Ritalina

Ritalina

O Metilfenidato (conhecido por suas denominações comerciais Ritalina® , do laboratório Novartis Biociências, e Concerta®, do laboratório Janssen Cilag, uma subsidiária da Johnson & Johnson) é uma substância química utilizada como fármaco, estimulante leve do sistema nervoso central, com mecanismo de ação ainda não bem elucidado, estruturalmente relacionado com as anfetaminas.É usada no tratamento medicamentoso dos casos de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), narcolepsia e hipersonia idiopática do sistema nervoso central (SNC).


O metilfenidato só pode ser usado sob supervisão médica especializada neste tipo de transtorno. Por ser uma medicação psicoestimulante, seu uso provocaria uma maior produção e reaproveitamento de neurotransmissores, a exemplo da dopamina e da serotonina. Entretanto, há controvérsia sobre a produção e reaproveitamento da serotonina pelo cérebro das pessoas portadoras do TDAH. Especialistas no transtorno, atualmente, não creem que haja prejuízo no controle desse neurotransmissor, ao contrário do que ocorre com a noradrenalina.

Ação O metilfenidato é um potente inibidor da recaptação da dopamina e da noradrenalina. Bloqueia a captura das catecolaminas pelas terminações das células nervosas pré-ganglionares; impede que sejam removidas do espaço sináptico. Deste modo a dopa e a nora extracelulares permanecem ativas por mais tempo, aumentando significativamente a densidade destes transmissores nas sinapses. O metilfenidato possui potentes efeitos agonistas sobre os receptores alfa e beta adrenérgico.
O fármaco eleva o nível de alerta do sistema nervoso central. Incrementa os mecanismos excitatórios do cérebro. Isto resulta numa melhor concentração, coordenação motora e controle dos impulsos.

Efeitos colaterais. O uso do Metilfenidato pode causar efeitos colaterais, tais como:
-Acatisia (agitação)
-Alopécia (queda de cabelos)
-Alteração da pressão e dos batimentos cardíacos (aumento ou redução)
-Alteração do humor
-Angina (dor no coração devida a isquemia miocardíaca, resultante da falta de sangue, que aumenta a falta de suprimento de oxigênio nos músculos cardíacos)
-Arritmia cardíaca
-Ataques de ansiedade ou pânico
-Dilatação das pupilas
-Dores de cabeça
-Dores no estômago
-Discinesia (presente em pacientes com mal de Parkinson)
-Enjoos
-Hipersensibilidade (incluindo coceiras na pele, urticária)
-Insônia
-Interrupção do crescimento
-Letargia
-Perda de apetite
-Perda de sono
-Palpitações
-Perda de peso temporária
-Ressecamento dos lábios (xerostomia)
-Sonolência
-Sudoração excessiva
-Taquicardia
-Tonturas
-Perda de peso  
 
O uso de metilfenidato pode também ocasionar, em casos extremos hepatoblastoma, anemia, perda de peso, leucopenia, hipersensibilidade, visão embaçada e convulsões. Pacientes que realizaram o tratamento com metilfenidato e fizeram abuso de bebidas alcoólicas relatam moderada resistência aos efeitos do álcool, porém os efeitos malignos causados por tal abuso resultaram em grande desconforto psíquico e físico.

Também foi relatado que, devido à potencialização da euforia, causada pelo aumento de serotonina, e da concentração, decorrente do aumento de dopamina, muitos pacientes fizeram uso de superdoses do fármaco. No caso de um dos pacientes em questão, foram usadas cerca de 50 mg - o equivalente a cinco vezes a dosagem prescrita pelo médico. Após três horas da superdosagem, o paciente iniciou o quadro de desconforto, apresentando náuseas, tontura, hipertermia, cefaleia, agressividade, agitação, taquicardia, midríase e secura das mucosas (associada à perda de água, pela inibição do hormônio antidiurético (ADH), em decorrência da ingestão de bebida alcoólica.
Conclui-se que o uso de metilfenidato como potencializador do sistema nervoso central em pacientes na adolescência ou pacientes que tenham qualquer histórico de alcoolismo deve ser revisado, evitando casos como o citado acima.

Prós - Benefícios do tratamento

RitalinaContra os problemas que busca atacar, a ritalina é eficiente e ajuda a controlar os sintomas de quem realmente possui TDAH. “O medicamento foi feito para ser usado por quem tem problemas de TDAH, não por qualquer pessoa que queira ter concentração. E mesmo o paciente com transtorno, se apresentar efeito colateral permanente, deve ter a medicação suspensão imediatamente”, reforça o neuropsiquiatria Marcelo Gomes.

Em um estudo feito pelo Instituo Nacional de Saúde Mental, dos EUA, denominado MTA (Multimodal Treatment Assessment), que em tradução livre significa Avaliação de Tratamento Multimodal, o medicamento apresentou bons resultados no tratamento de crianças com TDAH. Durante a pesquisa, 579 crianças foram separadas em quatro grupos: 1º) só recebeu tratamento com medicamentos, 2º) tratamento baseado em psicoterapia, 3º) passou por tratamento comportamental-cognitivo com psiquiatras e recebeu medicamentos e o 4º) recebeu tratamento somente com pediatra, sem medicação. Os grupos que apresentaram melhores resultados quanto ao aprendizado foram o 1º e o 2º.

O professor de inglês Rafael avalia que teve bons resultados com a medicação. Portador do TDAH, ele conseguiu melhorar a concentração e, consequentemente, o desempenho nos estudos. “Conseguia ficar sentado por longas horas, estudando. A dedicação me trouxe bons resultados, fui convocado para a segunda fase do vestibular”, completou.

Outra pesquisa, da Academia Americana de Pediatria, acompanhou por dez anos o desempenho escolar de 112 crianças e jovens portadores de TDAH, na faixa etária de 6 a 18 anos, que faziam uso de metilfenidato. Quando reavaliadas, 83 jovens que foram tratadas com o estimulante apresentaram menos propensão a desenvolver transtornos depressivos, de ansiedade e comportamento perturbado.

Contras - Diagnósticos indiscriminados

Os maiores problemas relacionados ao uso de ritalina estão no uso incorreto e no descuido no diagnóstico. Geralmente, psiquiatras e professores partem de uma análise estereotipada, baseada no senso comum: se é inquieto, tem TDAH; se é distraído, também. Muitos não utilizam o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais) para diagnosticar o transtorno. Aí está o erro. Quando as análises são feitas erroneamente, o paciente passa a ser medicado com ritalina, mesmo sem precisar. Os maiores problemas relacionados ao uso de ritalina estão no uso incorreto e no descuido no diagnóstico. Geralmente, psiquiatras e professores partem de uma análise estereotipada, baseada no senso comum: se é inquieto, tem TDAH; se é distraído, também. Muitos não utilizam o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais) para diagnosticar o transtorno. Aí está o erro. Quando as análises são feitas erroneamente, o paciente passa a ser medicado com ritalina, mesmo sem precisar.

E um dado chama atenção para os possíveis diagnósticos errados: a explosão de vendas do medicamento. Em oito anos (de 2000 até 2008), a comercialização anual de caixas de ritalina passou de 71 mil para 1,147 milhões, sem contabilizar as demandas revendidas clandestinamente no País. O número coloca o Brasil como o segundo maior consumidor de metilfenidato do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Entretanto, é válido lembrar que a ritalina é o único medicamento para tratamento de TDAH comercializado no território brasileiro, o que contribui com o grande consumo no País.

Para alguns médicos, esse crescimento se dá porque aumentou o acesso ao diagnóstico e ao conhecimento sobre o transtorno. “Enxergo esse aumento de maneira desejável. Segundo dados do IBGE, até 2010 existiam 924.732 pessoas com TDAH, mas apenas 184.481 estavam em tratamento. Se as vendas continuarem aumentando, todos os portadores terão acesso à medicação”, afirma o psiquiatra Paulo Mattos.
Os maiores problemas relacionados ao uso de ritalina estão no uso incorreto e no descuido no diagnóstico. Geralmente, psiquiatras e professores partem de uma análise estereotipada, baseada no senso comum: se é inquieto, tem TDAH; se é distraído, também. Muitos não utilizam o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais) para diagnosticar o transtorno. Aí está o erro. Quando as análises são feitas erroneamente, o paciente passa a ser medicado com ritalina, mesmo sem precisar.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) reconhece o transtorno e, juntamente com Associação Americana de Psiquiatria, estima que cerca de 4% dos adultos e de 5% a 8% de crianças e adolescentes em todo o mundo tenham TDAH. Além disso, as entidades calculam que pelo menos duas crianças de uma sala de aula de 40 alunos sejam portadores.

Mas alguns psicólogos acreditam que o aumento no consumo é reflexo de uma política de medicalização. A psicóloga Roseli Caldas afirma que tais vendas espelham uma sociedade imediatista, que busca nos remédios resultados rápidos e eficientes. “A medicalização é como um mascaramento de questões sociais, uma vez que atribuir doenças a indivíduos nos exime de buscar nas relações sociais, econômicas e políticas as causas e soluções para os problemas da sociedade. No caso da educação, fica mais fácil diagnosticar crianças do que tentar compreender quais fatores poderiam ser responsáveis pela falta de atenção ou pela impulsividade”, enfatiza a psicóloga.

Fontes - Psiqweb - DrauzioVarella - Wikipédia
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