Cérebro humano: Cuide do seu, afinal é insubstituível...

Exercitar o cérebro é essencial para mantê-lo jovem, ensinam pesquisadores


Chris Bueno
 
A atividade intelectual não se refere ao nível educacional, mas sim a atividade mental como um todo
 

Cérebro humano: Cuide do seu, afinal é insubstituível...- http://www.mais24hrs.blogspot.com.br
Fazer caminhada, praticar exercícios habitualmente, ter uma dieta balanceada e até apelar para cosméticos ou cirurgia plástica. Muito se fala sobre como evitar o envelhecimento do corpo. Mas o cérebro, este complicado órgão que rege nossa vida, também envelhece e precisa de cuidados especiais e exercícios para se manter jovem e ativo.
O cérebro humano desempenha diversas funções: desde controlar a respiração até resolver um intrincado problema matemático. Ele também é responsável pela formação da personalidade e pelos sentimentos. Mesmo quando não percebemos, ele está trabalhando: durante uma caminhada, fazendo compras no supermercado, conversando e até sonhando.

E tudo devido a uma complicada rede de mais de 100 milhões de células nervosas. Por isso que, mesmo pesando pouco mais de um quilo, ele gasta 20% de toda a energia do corpo.


ÁLCOOL E CIGARRO: o tabagismo e o consumo de bebida alcoólica também são fatores que podem acelerar o envelhecimento cerebral e prejudicar seu bom funcionamento. As substâncias químicas do cigarro e das bebidas alcoólicas causam a morte de muitos neurônios, além de trazer outros diversos prejuízos para a saúde que podem se refletir também no envelhecimento cerebral precoce
Cérebro humano: Cuide do seu, afinal é insubstituível...- http://www.mais24hrs.blogspot.com.brMas, assim como todo o nosso organismo, o cérebro também envelhece. Com o passar dos anos, ele passa por uma série de alterações que afetam sua estrutura e suas funções. "O cérebro é um órgão bastante complexo. Com o envelhecimento, estudos com ressonância magnética evidenciaram a ocorrência de redução de seu volume, mas não de forma homogênea. Por outro lado, foram descritas, também, alterações funcionais que comprometeriam a comunicação entre os neurônios", aponta Gisela Tinone, neurologista da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

A partir dos 25 anos, os neurônios começam a diminuir e o cérebro a "encolher" (ele perde entre 5% e 10% do seu peso). Também ocorrem alterações bioquímicas como deficiência de serotonina, dopamina e glutamato. As consequências dessas alterações são perdas na função cognitiva, como falhas na memória (por exemplo, não se lembrar onde deixou as chaves), e uma certa dificuldade de aprender coisas novas.


"No envelhecimento normal, a maior parte dos idosos apresenta um leve declínio, ou então, uma certa lentificação no processo de planejamento, organização e memória", explica Valéria Bahia, neurologista do Hospital Samaritano de São Paulo.

Sempre jovem


Apesar de seu envelhecimento natural, é importante atentar que o cérebro é um órgão que possui uma alta plasticidade. Ou seja, ele tem uma grande capacidade de se modificar conforme sua interação com o ambiente. Se ele for estimulado e se mantiver ativo, essas alterações causadas pelo envelhecimento serão mínimas – até mesmo imperceptíveis.


O segredo para manter o cérebro jovem é exercitá-lo. Alguns pesquisadores afirmam que o melhor exercício para o cérebro é estudar (pesquisas chegam a apontar que pessoas com nível educacional mais alto apresentam sinais mais leves de envelhecimento cerebral). "No entanto, é importante ressaltar que atividade intelectual não se refere ao nível educacional, mas sim a atividade mental como um todo. É preciso ser ativo mentalmente", ressalta Bahia.

Alguns mitos e verdades:
 
Usar drogas prejudica o funcionamento cerebral. VERDADE: drogas agem negativamente na atividade cerebral. O prejuízo dependerá, obviamente, do tipo de droga, da forma de uso e da quantidade e frequência. "Mas todas, de modo geral, geram alterações imediatas nas redes neurais, provocando perturbação aguda e crônica do funcionamento do órgão e levando à dependência física e psíquica", considera o neurologista Leandro Teles. "A área relacionada ao prazer é ativada de maneira compulsiva. E, uma vez estabelecida a dependência, o mecanismo cerebral será afetado. Além disso, no caso de drogas ilícitas, o paciente apresentará outros sintomas relacionados à dependência química", completa o neurocirurgião Antonio Salles
 
Dor de cabeça tem relação com dor no cérebro. MITO: o cérebro não dói! Ele é capaz, sim, de perceber e localizar desconfortos causados por lesões em praticamente qualquer região do corpo. "Quando sentimos cefaleia, o que incomoda são os músculos, os vasos sanguíneos, as meninges, camadas que revestem o cérebro. Por esse motivo, em alguns procedimentos cirúrgicos o paciente pode até ficar acordado durante a cirurgia, ajudando o neurocirurgião no mapeamento das funções cerebrais a serem preservadas na operação", observa o neurologista Leandro Teles. "Alterações dentro do órgão que levam a modificações no espaço intracraniano (por exemplo, a presença de tumor, sangramento e infecção) causam irritação ou distensão das estruturas cerebrais (vasos, meninges). E é isso que provoca dor. Os músculos em torno da cabeça e pescoço também podem ocasionar a disfunção", completa o neurocirurgião Antonio Salles
 
O uso do cérebro é proporcional ao nível intelectual do indivíduo. VERDADE: sabemos, no entanto, que áreas específicas são encarregadas de funções diferentes, chamadas a participar quando a ação é requisitada - o que acontece com as áreas motora, sensitiva, da emoção e da memória. "Portanto, usamos todo o cérebro, só que em momentos e situações particulares de acordo com nossas atividades. E tem mais, existe uma grande reserva de plasticidade, ou seja, algumas regiões são convocadas a suprir deficiências de outras em casos de doenças. Em outras palavras, o homem tem capacidade para utilizar seu cérebro completamente, dependendo da situação em que está engajado", diz o neurocirurgião Antonio Salles

Exercitar o cérebro nos torna mais inteligentes. VERDADE: o órgão melhora com a prática. Fica mais rápido, erra menos e cria atalhos mentais. "A inteligência é um conjunto complexo de habilidades cognitivas, fruto da genética e do ambiente", diz o neurologista Leandro Teles, acrescentando que pessoas que exercitam a mente no cotidiano, no trabalho ou mesmo com atividades recreacionais estão mais protegidas contra sintomas de desatenção, esquecimentos e baixa do rendimento intelectual. "Nossa cabeça surpreende muito com a prática: dominamos idiomas e instrumentos musicais, revelamos habilidades artísticas e outras particularidades", diz. Para o neurocirurgião Antonio Salles, o constante exercício cerebral significa somar conhecimento, usar funções estabelecidas e até desenvolver capacidades antes não presentes, como falar uma nova língua.
 
A prática de exercícios físicos favorecerá o cérebro na velhice. VERDADE: trabalhos internacionais e nacionais mostraram relação entre atividade física regular durante a vida e melhores índices cognitivos na terceira idade. De acordo com o neurologista Leandro Teles, tal ligação se dá mesmo entre pessoas que começam a mexer o corpo em idade avançada e em pacientes com esquecimentos e formas iniciais de doença de Alzheimer. "Portanto, ginástica ou esporte feito com seriedade protege o cérebro e retarda e ameniza os sintomas de doenças degenerativas", conclui o médico. Antonio Salles complementa informando que o órgão emprega 15% do fluxo sanguíneo corporal e 20% do consumo de oxigênio do corpo. "Quando nos exercitamos, aumentamos o fluxo sanguíneo cerebral, o que leva a vários efeitos positivos: integridade dos pequenos vasos, demanda sanguínea adequada para a área motora do cérebro, suprimento de micronutrientes para o bom metabolismo de neurotransmissores e estímulo para liberação de endorfinas responsáveis pelo bem-estar". E tem mais: segundo a neurocientista Alessandra Gorgulho, estudo recente com jovens estudantes irlandeses mostrou que, após o exercício, houve melhora em tarefas relacionadas à memória. "Ficou evidente o aumento celular no hipocampo, região do cérebro importante na manutenção da memória. Porém, tal incremento parece ser efêmero, desaparecendo quando a ginástica é abandonada. Portanto, os benefícios parecem ser semelhantes ao que se observam nos músculos: eles são eficazes se regulares, realizados habitualmente".

O cérebro regula a razão, e o coração regula a emoção. MITO: razão e emoção são habilidades exclusivas do cérebro. "O coração é uma bomba muscular que leva o sangue oxigenado aos tecidos, inclusive ao cérebro, mas não detém nenhuma capacidade cognitiva ou de percepção do mundo", explica o neurologista Leandro Teles. Tal afirmação tem origem no fato de que o coração reage à resposta do cérebro à emoção com o aumento do batimento cardíaco, levando ao mito de que o coração é o órgão que "sente as emoções". "Mas, na verdade, o cérebro assimila e interpreta as emoções, transmitindo suas consequências para o resto do organismo por meio do sistema nervoso. Afeta, assim, o coração e outros órgãos, levando não apenas ao incremento cardíaco mas também à sudorese nas mãos, face vermelha, sorriso ou lágrima", completa a neurocientista Alessandra Gorgulho.
 
Só utilizamos 10% da nossa capacidade cerebral. MITO: tal número é frequentemente citado sem nenhum embasamento científico. "O potencial do órgão é incomensurável e ainda desconhecido em termos de quão longe a inteligência humana pode chegar. Onde está o limite do que podemos conquistar" Não há resposta para esta questão. Mas dizer que as pessoas não utilizam o cérebro humano em sua totalidade não é verídico, e isso está confirmado por todos os estudos científicos existentes", defende a neurocientista Alessandra Gorgulho. Já o neurologista Leandro Teles observa que o percentual ativado depende diretamente da atividade que estamos realizando. "Durante um dia ou uma dinâmica complexa, certamente acionamos praticamente todas as áreas cerebrais".

O cérebro do homem é diferente do cérebro da mulher. VERDADE: isso acontece por questões anatômicas, hormonais e culturais. O do homem é maior, mais pesado e mais capacitado, de modo geral, para soluções pragmáticas, raciocínio lógico e habilidades motoras. Já o feminino se destaca em criatividade, intuição e questões sociais. "Não existe superioridade global de um modelo sobre o outro, mas tendências e limitações que os tornam diferentes", assegura o neurologista Leandro Teles. Antonio de Salles, chefe do Centro de Neurociências do Hospital do Coração, este é um tema controverso. "Do ponto de vista leigo, podemos dizer que homens e mulheres processam algumas informações de maneira distinta: elas são notórias por terem maior percepção de detalhes e desenvoltura com a linguagem, enquanto eles são menos detalhistas, porém mais diretos e sistemáticos na tomada de decisões, com facilidade para o raciocínio geométrico e abstrato. E claro que, mesmo com tais prevalências, há exceções. É bom deixar claro que essas particularidades, além de não implicarem em superioridade de um sexo sobre o outro, são necessárias na natureza para assegurar a sobrevivência da espécie".
 
Beber demais causa danos ao órgão porque destrói neurônios. VERDADE: inicialmente, o consumo exagerado de álcool leva a uma alteração funcional sem perda de neurônios, iniciando um quadro clínico de desatenção, desequilíbrio e confusão mental que, felizmente, é reversível. "Com o passar dos anos e uso frequente e excessivo mantido, ocorre diminuição da capacidade mental e atrofia cerebral, causada por perda de neurônios e simplificação de suas cognições. Pode haver, ainda, prejuízo indireto com carência vitamínica, traumas e outras complicações relacionadas indiretamente ao vício", destaca o neurologista Leandro Teles. A neurocientista Alessandra Gorgulho salienta que a bebida promove a progressiva atrofia cerebral devido à morte celular em áreas específicas, causando demência alcoólica, doença também conhecida como Síndrome ou Psicose de Korsakoff. "Ela também está associada a deficiências nutricionais. O sintoma mais proeminente é a confabulação, ou seja, criação de histórias para compensar ou minimizar a falta de memória".

Fonte - UOL Saúde
 




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