Enquanto EUA avançam, Holanda reduz liberalização da maconha

Enquanto EUA avançam, Holanda reduz liberalização da maconha
Cidade do país pioneiro reforça legislação federal que proíbe venda para turistas MAASTRICHT — A Holanda, pioneira na descriminalização das drogas, vê agora o ressurgimento de vendedores oferecendo maconha na rua como consequência da maior pressão sobre as lojas que vendem a erva para turistas - algo que recentemente teve a regulação endurecida. A freada na liberalização é mais visível na cidade de Maastricht e vai na contramão do avanço da questão nos Estados Unidos, com exemplos como Washington e Colorado.

A investida contra o consumo de maconha começou com uma política que previa a criação de um “passe da maconha” para entrar nas cafeterias onde o consumo é permitido. A lei federal precisa ser aplicada pelos municípios, que aderem apenas a partes da proposta.

A proibição dos turistas da maconha ocorreu após reclamações de moradores, pois os visitantes alterados pelo consumo da erva urinavam na rua e prejudicam o tráfego.

Uma cidade que aderiu à investida foi Maastricht, cidade ao sul perto das fronteiras com a Bélgica e a Alemanha.

O prefeito Onno Hoes afirma ter endurecido a legislação para diminuir o fluxo diário de milhares de estrangeiros que vão à cidade para estocarem maconha em uma de suas 14 lojas.

O esforço contra o “turismo da droga” tem sido bem sucedido, moradores falam, mas uma consequência é o aumento de vendedores na rua, como um que tentou vender para a reportagem.

Desde que as lojas passaram a regular mais a venda, o número de estrangeiros caiu, mas ao invés de mais tranquilidade, o que aumentou foi o clima de insegurança, com vendedores agressivamente oferecendo drogas e disputando por clientes nas ruas.

O porta-voz de Maastricht disse que o problema de venda nas ruas não é novo mas reconheceu que ele ficou mais visível.

Apesar de pioneira na venda da erva, com a criação das lojas de maconha em 1970, o país até hoje mantém a proibição sobre o cultivo comercial.

Em janeiro, um grupo de 35 municípios incluindo tanto Amsterdã quanto Maastricht, pediu ao governo central que regulasse o cultivo, afirmando que isso tiraria o plantio das mãos do crime organizado.

A resposta do ministro da Justiça, Ivo Opstelten, foi simples: “Eu não vou fazer isso. Os prefeitos vão ter que viver com essa.”

O professor Dirk Korf, criminologista da Universidade de Amsterdã, afirma que a política de tolerância tem funcionado bem.

— O sucesso claro é que há uma oferta regulada para os usuários sem ter uma grande influência no uso em si. Alguém poderia ter medo de que mais pessoas usassem maconha, mas não foi o que ocorreu — disse.

Em Amsterdã, com um terço dos cerca de 600 locais autorizados a vender a droga no país, estrangeiros ainda são autorizados a entrarem. Embora algumas lojas perto de escolas tenham sido fechadas.
 
Fonte - O Globo
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