Cerca de 80 mil mortes a cada ano nas Américas não teriam ocorrido se não houvesse consumo de álcool, de acordo com um novo estudo da Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde que aparece na edição atual da revista científica Addiction.
O estudo, realizado por Vilma Gawryszewski, conselheira da OPAS/OMS sobre informação da saúde e análise, e Maristela Monteiro, conselheira sênior em álcool e abuso de substâncias, observou padrões de mortes relacionadas ao álcool entre 2007 e 2009 em 16 países na América do Norte e na América Latina. Os autores examinaram somente dados cuja causa de morte estava especificamente registrada como sendo o álcool (tais como “doença hepática alcoólica” e “distúrbios mentais e comportamentais relacionados ao uso do álcool”). Eles descobriram que o álcool era “necessariamente” causa de morte (por exemplo, a morte não teria ocorrido se não tivesse havido o consumo de álcool) em uma média de 79.456 casos anuais durante o período do estudo. Na maioria dos países, doenças do fígado foram a causa direta das mortes relacionadas ao álcool, seguidas por distúrbios neuropsiquiátricos.
Essas mortes, no entanto, provavelmente representam somente “a ponta do iceberg de um problema maior”, segundo os autores, já que o uso do álcool está relacionado a uma ampla variedade de doenças e condições, incluindo doença do coração e derrame, tráfico e ferimentos por arma de fogo, suicídios, e até mesmo alguns cânceres.
“Nosso estudo mostra de maneira simples quantas mortes são totalmente atribuídas ao consumo do álcool”, os escritores dizem. “O número de mortes para as quais o consumo de álcool é um fator que contribui significativamente tende a ser muito maior”.
O estudo demonstra grandes variações nas taxas de morte por consumo de álcool em vários países, sendo que as maiores taxas estão em El Salvador (com uma média de 27,4 de 100 mil mortes anuais), Guatemala (22,3), e Nicarágua (21,3), seguidos de México (17,8) e Brasil (12,2). Essas são comparáveis com taxas muito mais baixas na Colômbia (1,8), Argentina (4,0), Venezuela (5,5), Equador (5,9), Costa Rica (5,8) e Canadá (5,7). Os primeiros cinco países mencionados têm altas taxas de padrões de abuso de álcool, de acordo com dados separados da OMS. No entanto, o consumo total de álcool é maior nos países com taxas de mortalidade mais baixas.
Em todos os países estudados, a maioria das mortes relacionadas ao álcool (84%) foi de homens, ainda que a taxa de homens/mulheres variasse de acordo com o país. O risco de morrer de uma causa inteiramente relacionada ao álcool foi 27,8 vezes maior para um homem do que para uma mulher em El Salvador, 18,9 vezes maior na Nicarágua e 14,8 vezes maior em Cuba. No campo oposto, o risco de mortalidade era 3,2 vezes maior para homens do que para mulheres tanto no Canadá quanto nos Estados Unidos.
O risco também se diferenciava por grupo etário. Na Argentina, no Canadá, na Costa Rica, em Cuba, no Paraguai e nos Estados Unidos, as taxas de mortalidade mais altas estavam entre pessoas com idades entre 50 e 69 anos. No Brasil, Equador e Venezuela, as taxas de mortalidade por álcool aumentam a partir das idades de 40-49 anos, ficam estáveis e então caem depois dos 70 anos. O México mostrou um padrão diferente, com um risco de morte aumentando ao longo da vida e atingindo um pico depois dos 70 anos.
Os autores notam que as mortes relacionadas ao álcool podem ser prevenidas por meio de políticas e intervenções que reduzem o consumo de álcool, incluindo restrições em sua disponibilidade, preços maiores por meio de impostos, e controles no mercado do marketing e da publicidade. No entanto “a maior parte dos países nas Américas tem políticas fracas para responder ao problema”, eles dizem. “Como essas altas taxas têm demonstrado ser um grande problema de saúde pública, os países deveriam aumentar seus esforços para melhorar a qualidade da informação, monitorar o problema e implementar políticas mais efetivas para reduzir a disponibilidade de álcool e o consumo em níveis nacionais”.
A Organização Pan-Americana de Saúde é uma agência de saúde pública internacional com mais de 110 anos de experiência no trabalho para melhorar a saúde e os padrões de vida dos países das Américas. Ela funciona como a organização especializada para saúde do Sistema Inter-Americano de Saúde. Ela também funciona como o Escritório Regional para as Américas da Organização Mundial de Saúde, e tem reconhecimento internacional como parte do sistema das Nações Unidas
Fonte - Organização Pan-Americana de Saúde
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