Neste ano, 300 crianças já foram abandonadas no Estado do Rio por mães usuárias de crack
Milhares de casais aguardam a adoção de crianças no Rio de Janeiro.
Por outro lado, vários recém-nascidos, filhos de viciados em crack são
encaminhado para abrigos e precisam de um lar. A cada dia, pelo menos um
recém-nascido é abandonado nos hospitais públicos do Rio de Janeiro. Só
em 2013 foram 300 casos. A maioria são filhos de mães viciadas em
crack, que, após o parto, voltam para as ruas. Os números representam um
aumento de 50% em relação ao ano passado.
A situação tem gerado outro problema, os abrigos públicos não estão
preparados para receber as crianças e acabam superlotados. A juíza Ivone
Caetano conta que os locais são apenas uma saída para o problema, mas
não são adequados para nenhuma criança.
— O número de vagas disponibilizadas pela rede pública é muito
pequeno. Além das condições também não serem as melhores. Na minha
opinião, está faltando tudo.
A produção do Balanço Geral, com uma câmera escondida, teve acesso a
um desses abrigos na Barra da Tijuca, na zona oeste. As imagens mostram o
local completamente depredado, com portas arrombadas, janelas quebradas
e com muito lixo dentro.
No centro do Rio, um educandário tem recebido o maior número dessas
crianças. Mas o local sobrevive apenas de doações e o espaço é limitado.
O prédio tem capacidade para 15 crianças, mas acaba recebendo mais do
que pode devido ao abandono constante dos filhos pelas mães viciadas em
drogas. Além disso, os bebês que chegam a instituição sofrem com
abstinência. Elas apresentam sintomas como irritação constante, pouco
apetite, sono agitado, entre outros.
Enquanto mães abandonam os filhos 27 mil casais aguardam na fila de
adoção no Brasil. O problema é que nem sempre as crianças tem o perfil
que os futuros pais procuram. No
Estado, 90% das crianças na lista de
adoção são filhos de usuários de crack. Mas o dado parece não ter
assustado o casal Janise e Thales. Eles adotaram uma delas, o Nicolas.
Ele morava com oito irmãos em um barraco em uma comunidade da Baixada
Fluminense. Thales relata o estado em que encontraram o menino.
— Ele estava deitado em um colchão, sujo, preto, sem um travesseiro,
sem um lençol, cheio de mosca. A fisionomia dele estava toda destruída
por causa do catarro seco no rosto, sem conseguir respirar e tendo
convulsões.
As crianças abandonadas só se tornam disponíveis para adoção quando
se esgotam todas as possibilidades dos pais ou parentes darem os
cuidados necessários a elas e na maioria das vezes comprovar isso leva
tempo. A espera também fez parte da história de Vânia. Ela aguardou por
três anos até conseguir a guarda definitiva de Mariana, que na época era
um bebê.
— Eu queria ser mãe e eu sou mãe. Não importa se eu não gerei, mas eu gerei de uma forma linda, maravilhosa, sagrada.
Atualmente, Mariana tem 7 anos e a mãe dela acredita que ela terá um futuro promissor.
Assista ao vídeo: http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/no-rio-90-das-criancas-a-espera-de-adocao-sao-filhas-de-usuarios-de-crack-09102013
Fonte - R7
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