'80% começam pela maconha', diz psicólogo que atende viciados no AM
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que cerca de 1,5 milhão de brasileiros consomem maconha diariamente no Brasil. No Amazonas, não há números exatos sobre o problema, mas as instiutições que cuidam de dependentes vivem cheias. Só em 2011, cerca de 1.100 pessoas pessoas passaram pelo Serviço de Atendimento Psicossocial às Famílias (Sapif) voltado para problemas envolvendo o consumo de drogas.
A pesquisa da Unifesp, publicada nesta quarta-feira (1) pelo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), indica também que oito milhões de pessoas no Brasil já experimentaram a droga pelo menos uma vez na vida, e cerca de dois milhões a consomem diariamente.
Tida como a substância ilícita mais consumida no mundo, a maconha também é considerada, segundo psicólogos, o meio de acesso aos entorpecentes mais pesados, como cocaína, crack, heroína, entre outros. De acordo com informações da Secretaria de Assistência Social e Cidadania do Amazonas (Seas), mais de 1.100 pessoas passaram pelo Serviço de Atendimento Psicossocial às Famílias (Sapif) no ano de 2011, que atende em média 15 com quadro de dependência química por dia na capital amazonense.
Com investimento de R$ 1,6 milhão ao ano, o serviço oferece aos dependentes atendimentos clínicos, ambulatoriais e, dependendo da situação, internações em uma das unidades conveniadas, como a Fazenda da Esperança, o Desafio Jovem, o Serviço Missionário do Amazonas (Recanto da Paz e Sítio Feminino de Apoio Ester), o Núcleo de Tratamento Ambulatorial e Atenção às Famílias (NAF Brasil), o Instituto Novo Mundo e a Sociedade Beneficente Cristã do Amazonas.
Localizada no Km 14 da BR-174, a Fazenda da Esperança, dirigida por religiosos, abriga em média cem jovens do sexo masculino. “Infelizmente sempre estamos com a casa cheia”, afirmou o psicólogo da instituição, Péricles de Miranda Ribeiro. Ainda segundo ele, cerca de 80% dos jovens internados na Fazenda da Esperança iniciaram no mundo das drogas através da maconha.
De acordo com a pesquisa publicada pelo Lenad, mais de 60% dos usuários de maconha experimentaram a droga pela primeira vez antes do 18 anos. Desses 62%, cerca de 35% dos usuários usaram pela primeira vez aos 16 anos. “A grande maioria dos usuários internados aqui são jovens na faixa dos 18 aos 25 anos. No caso dos mais velhos, a partir dos 35 anos, o problema se torna o álcool”, completou Péricles.
Além dos serviços de internação e ambulatorial, o Sapif promove encontros trimestrais com as famílias e mesa redonda com as entidades conveniadas. Já o Projeto Ame a Vida, que funciona nos Distritos Integrados de Polícia (DIPs), também realiza reuniões com as famílias nos bairros e promove rodadas de discussões sobre o combate e prevenção às drogas. O projeto Ame a Vida foi criado em 2008 e até hoje já atendeu mais de 600 mil pessoas em Manaus.
Ainda de acordo com o estudo da Unifesp, 75% dos entrevistados (cerca de 111 milhões de pessoas) é contra a legalização da maconha no país; 11% (cerca de 16,3 milhões) é a favor da legalização; enquanto 14% (cerca de 20,9 milhões) não tem uma opinião formada sobre a questão.
Fonte - G1