1º Passo - A Rendição !
O 1º dos 12 Passos, de Narcóticos Anônimos. De maneira alguma, este post vem a ser uma espécie de tratado, ou um trabalho exato, são apenas "caminhos", ou "óticas", para que você possa entender, um pouco, do que se trata e como se aplicam, no programa de recuperação pessoal de um dependente químico, ou adicto.
O enunciado :
1-"Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas."
1-"Admitimos que éramos impotentes perante os efeitos de nossa separação de Deus, que tinhamos perdido o domínio sobre nossas vidas."
1-"Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção, e que nossa vidas tinham se tornado incontroláveis"
Notem, que inseri propositalmente, os enunciados do 1º passo, segundo AA (Alcoólicos Anônimos), segundo os "Doze Passos para os Cristãos", e o enunciado segundo NA (Narcóticos Anônimos). Os três, tem basicamente a mesma essência, sendo que o de AA, foi o original. Os três, são espirituais, ou seja, seus princípios, são encontrados na palavra de Deus. Há apenas algumas diferenças, importantes até, em Narcóticos Anônimos, o programa abrange todas as drogas, legais ou ilegais, excetuando o tabaco sobre o qual, NA não tem opinião. Em Alcoólicos Anônimos, o programa abrange de forma mais específica, o álcool apenas. E nos Doze Passos para os Cristãos, o passo, fala dos efeitos causados, pela separação do Poder Superior, Deus, da impotência diante destes efeitos, e do descontrole consequente.
Bem, o primeiro passo, tem princípios espirituais e palavras chave, inerentes à ele.
Derrota |
Admissão - Impotência - Rendição - Perca do Controle
Ninguém, poderá admitir, somente o adicto, ele próprio terá de admitir a sua própria impotência, diante das drogas/álcool, o que leva também a uma rendição. A negação, já não existe mais. O que vem a ser negação ? É a negativa diante da impotência, é a relutância em admitir a derrota, é a tentativa repetida de controlar o uso, é a negação de que temos uma doença, e de que nossos comportamentos insanos, estão nos prejudicando e a outros. Negar o problema, é uma defesa da doença, e do nosso egocentrismo e auto-suficiência.
O que diz a rendição neste caso ? Pense desta forma: Seria como uma luta, de um lado o lutador invencível, (a droga), e do outro o adicto, que por muito tempo insistiu em lutar com ele. Explico, a luta vem, após a constatação, ou pressão, em virtude do caos gerado pelo uso da substância, então, a pessoa devido a principalmente sua negação diante dos fatos, quer travar uma luta, já perdida na vã esperança e desejo até, de controlar o uso. No começo, aparenta-se ter vitória, mas era só uma aparência, uma ilusão, visto que cada vez, que o confrontava (a droga), perdia exemplarmente a luta. A insanidade de tentar controlar o uso: Por repetidas vezes, novamente o adicto iria tentar combater, tentar vencer (obter o controle). Sem sucesso. Até que por fim, chega a rendição. A droga só pode ser vencida, quando não há confronto direto. Render-se, é não mais lutar, não significa não ter ação (que é fundamental), mas simplesmente não mais lutar. Aí, inicia-se o processo da vitória, e é desta maneira, que a luta será vencida, mas de outra forma. Muitos adictos, infelizmente, não tem esta rendição, e acabam por morrer nas garras da doença, sem ter encontrado a recuperação, ou por não ter tido tempo, ou por não querer a rendição. Não há ilusão, a morte é uma certeza. Existem três caminhos: PRISÃO, INSTITUIÇÕES E MORTE. A morte, chega na maioria das vezes, de forma consequente: overdose, doenças, acidentes, violência.
Falta de controle, impotência... |
Como é que este ciclo mortal se interrompe ? Não há uma resposta única. Um choque emocional (morte de um familiar), uma súbita tomada de consciência diante da destruição (perdas seguidas em todas as áreas da vida), a constatação da própria realidade e do extremo (estado de mendicância, furtos, fome), uma repentina oferta de ajuda na hora certa, a prisão por crimes cometidos em virtude do uso e das consequências da doença, enfim...vários podem ser os motivos, e para cada um, é diferente. O também chamado "despertar", ocorre de maneiras diferentes. Infelizmente, na grande maioria dos casos segundo experiências, dificilmente esta "tomada de cosciência" ocorre no início. Mais frequentemente após experimentar um período significativo de uso, e em boa parte, após uma devastação total, na própria vida. A droga, é uma "roleta russa", muitos, não terão a oportunidade de experimentar o "despertar", a morte chegará antes. É um fato.
Segundo estudos, cada adicto causa codependência a um círculo de 30 pessoas em média, desde familiares, amigos, sociedade, vizinhos. Uns em maior, outros em menor grau.
O Primeiro Passo, É INEGOCIÁVEL, é o único na verdade, que deve ser praticado 100%, e com absoluta consciência. O início do ingresso em um programa de recuperação, é o 1º Passo. Parar de usar, em primeiro lugar. Muitos praticam este passo todos os dias, as vezes incoscientemente. As irmandades de AA/NA, e as reuniões de auto ajuda, são a base sólida, onde os ingressantes, reavivarão este passo, a cada reunião. Por 12 Horas, por 20 Horas, por 24 Horas...Só por hoje, só por uma hora, se um dia for muito. Pequenos propósitos para si próprio, este é o começo. Com o passar do tempo, a vida e a reestruturação, com a ajuda primordial do Poder Superior, Deus, darão ao adicto sustentabilidade, e a consequente recuperação da vontade própria, do poder de escolha. Não confunde-se com força, na verdade, há um paradoxo importante: "Quando se é fraco, é aí então que se está forte. Pois se estiver se sentindo forte, eis aí a fraqueza, e o perigo."
O único pensamento, é obter meios e maneiras de conseguir mais... |
Com a humildade, a aceitação, a boa vontade, a honestidade e a rendição, inicia-se o processo para o passo seguinte, para a volta da sanidade. Descobre-se, após a prática deste passo, um grande vazio interior, que era preenchido com o auto-engano, ilusão, e com a droga de preferência, que anestesiava os sentidos, as frustrações, as mágoas, os fracassos, as desilusões...e toda a sorte de sentimentos parecidos, inerentes ao ser humano. Descobre-se que, o uso é a pricípio, o grande problema a ser confrontado, a ser vencido, mas que, na verdade, o problema não está somente na droga de preferência, e sim no próprio adicto, em si mesmo. O confronto maior então, será consigo mesmo. Encarar a realidade, conhecer-se por inteiro, as limitações, os desvios de caráter (que todos tem, mais ou menos), e as qualidades também. Aliás, aprender a cultivar e reconhecer as próprias qualidades, é fundamental. O "outro", é importante em recuperação, na medida de que, não se pode ver com perfeição, "as próprias costas", ou seja, o outro irá, se a pessoa tiver mente aberta para tal, poder auxiliar pois vê você "de fora", da "arquibancada". Erram aqueles, e já ouvi isto muito, erram em minha opinião, todos os bacharéis em psicologia, e doutores de toda sorte, que apregoam a tese de que "desvios de caráter, não tem conserto". Tem sim, com toda certeza.
Em recuperação, rompemos as correntes |
Acerca disto acima, há um ditado que diz, "errar uma vez é humano, duas é burrice...". Em recuperação, se diz que, "COMETER OS MESMOS ERROS, ESPERANDO UM RESULTADO DIFERENTE, É INSANIDADE..."
Princípios Espirituais:
Estes são os princípios básicos deste passo. Mente-aberta: Nada, pode entrar, em uma mente fechada, em um copo cheio. Necessário é esvaziar o copo, abrir a mente, pois o adicto irá reparar que, da sua maneira, nunca funcionou, portanto, os passos e o programa, seja de qual irmandade for, são sugestões, são princípios, mas que se seguidos, funcionam. Todos as pessoas, independentemente de serem ou não portadoras da adicção, tem que esvaziar-se, de suas pre-disposições e conhecimentos, se querem aprender e/ou absorver algo novo, se achamos que o que temos nos basta, nada entrará. A boa vontade, se fará presente e necessária, no dia a dia, no esforço pessoal, em seus próprios cuidados, ou quando após um dia cansativo, se sentir desmotivado para ir a uma reunião, em reconhecer os limites, em "fazer algo mais" por si ou por outro, então será preciso boa vontade. A humildade em aceitar ajuda, em pedir ajuda, quando for preciso, em reconhecer os próprios limites, defeitos, e sentimentos nem sempre tão elevados. Honestidade, se requer de uma forma liquida, clara, e transparente. A honestidade é um princípio espiritual básico, neste programa de recuperação, e deveria ser presente em todos nós enquanto pessoas. Você pode se perguntar: - Mas nunca roubei, nem fraudei...Sim, mas existem outras formas de honestidade, e desonestidade, para consigo mesmo e para com os outros, tão importantes quanto atos, ou comportamentos. Ser honesto para com os sentimentos, desejos, e pensamentos, é um exemplo.
Nada, virá sem algum sacrifício. No início, terá dor até, e é um processo doloroso, porque a mudança muitas vezes é dolorosa. Mas, se praticados os princípios, e os passos, com o passar do tempo e com a ajuda de Deus, esta nova maneira de viver, será algo maravilhoso, muitos adictos, nunca experimentaram uma vida sem drogas, portanto, será um aprendizado de uma nova vida.
Literatura citada para elaboração do artigo - 12 Passos de Narcóticos Anônimos (Livro Azul) e Guia para Trabalhar os Passos de Narcóticos Anônimos
Nota - Este artigo contém também a opinião pessoal e particular do autor.
Literatura citada para elaboração do artigo - 12 Passos de Narcóticos Anônimos (Livro Azul) e Guia para Trabalhar os Passos de Narcóticos Anônimos
Nota - Este artigo contém também a opinião pessoal e particular do autor.
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