O silêncio que antecede o 1º Passo

O silêncio que antecede o 1º Passo

Nunca saberemos tudo, nunca vai cessar a busca. O que escrevo, talvez não é o que o leitor queira "ouvir", mas será o que tenho a dizer. Existem alguns princípios que são fundamentos, outros, são sugestões e experiências pessoais, e estes por sua vez, vale lembrar que, o que para "X" foi ou é "remédio", para "Y" pode ser "veneno".




INTRODUÇÃO

( Trecho revisto sobre as fases que podem anteceder o 1º Passo, retirado dos Módulos de Tratamento e Recuperação - Autor Desconhecido. )



PRIMEIRA FASE - Negação

A negação é a primeira reação à perda, do mesmo modo como uma dor muito forte ou uma ferida, pode pôr os nossos corpos em choque, a dor emocional ou mental pode causar uma reação semelhante aos nossos sentimentos, intelecto e por vezes no nosso físico.
Ficamos entorpecidos, entramos em curto circuito, alguns terapêutas chamam isso de bloqueio. A maioria dos profissionais concorda normalmente que não é um bloqueio total, parte de nós suspeita ou sabe da verdade, só que ainda não estamos prontos ou capazes de lidar com ela.
De novo não há regras quanto ao tempo que dura a negação, cada pessoa e cada situação é única, as pessoas negam até sentirem-se suficientemente seguras para lidar com a perda de outra maneira, uma vez que a pessoa ultrapassa a negação, ainda não é suficiente para ter aceitação.

SEGUNDA FASE – Raiva

Essa fase é caracterizada pela raiva, inveja, culpar outras pessoas e ressentimentos, a nossa raiva pode ser especificada ou direcionada, podendo ainda ser geral. Pode ser racional ou irracional, justificada ou injustificada, sensata ou sem sentido. Podemos dar pontapés nos gatos ou gritar com as crianças, mas no fundo não estamos furiosos com nenhum deles e sim com raiva “da nossa perda”.
Podemos culpar os outros ou a nós mesmos pela situação que nos encontramos.
Podemos ter inveja daqueles que ainda possuem aquilo que perdemos : “ Porque não posso beber ou usar drogas de maneira controlada , igual a outras pessoas que conheço?”. Essa situação gera o nosso ressentimento que nos deixa bloqueados ou impedidos para resolver a situação.

TERCEIRA FASE – Negociar

Começamos a articular uma maneira de tentar  evitar ou adiar a perda, estas negociações podem ser tentadas ser feitas com DEUS  ou vagamente com a vida, está fase se caracteriza normalmente por “ SE ENTÃO”, frases que medem o que damos contra aquilo que recebemos. Algumas vezes as nossas negociações são construtivas, se realistas e obtém o resultado pretendido : “Se recebermos ajuda para a recuperação não recairemos nem morreremos”.
No entanto, nossas negociações nem sempre são realistas : “ Só beberei e usarei drogas nos fins de semana, assim vou me controlar”.
Neste caso, quando já não podemos adiar o inevitável, temos de encarar o problema.

QUARTA FASE – Depressão

Avançamos agora para um período de tristeza : “Isso não pode ser verdade”. É talvez a essência da dor estar de luto completamente. É o ponto mais alto do processo de aceitação e é a dor emocional mais pura.
Choramos pelo que perdemos e sobre o que vamos perder no futuro, chegou a hora de chorar. Essa tristeza pode levar horas, dias, semanas ou meses.
“ QUANDO HUMILDEMENTE NOS RENDEMOS ESSE PROCESSO COMEÇA”.
Essa depressão só desaparecerá quando começarmos a reagir por nós mesmos.

QUINTA FASE – Aceitação

A aceitação começa quando não temos mais que negar, ter raiva, negociar ou sentirmo-nos tristes e revoltados. Ela indica também o fim da luta contra a transformação. A aceitação pode ser confundida com uma fase feliz e é praticamente vazia de sentimentos, é como se a dor tivesse ido embora e a luta acabado.
Somente assim ficaremos em paz com nós mesmos e livremente admitimos a nossa impotência, desenvolvendo a boa vontade de conquistar a nossa recuperação.

(Fim do trecho retirado dos módulos)

1º Passo :

"Admitimos que éramos impotentes perante nossa adicção, e que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis."

Este é o passo, da rendição. Durante muito tempo, gostaríamos de ser muitas pessoas, menos nós mesmos, isto já antes, muito antes do uso de drogas. Fingir, sonhar, criar ilusões somente possíveis em nosso mundo. Quando entorpecidos, tudo era possível, tudo poderia estar ao nosso alcance. Muitas vezes, acreditávamos em nossas próprias mentiras. Tudo convergindo, de uma inabilidade, inerente à nossa doença, de lidar com as frustrações e sentimentos.
Para chegar, ao ponto da admissão livre e consciente, e aceitação da condição de portadores de uma doença, muita água, pode rolar por debaixo da ponte. Pode, porque, como sempre, não é uma ciência exata. Alguns mais cedo, outros mais tarde, outros ainda, não terão esta oportunidade, morrerão antes. O que existe, no tocante a isto, é uma estatística digamos assim, mas nada padrão. Por exemplo, muitos podem levar anos, no uso de drogas mais "leves", onde irão experimentar consequências não tão "pesadas (roubo, prostituição, morte, destruição familiar etc)" do uso. O processo pode não ter fim, a não ser, que algum fato aconteça, neste parâmetro por exemplo a perda de um ente querido, condição de emprego, casamento, filhos, e outros, então um fato, pode levar ao "despertar", proporcionando uma boa vontade para a "mudança".
Ou, caso venham a experimentar o uso de outras substâncias, crack ou cocaína por exemplo. Neste caso, rapidamente acontecerá (via de regra) uma aceleração, e um exponencial crescimento quanto a perdas e destruição da vida pessoal do usuário.
O fim será, Instituições (Clínicas, Comunidades Terapêuticas, etc), Prisão (advinda das consequências dos atos praticados em virtude da dependência), e Morte. Na última opção, não há mais escolhas, nem opções, nem o que pensar e ponderar. Nas duas primeiras opções, estão as chances da mudança, do despertar. Não que uma prisão por exemplo, por si só fará um milagre, ou tratamento, não, mas neste caso, o choque pode levar a uma busca pela mudança necessária. É fato, que a primeira opção, Instituições, é aonde maiores são as chances, de se encontrar um ambiente que proporcione a recuperação e tratamento da doença. Isto, vale lembrar, é um processo a parte, pode ser que de resultado, na primeira internação. Como também, pode levar anos, e dezenas de internações depois. 

Comunidade Terapêutica
Muitos, podem ir por pressão de um juiz, polícia, traficantes, família, patrão e outros, mas nunca por vontade própria. Aliás, aqui é um ponto interessante, nunca, alguém vai por livre espontânea vontade, (paradoxo) ainda que pareça ser. Geralmente, aceita-se o fato da doença, e busca-se verdadeiramente o tratamento, quando se chega à beira do abismo, sem saída, derrotado, vencido, e a um passo da morte ou de uma perda tão dolorosa e temida quanto a morte. Vale lembrar, que internação, é uma coisa, tratamento, outra. Tratamento, subentende-se que seja o período total, 9 meses, 6 meses, ou 3 meses por exemplo, de acordo com cada Instituição e Programa de Tratamento desta. Internação, pode ser de 10 dias, de um período de 6 meses por exemplo, ou seja, o indivíduo, vai, permanece por 30 dias, mas não segue adiante, então, apenas esteve internado, por 30 dias. Muito importante, quando se fala em Tratamento em Instituições, é a conclusão. Neste ponto, pode-se dizer, que nenhum ser humano tem o poder de prever o futuro, então, um indivíduo pode permanecer por 30 dias intenado, desistir do tratamento alegando estar bem, e nunca mais, realmente, usar. Mas, diga-se de passagem, é um fato raro, segundo as estatísticas, e eu pessoalmente posso calcular que as chances são de 1/1000, de sucesso neste caso. O fato primordial aqui, é o auto-engano, ou a vontade deliberada de usar novamente, neste caso então, toda a sorte de manipulação e mentira será usada, para maquiar a todas as pessoas envolvidas (família) que está bem ( o DQ), e que poderá voltar ao convívio de sua casa sem problemas. Outra hipótese que muito acontece, é o indivíduo realmente acreditar que está bem, em apenas 30 ou 60 dias de tratamento, crença esta que pode acontecer devido a uma ilusão momentânea, criada por uma euforia espiritual. Uma das características de muitos Dependentes Químicos, e a não conclusão de projetos, grandes ou pequenos. De desistir. Isto remonta ao tempo de escola, projetos pessoais, enfim, nunca conseguir concluir suas metas, ou a grande maioria delas. Então, esta é a importância de se concluir o tratamento. Muitos, pela primeira vez na vida, é que realmente conseguirão concluir algo, do começo ao fim. Claro que, não é por acaso que, de acordo com o Programa Terapêutico de cada instituição, o tratamento tem 9, 6 ou 3 meses. Este, é o tempo necessário para assimilar o programa. Cada caso, é um caso. Mas se tem idéia de que, quanto mais avançado o grau de dependência, é mais indicado um tempo maior de tratamento. O Tratamento por si só, não resolverá tudo. Na verdade, é apenas um começo, permitirá uma reeducação, auto-análise, recuperação física e emocional gradualmente falando, aprendizado acerca de sua doença, busca de "ferramentas" que possibilitem manter-se limpo quando voltar ao convívio, reaprender que é possível viver sem drogas ou álcool e mais, que isto, é que é normal, e não o contrário.

A admissão da impotência perante toda e qualquer substância (primeiramente a droga de sua preferência), a rendição a um programa de tratamento e recuperação, e a aceitação. Tudo começa aí. Um 1º Passo feito com honestidade e boa vontade, será pode-se dizer, metade do caminho andado. E este, é um passo, assim como os outros, a ser praticado por toda a vida, e, é um passo inegociável...

Autor-Emerson

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