• Maconha faz mal?

    Saiba mais sobre a fundamentação científica acerca dos efeitos da maconha sobre o organismo.

Comunidade Terapêutica - Abordagens

Comunidade Terapêutica - Abordagens

Comunidades Terapêuticas - Abordagens - http://www.mais24hrs.blogspot.com
Você pôde conferir neste blog, artigos sobre a história das comunidades terapêuticas, sua trajetória, e a sua importância hoje, no contexto da sociedade atual sendo parte importantíssima no apoio, tratamento e recuperação de dependentes químicos. Ainda sobre estas, existem muitas histórias de sucesso, e muitas de fracasso e até tragédia, quando se fala em CT's. Se tem notícias, num passado recente, anos 70/80, de espancamentos e inclusive morte em dependências de comunidades terapêuticas. Muita coisa mudou, afora as punições cabíveis nestes locais pelas autoridades, a sociedade mudou, e o programa terapêutico aplicado mudou.

Vejamos as características dos seguintes Programas Terapêuticos:

Programa Terapêutico Baseado no Modelo Minnesota:

Algumas características básicas (nem sempre são a regra)

Espiritualidade: Ecumênica (São aceitas todas as opções religiosas, podem existir visitas de pastores e/ou padres em determinados dias, a prática espiritual feita entre os residentes (Capela) é com moldes simples: Leitura Bíblica, Discernimento do Texto Bíblico, e Louvores, em geral com 30 minutos de duração, matinal, ou noturno.

Orientação Religiosa: Católica em cerca de 90%. (Outros: luterana, batista, espírita, etc)

Programa: 12 Passos AA ou NA com tarefas (questionários sobre os passos), reuniões de passos, temáticas, reuniões entre residentes e com psicólogos, confronto de auto ajuda, laborterapia (terapia ocupacional).  Atendimento individual com psicólogos. Tempo de tratamento: em geral de 6, e/ou 9 meses.



Outras Abordagens do Tratamento: Terapia em grupo, Farmacoterapia (interação e auxílio medicamentoso no processo), Terapia individual, Atividades lúdicas, Atividades físicas, Laborterapia (atividade proposta com cunho ocupacional: manutenção primaria da CT, horta, estábulos, limpeza, etc), Incentivo a leitura, Vídeoterapia (filmes terapêuticos), Lazer.
 

Forma de Abordagem: Conscientização. Fazer com que o residente, crie a consciência sobre sua situação, e interiorize as "ferramentas" para lidar com sua doença. Existe a presença também de medidas reeducativas, no dia a dia da CT, pelo não cumprimento do regimento interno, nas obrigações inerentes a si próprio, ou desrespeito aos demais residentes de qualquer forma ou âmbito. No modelo proposto, as medidas reeducativas são aplicadas de forma mais gradual, em último caso, e de maneira mais objetiva digamos assim.

Programa Terapêutico Baseado no Modelo Day-Top

Espiritualidade: Ecumênica (São aceitas todas as opções religiosas, podem existir visitas de pastores e/ou padres em determinados dias, a prática espiritual feita entre os residentes (Capela) é com moldes simples: Leitura Bíblica, Discernimento do Texto, e Louvores, em geral com 30 minutos de duração, matinal, ou noturno.

Orientação Religiosa: Católica em cerca de 90%. (Outros: luterana, batista, espírita, etc)

Programa Terapêutico: 12 Passos AA ou NA. Reuniões de passos, temáticas, reuniões entre residentes, confronto de auto ajuda, laborterapia, disciplina mais rígida. Atendimento individual com psicólogos.Tempo de tratamento: em geral de 6 e/ou, 9 meses.



Outras Abordagens do Tratamento: Terapia em grupo, Farmacoterapia (interação e auxílio medicamentoso no processo), Terapia individual, Atividades lúdicas, Atividades físicas, Laborterapia (atividade proposta com cunho ocupacional: manutenção primaria da CT, horta, estábulos, limpeza, etc), Incentivo a leitura, Vídeoterapia (filmes terapêuticos), Lazer.

Forma de Abordagem: Conscientização. Fazer com que o residente, crie a consciência sobre sua situação, e interiorize as "ferramentas" para lidar com sua doença. Existe a presença também de medidas reeducativas, no dia a dia da CT, pelo não cumprimento do regimento interno, nas obrigações inerentes a si próprio, ou desrespeito aos demais residentes de qualquer forma ou âmbito. No modelo proposto, as medidas reeducativas são aplicadas de forma rígida, sendo que, o residente é motivado diante da "dor" da perca de privilégios, a repensar suas atitudes, se estas não condizem com a realidade do tratamento proposto.

Programa Terapêutico Baseado no Modelo Evangélico:

Espiritualidade: Ecumênica (São aceitas todas as opções religiosas). Hoje em dia, pode variar, de cerca de 3 horas diárias de oração, a até 4 ou 5 horas, masi estudos bíblicos e palestras. A espiritualidade dos residentes é determinada pela religião evengélica presente na instituição, e em moldes iguais.

Orientação Religiosa: Evangélica.

Programa: Oração disciplina e trabalho, hoje existe o atendimento psicológico em muitas, inclusive individual. Tempo de tratamento: nunca inferior a 9 meses. Todas as práticas, da religião evengélica, são aplicadas no programa, não é feita a discriminação, nem nenhuma forma de pressão para mudança de religião, na sua maioria, porém, existem as exceções.


Outras Abordagens do Tratamento: Terapia em grupo, Farmacoterapia (interação e auxílio medicamentoso no processo), Terapia individual, Atividades lúdicas, Atividades físicas, Laborterapia (atividade proposta com cunho ocupacional: manutenção primaria da CT, horta, estábulos, limpeza, etc), Incentivo a leitura, Vídeoterapia (filmes terapêuticos), Lazer.
 
Forma de Abordagem: Conscientização por meio de que, a "cura" é obtida através da conversão, de valores, de atitudes, de hábitos, e de princípios de vida.

Informação: Existem três tipos de chamadas "Altas", de uma Comunidade Terapêutica:

1-Alta Terapêutica - Conclusão de Tratamento : Seria quando o residente-paciente, conclui o tratamento proposto na CT. O mesmo, após um período (via de regra 3 meses) ainda passa pela graduação, onde recebe o certificado de conclusão de tratamento. Este fato, é mais um simbolismo, porém muito importante, reúne amigos e familiares, comemora-se a vitória pela conclusão do tratamento proposto. O graduado, é convidado a retornar a CT, quando quizer (visitas agendadas) para enfim, bater uma bola, conversar com os residentes, passar um dia com os mesmos, demosntrando, pela simplicidade, que funciona, ou, como tem funcionado em sua vida o programa de recuperação.


2-Alta Pedida - Desistência : Ocorre a desistência do tratamento proposto, não importando se, com uma semana de casa, ou faltando apenas um dia para concluir nove meses por exemplo. Por via de regra, o desistente não pode retornar para visitas a CT, antes de um determinado período que pode variar de 6 meses a 1 ano, e é claro, requisito é que esteja em recuperação. Em algumas CT'S, não é permitido visitas de residentes desistentes. A razão desta proibição, ainda que por ventura o desistente esteja limpo, é a não influência dos demais. Explica-se: A adicção, como dissemos várias vezes, é uma doença complexa, e esta complexidade inclui negação, manipulação prórpia e outras características. Bem, quando um desistente, volta a Instituição, e este naquele momento, está aparentemente bem, os demais, dirão a si mesmos (alguns): - Bem, se ele (desistente) ficou 30 dias, e está funcionando, ora então irá funcionar para mim também !. Isto é um raciocínio lógico, e é claro, doente. Segundo estatísticas, as chances de sucesso, após um tratamento, são de 10 %. Este número pode se reduzir, após 1 ano, para 4% -6%. Para um desistente, o que envolve, além do fato de não ter completado o tempo que poderia ser adequado, para estruturação pessoal, uma subversão e distorção das regras (normal em um DQ, ainda mais estando "doente"), as chances se reduzem drásticamente, posso afirmar que são de 1 para 1000, neste caso. Aqui, não importanto o tempo de tratamento, 45 dias, 6 meses, ou nove meses por exemplo, pois este, é inerente a cada Instituição, e baseado de acordo com o programa das mesmas. O retorno, para uma nova internação, pode variar de 3 meses a 6 meses, ou até 1 ano, dependendo se for a 1ª ou 2ª desistência num curto espaço de tempo por exemplo.


3-Alta Administrativa - Exclusão : Neste caso, o residente, por diversos motivos, não se adapta, a rotina da CT. Dificilmente, será excluído, por falhas não intencionais. Mas sim, por sabotar, seu próprio tratamento, criando situações, discussões, não atendendo as regras, chegando até as vias de fato, enfim, transgredindo o regimento de normas da CT. Estas, tem por via de regra, os seguintes procedimentos: Medidas Reeducativas - Advertência Verbal - Advertência Escrita (geralmente 3, a terceira é exclusão automática) - Exclusão (direta em casos graves de uso de drogas dentro da Ct por exemplo). Na verdade, na grande maioria dos casos, creio que 99 % deles, o residente, ainda quer fazer uso de sua substância, e a partir daí, dependendo da situação, pode "criar" situações, para que seus familiares, não vejam o processo como uma simples desistência. Nesta situação, o retorno para visitas, geralmente não é permitido em nenhum tempo, e para uma nova internação, pode variar de 6 meses a 1 ano. A alta administrativa também pode ser gerada por: Não retorno à CT quando das ressocializações, e fuga ou evasão da CT por parte do residente.

Mudanças e Evolução:

Abordagem sobre a evolução das CT'S   

Exemplo tomado: Comunidade Terapêutica com cunho Evangélico - Desafio Jovem

Para se ter uma idéia, vou tomar como exemplo, uma comunidade evangélica, que tive o privilégio digamos assim, de conhecer. Em 1996, esta comunidade, já estava em funcionamento, porém, com suas instalações um pouco precárias, não digo aqui como forma de denegrir, mas precárias no sentido de simples e modestas, devido em parte ao fato de ser uma comunidade nova, e em parte à falta de recursos. Nesta época, o programa terapêutico era muito rígido, e simples. Oração e trabalho. Oração pela manhã, meio dia, tarde, noite e madrugada. Não haviam maus tratos, de forma alguma, mesmo porque o tratamento era voluntário. A alimentação, muito simples, mas que satisfazia as necessidades. As acomodações mais simples ainda. O futebol era proibido ( influência da religiosidade), banhos de lagoa somente com camisa e calça (influência da religiosidade), música que não fosse gospel, nem pensar.

Pois muito bem, vamos avançar agora, para o ano de 2009, 13 anos depois.

Muita coisa mudou. As acomodações, muito melhores, em casa de material, quartos coletivos espaçosos. O preço da mensalidade do tratamento, 1 salário mínimo. Alimentação balanceada e diversificada. Pão feito na própria comunidade. Nota-se aí, uma gestão de recursos muito eficaz.

Quanto ao programa terapêutico, ela passou a contar com psicólogo, ex-interno da própria instituição, formado anos após tratar-se na mesma, por sinal, um excelente profissional. Incursões, como forma de trazer informação, de grupos de AA e NA, coisa impensável em 1996, e impensável, em muitas comunidades evagélicas ainda nos dias atuais. Estudantes, de cursos de gradução da universidade local, que traziam, palestras, e material para reuniões de apoio.

Nota-se uma evolução, agregando conhecimento, e permitindo a abertura de "leques" e outras opções (no caso de AA NA), porquanto o foco, é o ser humano, ainda que este, não "siga" a religião oficial da comunidade. Evolução ainda, no tratamento, agora acompanhado por psicólogo, que só tende a auxiliar de forma geral.

Ainda, no que tange a espiritualidade, as orações, ainda são presentes, manhã cerca de 1 hora, 2 vezes por semana estudo bíblico, a noite, e, na madrugada, tornaram-se opcionais, quando estas existem. O futebol é permitido, e incentivado, e, os banhos de lagoa, podem ser tomados de bermuda, sem camiseta.

Ora, claramente, nota-se a evolução, dos dirigentes desta instituição. Pode-se notar isto, no âmbito religioso, pois todos sabemos, que cada religião possui seus dogmas próprios, de conduta. E muitas religiões, antes rígidas em certas questões, abriram suas portas, e mudaram por assim dizer, encontrando base inclusive para esta mudança na palavra bíblica. Tempos mudam, e mudanças são bem aceitas. Normas criadas, para serem aplicadas no século passado, já não tem lugar em tempos atuais, não se trata aqui da palavra de Deus, mas sim de diretrizes criadas pelos respectivos dirigentes das religiões. Mas, estas questões, creio que, não sejam relevantes discutir aqui.

Autor - Emerson
Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade

Polêmica, internação compulsória para viciados em drogas está em discussão na CAS

Polêmica, internação compulsória para viciados em drogas está em discussão na CAS 

[Foto: senador Demóstenes Torres (DEM-GO)]
A Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) está para votar um projeto de lei envolto em polêmica: o PLS 111/10, que permite a internação compulsória de dependentes de drogas. Apresentado pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o texto original previa inclusive a prisão dos usuários para induzi-los ao tratamento médico, mas essa possibilidade foi excluída pela senadora Ana Amélia (PP-RS) em seu relatório sobre a matéria.
O projeto também determina que o combate ao tráfico de drogas terá o apoio das Forças Armadas, "com ênfase nas áreas de fronteira". Além disso, Ana Amélia acrescentou um dispositivo que prevê a aplicação de multas aos usuários - medida que foi questionada nesta semana pelos senadores Paulo Davim (PV-RN) e Waldemir Moka (PMDB-MS).
As discordâncias quanto ao projeto ficaram evidentes na audiência pública realizada em setembro pela CAS, quando representantes do governo e médicos especialistas em dependência química apresentaram posições contrárias: os representantes do governo contra a proposta (que na ocasião ainda incluía a possibilidade de prisão) e os especialistas a favor das medidas sugeridas por Demóstenes Torres.
Nem mesmo dentro do governo parece haver consenso: recentemente, a imprensa noticiou que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu a "internação involuntária" sob determinadas condições, como a existência de risco de vida e a avaliação de profissionais qualificados. Para Ana Amélia, o ministro se utilizou de um eufemismo para evitar a palavra "compulsória".
Um dos argumentos dos que são contra a internação compulsória é que essa medida desrespeitaria o direito à liberdade e a autonomia dos indivíduos - uma violação, portanto, de direitos humanos. Outras críticas comparam a iniciativa ao que se fazia antes com os doentes mentais e ainda há as que afirmam que a medida afetaria apenas a população mais pobre.
Além de ser relatora do projeto, Ana Amélia também foi relatora, no ano passado, da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais para Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outras Drogas.

Prisão
Quando apresentou a proposta, em abril de 2010, Demóstenes declarou que era preciso resgatar a possibilidade de prisão para o consumidor de drogas, pois, em sua opinião, "a despenalização foi uma experiência ruim". Ele argumenta que a Lei 11.343, de 2006, também conhecida como Lei de Drogas, ao acabar com a pena de prisão para os usuários, fez com que "familiares, educadores e o próprio Poder Judiciário ficassem de pés e mãos atados para internar o dependente: se ele quiser se tratar, arruma-se uma clínica, mas, se ele recusar o tratamento, nada se pode fazer além de assistir a sua autodestruição". De acordo com o senador, a medida seria ainda mais necessária frente ao crescente consumo de crack no país.
Apesar de concordar com a proposta de internação compulsória, Ana Amélia retirou do texto a possibilidade de prisão, "pois isso rompe com a lógica da Lei 11.343 e representaria a volta a um modelo centrado em medidas repressivas que se mostrou incapaz de responder adequadamente às necessidades de saúde dos dependentes químicos".
A senadora ressalta que há várias entidades contrárias à prisão dos usuários, como a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad, vinculada ao Ministério da Justiça), a área técnica do Ministério da Saúde que trata de saúde mental e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes para o Brasil e o Cone Sul. Um dos argumentos dos que são contrários à medida é que ela pode afastar os viciados da busca por tratamento, justamente pelo receio de serem presos.

Apoio popular
[Foto: senadora Ana Amélia - José Cruz / Agência Senado]
Ao defender a internação compulsória, Ana Amélia cita a recente pesquisa do Datafolha segundo a qual 90% dos brasileiros são favoráveis à medida para adultos viciados em crack. Assim como Demóstenes, ela afirma que a internação compulsória é uma forma de garantir o tratamento do dependente químico, "já que este, como refém da droga, perde a condição de decidir e perde a própria vontade".
De acordo com o projeto, esse tipo de internação poderá ser determinado por um juiz, desde que a decisão esteja baseada em laudo elaborado por uma comissão técnica. Tal comissão seria formada por três profissionais de saúde com experiência no tratamento de dependência de drogas - e pelo menos um deles teria que ser médico. Além disso, Ana Amélia diz que a internação compulsória seria aplicada nos termos da Lei 10.216, de 2001, também conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica.

Multa
O projeto esteve na pauta de votações da Comissão de Assuntos Sociais na última quarta-feira (15), mas deixou de ser votado após Paulo Davim criticar a multa aos usuários prevista no relatório de Ana Amélia. Para Paulo Davim, que é médico, a multa pode se tornar "mais uma punição para as famílias de baixa renda que têm entre seus membros um dependente químico". Ao responder ao senador, Ana Amélia destacou que a ideia da multa lhe foi apresentada por psiquiatras especializados na área.
Waldemir Moka (PMDB-MS), outro senador com formação em medicina, concordou com Paulo Davim. Moka disse temer que "esses especialistas estejam atendendo uma camada que talvez não represente a realidade que nós vemos, sobretudo, no interior do país".
Com o impasse, Ana Amélia aceitou um pedido de vista coletivo para discutir a questão, o que adiou a votação da proposta. Se for aprovado pela CAS, o texto será então enviado à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ).

O modelo Minnesota

O MODELO MINNESOTA

Comunidade Terapêutica

Eliana Freire *

Vou falar sobre o Modelo Minnesota para o tratamento de dependentes de substâncias psicotrópicas, que é uma tentativa de integrar várias técnicas psicológicas com a proposta dos doze passos do A. A (Alcoólicos Anônimos, 1978). Trata-se de um modelo multidisciplinar, que utiliza profissionais de diversas áreas bem como "conselheiros leigos", e visa, sobretudo, a integração dessas diferentes abordagens num clima de humildade, pois é complicado trabalhar com profissionais de áreas diferentes.
O processo, baseado no conceito de dependência química como um fenômeno bio-psico-sócio-espiritual, é ancorado numa dinâmica essencialmente grupal na qual os residentes (clientes ou pacientes) compartilham entre si suas histórias e dificuldades, aprendendo a identificar suas emoções, valores e atitudes antes distorcidos pela droga.

A partir daí, aprendem um novo estilo de vida, livre das drogas. O essencial aqui é que, num clima amoroso, de aceitação mútua, descobrem que não estão sozinhos, que outros já passaram por sofrimentos semelhantes e hoje estão vivendo a vida de forma integral, com todas as suas dificuldades inerentes, sem drogas. Basicamente, de uma forma sucinta, esse seria o Modelo Minnesota que tanto pode ser adaptado a ambulatórios como a sistemas de internação (Burns, 1992,1995 e 1998; Anderson,198 1; Heilman, 1 980; Kurtz,1979; Spicer,1993).


Este é um dos modelos entre vários que se pode falar, ilustrando a questão da espiritualidade e o encontro com a psicologia. Eu, pessoalmente pude conhecê-lo em 1985, pois tive problemas com álcool e realizei o processo do Modelo Minnesota como cliente, e mudou totalmente a minha vida. Nesta época esse método tinha acabado de chegar dos Estados Unidos no Brasil e ainda estava sendo adaptado. O que ali experienciei, em muitos aspectos, fugia de tudo que havia aprendido academicamente na minha formação em psicologia. Tive a sorte de participar quando ele ainda estava com três anos de vida no Rio de Janeiro. É interessante, pois tende a existir uma garra e uma grande paixão nas pessoas que trabalham com propostas novas e pude usufruir desta atmosfera de uma forma intensa e positiva, com resultados que reverberam no meu cotidiano até hoje. Depois, as coisas tendem a se institucionalizar, e fica difícil manter aquela chama que se vê nas tentativas iniciais de tratamentos novos. O próprio John Burns (1998) que trouxe o Modelo Minnesota para o Brasil em 1982 percebeu que "esse modelo, já naquela época, estava literalizado e forjado num molde administrativo e terapêutico para satisfazer às companhias de seguro" (p. 12). Sorte minha que isso ainda não havia acontecido no Brasil. Ele e suas equipes se preocupam até hoje com atualizações, adaptações, estudos e questionamentos (Burns, 1998).


Considero a história do Modelo Minnesota uma história que nos ensina, ilustra, a atualização (no sentido de transformar em ação) do que estou chamando de espiritualidade no sentido mais horizontal, transformando os saberes (de origens diferentes, tanto acadêmicos como leigos) em ajuda àquele que sofre, num clima de humildade, solidariedade e compartilhamento. Na década de 50, pós Lei Seca e pós Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, existia um índice de alcoolismo muito grande e o modelo de saúde tradicional (psiquiatria e/ou psicanálise) não estava sendo eficaz. Realizavam muitas tentativas de internação, tratamentos e desintoxicação, mas a pessoa saía, recaía e voltava. Era aquele moto contínuo que todos conhecem, com os médicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfim, uma enorme equipe tentando ajudar sem obter êxito. Paralelamente, em Minnesota, um estado dos Estados Unidos, havia um pequeno grupo de alcoólatras em recuperação, que já estava em abstinência e freqüentava o A.A. Todos eles se conheciam e conheciam os médicos que
[1] lá estavam, desesperançados. Os profissionais de saúde então, começaram a abrir a mente para aprender com esses "leigos" (da medicina, mas certamente não do alcoolismo e nem da recuperação), como era essa história de ser dependente e como conseguir parar, pois no hospital as pessoas não conseguiam. Elas paravam apenas enquanto estavam internadas, quando saíam bebiam outra vez.

Nas reuniões de A.A. que, primeiramente pareciam esquisitas, diferentes e em bases duvidosas e estranhas àqueles profissionais, eles abriam a mente para conhecer as pessoas e entender esse processo. No começo, aquela linguagem era muito estranha (primeiro passo, impotência perante o álcool, poder superior, "só por hoje", etc.). A "ciência" ficou meio abalada, mas ao mesmo tempo curiosa, pois estavam vendo, inegavelmente, que aquela proposta estava funcionando (Darrah,1992; Robertson,1988).
Foram chamados alguns alcoólatras em recuperação, que já estavam em abstinência há mais tempo para o Willmar State Hospital em Minnesota, onde 80% dos pacientes tinham diagnóstico de alcoolismo. Este hospital foi o pioneiro no desenvolvimento do que veio a ser chamado "Modelo Minnesota". A equipe de profissionais começou a aprender com eles (alcoólatras em recuperação) como era esse processo de parar de usar a substância e ao mesmo tempo ficar tranqüilo e curtir a vida com todas as suas dificuldades naturais. A maioria estava bem, interagindo com as pessoas, readaptada à vida, à sociedade. Não era aquela história de parar e ficar de mau humor ("porre seco"), mas sim, de mudar de estilo de vida.

A equipe se propõe a aprender com eles, e mais ainda, há um treinamento em que os alcoólatras em recuperação aprendem algumas técnicas com os profissionais também (há uma troca), e se tornam "conselheiros em dependência química" – isso não existia ainda. Surge uma mini comunidade terapêutica, um ambiente em que tudo objetivava facilitar a conscientização daquele dependente químico e da sua situação, da sua história de vida, facilitando a aceitação dessa disfunção, que seria crônica, primária e progressiva. Também identificam a importância da aceitação da idéia da abstinência e da reformulação de estilo de vida resultando na possibilidade de curtir o "barato" da vida sem drogas. Eram propostas diversas atividades, consultas individuais, terapia de grupo, diversas dinâmicas e palestras. Com o tempo as equipes chegaram à conclusão de que o elemento mais forte dessa abordagem eram exatamente os grupos informais de dependentes químicos. Os internos (residentes, pacientes ou clientes) se juntavam, falavam de suas histórias e trocavam com os mais velhos (antigos, i.e., mais tempo abstinentes), descobrindo maneiras de permanecerem "limpos". Como disse Spicer (1993), "a verdadeira terapia acontecia quando a equipe de terapia ia para casa" (p.42).


A grande novidade era a humildade para aceitar que, se por um lado existia uma limitação crônica, por outro havia a possibilidade da conquista de uma nova liberdade. Paradoxalmente, aceitar a limitação também abre para outras dimensões. Como já assinalava Gregory Bateson (1971) aqui o mito do autocontrole, da auto-suficiência da cultura hedonista e individualista é questionado. Nessa nova proposta, a pessoa se capacita a desenvolver todas as áreas da sua vida que estavam aprisionadas, por conta da perda de controle com as drogas, através de trocas solidárias, de ajuda mútua.

Gostaria de salientar que esta aprendizagem exige humildade, mente aberta de todos, tanto do profissional, como dos alcoólatras em recuperação (que eram conselheiros) e dos clientes. Havia um clima de camaradagem, do uso de primeiro nome, uma aproximação muito grande entre todos, um clima de família. Esse clima era altamente terapêutico. Então, basicamente, o que ocorria era uma aprendizagem por conta da experiência. Até existiam palestras sobre alcoolismo, mas na verdade, o resultado se dava devido aos relacionamentos no cotidiano, através dos exemplos, não das teorias.


Se um agia de determinada forma, o outro dizia: "você não acha que está meio nervoso?" Aí, ele olhava para um que estava lá há mais tempo, "zen", tranqüilo e observava, pois queria ficar daquele jeito. Ou seja, isso vem de uma sabedoria milenar. Aprendemos pela vivência, com o exemplo dos outros, que na verdade é o trabalho que os grupos do A.A. e N.A. fazem. Houve esse encontro de vários saberes, que


logicamente, com o tempo começou a ser mais complexo, por exemplo, o modelo se estendeu para a dependência de outras substâncias psicoativas além do álcool, incluindo as ilegais c legais (como os fármacos), além da inclusão de comorbidades (Laundergan, 1982; Kinney e Leaton,1983; Smith e Wesson, 1985). Alguns casos de dependência química precisavam de medicação, principalmente durante a síndrome de abstinência. Eram usados todos os serviços (médicos, psicólogos, assistentes sociais, conselheiros, enfermeiros, etc.), mas o mais interessante é que todos (incluindo cozinheiros, pessoal da limpeza e administração) que trabalhavam nessas mini-comunidades acreditavam nesse estilo de vida altamente espiritualizado. Não a espiritualidade estando lá e eu aqui, mas sim, ela sendo vivida no cotidiano, na troca.

Se a patologia é fundada na relação disfuncional do indivíduo com a droga, a recuperação é aprender a se relacionar com o outro de uma forma amorosa, ela se dá na relação, é por isso que o grupo é importante. As pessoas se identificam e vêem que um não é tão diferente do outro. A culpa, a vergonha, o sentimento de excepcionalidade que existia antes, vai se reduzindo, pois são todos dependentes químicos, e muitos já parados há algum tempo. Todos são agradecidos aos que dividem suas histórias e que dão o exemplo de si mesmos. Como diz Hillman (1967):


Um novo sentimento de perdoar-se e aceitar-se começa a espalhar e circular. É como se o coração...estivesse aumentando sua influência. Aspectos sombrios da personalidade continuam com seu peso negativo, mas agora dentro de um contexto de uma "est6ria" mais ampla, o mito de si mesmo, e o começo de um sentimento de que eu sou como eu devo ser. Meu mito transforma-se em minha verdade; minha vida torna-se simbólica e alegórica. Perdoar-se, aceitar-se, amar-se e mais, perceber-se como pecador, mas sem culpa; agradecido por seus pecados e não pelos pecados dos outros, amando seu destino até o ponto de sempre estar desejando ser como é e manter esse relacionamento consigo mesmo. (p.119).


Eu acrescentaria "e com os outros".

Creio que este modelo, acima de tudo, respeita a visão holística do ser humano como ser bio-psico-sócio-espiritual, enfatizando o sócio-espiritual tão esquecido em nossa sociedade individualista e materialista. Para terminar, independentemente da abordagem terapêutica adotada, creio que qualquer psicólogo concordaria com as metas contidas na sábia "Oração da Serenidade" proferida pelos grupos anônimos (A.A., N.A., Al-Anon, Nar-anon) em suas reuniões:

Concedei-nos Senhor a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras. ('Mascarenhas 1990, p.147)

Referências Bibliográficas 
Alcoólicos Anônimos. A história de como muitos milhares de homens e Mulheres se recuperaram do alcoolismo, Centro de Distribuição de literatura de A.A. para o Brasil, 1978. 
ANDERSON, D.J. Perspectives on Treatment: The Minnesota Experience, Hazelden Foundation, 1981. BATESON, G. The Cybernetics of Self: A Theory of Alcoholism. Psychiatry, 34 (1), pp. 1-18, 1971 BURNS, J. General Systems Theory and the Treatment of Chemical Dependency, University Microfilm , Inc., University of Michigan, 1992. 
O Caminho dos Doze Passos, Eds. Loyola, 1995. 
O Modelo Minnesota no Brasil, apostila, 1998. 
DARRAH, M.C. Sister Ignatia – Angel of Alcoholics Anonymous, Loyola University Press, 1992. HEILMAN, R. O. Dynamics of Drug Dependency, Hazelden Foundation, 1980. 
HILLMAN, J. Insearch – Psychology and Religion, Spring Publications, 1967. 
KINNEY, J. E LEATON, G. Loosening the Grip: a Handbook of Alcohol Information, St. Louis: The C.V. Mosby Company, 1983. 
KURTZ, E. Not God: A History of Alcoholics Anonymous, Hazelden Foundation, 1979. LAUNDERGAN, J.C. Easy Does It: Alcoholism Treatment Outcomes, Hazelden and the Minnesota Model, Hazelden Foundation, 19$2. 
MASCARENHAS, E. Alcoolismo, Drogas e Grupos Anônimos de Mútua Ajuda, S.P.: Siciliano, 1990. ROBERTSON, N. Getting Better — Inside Alcoholics Anonymous, Morrow, 1988. SMITH, D.E. e WESSON, M.D. Treating the Cocaine Abuser, Hazelden Foundation, 1985. 
SPICER, J. The Minnesota Model, Hazelden Educational Materials, 1993.

*Prof'. do Departamento de Psicologia, PUC-Rio, Ma., University of Houston. 

Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade


O silêncio que antecede o 1º Passo

O silêncio que antecede o 1º Passo

Nunca saberemos tudo, nunca vai cessar a busca. O que escrevo, talvez não é o que o leitor queira "ouvir", mas será o que tenho a dizer. Existem alguns princípios que são fundamentos, outros, são sugestões e experiências pessoais, e estes por sua vez, vale lembrar que, o que para "X" foi ou é "remédio", para "Y" pode ser "veneno".




INTRODUÇÃO

( Trecho revisto sobre as fases que podem anteceder o 1º Passo, retirado dos Módulos de Tratamento e Recuperação - Autor Desconhecido. )



PRIMEIRA FASE - Negação

A negação é a primeira reação à perda, do mesmo modo como uma dor muito forte ou uma ferida, pode pôr os nossos corpos em choque, a dor emocional ou mental pode causar uma reação semelhante aos nossos sentimentos, intelecto e por vezes no nosso físico.
Ficamos entorpecidos, entramos em curto circuito, alguns terapêutas chamam isso de bloqueio. A maioria dos profissionais concorda normalmente que não é um bloqueio total, parte de nós suspeita ou sabe da verdade, só que ainda não estamos prontos ou capazes de lidar com ela.
De novo não há regras quanto ao tempo que dura a negação, cada pessoa e cada situação é única, as pessoas negam até sentirem-se suficientemente seguras para lidar com a perda de outra maneira, uma vez que a pessoa ultrapassa a negação, ainda não é suficiente para ter aceitação.

SEGUNDA FASE – Raiva

Essa fase é caracterizada pela raiva, inveja, culpar outras pessoas e ressentimentos, a nossa raiva pode ser especificada ou direcionada, podendo ainda ser geral. Pode ser racional ou irracional, justificada ou injustificada, sensata ou sem sentido. Podemos dar pontapés nos gatos ou gritar com as crianças, mas no fundo não estamos furiosos com nenhum deles e sim com raiva “da nossa perda”.
Podemos culpar os outros ou a nós mesmos pela situação que nos encontramos.
Podemos ter inveja daqueles que ainda possuem aquilo que perdemos : “ Porque não posso beber ou usar drogas de maneira controlada , igual a outras pessoas que conheço?”. Essa situação gera o nosso ressentimento que nos deixa bloqueados ou impedidos para resolver a situação.

TERCEIRA FASE – Negociar

Começamos a articular uma maneira de tentar  evitar ou adiar a perda, estas negociações podem ser tentadas ser feitas com DEUS  ou vagamente com a vida, está fase se caracteriza normalmente por “ SE ENTÃO”, frases que medem o que damos contra aquilo que recebemos. Algumas vezes as nossas negociações são construtivas, se realistas e obtém o resultado pretendido : “Se recebermos ajuda para a recuperação não recairemos nem morreremos”.
No entanto, nossas negociações nem sempre são realistas : “ Só beberei e usarei drogas nos fins de semana, assim vou me controlar”.
Neste caso, quando já não podemos adiar o inevitável, temos de encarar o problema.

QUARTA FASE – Depressão

Avançamos agora para um período de tristeza : “Isso não pode ser verdade”. É talvez a essência da dor estar de luto completamente. É o ponto mais alto do processo de aceitação e é a dor emocional mais pura.
Choramos pelo que perdemos e sobre o que vamos perder no futuro, chegou a hora de chorar. Essa tristeza pode levar horas, dias, semanas ou meses.
“ QUANDO HUMILDEMENTE NOS RENDEMOS ESSE PROCESSO COMEÇA”.
Essa depressão só desaparecerá quando começarmos a reagir por nós mesmos.

QUINTA FASE – Aceitação

A aceitação começa quando não temos mais que negar, ter raiva, negociar ou sentirmo-nos tristes e revoltados. Ela indica também o fim da luta contra a transformação. A aceitação pode ser confundida com uma fase feliz e é praticamente vazia de sentimentos, é como se a dor tivesse ido embora e a luta acabado.
Somente assim ficaremos em paz com nós mesmos e livremente admitimos a nossa impotência, desenvolvendo a boa vontade de conquistar a nossa recuperação.

(Fim do trecho retirado dos módulos)

1º Passo :

"Admitimos que éramos impotentes perante nossa adicção, e que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis."

Este é o passo, da rendição. Durante muito tempo, gostaríamos de ser muitas pessoas, menos nós mesmos, isto já antes, muito antes do uso de drogas. Fingir, sonhar, criar ilusões somente possíveis em nosso mundo. Quando entorpecidos, tudo era possível, tudo poderia estar ao nosso alcance. Muitas vezes, acreditávamos em nossas próprias mentiras. Tudo convergindo, de uma inabilidade, inerente à nossa doença, de lidar com as frustrações e sentimentos.
Para chegar, ao ponto da admissão livre e consciente, e aceitação da condição de portadores de uma doença, muita água, pode rolar por debaixo da ponte. Pode, porque, como sempre, não é uma ciência exata. Alguns mais cedo, outros mais tarde, outros ainda, não terão esta oportunidade, morrerão antes. O que existe, no tocante a isto, é uma estatística digamos assim, mas nada padrão. Por exemplo, muitos podem levar anos, no uso de drogas mais "leves", onde irão experimentar consequências não tão "pesadas (roubo, prostituição, morte, destruição familiar etc)" do uso. O processo pode não ter fim, a não ser, que algum fato aconteça, neste parâmetro por exemplo a perda de um ente querido, condição de emprego, casamento, filhos, e outros, então um fato, pode levar ao "despertar", proporcionando uma boa vontade para a "mudança".
Ou, caso venham a experimentar o uso de outras substâncias, crack ou cocaína por exemplo. Neste caso, rapidamente acontecerá (via de regra) uma aceleração, e um exponencial crescimento quanto a perdas e destruição da vida pessoal do usuário.
O fim será, Instituições (Clínicas, Comunidades Terapêuticas, etc), Prisão (advinda das consequências dos atos praticados em virtude da dependência), e Morte. Na última opção, não há mais escolhas, nem opções, nem o que pensar e ponderar. Nas duas primeiras opções, estão as chances da mudança, do despertar. Não que uma prisão por exemplo, por si só fará um milagre, ou tratamento, não, mas neste caso, o choque pode levar a uma busca pela mudança necessária. É fato, que a primeira opção, Instituições, é aonde maiores são as chances, de se encontrar um ambiente que proporcione a recuperação e tratamento da doença. Isto, vale lembrar, é um processo a parte, pode ser que de resultado, na primeira internação. Como também, pode levar anos, e dezenas de internações depois. 

Comunidade Terapêutica
Muitos, podem ir por pressão de um juiz, polícia, traficantes, família, patrão e outros, mas nunca por vontade própria. Aliás, aqui é um ponto interessante, nunca, alguém vai por livre espontânea vontade, (paradoxo) ainda que pareça ser. Geralmente, aceita-se o fato da doença, e busca-se verdadeiramente o tratamento, quando se chega à beira do abismo, sem saída, derrotado, vencido, e a um passo da morte ou de uma perda tão dolorosa e temida quanto a morte. Vale lembrar, que internação, é uma coisa, tratamento, outra. Tratamento, subentende-se que seja o período total, 9 meses, 6 meses, ou 3 meses por exemplo, de acordo com cada Instituição e Programa de Tratamento desta. Internação, pode ser de 10 dias, de um período de 6 meses por exemplo, ou seja, o indivíduo, vai, permanece por 30 dias, mas não segue adiante, então, apenas esteve internado, por 30 dias. Muito importante, quando se fala em Tratamento em Instituições, é a conclusão. Neste ponto, pode-se dizer, que nenhum ser humano tem o poder de prever o futuro, então, um indivíduo pode permanecer por 30 dias intenado, desistir do tratamento alegando estar bem, e nunca mais, realmente, usar. Mas, diga-se de passagem, é um fato raro, segundo as estatísticas, e eu pessoalmente posso calcular que as chances são de 1/1000, de sucesso neste caso. O fato primordial aqui, é o auto-engano, ou a vontade deliberada de usar novamente, neste caso então, toda a sorte de manipulação e mentira será usada, para maquiar a todas as pessoas envolvidas (família) que está bem ( o DQ), e que poderá voltar ao convívio de sua casa sem problemas. Outra hipótese que muito acontece, é o indivíduo realmente acreditar que está bem, em apenas 30 ou 60 dias de tratamento, crença esta que pode acontecer devido a uma ilusão momentânea, criada por uma euforia espiritual. Uma das características de muitos Dependentes Químicos, e a não conclusão de projetos, grandes ou pequenos. De desistir. Isto remonta ao tempo de escola, projetos pessoais, enfim, nunca conseguir concluir suas metas, ou a grande maioria delas. Então, esta é a importância de se concluir o tratamento. Muitos, pela primeira vez na vida, é que realmente conseguirão concluir algo, do começo ao fim. Claro que, não é por acaso que, de acordo com o Programa Terapêutico de cada instituição, o tratamento tem 9, 6 ou 3 meses. Este, é o tempo necessário para assimilar o programa. Cada caso, é um caso. Mas se tem idéia de que, quanto mais avançado o grau de dependência, é mais indicado um tempo maior de tratamento. O Tratamento por si só, não resolverá tudo. Na verdade, é apenas um começo, permitirá uma reeducação, auto-análise, recuperação física e emocional gradualmente falando, aprendizado acerca de sua doença, busca de "ferramentas" que possibilitem manter-se limpo quando voltar ao convívio, reaprender que é possível viver sem drogas ou álcool e mais, que isto, é que é normal, e não o contrário.

A admissão da impotência perante toda e qualquer substância (primeiramente a droga de sua preferência), a rendição a um programa de tratamento e recuperação, e a aceitação. Tudo começa aí. Um 1º Passo feito com honestidade e boa vontade, será pode-se dizer, metade do caminho andado. E este, é um passo, assim como os outros, a ser praticado por toda a vida, e, é um passo inegociável...

Autor-Emerson

Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade

A presença das bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas na cultura brasileira

A presença das bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas na cultura brasileira

Tarcisio Matos de Andrade
Carlos Geraldo D'Andrea (Gey) Espinheira
 

A história do álcool

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, no início da colonização, descobriram o costume indígena de produzir e beber uma bebida forte, fermentada a partir da mandioca, denominada cauim. Ela era utilizada em rituais, em festas, portanto, dentro de uma pauta cultural bem definida. Os índios usavam também o tabaco, que era desconhecido dos portugueses e de outros europeus.
No entanto, os portugueses conheciam o vinho e a cerveja e, logo mais, aprenderiam a fazer a cachaça, coisa que não foi difícil, pois para fazer o açúcar a partir da cana-de-açúcar, no processo de fabricação do mosto (caldo em processo de fermentação), acabaram descobrindo um melaço que colocavam no cocho para animais e escravos, denominado de "Cagaça", que depois veio a ser cachaça, destilada em alambique de barro e, muito mais tarde, de cobre.
A cachaça é conhecida de muito tempo, desde os primeiros momentos em que se começava a fazer do Brasil, o Brasil. O açúcar, para adoçar a boca dos europeus, como disse o antropólogo Darcy Ribeiro, da amargura da escravidão; a cachaça para alterar a consciência, para calar as dores do corpo e da alma, para açoitar espíritos em festas, para atiçar coragem em covardes e para aplacar traições e ilusões. Para tudo, na alegria e na tristeza, o brasileiro justifica o uso do álcool, da branquinha à amarelinha, do escuro ao claro do vinho, sempre com diminutivos.
 

Qual é o lugar do álcool e das outras drogas em nossa cultura?


"Parece improvável que a humanidade em geral seja algum dia capaz de dispensar os ‘paraísos artificiais’, isto é, .... a busca de auto transcendência através das drogas ou... umas férias químicas de si mesmo... A maioria dos homens e mulheres levam vidas tão dolorosas - ou tão monótonas, pobres e limitadas, que a tentação de transcender a si mesmo, ainda que por alguns momentos, é e sempre foi um dos principais apetites da alma."
(Aldous Huxley, escritor inglês)

"Porque os homens são mortais e não podem se habituar a essa idéia, o néctar e a ambrosia são fantasmas encontrados em todas as civilizações. Plantas mágicas, bebidas divinas, alimentos celestiais que conferem imortalidade, as invenções são múltiplas e todas, na falta de sucessos práticos, expressam e traem o terror diante da inevitável necessidade."
(Michel Onfray, filósofo francês)

Não depende sempre da vontade o desejo de beber, pelo menos em muitos casos. Antes, é uma imposição; um estranho e imperioso chamado como a suavidade do canto de sereia que encanta, enfeitiça e enlouquece. Mas, nada é tão simples assim, a bebida está bem entranhada na cultura brasileira. O hábito de beber faz parte da nossa maneira de ser social.
 
Sendo assim:
Cada povo, cada grupo social, cada pessoa tem a sua condição de responder a determinados estímulos produzidos em seu meio, ou externos a ele. Em outros termos, podemos dizer que temos uma pauta cultural em que as coisas são normalmente dispostas. Por exemplo, o licor na festa de São João, o vinho no Natal, a cerveja no carnaval e assim por diante, não que sejam exclusivas, mas as mais representativas de cada uma dessas festas.

A cachaça é a bebida mais íntima da população, porque é de baixo custo, na maioria dos casos, e com pouco dinheiro pode-se beber o suficiente para perturbar-se e perturbar a todos os que estiverem à volta. É a forma social e individual de beber que está em jogo, quando se fala em consumo de álcool, já que há uma larga disposição social para consumi-lo na formas das mais diversas bebidas - destiladas ou fermentadas, fortes ou fracas.
 

É preciso ver o álcool no conjunto da vida social e não só na das pessoas, e sobretudo, não só em si mesmo, como muita gente o faz, ou seja, considera o álcool um agente autônomo e o culpa por suas conseqüências, como se fosse um ser animado que agisse por conta própria.
No sentido oposto, é preciso ver a disposição social para o consumo de drogas e se perguntar: 

por que as pessoas procuram as drogas? Por que as pessoas bebem? E, também perguntar: se usam drogas, e dentre elas o álcool, por que as consomem desta ou daquela maneira? Moderada ou abusivamente?

Por que será que sob o efeito da mesma quantidade de álcool, algumas pessoas ficam alegres, outras ficam agressivas ou mesmo violentas? Por que será que um derivado opióide como a meperidina, por exemplo, para algumas pessoas é apenas um analgésico potente e para outras, além desse efeito, é uma fonte de prazer a ser buscada de forma repetida? 

E ainda: por que uma mesma pessoa sente de maneira diferente os efeitos de uma mesma droga, em diferentes circunstâncias e contextos? Por que uma droga alucinógena, quando utilizada no contexto de um ritual religioso, tem muito menos efeito perturbador da consciência do que quando usada com outros propósitos?
 
O que se pode concluir daí, e que tem sido apontado por estudiosos do assunto, é que os efeitos de uma droga dependem de três elementos: suas propriedades farmacológicas (excitantes, depressoras ou perturbadoras); a personalidade da pessoa que a usa, suas condições físicas e psíquicas, inclusive suas expectativas; o conjunto de fatores ligados ao contexto de uso dessa droga, tais como as companhias, o lugar de uso e o que representa esse uso socialmente.
 

Embriaguez e o Alcoolismo


Quando uma pessoa perde o controle sobre a ação de beber ela se torna objeto da bebida, que perturba a consciência para além do domínio que a pessoa tem de si mesma. Eis a embriaguez em sua forma mais simples, uma leitura sem preconceitos, mas ao mesmo tempo carregada com tintas muito fortes, porque nem todos os que bebem são dominados pela bebida, embora não se deva esquecer o quanto as bebidas acendem as paixões.
Entretanto, quando o álcool não é utilizado para aumentar a espirituosidade, mas para
incentivar, encorajar ou consolar amargura, ele se torna um poderoso fator de desorganização do sujeito como ser social, isto é, para além de si como indivíduo e de suas relações com os outros, com os íntimos e com os de cerimônia. Quando advém a embriaguez e, com a freqüência do uso, o alcoolismo, toda a magia da bebida é substituída pela perversidade da forma como ela é consumida.
 
VOCÊ SABIA?
Uma das formas eficazes empregadas para a desorganização de determinados povos
indígenas foi a introdução da aguardente.

Alcoólatra e Alcoolista

É muito importante recordar que normalmente as pessoas se tornam conhecidas pelo que
fazem, ou seja, pela profissão que exercem. Se você trabalha, é um trabalhador ou uma
trabalhadora; se você só estuda, é um estudante ou uma estudante e assim por diante. Uma
pessoa que bebe com alguma freqüência é um bebedor ou uma bebedora, mas sabemos que estes termos não são muito freqüentes, e em seu lugar vem a denominação de bêbado ou bêbada.

Alcoólatra

O termo alcoólatra confere uma identidade e impõe um estigma, que anula todas as outras
identidades do sujeito, tornando-o tão somente aquilo que ele faz e que é socialmente
condenado, não pelo que faz, mas pelo modo como o faz. Em outros termos, não é a bebida
em si, mas aquela pessoa que bebe mal, isto é, de modo abusivo, desregrado, que a leva à
condição de ser socialmente identificada popularmente como "alcoólatra", ou seja, quem
"idolatra", "adora" e se tornou dependente do álcool.
 
Alcoolista

Este termo foi proposto por alguns pesquisadores como uma alternativa menos carregada de valoração, isto é, de estigma. Segundo eles, isto não reduziria a pessoa a uma condição, como a de alcoólatra, mas o identificaria como uma pessoa que tem como característica uma afinidade com alguma coisa, com alguma idéia.
Por exemplo, uma pessoa que torce no futebol pelo Flamengo é flamenguista; se estiver
inscrito no partido PFL é, pefelista, e assim por diante. É uma característica, mas não reduz o indivíduo a ela, como uma identidade única e dominante. Eis porque seria preferível designar uma pessoa como alcoolista e saber que ele é, ao mesmo tempo, muitas outras coisas, inclusive alguém que pode deixar de ser dependente de álcool. Isto ajudaria esta pessoa a não ser estigmatizada, reduzida a uma única condição.
Apesar desta argumentação, em português, os termos "alcoólatra" e "alcoolista" continuam a serem usados, quase que indistintamente, por diferentes autores, mas sempre equivalendo a "dependente de álcool". Esta seria a expressão mais adequada cientificamente. O termo "alcoólico" não é muito adequado, pois na língua portuguesa significa "o que contém álcool", mas muitas vezes é empregado devido à semelhança com a palavra inglesa "alcoholic", que além deste mesmo significado é também usada para referir-se a quem é dependente de álcool.
 
Outras drogas
 
Maconha

O uso de maconha, com propósitos medicinais, data de 2.700 a.C. Largamente utilizada na
Europa com este propósito, durante os séculos XVIII e XIX, ela foi introduzida no Brasil pelos
escravos africanos e foi difundida também entre os indígenas, sendo no início usada com
propósitos medicinais e nas atividades recreativas como a pesca e nas rodas de conversa, nos finais de tarde. Nos Estados Unidos, ela já era conhecida pelos índios quando os mexicanos a trouxeram para aquele país.
No Brasil, no final do primeiro quarto do século XX, segundo descrição de Pernambuco-Filho & Botelho, distinguiam-se duas classes de "vícios": os "vícios elegantes" que eram o da morfina, da heroína e da cocaína, consumidos pelas elites (branca, em sua maioria) e os
"deselegantes", destacando-se o alcoolismo e o maconhismo, próprios das camadas pobres, em geral, formadas por negros e seus descendentes. Segundo esses mesmos autores, não tardou para que o produto (a maconha) trazido da África viesse a "escravizar a raça opressora".
Estas afirmações mostram, além da origem da maconha no país que, já naquela época, ocorria a difusão do seu consumo por todas as classes sociais. Este é um fato incontestável diante da realidade nacional, entretanto permanece no imaginário social a associação "pobre - preto - maconheiro - marginal - bandido" traduzida nas ações policiais dirigidas às pessoas autuadas pelo porte de maconha, que na periferia das grandes cidades são muito mais severas do que nas áreas mais ricas e socioeconomicamente mais favorecida.

USP testa estímulo cerebral em Dependentes Químicos

USP testa estímulo cerebral em Dependentes Químicos

Estimulação Neural no Tratamento de DQ

FERNANDA BASSETTE

DE SÃO PAULO


Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) estão testando o uso da estimulação magnética do cérebro para conter a fissura de pessoas dependentes de cocaína em pó e reorganizar o funcionamento cerebral.
A técnica, chamada estimulação magnética transcraniana, é usada aqui desde 2006 no tratamento de depressão. Segundo os médicos, não é invasiva e quase sem efeitos colaterais.

Essa é a primeira vez que pesquisadores brasileiros resolvem investigar se os benefícios do método podem ser estendidos para dependentes crônicos da droga.
Um grupo de Israel, por exemplo, estudou os efeitos da estimulação contra a fissura provocada pelo tabaco. Os resultados mostram uma queda no desejo pela droga nos primeiros três meses.

Segundo o último levantamento da Senad (Secretaria Nacional de Políticas Antidrogas), 2,9% da população brasileira já usou cocaína ao menos uma vez na vida. E 7,7% dos universitários experimentaram a droga ao menos uma vez.
O psiquiatra Phillip Leite Ribeiro, responsável pelo teste na USP, explica que a ação da cocaína desorganiza os circuitos cerebrais, alterando o funcionamento das redes de neurônios. "A consequência é uma pessoa dependente da cocaína, com dificuldade de raciocínio e de decisão", diz Ribeiro.

COMO FUNCIONA


A estimulação magnética transcraniana é aplicada em consultório, sem anestesia. O paciente usa uma touca de natação e o médico aproxima o aparelho na região do cérebro a ser tratada. As ondas penetram cerca de 2 cm.


No caso da cocaína, o local exato da aplicação não foi divulgado por se tratar de algo ainda em estudo. As sessões são feitas durante 20 dias e duram 15 minutos. Custam, em média, R$ 400 cada uma.
Após um mês, o paciente faz tratamento para prevenir recaídas. Por enquanto, os resultados preliminares mostram que há, de fato, uma diminuição na fissura. E, ao contrário do que parece, a estimulação magnética não provoca choques. É bem diferente da eletroconvulsoterapia -método em que o cérebro recebe uma descarga elétrica generalizada, entrando em convulsão. A estimulação transcraniana gera um campo magnético com uma pequena corrente elétrica. A ação é local, afirma Ribeiro.


POUCO USADA


Segundo Paulo Silva Belmonte de Abreu, chefe do serviço de psiquiatria do HC de Porto Alegre e presidente da Associação Brasileira de Estimulação Magnética Transcraniana, embora seja reconhecida, a técnica não é muito usada no país.
Ela tem efeitos positivos na depressão, em psicoses que provocam alterações auditivas [como esquizofrenia], no tratamento da dor fantasma. Mesmo assim, poucos centros a usam, ainda tem muito preconceito, avalia. Para Abreu, é importante que o método seja testado para tratar outros problemas. É uma ferramenta não invasiva que não lesa o cérebro. Quando não atinge os efeitos desejados, ela não faz mal. Segundo Abreu, a única contraindicação é para pessoas com histórico de convulsão a aplicação pode desencadear uma crise. Os principais efeitos colaterais são leve dor local e desconforto durante a aplicação. O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, é mais cauteloso.


É uma técnica que está sendo estudada para vários tipos de transtornos, mas não é totalmente eficaz. O que se sabe é que ela modifica circuitos neuronais, mas ainda não é possível dizer que resolve o problema, diz. 
 O vício em drogas é um pesadelo para muitas famílias brasileiras, o comportamento de um viciado prejudica todo o convívio familiar e muitas vezes os parentes se sentem perdidos e não sabem o que fazer. É realmente um drama, um pesadelo.
Por isso que pesquisas e novidades para o tratamento da dependência química devem ser comemorados. Recentemente o jornal Folha de S. Paulo fez uma reportagem sobre o uso de Estimulação Magnética para conter a necessidade das pessoas dependentes de cocaína e reorganizar o funcionamento cerebral. Compartilho com vocês abaixo o artigo!

Dra Marina

Folha de S. Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/765178-usp-testa-estimulo-cerebral-em-viciados-em-drogas.shtml


Fonte da Matéria-NeuroEstimulação.com.br

Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade

Amizades Viciadas

 Amizades Viciadas

Neste Blog, busco muito material de diversas fontes, tentando concentrar, conhecimento, experiências, e pontos de vista científicos e terapêuticos, com referências às fontes e créditos. Dito isto, sou franco em falar, que respeito muito, o conhecimento adquirido através dos estudos universitários, tanto que, eu próprio faço no momento um curso superior, que a propósito nada tem a ver com a ciência humana.

Mas o fato é que, nada substitui, a experiência adquirida ao longo da vida, da vivência, e da peculiaridade de que, se você viveu aquilo que outro ser humano viveu, você pode falar sobre o assunto, com muita propriedade, salvaguardadas as exceções no tocante a objetividade e relevância prática sobre o assunto tratado. Isto tanto do lado negativo, quanto do positivo, e neste, deve se levar em consideração também o tempo, e o tipo de vida que leva a pessoa, para é claro, poder falar disto ou daquilo.

Passo ao assunto que me leva a escrever este Post,

As amizades "viciadas".

O  que muito ocorre, em nossas vidas, é o medo que temos do novo, ou do desconhecido muitas vezes, o que talvez não ocorra com todos, mas com a grande maioria. E isto, pode ser encarado de forma normal, ou de uma maneira doente. Podem ser mudanças físicas diversas, ou no trabalho, na sociedade, nas relações humanas, enfim, a "mudança", pode gerar certo desconforto.
Falo então, das mudanças, e das situações nas relações humanas e interpessoais. 


Expectativas doentes: 

Muitas pessoas, por exemplo, tem com relação ao outro, expectativas doentes, se é que podem ser chamadas assim. Por exemplo, enquanto o outro estiver estagnado, parado, na mesma digamos assim, tudo está bem, mas, se o outro de repente, mostra-se capaz, ou  surpreende com conhecimentos antes desconhecidos, inova com ações e atitudes, bem, aí, a tendência é o imediato medo, julgamento, crítica, e outros...
Nem sempre é assim claro, em amizades sadias, e saudáveis, a reação pode ser de satisfação empática, alegria, ou algo neste sentido. Mas neste caso de que trato, não. E não é nem questão de algum tipo de inveja, creio eu, mas sim, deste singular "vício" humano que é inerente a muitos, de esperar tudo, menos a capacidade do próximo. 
Claro que, muitos podem ter este sentimento apenas por um momento, para logo após voltar a “normalidade interior”. Outros não. E algumas pessoas até, não creem na capacidade do outro, julgando-se donas da verdade.  Eu chamo isto de "amizades viciadas". Estranho ? Nem tanto. Conheço, pessoalmente, e tenho (tive) contato com estas "amizades". Inclusive eu até, em um determinado momento da minha vida, fui assim, hoje porém, sei quem sou, onde pretendo ir, meus propósitos e projetos, o crescimento humano gradual, me trouxe novas perspectivas sobre o outro e a vida.

Explico que, não repudio, tais pessoas, mesmo porque, somos humenos, muito pelo contrário, sou extremamente grato, porque aprendi com a situação, ou situações. Também tenho, as minhas imperfeições, todos tem. Mas tomei resoluções em minha vida pessoal, há pouco, de cortar contato e relações com tais pessoas, ou seja, não quero, e eu decido, de que elas não farão mais parte de meus círculos próximos. Afastei-as, para um círculo mais exterior. Como disse, não é uma questão de "brigar com tudo e todos", ou "frustrar-se" ou julgar de forma imprudente, não. É a medida final, tomada após um longo período de prova, é uma questão prática, visto que situações assim de proximidade com amizades "viciadas", não acrescentam em nada, o meu crescimento pessoal como ser humano.
Exemplo: Você, ou já viveu, ou já ouviu falar, da situação daquela pessoa que passa a impressão, que na maior parte das vezes que te encontra, sempre espera que ou você esteja: na mesma, ou pior, ou precisando de ajuda, etc. Quase que comparado a uma codependência, e até pode ser, dependendo da situação. Comportamentos e sentimentos codependentes com relação ao outro e seu estado de espírito. Amigos, amizades, podem tornar-se codependentes, e mais, estas pessoas, tem a tendência, de estar sempre "tentando ajudar", "consertar" o outro, e estarem "acostumadas", com o outro "mal", com o outro frágil, desprovido de iniciativas. Enfim, nada que impeça, ao meu ver, um cordial relacionamento, com encontros casuais.
 

Mas de fato, encerro páginas, e o mais importante, "abro" janelas. A partir daí, quando após ponderar, aguardar o tempo certo, esperar e promover uma possível mudança, nada ocorre, aí então, encerrada a etapa, substitui-se. Sim, novas amizades, novos círculos, novos ares e locais. Somos seres sociáveis, temos a necessidade de amigos, de conviver em sociedade, isto é certo e muito salutar, mas nada nos obriga a conviver por toda uma vida, com amizades que são norteadas pela doença pessoal de cada um, e se as pessoas não mudam ( e quanto a isto não há o que fazer pois nós não temos o poder de mudar ninguém ), substituir é a saída, afinal, se alguém quizer "pular" da ponte, podemos até tentar dissuadir da intenção, mas "pular" junto, oras, não mesmo. Digo não as amizades "viciadas", "viciadas" em uma pessoa, que não existe em mim, que não faz parte de mim, "viciadas" na minha estagnação, "viciadas" em "me mudar", ou em esperar que eu esteja "mal", para então encontar sentido na amizade doente que é, a desta natureza.

Fecham-se gavetas, encerram-se etapas...Novas amizades, saudáveis, de respeito mútuo, de reconhecimento mútuo...sem expectativas irreais ou "doentes".

Autor-Emerson

Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade

Danos ao Organismo - A Devastação da Cocaína

Uso, abuso e dependência de cocaína


Cocaína

Nem todos os usuários de cocaína tornam-se dependentes da droga. Da mesma forma, nenhum dependente de cocaína, ao iniciar o consumo, tinha a intenção de se tornar dependente da substância. No entanto, não existe um limite nítido entre o início do consumo, o uso continuado e o desenvolvimento dos transtornos decorrentes do uso da droga (principalmente Abuso e Síndrome de Dependência). A experimentação da cocaína se desenvolve sempre em um meio (contexto) social definido, promovendo efeitos estimulantes e euforia pronunciada. Nenhuma das conseqüências negativas do consumo está presente (nos primeiros meses de consumo ocasional), parecendo ao usuário iniciante que os avisos e informações que tinha sobre a droga antes da primeira experiência, eram exagerados ou simples "propaganda enganosa". Em busca dos efeitos inicias, o consumo da cocaína continua; o sujeito passa a visitar outros usuários com mais freqüência, dando-se a desculpa que "estes são verdadeiros amigos" por compartilharem sensações e prazeres semelhantes, diferentes dos amigos "caretas" de antigamente.

Pela primeira vez acontece a compra da cocaína de um destes amigos e o consumo se intensifica. Até este momento poucos efeitos negativos são evidentes. A família nota alguma mudança, mas como o indivíduo mantém (quase) todas as suas atividades anteriores (trabalho, estudo, pernoitar em casa, etc.), a desconfiança muitas vezes não é revelada ao usuário; este se sente ainda mais confiante, também pelas próprias características da droga. Mais um período de consumo e entra em contato com fornecedores de quantidades maiores, traficantes ou "aviões" (outros usuários que mantém seu consumo por meio de comércio de pequenas quantidades da droga). 

Descobre, então que quando adquire maior quantidade ocorre um barateamento de seu consumo; compra grande quantidade "para usar ao longo do mês"; infalivelmente consumindo em período muito menor. Algumas conseqüências negativas já são evidentes, mas sua importância é muito menor do que o prazer obtido pelo consumo da substância. "Perco de um lado, mas ganho de outro", pensa o usuário, já atrelado ao caminho determinado pela droga. 

Podem começar a ocorrer episódios de consumo de grandes quantidades durante várias horas ou poucos dias, as orgias de consumo ("binges" em inglês). Neste ponto suas atividades e atribuições anteriores ao consumo já sofrem de negligência importante, contribuindo ainda mais para o retorno ao consumo. A situação tem a gravidade intensificada e o usuário muito se assemelha ao camundongo de laboratório que fornece aos pesquisadores inúmeras informações sobre as drogas de abuso, passando a consumir compulsivamente a despeito das evidências claras de prejuízos sobre sua vida e daqueles que o cercam. Neste ponto qualquer pessoa identifica o dependente de cocaína. 

O tratamento tem como objetivo interromper o consumo, restaurar suas conseqüências e mudar o estilo de vida do indivíduo, que facilita o retorno ao uso. O fator mais relevante deste pequeno exemplo, de um dos padrões de consumo que evolui para a Síndrome de Dependência, é que o indivíduo não necessita chegar a este estado terminal para ser considerado dependente. Qualquer pessoa (não dependente) concorda que muito antes disto, o indivíduo perdeu a sua capacidade de controlar o consumo de cocaína. A perda deste controle parece ser o fato central do estabelecimento do estado de dependência; a cocaína passa a controlar o indivíduo, e não o contrário, que ocorreu no momento da experimentação inicial.Quanto mais cedo se detecta a dependência maior o sucesso que intervenções terapêuticas podem obter. 

Com este último conceito como foco tanto a Organização Mundial de Saúde (OMS), como a Associação Psiquiátrica Norte-americana (APA), estabelecem critérios que direcionam o diagnóstico da Síndrome da Dependência, com o intuito de diagnosticar precocemente este Transtorno com enorme custo social.
Conforme descrito acima, a Dependência é uma Síndrome, cujos sintomas se manifestam em áreas de funcionamento social, psicológica e biológica do indivíduo e estes critérios privilegiam estas áreas de impacto.

Critérios diagnósticos da Síndrome de Dependência
Síndrome de Dependência – diretrizes diagnósticas
 

Um diagnóstico definitivo de dependência deve usualmente ser feito somente se três ou mais
dos seguintes requisitos tenham sido experienciados ou exibidos em algum momento durante o ano anterior: 
  • Forte desejo ou compulsão para consumir a substância;
  • Dificuldade para controlar o comportamento de consumir a substância, em termos de seu início, término ou níveis de consumo;
  • Estado de Abstinência fisiológico quando o consumo da substância cessou ou foi reduzido, como evidenciado por:
  • Sintomas característicos para a abstinência da substância
  • Retorno ao uso da substância (ou similar) para alívio ou evitação destes sintomas
  • Evidência de Tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas. Se o indivíduo mantém a dose estável, outra forma de verificar a presença deste critério é a redução dos efeitos da substância;
  • Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substância, aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou ainda para se recuperar de seus efeitos
  • Persistência no uso da substância, a despeito de evidências claras de conseqüências manifestamente nocivas.

(OMS, 1993)

 
O Abuso da cocaína é um transtorno com diagnóstico de exclusão, ou seja, só pode ser diagnosticado quando a dependência não se encontra presente. Este diagnóstico, descrito pela APA (Associação Psiquiátrica Norte-americana), focaliza fundamentalmente o consumo problemático e recorrente da cocaína, ou seja, o indivíduo que passa a ter comprometimentos sociais, médicos, psicológicos ou legais e mesmo assim mantém seu uso por período mínimo de um ano (12 meses), mesmo não sendo dependente (por não apresentar os sintomas descritos para a dependência da cocaína, descritos acima).


Esta pessoa geralmente tem um menor impacto da droga sobre sua vida (representado por conseqüências geralmente mais brandas do que na dependência), porém caso não seja submetido ao mesmo tratamento que o dependente terá (quase que) infalivelmente o destino da Síndrome de Dependência. Por ter, teoricamente, menores conseqüências negativas, pode-se considerar o Abuso de cocaína como um transtorno que tem a possibilidade de obtenção de melhores resultados terapêuticos do que a Dependência. 

Formas de consumo da cocaína  - a droga e seus derivados

  
Crack - Derivado da pasta base de cocaína ou da cocaína em pó
Embora o termo "Crack" venha sendo veiculado há pouco mais de 15 anos, a história do consumo dos produtos da cocaína é bastante antiga. Relatos sobre o uso das folhas do Arbusto Erythroxylon, natural da América do Sul, mais especificamente encontrado na região Amazônica, são encontrados em tribos peruanas 2000 anos antes do descobrimento de nosso continente. A folha mascada libera baixas doses de cocaína, substância ativa da planta, que promove todos os seus efeitos. 

O uso, porém, era controlado, associado exclusivamente aos propósitos religiosos, ocupacionais ou como prerrogativa da mais alta casta deste povo. Esta forma de uso se manteve até a civilização Inca, mesmo quando da chegada dos espanhóis, que logo verificaram suas propriedades de estímulo na exploração do ouro da Terra Nova. Contudo a tentativa de transporte da planta para a Europa, naquela época, destruía a substância ativa contida nas folhas, perdendo todos os seus efeitos estimulantes. Esta razão foi responsável pelo esquecimento da substância nas publicações européias dos séculos seguintes, até que na metade do século passado foi conseguida a extração da substância pura, a cocaína, em forma de pó.
 

Uso de cocaína inalada (cheirada)-http://mais24hrs.blogspot.com.br/
Consumo na forma aspirada
A apresentação aspirada produzia um efeito muito maior do que o observado na mascagem das folhas, tornando-se coqueluche no final do século passado no Velho Continente – a primeira epidemia de consumo da coca. Ao mesmo tempo a medicina inventava um método novíssimo para administração de remédios, a injeção. Assim, as principais formas de consumo na virada do século eram intranasal e intravenosa. (Nota Mais 24 Hrs - Na sua forma de consumo via intravenosa, vale destacar o perigo de contração de doenças como hepatite C, AIDS, e infecções, provocadas por seringas não esterelizadas, e pelo sangue coagulado, devido a perfurações mal sucedidas, disto, vale salientar que podem advir inclusive amputação de membro (braço), ou infecção generalizada, choque, e quadros de consequência ao sistema cardíaco)

 Em seguida, porém, a sociedade foi obrigada a se confrontar com um imenso rol de complicações e conseqüências desastrosas do consumo de cocaína e em 1914 a cocaína passava a ser proibida tanto nas Américas como na Europa. A sociedade moderna tomava consciência, pela primeira vez, do potencial destrutivo desta droga.
 
Cocaína usada na forma injetável/intravenosa
De uma forma extremamente interessante, a proibição surtiu efeitos importantes e o uso da cocaína praticamente desapareceu por pouco mais de meio século. A cocaína ressurge no início da década de 1970 e surpreendentemente, ganha a reputação de droga segura e "light", a "vitamina dos anos 90". O resultado disto foi a explosão do consumo na América do norte, atingindo seu pico em 1985 nos Estados Unidos da América e cinco anos mais tarde em nosso país. O Brasil passa a ser reconhecido como uma das principais vias de exportação da droga, principalmente para a Europa.
 
Em meados da década passada a sociedade teve contato com o "crack". Denominado de "pedra" pelos usuários em nosso meio, é consumido por "via" fumada. A pedra unitária tem preço mais acessível, promovendo a impressão que o usuário economiza quando troca o consumo do pó pela pedra. Grande ilusão: a "pedra" tem quantidade mínima de substância ativa, muito menor do que o pó; seus efeitos, porém são mais pronunciados pela liberação da cocaína diretamente na corrente sangüínea através dos pulmões. Reputado como "uma nova droga" o crack não passa de um novo método de consumo de uma droga muito antiga. 

Merla - Derivado da pasta base de cocaína
Próximo às áreas de produção, entretanto, uma outra forma de fumar a cocaína, há muito era utilizada: a pasta-base. Esta é uma mistura das folhas com solventes químicos, que apresenta enorme toxicidade (40% de impurezas). Uma outra forma de fumar a cocaína é conhecida em várias regiões do Brasil com o nome de Méla ou Merla. Esta é mais tóxica ainda que a pasta base, sendo que as complicações médicas são ainda mais precoces no curso do uso da cocaína. Outra forma ainda que o organismo absorve a cocaína é através de mucosas. As complicações médicas deste consumo são imprevisíveis e freqüentemente letais.
 
No processo de produção da droga, éter, acetona, querosene, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, amoníaco são usados, contribuindo para a toxicidade da droga. Outras substâncias igualmente tóxicas (gasolina, talco, etc.) freqüentemente são acrescidas à cocaína já produzida, com a finalidade de aumentar o lucro do tráfico. Mudam os processos de produção, as vias de utilização e os produtos finais, porém em comum a todas encontramos a mesma substância ativa: a cocaína.
 
Oxi - Derivado da pasta base de cocaína
Também em comum às diversas formas de consumo temos a Dependência, o uso compulsivo, as complicações em várias áreas de funcionamento do consumidor (família, saúde, ocupação, entre outras), o imenso custo social e de saúde (estimado em até 300 bilhões de dólares norte-americanos por ano, apenas nos EUA), a criminalidade e enfim, a morte.
 
Utilizaremos, nesta publicação o termo cocaína abrangendo todas as formas de consumo citadas acima, não exclusivamente ao consumo do pó. Vale ressaltar que muitos usuários relatam mais de uma via de administração da droga, freqüentemente citada como: "a que estiver disponível, consumimos". Acrescentaremos, sempre que necessário, as características que diferem as formas nos tópicos abordados.

Quais os efeitos imediatos (agudos) do uso da cocaína?  

Consequencias do uso de cocaína-http://mais24hrs.blogspot.com.br/
Rompimento do palato pelo uso de cocaína
O consumo intranasal de cocaína produz seus efeitos entre 1 e 2 minutos após o uso, tendo duração de 30 minutos, em média. Tanto o uso endovenoso como o fumado, produzem efeitos quase imediatos, porém estes se dissipam mais rapidamente (até 10 minutos), muitas vezes obrigando o indivíduo a voltar a utilizar a droga após 5 minutos. Os metabólitos (produtos ou "restos" do uso da substância ativa) podem ser detectados alguns minutos após poucas aspirações (ou injeção), permanecendo por até três dias.
 
O efeito imediato esperado pelo consumidor é a euforia produzida pela cocaína. Conjuntamente com a estimulação produzida, dá a falsa sensação ao indivíduo de aumento de suas capacidades físicas, intelectuais e energia. Diminui o apetite e a necessidade de sono, o indivíduo fica mais ansioso e às vezes passa a suspeitar que está sendo observado ou perseguido. Usuários contam que a sensação do tato torna-se mais intensa, bem como a disposição para manter relações sexuais. A cocaína pode promover até ejaculação espontânea, dependendo da dose e da via utilizada. Este efeito repetido, porém, tem como conseqüência, em muitos usuários, a perda da capacidade de obter prazer sexual convencional, que se mantém por meses após a interrupção do consumo da droga.
 

Drogas...Danos ao Organismo - Cocaína e Crack http://mais24hrs.blogspot.com.br/
Infográfico
A euforia se transforma rapidamente em depressão e irritabilidade, aumentando a necessidade de voltar a acender o cachimbo ou "esticar" mais uma fileira. O sujeito passa a ter uma autoconfiança irreal, podendo ainda apresentar alucinações (auditivas e visuais) e delírios de perseguição, indistinguíveis da patologia psiquiátrica (ex. Esquizofrenia). Sintomas físicos do consumo são observados: aumento da pressão arterial, aumento da freqüência dos batimentos cardíacos, constrição dos vasos sangüíneos (desaparecimento de veias), aumento da temperatura corpórea, liberação de açúcar no sangue, e aumento da força da contração do músculo cardíaco. 

A droga tem a capacidade de promover anestesia local, fato que motivou sua utilização médica no século XIX. A cocaína possibilitou, de fato, a primeira cirurgia oftálmica – como conseqüência indireta deste fato, o primeiro oftalmologista a realizar esta cirurgia tornou-se dependente da droga, interrompendo precocemente sua carreira profissional. Devido aos riscos da droga e ao desenvolvimento de outros anestésicos seguros, tal utilização foi completamente banida da Medicina até 1914. Quando os efeitos da droga dissipam, o usuário conta que apresenta sintomas contrários (depressão, angústia, etc.) , levando-o ao desespero por uma nova dose ("fissura" – característica mais proeminente de todas as formas de consumo da cocaína).

Quais as conseqüências do uso continuado (crônico) da cocaína?

Paranoia causada pela cocaína
Se os efeitos agudos da cocaína já são perigosos, os efeitos e conseqüências do uso continuado são letais. Suas conseqüências são quase sempre desastrosas sobre a vida do usuário, promovendo prejuízos em suas mais diversas áreas de funcionamento. Depressão intensa com risco de suicídio, desmotivação, sonolência, irritabilidade crônica, episódios paroxísticos de ansiedade (ataques de pânico) e finalmente psicose paranóide (O indivíduo tem certeza que está sendo perseguido, mesmo confrontado com a inexistência de indícios reais) são os efeitos psíquicos mais observados na utilização crônica da droga. As complicações médicas são destacadas no próximo capítulo. Se antes do uso o indivíduo já apresentar sintomas depressivos, estes se tornam mais severos ainda, resultando ocasionalmente em tentativas de suicídio.
 
Separação conjugal, abandono de atividades ocupacionais (ex. perda de emprego), incapacidade de cumprimento de obrigações sociais, dependência financeira ou engajamento em atividades criminais são descritos por muitos usuários "crônicos".
 

Possíveis danos cocaína - Hemorragia nasal
Aos efeitos crônicos associam-se os efeitos potencialmente letais da droga. O uso de cocaína é a principal causa de infarto agudo de miocárdio em jovens (até 40 anos) nos EUA. A cocaína altera o ritmo elétrico cardíaco, produzindo arritmias, que podem ser visualizadas no eletrocardiograma. O aumento da pressão arterial descrito no capítulo anterior contribui para a ocorrência de hemorragias (sangramentos) em diversas partes do corpo, inclusive no cérebro, possibilitando a ocorrência de acidentes vasculares cerebrais (conhecidos como "derrame"). O aumento de temperatura corpórea pode atingir mais de 42º, provocando a morte por hipertermia. Doses maiores estão relacionadas com parada respiratória. 

Uma das conseqüências mais importantes do consumo da cocaína é o surgimento de convulsões. A cocaína é um potente facilitador da ocorrência de convulsões de todos os tipos, principalmente tônico-clônicas (indistinguíveis daquelas da epilepsia). Em animais de laboratório (geralmente ratos e macacos) "tratados" com cocaína, observamos mortes por convulsões (acompanhados de inanição e exaustão) após 17 dias de consumo da droga. Imagina-se que caso o ser humano tivesse acesso irrestrito à droga, o resultado seria muito semelhante. 

Complicações médicas do consumo de cocaína (crack, merla, óxi)

Podemos dividir as complicações associadas à droga em:

Complicações médicas do consumo de cocaína:
  • Decorrentes dos efeitos próprios da droga: complicações médicas e psiquiátricas
  • Decorrentes das substâncias adicionadas à cocaína (adulterantes)
  • Decorrentes da via de consumo utilizada
  • Decorrentes do estilo de vida do usuário de cocaína
Usuário de crack
As conseqüências médicas do consumo vão desde um ligeiro sangramento nasal após um uso isolado, até comprometimentos irrecuperáveis e morte, como enfatizado no capítulo anterior. Alguns dos mais dramáticos comprometimentos da cocaína ocorrem sobre o Sistema Cárdio-respiratório. Angina de peito, infarto agudo do miocárdio e aumento do volume cardíaco são os efeitos mais proeminentes observados sobre o coração. Usuários crônicos apresentam capacidade respiratória reduzida e maior dificuldade de transporte de oxigênio. Um quadro agudo relatado por usuários por via fumada é conhecido como "Pulmão de crack": dor intensa no peito, falta de ar e tosse sanguinolenta. Freqüentemente o indivíduo se queixa de impotência sexual, incapacidade de ejaculação ou de obter o orgasmo. Diminuição do desejo sexual é observada em usuários crônicos de ambos os sexos. Tentativas de suicídio são comuns entre usuários de grandes doses. As oscilações entre a euforia produzida pelos efeitos da droga e a depressão posterior estão relacionadas às tentativas, bem como o próprio estilo de vida do indivíduo.
 

As complicações pela via de consumo ocorrem em conjunto com as complicações pela via de consumo preferencial. As mais comuns são infecções de pele (injeções contaminadas), infecção na válvula cardíaca, AIDS e Hepatite. A pele infectada se apresenta inchada, dolorida, avermelhada e quente; quando presentes febre e calafrios podem ser indicativo que a infecção atingiu o sangue e/ou outros órgãos (Sepsis). Esta é uma conseqüência letal se o indivíduo não se apresentar para tratamento imediato. O uso por via intravenosa transmite infecções de um usuário para outro, sendo as mais dramáticas a Hepatite por vírus e a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS).
As lesões no fígado podem ter ainda causas tóxicas, pelas substâncias adicionadas, somando-se aos efeitos do álcool que é consumido conjuntamente à cocaína.

Possíveis danos cocaína - Endocardite bacteriana
Endocardite bacteriana é a denominação médica para a infecção sobre as válvulas cardíacas. Bactérias encontradas na própria pele do usuário ou na água utilizada para diluir a droga, são injetadas conjuntamente à coca e encontram dentro do coração um local seguro para se instalar e reproduzir. As válvulas cardíacas passam a ter funcionamento prejudicado, com dificuldades para deixar passar o fluxo de sangue ou ainda não conseguindo evitar que o sangue bombeado pelo coração reflua. Ao exame físico são ouvidos sopros cardíacos e a ultra-sonografia (Ecocardiografia) comprova o diagnóstico. A condição deve ser prescrita com antibióticos por períodos longos, e mesmo quando tratada adequadamente pode necessitar cirurgia cardíaca para reposição da válvula acometida.
O estilo de vida do usuário crônico predispõe a complicações de outra ordem. É mais comum que o usuário crônico de cocaína também utilize álcool e outras drogas, podendo desenvolver dependência a estas. Dependência de mais de uma substância representa potencialização dos efeitos danosos de cada uma. O usuário crônico usualmente se engaja em atividades ilícitas (criminais) para obtenção da droga e manutenção do consumo. O envolvimento criminal, por sua vez, resulta muitas vezes em acidentes e homicídios, que podem ser considerados também como complicações médicas do consumo da droga, além de suicídio, citado anteriormente.

Cocaína e mulheres

Até pouco tempo atrás, pensava-se que todos os dependentes eram iguais e assim formariam um grupo homogêneo. Somente nos últimos 25 anos os serviços de tratamento perceberam a necessidade de identificar subgrupos de dependentes, com a finalidade de ajustar as propostas terapêuticas para cada subgrupo.
 
Com o aumento da procura de tratamento por pacientes do sexo feminino foram verificadas características diferenciais, próprias desta população. O consumo de álcool e drogas em mulheres carrega um estigma social e moral mais intenso, as mulheres costumam procurar tratamentos médicos clínicos gerais ao invés de serviços especializados em tratamento de dependência química, suas razões para início e manutenção do consumo são diferentes (p.ex. os homens costumam consumir com amigos e a mulher, sozinha), bem como o impacto das drogas sobre sua saúde.
Também é mais freqüente encontrarmos co-morbidade psiquiátrica (associação de transtornos psiquiátricos, principalmente Depressão, com Abuso e Síndrome de Dependência) em mulheres do que na população dependente masculina, demandando tratamento associado de ambos os quadros clínicos. O organismo da mulher parece mais frágil ao impacto da cocaína, com maiores alterações hormonais, que acarretam desde produção de leite até ausência dos ciclos menstruais.

As complicações clínicas costumam ser também precoces, sendo de fundamental importância (e gravidade) a associação de gravidez com o consumo de cocaína. A cocaína atravessa rapidamente a placenta, exercendo todos os seus efeitos físicos sobre o feto (hipertensão, constrição de vasos sangüíneos), levando à falta de oxigenação e suprimento de sangue adequado. Recém-nascidos de gestantes consumidoras apresentam diversas complicações que incluem baixo peso ao nascimento, morte logo após o parto, malformações (genitais, urinárias, redução do tamanho do cérebro, entre outras), hemorragia cerebral, alterações de padrão de sono, diminuição de alimentação, aumento de reflexos e disfunções musculares. 


Estas últimas podem durar até 2,5 meses após o parto. Uma parcela das mulheres dependentes de cocaína se engaja em prostituição como forma de obtenção de droga. O inverso também parece ser verdadeiro, havendo uma alta prevalência de prostitutas que consomem cocaína, álcool e outras drogas. Problemas relacionados à impulsividade, dificuldades interpessoais e dificuldade no julgamento foram associadas às dependentes de cocaína. Porém não se conseguiu definir se estas características eram anteriores ou conseqüências do consumo da droga.
 

Algumas considerações adicionais, relativas ao tratamento de mulheres dependentes, devem ser enfatizadas, com a finalidade de possibilitar melhores resultados terapêuticos:
Prover possibilidade de cuidados para os filhos, no mínimo durante os momentos que a paciente se encontra em contato com o serviço de tratamento.
Identificar rapidamente padrões de consumo compulsivo (ou Abuso/Dependência) de medicações prescritas, que dificultam o engajamento da paciente no processo de recuperação e mudança do estilo de vida (por exemplo, "calmantes").
Treinamento intensivo de auto-estima, geralmente mais abalada do que na população dependente do sexo masculino.
Modelagem dos papéis sociais da mulher (por exemplo, familiar e ocupacional). 

Cocaína entre adolescentes

O período que abrange o final da adolescência até o início da idade adulta é a fase da vida em que existe maior risco para o início do uso de cocaína. A adolescência é considerada uma fase crítica da vida do indivíduo, onde ocorrem diversas modificações internas (características da personalidade) e externas, como por exemplo, o surgimento de caracteres sexuais secundários. O indivíduo se afasta dos pais e aproxima-se de colegas e amigos, fazendo uso da "liberdade" conquistada (de forma gradativa ou abrupta). Esta fase também é reconhecida como tendo um grande componente de ansiedade e estresse. O adolescente apresenta também uma tendência natural para o envolvimento em situações de risco. A dificuldade na previsão de conseqüências no futuro (prospecção) faz que o indivíduo jovem viva exclusivamente o "aqui e agora". Estes fatores parecem contribuir para a experimentação de álcool e drogas, particularmente a cocaína em nosso meio.
 

O indivíduo jovem busca, então, ser admitido em um grupo social de "iguais", o que inclui a aquisição dos comportamentos deste grupo, e a experimentação de álcool e drogas geralmente consiste em um dos principais comportamentos. A cocaína ocupa a 8ª posição entre as drogas de abuso no Brasil, tendo seu consumo quadruplicado nesta população entre 1987 e 1997 (0,5% para 2% entre estudantes de 1º e 2º graus). O mesmo levantamento aponta o crescimento do consumo ao longo da vida, bem como o aumento de usuários "pesados" nesta população em 8 entre 10 capitais pesquisadas, sendo que as taxas de uso freqüente aumentaram em 6 cidades pesquisadas. Entre 1993 e 1997 o crescimento do uso durante algum momento na vida do estudante de primeiro e segundo grau foi da ordem de 80%, indicando a importância do problema do consumo dessa droga entre adolescentes (Galduróz, J.C.F.; Noto, A.R.; Carlini, E.A.).
Entre os adolescentes em tratamento no Hospital de Clínicas em São Paulo, a cocaína é a segunda droga mais consumida, perdendo apenas para a maconha (Scivoletto, S.; Andrade, E.R.).

A adolescência é considerada como um período crítico para o surgimento de complicações pelo consumo de substâncias psicoativas. Adolescentes tem progressão mais rápida do consumo e de seus resultados danosos. Os prejuízos que o consumo acarreta levam a conseqüências de difícil reversão: interrupção do desenvolvimento da personalidade, resultando em deficiências futuras do funcionamento do indivíduo. O consumo afeta ainda o desenvolvimento das funções sociais do sujeito, bem como o estabelecimento de relações interpessoais (p.ex. afetivas). Este quadro apresentado acima torna o consumo de álcool e drogas nesta população um problema ainda mais catastrófico do que o observado em indivíduos na fase adulta. O tratamento, portanto, deve ter início o quanto antes.
 

O tratamento deve ter a orientação para a abstinência total e de todas as drogas (e álcool), da mesma forma que deve ocorrer na população adulta. Porém esta tarefa é muito mais difícil para o adolescente, pelo fato do adolescente não dispor, ainda, de um sistema de suporte social (trabalho, relações afetivas, etc.). A família constitui a única exceção. Outro problema adicional para os adolescentes é representado pelo modelo assistencial, que vem sendo desenvolvido neste século voltado à população adulta. Isto resulta em dificuldades intrínsecas para a obtenção de sucesso terapêutico. Adolescentes dependentes têm, por exemplo, poucas (ou nenhuma) atividades alternativas ao consumo de álcool e drogas, e inúmeras vezes só tem relacionamentos com outros usuários, traficantes e dependentes. Piorando ainda mais a situação, o engajamento em micro-tráfico ("avião") é uma das maneiras freqüentes de obtenção da droga.
 

Os objetivos terapêuticos do tratamento da população de adultos jovens devem incluir proposta de mudança global do funcionamento do indivíduo e de seu estilo de vida, desenvolvimento de valores "saudáveis", atitudes e comportamentos que propiciem a interação social positiva e esforço para a reabilitação ocupacional (escola, preparação vocacional, etc.), de forma ainda mais intensiva que para a população adulta.
Muitos usuários começam a utilizar cocaína durante o período acadêmico, e uma parcela deste grupo passa a consumir a droga também em outras situações, mantendo e agravando o consumo da cocaína, propiciando as condições ideais para o desenvolvimento da Dependência. Um corolário dos aspectos apresentados neste capítulo é o uso de drogas entre estudantes universitários, que se encontram na fase de vida imediatamente posterior à adolescência. Este aspecto é de extrema importância, uma vez que os universitários irão a futuro breve, constituir a massa crítica da nação. Em nosso país a situação também merece cuidados especiais; estudo realizado na Universidade de São Paulo detectou taxas de até 8% de consumo de cocaína na população estudante (Andrade, A.G.; Queiroz, S.; Villaboim, R.M.C.).
 

A melhor abordagem do problema, apresentando também a melhor relação custo-benefício possível é a prevenção ao abuso de drogas. Prevenir significa desenvolver programas junto às comunidades (em geral), pesquisando as características próprias cada uma delas e, de acordo com suas particularidades, elaborar estratégias para evitar tanto o início do consumo como o caminho rumo aos transtornos decorrentes das substâncias psicoativas (abuso e dependência), incluindo da cocaína. Estes programas há muito já se fazem necessários para a efetiva abordagem do problema do consumo de drogas entre adolescentes.

Cocaína e a família

Familiares compartilham genes que podem contribuir para o abuso de drogas. Isto é verificado na dependência do álcool, quando se observa que gêmeos separados ao nascimento têm grande concordância no diagnóstico de Dependência de álcool quando atingem a adolescência ou a idade adulta. Por outro lado, familiares também compartilham o mesmo meio ambiente, cultura e eventos vitais, havendo a possibilidade da aprendizagem de comportamentos, inclusive de consumo de álcool e drogas.
 
A Dependência de substâncias psicoativas é definida como um transtorno individual. Muitos especialistas aceitam, porém, o conceito da dependência como doença familiar, por atingir diretamente não só o usuário, mas aqueles que o cercam. As reações familiares à dependência na família abrangem um enorme leque que vai desde a expulsão de casa até a aceitação do consumo dentro do ambiente familiar. Costumamos denominar este último de "FACILITAÇÃO" (favorecimento de comportamentos e atitudes relativos ao consumo de drogas), que sempre acarreta conseqüências desastrosas. Embora compreensível, aceitar que o familiar utilize qualquer tipo de drogas dentro de casa (geralmente para evitar as complicações legais) estimula os múltiplos comportamentos relacionados à intensificação do consumo, aceleração do desenvolvimento da dependência, dificuldade de trazer o indivíduo para o tratamento e ocorrência de complicações precoces (médicas, psicológicas e sociais). 

Entre os principais exemplos de facilitação encontram-se a liberdade excessiva, a preocupação em ocultar as falhas que o usuário apresenta (desculpas para a escola, trabalho, etc.), falta de limites (dinheiro, horários, aceitação de agressividade) ou mesmo "fechar os olhos" para as demais conseqüências que o usuário passa a apresentar quando se torna abusador ou dependente. 

A família necessita participar ativamente do tratamento e do processo de recuperação do dependente, como núcleo de suporte fundamental do indivíduo. Esta tarefa, porém, não é nada fácil, dados os prejuízos sofridos pelos familiares durante o curso da dependência do álcool e/ou drogas (agressões, furtos domésticos, doenças do paciente, etc.). Para tanto, paralelamente ao tratamento individual, uma intervenção terapêutica familiar é sempre aconselhável.

Intervenções familiares no tratamento da Dependência  


MODELOS DE TERAPÊUTICA FAMILIAR
NÍVEL DE INTERVENÇÃO
OBJETIVOS


Orientação familiar

 
Orientar os familiares da filosofia e abordagens do tratamento individual
Informar a família sobre o programa terapêutico e a inclusão do paciente e solicitar suporte familiar

Grupos psico-educacionais de familiares

 
Orientação sobre aspectos vivenciais (funcionamento familiar) com ênfase em aspectos do consumo e da dependência
Informar familiares se aspectos de relações pessoais e como estas são relevantes no abuso e dependência de substâncias
 
Aconselhamento familiar
 
Contrato de tratamento familiar com o objetivo de resolução de problemas familiares específicos identificados no tratamento do dependente.
Auxiliar na solução de problemas identificados pelos integrantes da família que sejam relacionados ao consumo de drogas e/ou álcool
 
Terapia familiar
 
Contrato terapêutico com a família para intervenções com o objetivo de tratar disfunções crônicas e sistêmicas.
Abordar e procurar modificar áreas de comprometimento familiar (sistema), relacionando-as à dependência de substâncias psicoativas
 

Nar-Anon (Grupo para familiares/codependentes de Narcóticos Anônimos)
Grupo de autoajuda com enfoque familiar
 
Não é considerado tratamento, porém possibilita compartilhar experiências com outras famílias de dependentes.

Tratamento para indivíduos com abuso ou dependência de cocaína e crack
 
A dependência de cocaína é um transtorno passível de tratamento, ao contrário do que muitas pessoas pensam. Porém é certo que nenhum modelo de tratamento pode ser considerado eficaz para todos os pacientes. Indivíduos que desenvolvem Dependência de cocaína possuem diferentes características e necessidades. Estudos apontam uma boa relação custo-benefício do tratamento; o resultado mais comum dos diversos tratamentos é a redução do consumo nos anos posteriores, bem como a diminuição das atividades ilegais e do comportamento criminal do dependente. O tratamento, porém, necessita ser entendido como um processo contínuo, assim como modelos médicos utilizados em doenças crônicas, como Diabetes e hipertensão arterial. Nem todos os usuários necessitam de tratamento; muitos interrompem definitivamente o consumo após o surgimento dos primeiros prejuízos. Outros, todavia, continuam a usar a cocaína apesar das conseqüências evidentes que passam a apresentar. 

A necessidade do tratamento é muitas vezes determinada pelo envolvimento obsessivo do sujeito com a droga que passa a prejudicar os demais aspectos de sua vida.
O processo terapêutico inicia com medidas para trazer o paciente para os serviços de assistência. O dependente não procura tratamento por achar que está usando droga demasiadamente, mas sempre frente a "situações de crise", geralmente envolvendo trabalho, família, situação financeira, problemas legais, emergências médicas e rompimento de relacionamento afetivo. Uma forma de promover o acesso do indivíduo a tratamento é interromper a "FACILITAÇÃO" familiar, conforme discutido no capítulo anterior. No momento do ingresso ao tratamento, quase sempre o paciente tem a ilusão de poder retornar ao uso controlado da cocaína ("dar um tempo"). 


Esta ocorrência é impossível, pois uma vez cruzada a linha invisível da dependência, a capacidade de retorno a consumo ocasional ou controlado é definitivamente perdida (Washton, 1991). Muitas vezes o paciente demora meses ou anos, com inúmeras recaídas e aumento dos prejuízos, até que se conscientize deste fato.
Qualquer modelo de tratamento para a dependência da cocaína deve incluir alguns aspectos básicos, fundamentais para a obtenção de resultados positivos. A abstinência deve ser não somente da cocaína, mas de todas as drogas de abuso, primeiro e principal objetivo do processo terapêutico. Tanto o álcool como outras drogas deflagram "fissuras", mesmo meses (ou anos) após a interrupção da cocaína; como citado acima, o consumo tem um efeito desinibitório sobre o consumo de outras drogas (reduz a capacidade de evitar o consumo), aumentando ainda a impulsividade do paciente.
 

Aspectos psico-educacionais, tanto sobre a cocaína, álcool e outras drogas, como sobre a própria dependência devem sempre ser incluídos em qualquer modalidade terapêutica empregada. Este componente auxilia o paciente a compreender e aceitar a própria dependência. Deve incluir aspectos farmacológicos, princípios básicos da doença, sinais de recaída e formas de preveni-las, as conseqüências bio-psicossociais da dependência, aspectos familiares, capacitação e co-dependência (p.ex. cônjuge do dependente). O envolvimento familiar é fundamental. Outras medidas que costumam ser incluídas no processo são: terapia individual e familiar, participação de grupos de auto-ajuda, busca de atividades alternativas ao consumo de substâncias psicoativas, cuidados médicos, nutricionais e dentários, análises toxicológicas, intervenção farmacológica prescrita por profissional afeito às características da dependência e tratamento em regime de internação (hospitalar e comunidades terapêuticas). Quanto mais abrangente e completo o programa terapêutico, maior a chance de recuperação.
 
A internação do dependente, ao contrário do que se acreditava antigamente, não é solução para todos os pacientes. Ao contrário, os estudos científicos realizados nas últimas décadas não comprovam nenhuma vantagem de um método hospitalar em relação a ambulatório para toda a população de dependentes que buscam, ou são levados para o tratamento. Pelo contrário, a internação é melhor entendida como um método de promoção de abstinência, apenas uma parte da recuperação do indivíduo, devendo SEMPRE ser associada a seguimento ambulatorial posterior. 

O tratamento em ambulatório, de fato apresenta algumas vantagens sobre a internação, por ser menos custoso (possibilita ao serviço o tratamento de um maior número de dependentes), causar menor interrupção na vida do indivíduo (muito dependentes que procuram tratamento, por exemplo, continuam a manter atividades sociais e ocupacionais importantes, auxiliando na manutenção de toda sua família). A internação carrega também um estigma social importante, que é delegado ao indivíduo. O dependente aceita, mais facilmente o tratamento ambulatorial e este modelo busca que o paciente lide com sua compulsão em seu "mundo real" (ao qual irá retornar muitas vezes despreparado após período de internação). Por outro lado, existem algumas indicações importantes de internação, apresentadas na tabela abaixo:
Indicações de internação para dependentes


PRINCIPAIS INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO PARA DEPENDENTES

  • Risco de suicídio, agressividade física importante, quadro psicótico
  • Doenças médicas ou psiquiátricas associadas que indiquem internação (infarto de miocárdio, convulsões, etc.)
  • Intensa disfunção de vida do dependente ou incapacidade de lidar com tarefas básicas de sua própria rotina (cuidados pessoais, alimentação, etc.)
  • Dependência associada de substâncias que requerem tratamento hospitalar (abstinência de álcool ou opióides)
  • Fracasso das tentativas de abordagem ambulatorial do dependente
BIBLIOGRAFIA E LEITURAS RECOMENDADAS
  • Andrade, A.G.; Queiroz, S.; Villaboim, R.M.C. et al: Uso de álcool e drogas entre alunos de graduação da Universidade de São Paulo. Revista ABP-APAL, n.º 19, p. 53-59, 1997.
  • Carroll, M.: COCAINE AND CRACK. Springfield, Enslow, 1994.
  • Galduróz, J.C.F.; Noto, A.R.; Carlini, E.A.: IV Levantamento sobre uso de drogas entre estudantes de 1º e 2º graus em 10 capitais brasileiras, São Paulo, CEBRID, 1997.
  • Kosten, T.R.; Kleber, H.D.: CLINICIAN’S GUIDE TO COCAINE ADDICTION. New York, Guilford, 1992.
  • Leite, M.C., Andrade, A.G.: COCAÍNA E CRACK: DOS FUNDAMENTOS AO TRATAMENTO, Porto Alegre, Ed. Artmed, 1999.
  • Peck, R.G.: CRACK.. Rosen, New York, 1993.
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    Artigo compilado a partir das seguintes fontes:
    Parte Inicial Creditada a:
José da Silva é psicólogo, especialista em Dependência Química, CRP 06/98918. Atua no Núcleo Terapêutico Crisálida. Endereços eletrônicos: www.nucleoterapeuticocrisalida.com.br ou www.nucleocrisalida.blogspot.com. Mais informações pelos telefones 4255- 0404 / 6026-2446, 6459-7009 ou e-mail: pr-josedasilva@hotmail.com
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