Como administrar a compulsão

Como administrar a compulsão 

É preferível encarar seus problemas de frente, sem bloqueá-los da sua consciência.


Compulsão (dicionário Webster): impulso irresistível de realizar um ato irracional, execução esta que tende a perturbar um neurótico, mas não um psicótico.
Compulsivo: (dicionário Webster): conduzido à força, poder ou necessidade.
Do latim: Com (junto) + Pellere (impelir, empurrar)

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A compulsão é a necessidade de fazer algo mesmo que pareça desnecessário ou prejudicial.
Costumamos associar as seguintes crenças às compulsões:  “Tenho de fazê-lo porque não confio em mim”.  “Se não fizer, não existo.” A compulsão nos faz sentir vulneráveis, fracos. Ela nos faz repetir um comportamento indesejado, contra a nossa vontade. Mesmo que, conscientemente, já decidimos mudar, ou não praticar mais aquele ato, a compulsão nos impele a repeti-lo. É uma escravidão! Isto nos causa a impressão de que somos controlados pelos alimentos, drogas, fumo, álcool, jogo, sexo, chocolate, etc... É a ambivalência: queremos e não queremos mudar! Duas forças antagônicas dentro de nós. Que sofrimento! Ao mesmo tempo que queremos parar de fazer algo, o fazemos. Esse antagonismo abala nossa auto-estima. Dessa ambivalência advém os sentimentos de vergonha, raiva, preconceito, ignorância, etc... Sentimentos esses que só atrapalham e são responsáveis pela continuidade da compulsão.

A compulsão é um mecanismo de defesa do organismo. Quando estamos estressados e não nos conscientizamos desses sentimentos/emoções estressantes, costumamos buscar a liberação da pressão interna. Buscamos o alívio através de comportamentos/hábitos compulsivos. A compulsão acaba sendo a válvula de escape para o estresse interno. Por isso, a importância em prestar atenção em nossos sentimentos, emoções, cansaço, etc... para que esse mecanismo da compulsão não nos leve a fazer algo que não queremos, que já decidimos não fazer mais. Se comemos ou usamos drogas para aliviar algum tipo de estresse ou emoção (tédio, aborrecimento, ansiedade, cansaço, solidão, medo, angústia, covardia, alegria, etc..), tendemos a utilizá-los como prêmios. Resulta desse comportamento, uma gratificação, um alívio, que fica registrado em memória celular no cérebro. Toda vez que nos sentirmos estressados, nosso próprio organismo nos lembrará do alívio, da “solução”.

Como mudar um comportamento?
Quando acreditamos que podemos mudar, que temos o controle e os recursos necessários para tanto.  Para isso, é fundamental, primeiro, identificar que tipo de situação dispara o comer, o beber, o fumar, ou o usar drogas compulsivamente. Se queremos mudar determinado comportamento/hábito, se queremos reprogramá-lo, é porque estamos insatisfeitos com ele.

Como reprogramar um novo hábito?
- Assuma a responsabilidade por seus atos. Em momento algum abra mão de seu livre-arbítrio. O controle está em suas mãos.
- Admita que você é o responsável por seus atos, para ter uma posição forte, de poder.
- Dispense justificativas e desculpas que o impedem de alcançar a mudança tão desejada. Justificativas mais comuns como: “Não consigo parar de usar drogas, porque...” .   Livre-se delas!
- Comece a sentir o que você vem tentando evitar há tantos anos. Lembre-se de que não é possível sentir-se bem o tempo todo. Suas emoções negativas têm um propósito de existir. Elas o impulsionam a mudar.  O risco é negar as emoções e usar o alimento ou a droga como alívio. Isso cria um círculo vicioso indesejável: a compulsão torna-se uma rotina.
- Faça uma pausa e reflita:  Suas crenças têm efeito direito sobre sua saúde? Avalie se alguma crença está intensificando algum conflito interno.
- Aprenda a ouvir seu corpo. Conecte-se com o seu corpo: fique atento as suas sensações físicas (fome, sede, dor, relaxamento, vontades, necessidades,etc...)
- Para que você aprenda a se controlar, é preciso se conhecer. Busque o autoconhecimento. Busque ajuda especializada. Busque grupos de auto-ajuda. Há vários à disposição. No C.E. A Caminho da Luz temos os grupos de auto-ajuda para dependentes químicos e co-dependentes (familiares). Acredite que é possível e AJA!
Anete de L. Blefari - abril.2006

Outros:

Prazer compulsivo

Drauzio Varella
Para o cérebro, toda recompensa é bem-vinda, venha ela de uma droga ilícita ou da experiência vivida. Sempre que os neurônios dos centros encarregados de reconhecer recompensas são estimulados repetidamente por substâncias químicas ou vivências que confiram sensação de prazer, existe risco de um cérebro vulnerável ficar dependente delas e desenvolver uma compulsão. Por isso, tanta gente bebe, fuma, cheira cocaína, perde casa em jogo de baralho, come demais, faz sexo sem parar, compra o que não pode pagar e levanta peso compulsivamente nas academias.
A palavra dependência vem sempre associada às drogas químicas, ao desespero do dependente para consegui-las, ao aumento da tolerância às doses crescentes e à crise de abstinência provocada pela ausência delas na circulação. A tríade compulsão-tolerância-abstinência, no entanto, não é obrigatória mesmo no caso de substâncias dotadas de alto poder de adição.
A cocaína, por exemplo, droga de uso altamente compulsivo, causa síndromes de abstinência relativamente discretas, desde que o usuário não entre em contato com a droga ou com alguém sob o efeito dela. Apesar de causar dependência, a maconha muitas vezes é consumida esporadicamente, sem que o usuário apresente crises de abstinência dignas de nota. Doentes que tomam morfina para combater dores fortes, em menos de 3% dos casos, desenvolvem obsessão pelo medicamento quando as dores param.
Toda vez que o cérebro é submetido a estímulos repetitivos carregados de conteúdo emocional, os circuitos de neurônios envolvidos em sua condução se modificam para tentar perpetuar a sensação de prazer obtida.
Esse mecanismo, conhecido como neuroadaptação, é arcaico. Quando a abelha penetra uma flor e sente o prazer de encontrar o alimento desejado, é liberado, em seu cérebro, um neurotransmissor chamado octopamina. Quando um adolescente fuma maconha ou cheira cocaína, ocorre, nas terminações nervosas de certas áreas cerebrais, aumento na concentração de dopamina. A semelhança de nomes entre ambos os neurotransmissores traduz a proximidade da estrutura química existente entre as duas moléculas. Apesar de as abelhas terem divergido da linhagem que nos deu origem há mais de 300 milhões de anos, os mediadores da sensação de prazer são quase os mesmos nas duas espécies.
Na seleção natural das espécies, levaram vantagem reprodutiva aquelas que desenvolveram mecanismos de recompensa ao prazer com o objetivo de criar a necessidade de buscar sua repetição. Para o organismo, em princípio, tudo o que traz bem-estar é bom e deve ser repetido. Se não fosse assim, nós nos esqueceríamos de nos alimentar, de fazer sexo ou de procurar a temperatura mais agradável na hora de dormir.
Os estudos para entender o mecanismo de neuroadaptação em resposta aos estímulos repetitivos de prazer levam a crer que os neurônios se organizem em circuitos que convergem para estações cerebrais situadas nas proximidades dos centros que coordenam memórias e emoções. Neurônios situados nessas estações ligadas à recompensa estabelecem conexões com outros que convergem para o chamado centro da busca. Estes, quando ativados, interferem no comportamento, criando forte sensação de ansiedade para induzir o corpo a buscar a repetição do prazer. Por isso o fumante sai da cama atrás de um bar para comprar cigarro, o alcoólatra bebe no horário de trabalho e o craqueiro pede esmola para comprar a droga.
Por um capricho da natureza, entretanto, a estimulação repetida do centro do prazer pode provocar ativação irreversível do centro da busca, de modo que este permanece estimulado mesmo quando o uso da droga já não traz mais prazer nenhum. Em outras palavras, o prazer repetido à exaustão pode disparar o centro da busca irreversivelmente.
É frequente entre os usuários crônicos de drogas o aparecimento de quadros persecutórios em que o dependente imagina ser perseguido pela polícia ou por algum desafeto. No caso da cocaína, da heroína, do crack, da morfina ou do álcool, não é raro surgirem alucinações em que o usuário vê bichos na parede e inimigos embaixo da cama. Nessa fase da adição, nem o dependente é capaz de entender o que o leva a tomar outra dose e a repetir experiência tão dolorosa. O centro da busca assumiu o controle; obriga o dependente a ir atrás de um prazer que não existe mais.
Esse mecanismo neuroadaptativo, associado à tolerância que o organismo desenvolve a doses crescentes de qualquer droga administrada repetidas vezes, constrói a armadilha que aprisiona tantas pessoas no inferno da dependência química. A primeira cerveja deixa o adolescente bêbado; depois de alguns anos, é preciso tomar meia dúzia para obter efeito semelhante. A primeira cachimbada de crack tira de órbita e faz o ouvido zumbir durante meia hora, mas, após alguns dias de uso, o efeito dura menos de um minuto. Pela mesma razão, todo usuário crônico de maconha se queixa equivocadamente de que não existem mais baseados como aqueles de antigamente.
Em artigo publicado na revista “Science“, um grupo seleto de neurocientistas mostra que, por trás do consumo de drogas, das compulsões alimentares, sexuais ou de fazer compras, da cleptomania e do vício do jogo ou de fazer exercícios exageradamente, existe um mecanismo comum de neuroadaptação.


Ballone GJ in PsiqWeb - Os Comportamentos Compulsivos são também chamados de Comportamentos Aditivos. São hábitos aprendidos e seguidos por alguma gratificação emocional, normalmente um alívio de ansiedade e/ou angústia. São hábitos mal adaptativos que já foram executados inúmeras vezes e acontecem quase automaticamente.

Diz-se que esses Comportamentos Compulsivos são mal adaptativos porque, apesar do objetivo que têm de proporcionar algum alívio de tensões emocionais, normalmente não se adaptam ao bem estar mental, ao conforto físico e à adaptação social. Eles se caracterizam por serem repetitivos e por se apresentarem de forma freqüente e excessiva.

A gratificação que segue ao ato, seja ela o prazer ou alívio do desprazer, reforça a pessoa a repeti-lo mas, com o tempo, depois desse alívio imediato, segue-se uma sensação negativa por não ter resistido ao impulso de realizá-lo. Mesmo assim, a gratificação inicial (o reforço positivo) permanece mais forte, levando a repetição.

Por exemplo:
1 - Se a pessoa é acometida pela idéia (contra sua vontade) de que está se contaminando através de alguma sujeita nas mãos, terá pronto alívio em lavar as mãos. Entretanto, se tiver que lavar as mãos 40 vezes por dia, ao invés de adaptar essa atitude acaba por esgotar.

2 – Se a pessoa é acometida pela idéia de que seus pais sofrerão algum acidente fatal, poderá conseguir alívio da angústia gerada por esses pensamentos se, por exemplo, bater 3 vezes na madeira... Mas tiver que bater na madeira 40 vezes por dia, ao invés de aliviar, essa atitude acaba por constranger e frustrar.

3 – Se a pessoa tem um pensamento incômodo de que aquilo que acabou de comer poderá engordá-la, terá alívio dessa sensação provocando o vômito, ou tomando laxantes....

Didaticamente podemos dizer que existe uma grande semelhança entre Comportamentos Compulsivos e dependência química. Observamos semelhança entre a angústia provocada pela ausência, tanto do Comportamentos Compulsivos quanto das substâncias, ou seja, semelhança dos sintomas emocionais da abstinência, tais como tremores, sudorese, taquicardia, etc, bem como o caráter compulsivo e repetitivo, ou a importância que essas atitudes ocupam na vida da pessoa, ainda sobre o comprometimento na qualidade da vida familiar, profissional, afetiva e social. É assim que, por exemplo, que o comportamento do jogo compulsivo (ou patológico) tem praticamente a mesma motivação que o uso da droga, ou do álcool, da cocaína e outras substâncias psicoativas- Ballone GJ


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