Recuperação: Adequada à mim, ou eu devo adequar-me à ela ?
Quando um indivíduo Adicto (ou Dependente Químico), entra para um programa de recuperação, ou busca uma internação em uma clínica ou comunidade terapêutica, muitos obstáculos pessoais internos, deverão ser superados, e um dos principais, é no que diz respeito a rendição ao programa.
O que significa rendição neste assunto ?
1º Passo: "Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção, e que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis"
É finalmente admitir a derrota, aceitar que foi vencido, render-se, e não mais lutar. Na verdade, é um dos pontos cruciais, que pode aumentar as possibilidades de êxito na recuperação.
Em primeiro, devo dizer que o programa de Narcóticos Anônimos, e o de Alcoólicos Anônimos, que são parecidos entre si, é sugerido, ou seja, nada é imposto. Os 12 passos, são sugeridos. A palavra "deve ser assim", e não é implícita. Porque ? Na literatura, destas duas irmandades, estão, além dos 12 passos, uma extensa compilação acerca da interpretação destes, e outras narrativas, onde tudo isto, vem de anos de experiência de outros adictos e / ou alcoólicos. O que significa que, os caminhos onde há possibilidade grande, de a recuperação não dar certo, já foram trilhados por outros, bem como os caminhos que funcionaram. Deve-se salientar, que ninguém em absoluto, tem uma "bola de cristal", onde pode prever o futuro do outro, se este trilhar este ou aquele caminho, apenas pode, sugerir que, outros trilharam já o caminho A ou B, e quais as chances de dar errado ou certo.
Mas, quando falamos, de um programa de recuperação, a ser praticado diariamente, alguns pontos, são de certa forma, inegociáveis:
Grupos de Apoio ( N.A. - A.A. )
Os grupos de auto ajuda, ou irmandades, são os locais base para recuperação de dependentes de drogas/álcool. Em uma sala, o indivíduo encontra outros adictos, ou seja, seus pares, cria novas amizades, descobre novas maneiras de viver através da diversão sem o uso de substâncias, por exemplo, além é claro, das reuniões em si, onde acontecem as "partilhas" e temáticas sobre diversos assuntos ligados a recuperação. Escutar os outros, e falar. Quando a pessoa fala, coloca para fora suas angústias, dificuldades e alegrias. Falar pela simples necessidade de falar. O membro não é interrompido, nem lhe é indicado receitas mágicas, nem lhe é sugerido nada, sobre sua partilha, a não ser que peça, e mesmo assim, conversará com os outros membros, no intervalo da reunião. Escutar. Escutar a partilha de outros, e assim descobrir que não é o único com dificuldades, descobrir que o outro membro teve os mesmos problemas ou parecidos, e muitas vezes, escutar, por meio da partilha do outro, a possível solução para o seu próprio problema.Espiritualidade
( Procurar, uma Religião com a qual se identifique, e PARTICIPAR, praticando ali a espiritualidade ) - A Espiritualidade é fundamental, também. 2º Passo: "Viemos ACREDITAR , que um PODER MAIOR DO QUE NÓS, pudesse nos devolver a sanidade." - É o início de um contato com um poder superior, Deus. É sugerido a todos os membros, que tenham um poder superior, mas que este deve ser, da maneira como cada um concebe: Deus, Jeová, Buda, a Sala de NA/AA...Porém com o tempo, o indivíduo perceberá, que este Poder Superior, deve ser AMOROSO, E MISERICORDIOSO, E É CLARO, MAIOR QUE ELE MESMO. Só uma força como esta, pode devolver uma sanidade prejudicada e perdida as vezes, por anos de uso de drogas, onde muitos, não tinham mais fé em nada, nem em si mesmos, e se tinham a fé em um Deus, esta era irreal. ESPIRITUALIDADE, não deve ser confundido com RELIGIOSIDADE. Espiritualidade, pode ser feita no dia a dia, pela manhã, agradecendo a Deu pela vida, a noite, na rua, no trabalho, vejamos o 11º Passo: "Procuramos melhorar o nosso contato conciente com Deus, da maneira que nós O Compreendíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade com relação a nós, e o poder de realizar esta vontade."Este é um passo de amadurecimento, com o tempo, a atitude de falar com o Poder Superior, irá ficando automática e natural para o indivíduo, isto é, Espiritualidade. RELIGIOSIDADE, també é sugerida, e necessária. Porque ? O ser humano, se ficar isolado, tende a ficar doente. Quanto mais o DQ. Escolher uma Religião, frequentar, e praticar regularmente a ida a um Igreja, é parte de um programa de recuperação, é algo que complementa a Espiritualidade, fortalecendo a pessoa, e ampliando laços sociais, criando vínculos.
Auto-Análise
( 10º Passo: "Continuamos fazendo o inventário moral de nós mesmos, e quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente") - Outro passo importante, e pode ser praticado escrita ou mentalmente. É sugerido que se faça de maneira escrita, principalmente no início da recuperação (há membros com décadas limpos, e que o fazem por escrito todos os dias !). Ao final do dia, rever os acontecimentos, realizando uma auto-análise: Magooei alguém ? Enganei ? Tive sentimentos para enganar ? Fui propositalmente indulgente ou preguiçoso ? Enfim, muitos atos, as vezes imperceptíveis, mas que, se deixar que aconteçam novamente, crescerão, se multiplicarão, e se tornarão a ser maiores. Pode ser a diferença, e evitar uma recaída. Os grandes erros, são "fáceis" de evitar. Os pequenos não, mas, quando reincide-se em pequenos erros, basta um passo para os grandes. "Não se tropeça no Trem, mas sim nos trilhos..."Apoio Psicológico
( Se necessário deve ser procurado ) - Muitas comorbidades, podem surgir e de fato surgem, conjuntamente ou separadamente da DQ. Depressão, ansiedade, transtorno bipolar e outros. Quando diagnosticadas ou percebidas, é fundamental a busca por um profissional. Este estará apto a ajudar, e inclusive indicar um médico para ministração de medicamentos de controle do humor e/ou do transtorno.Medicamentos
( Se necessários, não devem ser desprezados, mas somente sob prescrição médica ) - Há uma tendencia, neste país, Brasil, para a auto-medicação. Isto é de fato muito perigoso, para um DQ, muito mais. Psicotrópicos, calmantes, ansiolíticos, e toda a linha de remédios tidos como reguladores de humor (faixa vermelha-faixa / preta), devem ser unicamente tomados com receita médica e acompanhamento. Conheço muitos adictos, que estão limpos há anos, que falam a seguinte frase: " Se eu tomar um calmante que seja, sem a devida receita médica e supervisão, estarei simplesmente me drogando ! Será uma recaída ! " É um fato...Trata-se pois da DQ, uma doença sutíl, que pode encontrar na simples auto-medicação errada, uma porta para entrar novamente, e reiniciar a destruição.E, EVITAR PESSOAS, HÁBITOS E LUGARES da "ativa", ou seja, do tempo em que faziam uso. É muito importante isto também.
1-Veja que, o cérebro de um DQ, está acostumado a viver em um mundo de uso, ou seja, anos, ou sensações "prazerosas" vividas, que ficam gravadas, em uma especie de memória química. Quando o DQ, volta a um lugar, ou fala frequentemente com pessoas do tempo em que usava, seu cérebro imediatamente emitirá o sinal, lembranças voltarão, porque o cérebro, busca instintivamente pelo prazer, que um dia vivenciou. Ele "desconhece" a destruição, o cerebro busca essencialmente pelo prazer, é um instinto, na verdade é a busca do homem, desde os primordios. Caso a pessoa dá este tipo de "brecha", há uma grande possibilidade de voltar ao uso. Não no primeiro dia talvez, nem no segundo, mas é quase que inevitável. Conheço pessoas, que no início de sua caminhada na recuperação, nem com dinheiro andavam. Para voltar a frequentar um baile por exemplo, somente após 1 ou 2 anos, e acompanhados, ou "irmanados", com outros companheiros de grupo. Isto quando voltavam a frequentar o baile, pois muitos, descobrem uma nova maneira de viver, e realmente um baile, já não atrai mais tanto. Comprar cigarros, para os fumantes, comprar cigarros no supermercado ou pedir que outra pessoa compre, no início da caminhada, também é um outro "macete", e evitará com isto, entrar em bares e encontrar com "velhos amigos de copo". Lembrando que tabaco é droga também, porém sob a ótica da redução de danos, a dependência deste não está vinculada a alterações de humor. Afinal, ainda não soube, de ninguém que tenha matado o frentista do posto de combustíveis, para conseguir uma carteira de cigarros, ou que, após fumar um cigarro, teve sua percepção alterada provocando acidentes de trânsito. Então, um passo de cada vez...
Salienta-se que o que está acima é sugerido. Mas com certeza, é fruto da experiência de outros adictos / DQ, que trilharam o caminho.
Conclui-se que:
Na verdade, o indivíduo é que deve adaptar-se ao Programa de Recuperação, e não o contrário. Isto tem base na essência da doença ( Característica: Espiritual ), onde reina o egocentrismo, ou seja, tudo deve ser feito à nossa maneira (do adicto), e o mundo gira em torno de nós. Também, na velha e derrotada idéia, de que éramos capazes de "controlar" o uso da substância. E fazendo uma retrospectiva, veremos que, da nossa maneira, nunca funcionou, nós nunca pudemos, em nenhum tempo ter o "controle" do uso (adictos, somos portadores da doença), portanto, entra a "Aceitação" / "Rendição", por um programa, por passos sugeridos, por experiências novas:
Aceitar/Render-se, que eu e o próximo, temos limites,
Aceitar/Render-se, que não é adequado andar com "antigas companhias" (o que não quer dizer indiferença a antigos amigos, mas sim, infelizmente ou felizmente, se eu não uso mais drogas, estar ao lado de alguém que de uma hora pra outra fará uso e na minha frente, é expor-se ao risco da recaída, é concordar com o uso, e em última análise, é inconscientemente ainda ter desejo de usar),
Aceitar/Render-se, que não é conveniente nem adequado, frequentar principalmente no início de uma recuperação, lugares como bares, bailes e outros.
Estes exemplos, requerem certo sacrifício pessoal, o que no começo, é dolorido. A mudança, dói. Mas com o tempo, tudo isto, é substituído, por uma nova maneira de viver, e de enxergar o mundo ao redor. A mudança, é essencial. Mudar velhos hábitos, mudar de vida, mudar...sempre e para viver !
A Recuperação, é simples, como a vida. A doença é complexa. Tudo com o tempo, irá ficando mais natural, e a dor da mudança é substituída pelo prazer de uma nova vida.
O ser humano, é um ser extremamente adaptável ao meio, ou a novas situações, ainda que o processo possa gerar desconforto. Portanto, ADAPTAR-SE a um programa de recuperação, significa A DIFERENÇA ENTRE A VIDA, E A MORTE.
Mais 24 Hrs de Paz e SerenidadeAutor - Emerson
Salienta-se que o que está acima é sugerido. Mas com certeza, é fruto da experiência de outros adictos / DQ, que trilharam o caminho.
Conclui-se que:
Na verdade, o indivíduo é que deve adaptar-se ao Programa de Recuperação, e não o contrário. Isto tem base na essência da doença ( Característica: Espiritual ), onde reina o egocentrismo, ou seja, tudo deve ser feito à nossa maneira (do adicto), e o mundo gira em torno de nós. Também, na velha e derrotada idéia, de que éramos capazes de "controlar" o uso da substância. E fazendo uma retrospectiva, veremos que, da nossa maneira, nunca funcionou, nós nunca pudemos, em nenhum tempo ter o "controle" do uso (adictos, somos portadores da doença), portanto, entra a "Aceitação" / "Rendição", por um programa, por passos sugeridos, por experiências novas:
Aceitar/Render-se, que eu e o próximo, temos limites,
Aceitar/Render-se, que não é adequado andar com "antigas companhias" (o que não quer dizer indiferença a antigos amigos, mas sim, infelizmente ou felizmente, se eu não uso mais drogas, estar ao lado de alguém que de uma hora pra outra fará uso e na minha frente, é expor-se ao risco da recaída, é concordar com o uso, e em última análise, é inconscientemente ainda ter desejo de usar),
Aceitar/Render-se, que não é conveniente nem adequado, frequentar principalmente no início de uma recuperação, lugares como bares, bailes e outros.
Estes exemplos, requerem certo sacrifício pessoal, o que no começo, é dolorido. A mudança, dói. Mas com o tempo, tudo isto, é substituído, por uma nova maneira de viver, e de enxergar o mundo ao redor. A mudança, é essencial. Mudar velhos hábitos, mudar de vida, mudar...sempre e para viver !
A Recuperação, é simples, como a vida. A doença é complexa. Tudo com o tempo, irá ficando mais natural, e a dor da mudança é substituída pelo prazer de uma nova vida.
O ser humano, é um ser extremamente adaptável ao meio, ou a novas situações, ainda que o processo possa gerar desconforto. Portanto, ADAPTAR-SE a um programa de recuperação, significa A DIFERENÇA ENTRE A VIDA, E A MORTE.
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