciso ter um componente social terapêutico. Quando ele vai para uma comunidade terapêutica, ele precisa reaprender a viver em sociedade. Deixá-los na cracolândia é o equivalente a colocar um alcoólatra para trabalhar dentro de um bar.

Qual seria o melhor protocolo para o tratamento, em sua opinião? Conceitualmente, deve-se estabilizar a pessoa e retirá-la do ambiente de trabalho. Na sequência, se faz o tratamento e só depois vem o trabalho. Em alguns casos, leva-se meses até que a pessoa consiga se estabilizar minimamente para trabalhar.

Jornal Folha de S. Paulo - DE SÃO PAULO
Fonte - UNIAD

Moral ou Imoral: Fábio Zanini - Vício Estatal

Moral ou Imoral: Fábio Zanini - Vício Estatal

A estratégia de governos para lidar com o vício de seus cidadãos sempre se dividiu em duas: largar mão ou sentar a mão. Deixar drogados ou alcoólatras entregues ao problema, ou usar de força policial para tentar resolver a situação na marra.


Haveria uma terceira via? Em São Paulo, na semana passada, a prefeitura começou a pagar R$ 15 diários a usuários de crack para que varram ruas. Em Amsterdã, na Holanda, a administração faz algo parecido com dependentes de álcool. Só que lá é mais direta: paga em latas de cerveja para que recolham lixo de locais públicos.

"Vim pela cerveja. Se não houvesse cerveja, por que eu viria?", disse, com crua franqueza, um dos participantes do programa holandês à rede britânica BBC.

Pode parecer chocante usar dinheiro público para incentivar o vício, mas a lógica da iniciativa é assumida: comprar (a palavra é essa) a atenção de pessoas que só se relacionavam com o Estado para fugir da polícia. Atraí-los usando suas próprias armas para, num segundo momento, dar a eles algum sentido de responsabilidade e tentar gradativamente reduzir, com acompanhamento especializado, a dependência.

Desde que o programa holandês foi implantado, há 12 meses, a policia percebeu uma queda no índice de roubos na região onde os alcoólatras-catadores atuam.

Em São Paulo, ainda é impossível ter um diagnóstico da ousada iniciativa. No primeiro dia, os novos garis terminaram o expediente como fazem milhões de trabalhadores mundo afora, acendendo um cigarrinho para relaxar. A diferença é que era de crack. Não que se esperasse algo diferente, num dos vícios mais escravizantes de que se tem notícia. Mas os sinais desanimadores não deveriam deter a prefeitura. Se não esmorecer, o prefeito Fernando Haddad tem a chance de criar uma rara marca positiva numa gestão desesperada por mostrar algo de bom.
Fonte - Folha de São Paulo

"É tudo por causa da Copa", relata usuária removida da cracolândia

de São Paulo

"O primeiro dia no hotel: cheguei lá, fizeram o meu cadastro, no quarto 17... Arrumei as minhas coisas...É legal.

"É tudo por causa da Copa", relata usuária removida da cracolândia
Barraco da cracolândia
Na minha opinião isso tudo só tá acontecendo por causa da Copa...O prefeito quer esconder a realidade e ocultar os fatos."
Os parágrafos acima são de Valéria Viana, 21, que morava na "favelinha" com seu companheiro. Trata-se do relato sobre sua primeira noite no hotel, feito à pedido da Folha.
Ela deixou o barraco anteontem. Disse que o companheiro havia comprado o espaço por R$ 30, o mesmo valor que gastava com cada diária nos hotéis na região, onde viviam.
Usuária de crack desde os 11 anos, Valéria diz ser apaixonada por leitura e por revistas de palavra-cruzada.
"Consigo ficar três dias sem usar pedra só lendo ou escrevendo", afirmou. Ela é mãe de duas crianças. O mais novo deles, de um ano, nasceu na prisão, onde ela estava "pelo 157" –referência ao artigo do Código Penal que trata de assalto.
 
Disse que pretende trabalhar, mas que não acredita no sucesso do programa da prefeitura.

Fonte - Folha de São Paulo

Antônio Geraldo da Silva: A derrota do Brasil para o crack




Antônio Geraldo da Silva: A derrota do Brasil para o crack
Neste mês, o programa Crack, É Possível Vencer, do governo federal, completou dois anos. No entanto, infelizmente, a vitória não é uma realidade. Nem mesmo está próxima.

O ministro da Justiça disse que o programa foi o segundo em verbas aplicadas pela pasta da qual é titular. A afirmação é assustadora, pois dos R$ 4 bilhões prometidos para o combate ao crack, apenas R$ 368 milhões foram de fato empregados.

Recente pesquisa da Universidade Federal de São Paulo estima em 2,8 milhões de usuários de crack em todo o país. Esse número dobra a cada dois anos. Afinal, como as autoridades estão enfrentando esta que já é a mais grave epidemia da história recente do Brasil? Trata-se de uma derrota em três frentes: política, estratégica e de saúde pública.


Política porque, segundo deputados da base aliada da presidente Dilma Rousseff, apesar de o assunto ser uma prioridade, há resistência interna dentro do próprio governo que ela lidera.

O segundo escalão do Ministério da Saúde é contra o programa Crack, É Possível Vencer, inclusive defendendo a liberação das drogas. No Ministério da Justiça, dois secretários tiveram que deixar suas funções depois de declarações desastrosas acerca do assunto. Uma torre de Babel: há uma corrente ideológica ligada ao governo que defende o contrário do que a presidente fala.


Se a articulação política é uma questão grave, a estratégia de proteção de fronteiras é ainda mais urgente. O Brasil não planta uma única folha de coca. Como então temos tanta droga circulando no país?

Depois que Evo Morales –pasme, presidente da Confederação dos Cocaleiros– assumiu a Presidência da Bolívia, a área plantada de coca aumentou quatro vezes, totalizando quase 50 mil hectares. Sua política de liberar o plantio por lá criou um pico do consumo do crack por aqui.


Além disso, o Uruguai acaba de legalizar a maconha, sem ninguém ter certeza de como isso impactará na saúde e na segurança do país e, em última instância, do continente. A maconha não é uma droga simples. É uma bomba de aditivos e componentes químicos que causam comprovados transtornos mentais. Outros países que fizeram movimentos semelhantes foram obrigados a recuar. A Suécia, por exemplo, é o país que mais reprime o uso de drogas e conseguiu eliminar a tempo a epidemia de crack que tomou conta do país logo após a malsucedida legalização das drogas.


O terceiro escorregão do governo ocorre no terreno da saúde pública. A educação é capenga. A Universidade de Michigan fez um estudo com a duração de 35 anos sobre o consumo de maconha nos Estados Unidos. Nesse período, notaram que quanto maior a percepção do risco, menor o consumo. Ou seja, informação é fator primordial. Quando há informação cruzada –de que a maconha não faz mal–, aumenta o consumo e os números de dependentes.


Cerca de 37% dos jovens que usam maconha ficam viciados. É uma loteria cruel, especialmente com essa faixa etária, ainda não madura o suficiente para ter a dimensão das consequências dos seus atos. E que não tem acesso às informações das verdadeiras ações deletérias dessa droga maldita.
Há uma incompreensão de que a dependência química é de altíssima complexidade. Enquanto o tratamento da dependência de crack no sistema privado é digno e obtém boa resposta, o dependente pobre está entregue à própria sorte ao despreparo da maioria dos serviços disponíveis na rede pública.

O governo reconhece que ainda não entendeu o problema do crack. A política pública não pode ser só internação compulsória, pois parece apenas a preocupação em "limpar as ruas". Qual é a consequência do tratamento? O que fazer com esses dependentes depois da internação? Como reinseri-los na sociedade de forma produtiva? Quais as diretrizes de tratamento?


A Associação Brasileira de Psiquiatria já se colocou e se coloca à disposição do governo federal para esclarecer dúvidas e colaborar nas diretrizes a serem seguidas. Até agora, nada. Devem saber o que estão fazendo.
A única constatação possível é que o Brasil enxuga gelo quando o assunto é o combate ao crack e outras drogas.

ANTONIO GERALDO DA SILVA, 50, é presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)

Fonte - Folha de São Paulo
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Gene favorece dependência do crack

Gene favorece dependência do crack
Uma alteração em um gene parece influenciar a preferência dos dependentes de cocaína pela forma mais nociva da droga: o crack, a cocaína em pedra, que em geral é fumada. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) chegaram a essa conclusão ao comparar as alterações mais frequentes no gene que armazena a informação para produzir a enzima butirilcolinesterase (BCHE) e os hábitos de consumo de 698 dependentes de cocaína da capital paulista. Sintetizada pricipalmente pelo fígado, a BCHE degrada a cocaína no sangue, transformando-a em dois compostos inertes. Por isso, quanto maior a quantidade da forma ativa da enzima, menor a dose de cocaína que chega ao cérebro e menos intensos 
os efeitos da droga.
Os pesquisadores confrontaram a frequência de três mutações no gene da BCHE com a forma preferida de consumo da cocaína: aspirada(em pó), inalada (crack) ou ambas. Viram que os usuários com uma mutação específica – a rs1803274, que reduz a atividade da enzima – nas duas cópias do gene da BCHE eram mais propensos a consumir o crack do que a 
cocaína em pó (PloS One, 27 de novembro). Essa mutação não seria a causa direta da dependência, mas influenciaria a preferência pela cocaína inalada.


Fonte - Revista Pesquisa/FAPESP

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Por filhos, mulheres vencem o crack

A unidade só recebe pessoas encaminhadas pela Seção de Acolhimento para Adultos, Idosos e Família


Por filhos, mulheres vencem o crack
Secor/Prefeitura de Santos

Na vida, é mais fácil e rápido destruir do que construir. Na Seção Abrigo para Adultos, Idosos e Família (SeAbrigo-Aif), quatro mulheres tentam reconstruir suas vidas após várias perdas. Psicólogos e assistentes sociais da Seas (Secretaria de Assistência Social) fazem um trabalho paciente. Sabem que as marcas da rua, sejam elas o vício das drogas ou o descompromisso social, são difíceis de serem apagadas.


J.F. é uma dessas mulheres. Aos 30 anos, passou metade da vida na rua. Consumiu e foi consumida pelo crack por 20 anos, se prostituiu e perdeu a guarda de seis filhos, de quatro não tem qualquer informação. Mas tudo mudou em 12 de novembro de 2012, quando nasceu a caçula. “Não sei explicar a força desse amor, mas o medo de perder minha filha me fez parar (de usar crack)”. E ela o fez sem tratamento médico, contou só com o apoio dos profissionais da Seas. Hoje faz planos: matricular a filha na creche e entregar as encomendas de costura, seu novo trabalho.
A história de M.N. não é muito diferente. Aos 14 anos conheceu o crack e por causa da droga perdeu a família. Só descobriu a gravidez aos 7 meses, mas a notícia a motivou a "parar com tudo de errado". Cuidando da filha de 2 meses e "limpa" há 4 meses, faz planos de trabalhar e depois apresentar a menina para a família, que vive em Santo Amaro. "Só quero fazer isso depois de estar trabalhando".

Serviço

A SeAbrigo-Aif fica na rua General Câmara, 249, tem capacidade para 30 pessoas e está completa. A unidade só recebe pessoas encaminhadas pela Seção de Acolhimento para Adultos, Idosos e Família. Na SeAbrigo-Aif, eles continuam com um plano individual de atendimento e são inseridos em oficinas de qualificação profissional. O objetivo é conseguirem autonomia para saírem do abrigamento.

Fonte - Diário do Litoral

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No Rio, 90% das crianças à espera de adoção são filhas de usuários de crack

Neste ano, 300 crianças já foram abandonadas no Estado do Rio por mães usuárias de crack

Neste ano, 300 crianças já foram abandonadas no Estado do Rio por mães usuárias de crack
Milhares de casais aguardam a adoção de crianças no Rio de Janeiro. Por outro lado, vários recém-nascidos, filhos de viciados em crack são encaminhado para abrigos e precisam de um lar. A cada dia, pelo menos um recém-nascido é abandonado nos hospitais públicos do Rio de Janeiro. Só em 2013 foram 300 casos. A maioria são filhos de mães viciadas em crack, que, após o parto, voltam para as ruas. Os números representam um aumento de 50% em relação ao ano passado.

A situação tem gerado outro problema, os abrigos públicos não estão preparados para receber as crianças e acabam superlotados. A juíza Ivone Caetano conta que os locais são apenas uma saída para o problema, mas não são adequados para nenhuma criança. 
— O número de vagas disponibilizadas pela rede pública é muito pequeno. Além das condições também não serem as melhores. Na minha opinião, está faltando tudo.
A produção do Balanço Geral, com uma câmera escondida, teve acesso a um desses abrigos na Barra da Tijuca, na zona oeste. As imagens mostram o local completamente depredado, com portas arrombadas, janelas quebradas e com muito lixo dentro.

No centro do Rio, um educandário tem recebido o maior número dessas crianças. Mas o local sobrevive apenas de doações e o espaço é limitado. O prédio tem capacidade para 15 crianças, mas acaba recebendo mais do que pode devido ao abandono constante dos filhos pelas mães viciadas em drogas. Além disso, os bebês que chegam a instituição sofrem com abstinência. Elas apresentam sintomas como irritação constante, pouco apetite, sono agitado, entre outros.
Enquanto mães abandonam os filhos 27 mil casais aguardam na fila de adoção no Brasil. O problema é que nem sempre as crianças tem o perfil que os futuros pais procuram. No 

Estado, 90% das crianças na lista de adoção são filhos de usuários de crack. Mas o dado parece não ter assustado o casal Janise e Thales. Eles adotaram uma delas, o Nicolas. Ele morava com oito irmãos em um barraco em uma comunidade da Baixada Fluminense. Thales relata o estado em que encontraram o menino.
— Ele estava deitado em um colchão, sujo, preto, sem um travesseiro, sem um lençol, cheio de mosca. A fisionomia dele estava toda destruída por causa do catarro seco no rosto, sem conseguir respirar e tendo convulsões.
As crianças abandonadas só se tornam disponíveis para adoção quando se esgotam todas as possibilidades dos pais ou parentes darem os cuidados necessários a elas e na maioria das vezes comprovar isso leva tempo. A espera também fez parte da história de Vânia. Ela aguardou por três anos até conseguir a guarda definitiva de Mariana, que na época era um bebê.
— Eu queria ser mãe e eu sou mãe. Não importa se eu não gerei, mas eu gerei de uma forma linda, maravilhosa, sagrada.
Atualmente, Mariana tem 7 anos e a mãe dela acredita que ela terá um futuro promissor.


Fonte - R7

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Crack: No meio do caminho tinha uma pedra

Pesquisa revelou dados alarmantes sobre o consumo de crack. Os 'zumbis' chegam a manter o vício por cerca de oito anos e 80% quer ajuda para deixar as drogas 

Pesquisa revelou dados alarmantes sobre o consumo de crack. Os 'zumbis' chegam a manter o vício por cerca de oito anos e 80% quer ajuda para deixar as drogas
São 370 mil usuários de crack e similares nas capitais brasileiras. Isso corresponde a 0,81% da população dessas cidades. Para além dos números, o levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), encomendado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) e divulgado no fim de setembro, mostrou que a “pedra” é um problema mais difícil de enfrentar do que imaginávamos. E, se o senso comum dizia que o Sudeste concentrava os usuários, a pesquisa veio para mostrar o contrário.

O Nordeste lidera em números absolutos a maioria dos rankings propostos pela análise. Nas capitais da região estão o maior número de usuários regulares, 148 mil, e também a maior quantidade de crianças e adolescentes que consomem crack, 28 mil. O Sudeste, região seguinte na contagem, tem menos da metade disso, 13 mil. Especialistas ouvidos pelo O POVO dizem que a questão está na utilização da droga em locais públicos ou não. Em São Paulo, por exemplo, existe a cracolândia.

Para a médica psiquiatra Analice Gigliotti, os resultados da pesquisa mostraram que o crack não é uma droga que “mata de primeira”. “O estudo revelou que as pessoas ficam usando continuamente e, a cada dia, se degradando mais. O crack já está aí corroendo a sociedade há muito tempo, mas não podemos pensar que é um problema sem solução”, explica.

Analice é chefe do Setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e também possui uma clínica particular em Botafogo, bairro nobre da capital carioca. Segundo ela, não pode mais ser levado em conta o estigma do crack como uma droga de classes menos favorecidas. “No setor público chegam pessoas que estão muito mal. Mas, no setor privado, também atendemos dependentes de crack. Gente de classe alta que é internada e internada novamente. É um vício barra pesada”, afirma.

De fato, a pesquisa revelou que 40% dos usuários regulares moram em imóveis próprios, 55% possuem ensino fundamental, 65% conseguem dinheiro com trabalhos temporários e existe ainda uma minoria, de 4,2%, que tem até trabalho fixo com carteira assinada. O titular da Senad, Vitore Maximiano, admitiu que os resultados são bastante preocupantes e disse que a prevalência do uso de crack nas capitais nordestinas chamou atenção, mas, para ele, o alto número de usuários já era esperado.

“Deveremos intensificar as ações de cuidado, especialmente com a instalação de equipamentos de apoio social e com equipes que fazem o contato de forma ativa com o usuário, oferecendo-lhe tratamento. 80% dos usuários manifestaram desejo de se tratar. Vamos ampliar as ações em todo o País, e ainda mais especialmente nas regiões Nordeste e Sul, onde registramos as maiores prevalências do uso do crack”, pontuou o gestor.

O Ciência & Saúde vai detalhar os resultados da pesquisa e contar histórias de quem buscou tratamento contra o vício. Como a de Joana (nome fictício, foto). Grávida de oito meses, ela passa por tratamento na Unidade de Acolhimento Silas Munguba. Mostraremos ainda o que os especialistas dizem sobre os números. Boa leitura!
 
O POVO solicitou à Senad dados sobre a utilização de crack em Fortaleza, mas o órgão informou que os índices locais ainda não estão disponíveis.
 
Números

80% do total de usuários utiliza a substância em espaços públicos
 
14% dos usuários de crack das capitais são crianças e adolescentes

Serviço

Veja a íntegra da pesquisa pelos links:

Saiba mais

A pesquisa foi realizada entre o fim de 2011 e junho de 2013. Foram enviadas equipes para as 26 capitais, o Distrito Federal, municípios de grande porte das regiões metropolitanas e para uma amostra de cidades de pequeno e médio porte. No total, 7.381 pessoas foram entrevistadas pela Fiocruz.
 
As equipes de campo recrutavam os usuários de crack que consumissem a droga com regularidade (25 dias nos últimos seis meses, segundo definição da Organização Panamericana de Saúde – Opas), e que tivessem 18 anos ou mais. Crianças e adolescentes não foram entrevistados, seguindo a decisão do Comitê de Ética da Fiocruz.
 
A metodologia da pesquisa é denominada Network Scale-up Method (Nsum). Segundo o documento, esse é o único método estatístico disponível capaz de estimar de forma mais precisa as populações de difícil acesso.
 
A abordagem é indireta. Não se pergunta diretamente ao entrevistado sobre o seu comportamento, mas sobre o comportamento de outros indivíduos pertencentes à rede de contatos do respondente e residentes no mesmo município.

Fonte - O povo

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