Cientistas descobriram uma maneira de produzir imagens de um estágio bem precoce do desenvolvimento do coração de embriões em pesquisa que pode ajudar a explicar como beber álcool durante a gravidez pode causar defeitos cardíacos no nascimento do bebê.
Os pesquisadores de Cleveland (Ohio) sabiam que “mesmo um único episódio de abuso de álcool” poderia levar à síndrome do alcoolismo fetal, que é um conjunto de defeitos congênitos (presentes no nascimento), incluindo problemas com o coração.
“Defeitos cardíacos congênitos causados pelo álcool estão freqüentemente entre os que mais ameaçam a vida e requerem correção cirúrgica em recém-nascidos”, o time, liderado por doutor Karunamuni, diz.
Mas os cientistas da Universidade de Case Western Reserve dizem que o estudo de pequenos corações de embriões eram limitados, deixando obscuras razões acerca de como o álcool levava a esses defeitos congênitos. No entanto, visualizar as mudanças de desenvolvimento agora é possível. A técnica de produção de imagens chama-se tomografia de coerência ótica, que trabalha de uma maneira similar ao ultrassom, mas fornece imagens de alta resolução na escala mícron e usa ondas suaves ao invés de som.
Antes do uso dessa tecnologia inovadora, segundo os autores no resumo do estudo: “poucos estudos eram direcionados ao influente papel das alterações das funções cardíacas nos primeiros estágios da embriogênese, devido à falta de ferramentas capazes de analisar pequenos batimentos cardíacos”.
Similaridade com corações embrionários de pássaros
Para superar os obstáculos evidentes em fazer experimentos sobre o efeito do álcool em corações humanos embrionários, os pesquisadores usaram um modelo animal: embriões de codorna – “cujo desenvolvimento cardíaco é muito similar ao dos humanos”.
Eles expuseram um conjunto de corações a uma única e grande dose de álcool e compararam as imagens do desenvolvimento do coração com aquelas dos embriões cujas cascas de ovo não haviam sido injetadas com álcool. O montante de álcool utilizado no estudo, que foi publicado pela Sociedade Americana de Psicologia, foi “proporcional ao montante que seria considerado um episódio único de abuso de álcool em uma mulher grávida”.
Para ver os efeitos do álcool, a tomografia de coerência ótica deu aos cientistas a possibilidade de enxergar através de camadas de tecido, e eles centraram esse trabalho num estágio específico do desenvolvimento normal, em que o embrião é sensível à indução de defeitos de nascença.
Chamado de gastrulação, esse estágio consiste na mudança do jovem coração embrionário de um formato de tubo para um circuito em formato de laço. Isso acontece nos primeiros dias depois da ovulação, quando o embrião deixou de ser um amontoado de células, mas ainda não formou o tubo neural primitivo que dará lugar à medula espinhal e ao cérebro.
Efeitos adversos na circulação do sangue
Comparando os padrões de fluxo de sangue cardíaco e da anatomia nesse estágio, os pesquisadores descobriram diferenças causadas pelo álcool, que eles puderam conectar aos já esperados defeitos de nascença que eles subsequentemente encontraram nos corações plenamente desenvolvidos.
“Os defeitos dramáticos perto da hora de chocar” incluíram paredes mais grossas separando as quatro câmaras do coração e válvulas danificadas – defeitos valvulosépticos dos últimos estágios, em outras palavras.
As precoces diferenças no sangue cardíaco embrionário que levaram a esses defeitos incluem uma porção muito maior do sangue que circula de volta pelo circuito cardíaco a cada batida – chamado de alto fluxo regurgitante.
As diferenças estruturais precoces, por outro lado, foram encontradas em “almofadas cardíacas átrio-ventriculares” menores – as coleções de células que, mais tarde, se tornam paredes e válvulas das câmaras do coração.
Forças mecânicas
Os autores citam outra pesquisa paralela ao estudo que mostrou que o desenvolvimento do coração pode ser afetado por suas células estarem “respondendo às forças mecânicas do fluxo sanguíneo”.
Eles sugerem que a função defeituosa que eles descobriram nos corações embrionários pode, por sua vez, direcionar o desenvolvimento tardio dos órgãos para uma direção errada, “preparando o palco para que defeitos maiores surjam”.
Concluindo seus achados, os pesquisadores apontaram a importância de adquirir melhor entendimento científico acerca da síndrome do alcoolismo fetal:
“Com uma média de quatro milhões de mulheres grávidas nos Estados Unidos a cada ano, haverá aproximadamente dez mil casos de defeitos congênitos no coração causados pelo álcool.
Um estudo contínuo dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento dos defeitos de nascença cardíacos causados pelo álcool é necessário para implementar tratamentos efetivos e / ou estratégias de prevenção”.
Autor - Markus MacGill
Fonte - Traduzido e adaptado de Medical News Today
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