• Maconha faz mal?

    Saiba mais sobre a fundamentação científica acerca dos efeitos da maconha sobre o organismo.

Pesquisa releva motivos por que alcoolismo enfraquece os músculos

Pesquisa releva motivos por que alcoolismo enfraquece os músculos
O impacto do alcoolismo na fusão das mitocôndrias das células contribui para o enfraquecimento dos músculos, segundo um estudo liderado pela bioquímica chilena Verónica Eisner e publicado nesta semana.


A fraqueza muscular é um sintoma comum tanto em pessoas que foram alcoólatras durante muito tempo quanto em pacientes com doença das mitocôndrias, os órganismos celulares que fornecem a maior parte da energia necessária para a atividade celular.

Em artigo publicado na revista Journal of Cell Biology, Eisner – da Universidade Thomas Jefferson – e seus colegas descrevem um elo comum em ambas condições: mitocôndrias que não podem ser reparadas.

As mitocôndrias reparam seus componentes partidos fundindo-se com outras mitocôndrias e trocando seus conteúdos. Nesse processo, as partes danificadas se separam para um reprocessamento e são substituídas por proteínas da mitocôndria saudável, funcionando normalmente.

O tecido muscular depende constantemente da energia que fornecem as mitocôndrias, o que faz com que o trabalho de reparação seja uma necessidade frequente.

Mas como as mitocôndrias estão muito acirradas entre as fibras de células musculares, a maioria dos cientistas achava que a fusão de mitocôndrias era impossível nestes tecidos.

Eisner criou um sistema para "etiquetar" as mitocôndrias nos músculos de esqueletos dos ratos de laboratório com duas cores diferentes. Depois, observou se se combinavam.

Segundo o artigo, Eisner primeiro criou um modelo de estudo com ratos cujas mitocôndrias manifestavam a cor vermelha o tempo todo, e também mediante engenharia genética fez com que as mitocôndrias nas células se tornassem verdes quando eram atingidas por raio laser.

Assim, criou quadrados de mitocôndrias verdes brilhantes sobre um fundo vermelho.

Surpreendentemente, as mitocôndrias verdes se combinaram com as vermelhas, trocando seus conteúdos, e também foram capazes de ir a outras áreas onde antes só havia mitocôndrias de cor vermelha. "Os resultados mostraram pela primeira vez que a fusão de mitocôndrias ocorre nas células musculares", disse Eisner.

Depois, o grupo de pesquisa liderado por Gyorgy Hajnoczky, diretor do Centro MitoCare em Jefferson, demonstrou que das proteínas na fusão de mitocôndrias, a denominada Mfn1 era a mais importante nas células dos músculos do esqueleto.

Os cientistas observaram que a abundância de Mfn1 diminuía até 50% nos ratos com uma dieta de conteúdo alcoólico regular, enquanto que as outras proteínas na fusão não se alteravam.

A diminuição apareceu acompanhada de uma redução substancial da fusão de mitocôndrias, e os investigadores relacionaram a míngua da Mfn1 e da fusão de mitocôndrias com o aumento da fadiga muscular.

Fonte - Terra

Estudo: uso eventual de maconha provoca anormalidades cerebrais em jovens

Estudo: uso eventual de maconha provoca anormalidades cerebrais em jovens
Jovens fumantes de maconha eventuais podem acabar passando por mudanças potencialmente prejudiciais para o cérebro, pois a droga altera regiões da mente relacionadas à motivação e à emoção, pesquisadores descobriram.

O estudo, publicado no Journal of Neuroscience, difere de outros projetos de pesquisa relacionados à maconha, focados em usuários crônicos ​​de cannabis.
O esforço de colaboração entre a escola de medicina da Northwestern University, o Massachusetts General Hospital e a Harvard Medical School mostrou uma correlação direta entre o número de vezes que os usuários fumavam e anormalidades no cérebro.

"O que estamos vendo é mudanças em pessoas de 18 a 25 anos, em regiões do núcleo do cérebro, com as quais você nunca iria querer brincar”, disse o co-autor sênior do estudo, o Dr. Hans Beiter, professor de psiquiatria e ciências comportamentais na Universidade Northwestern University.


Mais especificamente, o estudo identificou alterações no núcleo accumbens e no núcleo amígdala, regiões do cérebro que são fundamentais para a regulação da emoção e da motivação, em usuários de maconha que fumam entre um e sete cigarros por semana.


Os pesquisadores encontraram alterações no volume, na forma e na densidade dessas regiões cerebrais. Mas são necessários mais estudos para determinar como essas alterações podem ter consequências a longo prazo e se elas podem ser corrigidas com a abstinência, disse Beiter .

"Nossa hipótese neste trabalho inicial é que essas alterações podem ser um sinal precoce daquilo que mais tarde vem a tornar-se desmotivação, em que as pessoas não conseguem ficar focadas em seus objetivos", disse ele.

Outras pesquisas descobriram que o consumo de álcool altera o cérebro, disse Beiter. Mas, enquanto os pesquisadores não sabem exatamente como as conexões mentais vistas em usuários de maconha afetam suas vidas, o estudo mostra que elas mudam fisicamente o cérebro de maneiras que diferem da maneira como o álcool o faz, disse ele.

Este último estudo se coaduna com outra pesquisa que mostrou que a maconha tem efeitos significativos sobre os jovens, porque seus cérebros ainda estão em desenvolvimento.

Autor - Alex Dobuzinskis e Ken Wills
Fonte - Reuters

Postos de saúde têm dificuldade em identificar usuários de drogas, diz USP

Postos de saúde têm dificuldade em identificar usuários de drogas, diz USP
Dependentes encaminhados a tratamento por unidades de saúde são 22%. - Estudo aponta ainda que 66% busca ajuda sozinho ou com apoio familiar.

As unidades públicas de saúde têm dificuldade em diagnosticar dependentes químicos e, principalmente, encaminhá-los a tratamentos específicos. A constatação é de um estudo realizado pela Escola de Enfermagem da USP em Ribeirão Preto (SP), que traçou o perfil dos usuários de drogas na cidade: 66,31% dos que estavam em tratamento no Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CAPSad) buscaram auxílio sozinhos ou com apoio da família, enquanto apenas 22,1% foram encaminhadas por hospitais ou postos de saúde.

“Quando chega nesses serviços, o que eles fazem? Medicam e manda embora. Eles não vão querer uma pessoa lá que bebeu ou usou drogas dando trabalho. Pode até medicar, mas tem que fazer um encaminhamento, explicar que existe tratamento e mandar para um serviço de apoio”, explica a enfermeira Josélia Carneiro Domingos, autora do estudo que avaliou o perfil de 95 dependentes no CAPSad, no segundo semestre de 2012.

Em Ribeirão Preto, 50% dos usuários de drogas são homens brancos, diz USP

O resultado do levantamento aponta ainda que 6,31% chegaram CAPSad por outras instituições do mesmo segmento, 3,15% por serviços comunitários e 2,1% por determinação da Justiça – internação involuntária. “O principal problema é a falta de profissionais qualificados atuando em atendimentos de urgência e emergência. Não adianta só medicar e mandar embora”, critica.

A situação descrita por Josélia foi vivida muitas vezes pela agente de segurança Carolina, de 34 anos, dependente de álcool desde os 15 anos. Ela conta que chegou a consumir três litros de cachaça por dia e, algumas vezes, foi levada pela família – e até mesmo pela polícia – para unidades básicas distritais de saúde, por estar alcoolizada. “Sempre davam glicose e mandavam para casa.”

Somente em abril do ano passado, após ser atendida por um médico amigo da tia, que é enfermeira, Carolina conseguiu encaminhamento para tratar o vício no CAPSad. “Agora, eu conheço pessoas com histórias até piores que as minhas. Isso faz eu olhar para mim mesma e lutar para conseguir me livrar da bebida”, diz.

Doenças associadas

Josélia afirma ainda que a maioria dos usuários de drogas tem problemas de saúde associados ao vício, como pneumonia ou tuberculose, por exemplo, o que torna o primeiro atendimento prestado nas unidades de saúde ainda mais importante, no que se refere ao diagnóstico precoce dessas doenças.

O estudo da USP aponta que entre os dependentes entrevistados que possuíam algum tipo de enfermidade, 21% tinham problema de hipertensão arterial severa ou doenças cardíacas, 15,78% sofriam com doenças respiratórias ou tuberculose, 9,47% eram epiléticos ou tinham convulsões frequentes, 5,26% foram diagnosticados com diabetes, 5,26% tinham hepatite, 2,1% HIV e 13,68% outras doenças crônicas.

“Se a gente tiver profissionais preparados, principalmente, nas unidades básicas e serviços de urgência, a gente vai ter um retorno positivo, porque não sobrecarrega o CAPSad e começa a fazer um trabalho precoce, ou seja, as doenças não são descobertas em estágio avançado”, diz a enfermeira.
Usuários não reconhecem

Para a coordenadora do CAPSad, a psicóloga Gisela Pires Marchini, é arriscado afirmar que os dependentes químicos desenvolvem doenças associadas ao vício por falta de diagnóstico nas unidades de saúde. Apesar de reconhecer que, em algumas situações, os profissionais tem um número grande de pacientes para atender, Gisela diz que, na maioria das vezes, são os próprios usuários de drogas que negam a dependência.

“Há uma complexidade muito grande nessa questão. Muitas vezes, o paciente acaba negando o vício, ou afirma que só utiliza aos finais de semana. Ele não consegue reconhecer que não está bem, leva muito tempo para ver isso. Às vezes, quando chega à UBDS, acaba colocando apenas as questões clínicas”, diz.

Ainda de acordo com Gisela, também é preciso levar em consideração que nem sempre o usuário é atendido na mesma unidade de saúde, ou com o mesmo profissional. “Ora é uma pessoa que atende, ora é outra pessoa. Além disso, o dependente só consegue ter essa percepção quando é ameaçado de romper um casamento, com a possibilidade de perder a guarda dos filhos, ou uma questão clínica, cirrose, diabetes, etc. Mas aí, a situação está muito grave”, afirma.

Fonte - G1 - Adriano Oliveira Do G1 Ribeirão e Franca

Justiça autoriza remédio derivado da maconha para menina com epilepsia

Justiça autoriza remédio derivado da maconha para menina com epilepsia
O juiz Bruno César Bandeira Apolinário, da 3ª Vara Federal de Brasília, liberou nesta quinta-feira (3) que os pais da menina Anny, de 5 anos, importem o medicamento Canabidiol (CBD), que tem substâncias derivadas da maconha e é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil. A decisão judicial impede a agência de barrar a importação do produto, que é legalizado nos Estados Unidos.

A história de Anny foi mostrada pelo "Fantástico" no último fim de semana. Anny tem uma doença rara e epilepsia grave. Após o uso do CBD, a menina apresentou melhoras nas crises, segundo os pais (veja vídeo ao lado).

Na decisão, o magistrado cita que a criança "vem se utilizando de forma clandestina da substância [...] graças à iniciativa dos seus pais de importar o medicamento dos Estados Unidos e de internalizá-lo no território brasileiro sem o conhecimento das autoridades sanitárias".

O juiz afirma, porém, que liberar o uso do remédio no caso específico preserva o direito fundamental à saúde e à vida. "Neste momento, pelos progressos que a autora tem apresentado com o uso da substância, com uma sensível melhora da qualidade de vida, seria absolutamente desumano negar-lhe a proteção requerida. [...] Antecipo os efeitos da tutela para determinar à Anvisa que se abstenha de impedir a importação, pela autora, da substância Canabidiol (CBD), sempre que houver requisição médica."
Para o magistrado, "não se pretende com a presente demanda fazer apologia do uso terapêutico da cannabis sativa, a maconha". Ele citou estudos que mostram que o Canabidiol é extraído da maconha, mas não tem efeitos entorpecentes.

"A substância revelou-se eficaz na atenuação ou bloqueio das convulsões e, no caso particular da autora, fundamental na debelação das crises recorrentes produzidas pela doença de que está acometida, dando-lhe uma qualidade de vida jamais experimentada", diz o magistrado.

O juiz acrescentou que, embora a Anvisa esteja fazendo estudos sobre o medicamento, a paciente não pode esperar pelos resultados. "Não há como fazer a autora esperar indefinidamente até a conclusão desses estudos sem que isso lhe traga prejuízos irreversíveis."

Fonte - G1 - Mariana Oliveira Do G1, em Brasília

Maconha continua a droga mais consumida no mundo

Maconha continua a droga mais consumida no mundo
Com base em estimativas recentes, divulgadas pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Undoc), a maconha continua sendo a droga ilegal mais consumida em todo o mundo, com 180 milhões de usuários. De acordo com o Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp), em Goiás existem cerca de 300 mil usuários de droga, sendo as mais consumidas no Estado a maconha e a cocaína. Só ano passado a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) apreendeu 13 toneladas de maconha e 170 quilos de cocaína.

Para o delegado titular da Denarc, Odair Soares, a apreensão de maconha se torna mais comum porque é uma droga mais barata, o que facilita sua maior circulação. “A droga mais usada no Estado e em Goiânia é a maconha, pelo preço, pela abundância no mercado, pela facilidade de se encontrar o produto, o preço é mais barato. A segunda é a cocaína”, constata.

Odair explica que outro fator que facilita a comercialização da maconha no País, é a proximidade do fornecedor que, de acordo com ele, o maior produtor mundial de maconha é o Paraguai que só perde para o México, que ocupa a primeira posição na produção da droga. Consequentemente é a droga que a polícia mais faz apreensão. Só em 2013 foram apreendidas, pela Polícia Civil, em todo o Estado, mais de 3,15 mil toneladas. Sendo só na Capital, entre janeiro a dezembro 3,1 toneladas.

Já o crack, droga feita a partir da mistura de pasta de cocaína com bicarbonato de sódio, é a terceira droga mais consumida no Estado. Ela que vem ganhando olhares atenciosos das autoridades responsáveis por seu alto poder destrutivo. “A Denarc é uma delegacia de combate ao tráfico e uso de drogas, nós tentamos impedir ao máximo a entrada de todos os tipos de entorpecentes, mas o crack, por ser uma droga altamente viciante e barata, merece uma atenção maior e é a partir da apreensão dos usuários que nós chegamos aos distribuidores”, avalia.

Ele explica que foi criado para combater a entrada de drogas e armas no Estado o Comando de Operações de Divisas (COD), que também visa o grande tráfico e é formado por um batalhão que vigia as fronteiras com o intuito de combater a entrada de drogas. “Nas duas frentes, no Estado de Goiás há combate: o COD, com vigilância e fiscalização de fronteiras, e a parte nossa que é fazer ações investigativas atacando aquilo que nós já investigamos, entramos com a repressão e eles previnem, efetuamos a prisão, em caso concreto investigado”, descreve.

Além de combater a ação do pequeno traficante com as operações pontuais por parte da Polícia Militar mediante a investigação da Polícia Civil, a meta da Secretaria de Segurança Pública para este ano é diminuir também o número de furto e de roubo de veículos em Goiás. “O aumento no número de roubo de veículos no mês de março é reflexo das grandes apreensões de drogas desencadeadas no mês passado pela Denarc”, diz.

De acordo com a Polícia Civil, usuários de crack estão roubando veículos em assalto à mão armada nas ruas de Goiânia e vendem a preços irrisórios, a mando dos traficantes. Os veículos são repassados a chefes do tráfico de drogas e tem como destino o Paraguai, onde são trocados por maconha, e Colômbia e Bolívia onde são trocados por pasta-base de cocaína, que será transformada em crack.

Para Odair, o crescente número de roubos coincidiu com o período pós-apreensão de uma grande quantidade de drogas feitas pela polícia em fevereiro deste ano. Em apenas uma operação a Denarc apreendeu 232 quilos de pasta-base de cocaína. Outro grave problema causado pelo uso das drogas na Capital, está no alarmante número de homicídios. Com base em estatística da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) 80% das vítimas de homicídio em Goiânia está relacionada ao uso ou tráfico de drogas ou ainda o desentendimento entre traficantes.

Visando diminuir os altos índices de homicídio registrados em todo o Estado, principalmente, na Capital onde no ano passado aconteceram 621 assassinatos, a estratégia adotada pelo comando da Polícia Civil e Militar é o combate à ação do pequeno traficante. A PM registra recordes de apreensão de drogas, trabalho resultante principalmente da ação do COD. Desde o início de 2014 a Denarc já fez apreensão de mais de uma tonelada de cocaína a segunda mais consumida na cidade.

Embora a maconha seja o entorpecente de maior consumo no mundo, ela apresenta um impacto sobre a saúde menor do que outras drogas, particularmente porque está relacionada a um menor índice de dependência: 13 milhões de pessoas, contra 17,2 milhões de dependentes de anfetaminas e 15,5 milhões de opiáceos.

Público

Para Soares, hoje não existe mais distinção de idade, raça seja ela branca, negra, amarela, rico ou pobre para definir o público usuário de drogas. “Outro dia, em uma só tarde, nós filmamos todas as gerações comprando drogas desde uma criança de oito anos de idade a um senhor de 60. É claro que há um significativo uso por parte dos jovens, mas hoje é geral”, pontua.

Quanto ao grupo que mais morre envolvido com drogas, ele define que são os jovens de periferia e da raça negra. “Esse é o perfil de quem mata e está morrendo”, cita também quais os bairros em Goiânia onde há droga, dinheiro, vendedor e comprador, dentre eles, cita Setor Pedro Ludovico, Nova Esperança, Jardim Curitiba, Novo Mundo, Centro de Goiânia, Norte Ferroviário, Setor Universitário, Itatiaia e Crimeia Leste. “Através de investigações chegamos ao traficante pequeno, médio e ao grande”, conclui.

Como explicar o vício

De acordo com o psiquiatra e coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da Unifesp, Ronaldo Laranjeira o mecanismo do corpo humano que explica o processo de dependência da droga está no fato de existir, no cérebro, uma área responsável pelo prazer. A mesma responsável pelo prazer que sentimos ao comer ou fazer sexo.

Segundo ele, quando sentimos prazer ao fazer sexo à tendência é querer repetir. “Desse modo, evolutivamente, criamos essa área de recompensa e é nela que a ação química de diversas drogas interfere. O cigarro, álcool, maconha, cocaína ou heroína, apesar de cada uma possuir mecanismo de ação e efeitos diferentes, só produzem dependência às drogas que de algum modo atuam nessa área”, explica.

Ele reconhece que para quem está de fora é difícil entender por que o usuário de cocaína, de crack ou dependente químico não abandona o vício mesmo com a saúde já deteriorada. “Na verdade, essa pessoa está doente”, esclarece, lembrando que, de alguma maneira, as drogas corrompem o sistema de recompensa no cérebro e a pessoa passa a dar preferência quase que absoluta ao vício, mesmo que isso atrapalhe as demais áreas da vida dela.

“Tal comportamento reflete uma disfunção do cérebro, a atenção do dependente se volta para o prazer imediato propiciado pelo uso da droga, fazendo com que percam significado todas as outras fontes de prazer”, define.
 
Uma doença

Segundo a mestra em Dependência Química e Transtorno Mental, psicoterapeuta e professora do ICG, Vilma Ramos a necessidade da substância é psicológica e física. “A dependência é originariamente uma doença. Esta patologia vem primeiro e as consequências da dependência causam problemas físicos e sociais”, descreve.

A psicoterapeuta define que a pessoa se torna dependente de substância química como álcool e drogas quando desenvolve o desejo mentalmente incontrolável pelo uso. “O principal objetivo seria o se sentir bem e, ao mesmo tempo, impedir a sensação de mal-estar, incluindo aquela de não usar a substância”, avalia.

O vício da dependência não prejudica só o dependente, é um problema que atinge toda família. Especialistas avaliam que qualquer tipo de comportamento toxicomaníaco tem uma incidência sobre aqueles que rodeiam a pessoa em causa e, sobretudo, sobre a sua família, tornando-a co-dependente do problema.

De acordo com psicoterapeuta, Vilma, a co-dependência se caracteriza por um comportamento que leva as pessoas a controlar os outros, visando o próprio benefício, causando problemas a si próprios e ao relacionamento com o dependente. “Elas são muito controladoras e sempre pensam que estão ajudando quando, na verdade, estão causando mais problemas e ressentimentos”, alerta.

Descreve que o convívio com o dependente faz com que os familiares adoeçam emocionalmente, sendo necessário que o familiar também se trate e ao mesmo tempo, receba orientações a respeito de como lidar com o dependente, como lidar com seus sentimentos em relação ao mesmo. “O diagnóstico da co-dependência é fundamental no tratamento de transtornos e dependência química. Através do tratamento o processo de recuperação se torna mais apropriado”, reconhece ela “tanto de um, quanto de outro, diminuindo o risco de recaídas”.

Fonte - DM - Diário da Manhã
Aparecida Andrade

Pais entram na Justiça para que criança de 5 anos possa fazer tratamento com componente da maconha

Pais entram na Justiça para que criança de 5 anos possa fazer tratamento com componente da maconha
Pais dizem que substância praticamente zerou o número de convulsões da menina. Katiele diz que filha apresentou melhoras após começar tratamento com o CBD. Portadora da síndrome CDKL5, doença rara causada por um erro genético, uma criança do DF faz tratamento com um dos componentes da maconha, o canabidiol (CBD), e praticamente zerou o número de convulsões decorrentes da doença, que antes chegavam a 60 por semana.



Como o medicamento é ilegal no Brasil, os pais da menina entraram nesta segunda-feira (31) com uma ação na Justiça Federal de Brasília contra a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), pedindo o direito de importar a substância dos Estados Unidos. A expectativa é que, até o fim da semana, o juiz já tenha analisado o pedido de liminar.

De acordo com a mãe da criança, Katiele Bortoli, as crises convulsivas começaram aos 45 dias de vida de Anny, que hoje tem cinco anos.

— Nessa época, fazíamos o tratamento paliativo, com fisioterapia, fonoaudiologia e anticonvulsivos. Mas isso não adiantava. Quando ela tinha quatro anos, a CDKL5 foi diagnosticada.

Após diversas tentativas de tratamento, como o quadro da menina não melhorava, ela chegou a ser submetida a uma cirurgia para controlar a atividade cerebral, por meio da implantação de um VNS, uma espécie de marca-passo.

Depois da intervenção cirúrgica as crises de convulsão diminuíram, mas não terminaram.

Até que em um grupo americano de apoio a famílias de portadores da síndrome CDKL5, Katiele e o pai de Anny, Noberto Fischer, descobriram que uma criança estava usando o CBD com bons resultados nos EUA. Após conversar com o pai da criança americana, o casal conseguiu trazer o medicamento para o Brasil e passou a administrar na filha que, segundo a mãe, também apresentou melhora significativa.

— Em uma semana, a gente notou uma diferença drástica no número de crises. Com nove semanas, ela não teve nenhuma convulsão. Ela ainda tem uma crise ou outra, mas bem melhor que as 60 por semana.

De acordo com o pai, Anny também se tornou mais ativa, após ter começado o tratamento com o CBD.

— Ela passava quase 24 horas por dia dormindo, porque ela dormia após as crises. Hoje ela nos olha nos olhos, reclama, chora, reage, a gente fala o nome dela e ela até vira o rosto. Ela está voltando a entender qual é o nome dela.

O CBD é importado dos Estados Unidos pela família em forma pastosa dentro de uma seringa de 3g sem agulha. Anny ingere uma dose diária do medicamento, correspondente ao tamanho de um grão de arroz.

Katiele diz que durante um período em que eles não conseguiram trazer o medicamento para o Brasil, os pais acompanharam o retorno das convulsões gradativamente.

— Até que a gente conseguiu a medicação de novo e vimos as crises pararem novamente. Hoje ela nem precisa mais usar um dos remédios anticonvulsivos.

Embora não possa receitar o tratamento com o canabidiol, que não é regulamentado no Brasil, o neurologista da criança foi informado que ela passaria fazer o tratamento com CBD e, segundo Katiele, ficou impressionado com a melhora clínica da menina.

O neurocientista e professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da UnB (Universidade de Brasília) esclarece que como o CBD é o canabidiol isolado, sem THC, a substância não tem a propriedade de alterar a percepção de quem a usa. O CBD funciona impedindo o excesso de ativação de determinados neurônios.

— Com isso, ele é capaz de evitar convulsões como nenhum outro remédio é capaz. Essa síndrome é caracterizada por um quadro de epilepsia muito grande. São tantas convulsões que elas vão, literalmente, queimando o cérebro de uma criança e, eventualmente, destruindo o cérebro.

Segundo o pesquisador, o canabidiol é apropriado para esses casos justamente porque não tem os efeitos psicoativos do THC, que para uma criança pode causar problemas para o desenvolvimento cognitivo.

— Isto é, ele consegue tratar a criança sem esses efeitos colaterais. Pelo contrário, ela apresenta uma clareza de pensamento e, às vezes, pode salvar a vida dela.

De acordo com o neurocientista, o canabidiol também pode ser indicado para alguns casos de autismo, que é caracterizado por excesso de atividades cerebrais.

Contrário aos argumentos favoráveis à legalização da maconha, o psiquiatra Valdir Campos, que é especialista em Dependência Química pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), argumenta que a planta tem mais de 400 substâncias nocivas à saúde. No entanto, ele não se opõe ao uso medicinal da substância, se ela puder ser utilizada no tratamento de doenças.

Pesquisa divulgada no último dia 26 de fevereiro revela que 57% da população apoia a legalização da venda da maconha para fins medicinais e com a apresentação de uma receita médica. Ao passo que para 37% dos entrevistados a maconha deve continuar totalmente proibida.

Legalização

O polêmico debate sobre a legalização da maconha entrou na pauta dos políticos em Brasília. Apesar de a discussão se arrastar há anos entre intelectuais e mesmo nas ruas, o debate chegou em 2014 ao Congresso Nacional.

A proposta não partiu do Legislativo, mas veio de uma iniciativa popular apoiada por mais de 20 mil assinaturas na internet. A legalização da droga para os usos recreativo, medicinal e industrial pode virar projeto de lei.

Fonte - R7