Ação de gene potencializa o consumo de álcool |
Jornal O Estado de Minas
Pesquisadores identificam o mecanismo que leva as pessoas a exagerar no uso de bebidas para prolongar a sensação de prazer
Bruna Sensêve
Estudo revela porque alguns adolescentes são mais propensos à bebedeira.
Pesquisadores identificam o mecanismo que leva as pessoas a exagerar no uso de bebidas para prolongar a sensação de prazer
Bruna Sensêve
Estudo revela porque alguns adolescentes são mais propensos à bebedeira.
A partir de três experimentos, uma equipe de psiquiatras e
geneticistas da Universidade de King’s College de Londres, no Reino
Unido, identificou o mecanismo que faz com que portadores de uma
variação do gene RASGRF2 tenham mais tendência para o consumo exagerado
de bebidas alcoólicas. O gene ligado ao alto consumo de álcool já havia
sido identificado por cientistas, mas o processo que faz com que a
informação genética se expresse e leve a um determinado comportamento
ainda era um mistério.
De acordo com os resultados, o RASGRF2 atua diretamente na liberação
pelo cérebro da dopamina, um neurotransmissor estimulante que passa ao
corpo as sensações de prazer, de gratificação e de recompensa, e que
normalmente é produzido durante situações agradáveis ao indivíduo.
Quando liberado, os efeitos são percebidos com o aumento da pressão e da
oxigenação do sangue, além de batimentos cardíacos mais acelerados.
Tudo isso para que pensamentos e ações ligados à alegria, à satisfação e
ao entusiasmo possam ser percebidos e vivenciados.
O uso de drogas como o álcool influencia na liberação da dopamina no
cérebro, levando a pessoa a ter essas mesmas impressões. O problema é
quando ela, no intuito de evitar que essas sensações acabem, exagera na
ingestão de bebidas alcoólicas. O gene RASGRF2 está envolvido nesse
exato processo. Ele faz com que seus portadores liberem ainda mais
dopamina ao ter contato com situações que identificam como
gratificantes, entre elas o consumo de álcool.
Segundo Gunter Schumann, autor do estudo e professor do Instituto de
Psiquiatria da King’s College e do Centro Psiquiátrico de
Desenvolvimento e Genética de Londres, as pessoas naturalmente buscam
situações que preencham o sentimento de recompensa e as façam felizes.
“Agora entendemos a cadeia de ação: como nossos genes moldam essa função
no nosso cérebro e como isso, por sua vez, leva a um comportamento
humano”, comemora.
O primeiro teste feito pelos cientistas observou o comportamento de dois grupos de camundongos. Um era formado por portadores da variação genética estudada e o outro teve esse mesmo gene excluído. Ao entrar em contato com o álcool, as cobaias que não tinham o gene RASGRF2 tiveram uma grande diminuição no “desejo” pelo álcool. Quando a substância era ingerida, a falta do gene reduziu a liberação de dopamina, deixando os animais sem a sensação característica de gratificação.
O primeiro teste feito pelos cientistas observou o comportamento de dois grupos de camundongos. Um era formado por portadores da variação genética estudada e o outro teve esse mesmo gene excluído. Ao entrar em contato com o álcool, as cobaias que não tinham o gene RASGRF2 tiveram uma grande diminuição no “desejo” pelo álcool. Quando a substância era ingerida, a falta do gene reduziu a liberação de dopamina, deixando os animais sem a sensação característica de gratificação.
Entre adolescentes O consumo de álcool no Brasil inicia-se na faixa
dos 13/14 anos, tornando-se mais frequente aos 16. De acordo com
levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, 70% dos jovens entre 13
e 15 anos residentes nas grandes capitais já experimentaram pelo menos
uma vez uma bebida alcoólica. Os indicadores são parecidos com os de
outros países, incluindo o Reino Unido, onde foi feita a pesquisa.
Depois de analisar os camundongos, os cientistas estudaram os
resultados de ressonância magnética do cérebro de quase 700 meninos com
idade média de 14 anos, além de analisar a carga genética, comprovando a
presença da variação em RASGRF2. Os participantes do estudo não haviam
sido expostos a quantidades significativas de álcool. As informações
sobre ação da expressão genética foram medidas expondo os jovens a
situações em que pode ser reproduzida uma sensação similar de
gratificação e recompensa.
Os dados mostraram que os portadores da variação genética estudada
tinham maior ativação de uma área do cérebro conhecida como estriado
ventral, envolvida na produção de dopamina, sugerindo, então, que eles
liberam mais dopamina ao antecipar uma recompensa futura e,
consequentemente, obtêm maior prazer com a experiência.
Por último, e para confirmar os resultados iniciais, os mesmos
participantes foram convidados a retornar ao laboratório do professor
Schumann dois anos depois da primeira visita para responder a um
questionário. As perguntas tratavam diretamente sobre frequência e a
quantidade de ingestão de bebidas alcoólicas. Como esperado, aqueles com
a variação no gene RASGRF2 bebiam com maior frequência que os outros.
Influência social O psiquiatra Paulo Mattos, do Instituto D’Or de
Pesquisa e Ensino, no Rio de Janeiro, lembra que a dependência de álcool
e de outras drogas não está vinculada apenas a fatores genéticos, mas a
um conjunto deles e de outros dois aspectos. Um deles é o social se é
uma sociedade mais restritiva ou na qual o consumo é mais aceito o
outro, o perfil psicológico da pessoa. “O álcool tem um grande potencial
de dependência nesses três fatores. O efeito é tranquilizante e
recompensatório, muito gratificante para pessoas ansiosas e depressivas,
por exemplo. As chances de elas se tornarem dependentes fica muito
maior também”.
Não se pode ainda mensurar qual fator pode se sobrepor aos outros,
mas Mattos ressalta a importância de investigar o genético como um dos
determinantes. “Diferentemente de outras pesquisas, esse gene não está
relacionado à dependência alcoólica, mas à sensação de recompensa
relacionada com a liberação da dopamina. Na verdade, qualquer coisa que
eu faça e que me dê prazer vai liberar dopamina. Pode ser alimentação,
sexo, droga ou até um ato de caridade.” Segundo o autor do estudo,
identificar esses fatores de risco genético para o abuso precoce de
álcool pode ajudar no desenvolvimento de ações preventivas e de
tratamento para a dependência de álcool e, talvez, de outras drogas.
Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade
Em recente entrevista, na Band News, o Dr Ronaldo Laranjeira, fez uma afirmação corretíssima. "O jovem, não deve consumir álcool até os 18 anos..." Ou seja, não deveria ser permitido, que crianças,adolescentes e jovens, menores de 18 anos, consumissem álcool. Entra aí a FAMÍLIA, de forma muito importante e fundamental. Enquanto que não mudarem as crenças e culturas associadas ao consumo de bebida alcoólica, não mudarão as estatísticas. Segundo Dr Ronaldo, a dependência pelo álcool, no Brasil, é ainda maior que a do crack. Claro que, os efeitos sociais, não são tão visíveis e chocantes...e o crack, devasta em muito menos tempo. O consumo de álcool, está associado a praticamente tudo, em muitos meios familiares, refeições, qualquer refeição, compra de um bem, alegrias, tristezas, para relaxar, para animar....enfim, um absurdo que, vem a centenas de anos, de uma cultura arcaica. Seria como se, por exemplo, conservássemos ainda, o costume do duelo por espadas...Acertadamente, então mais uma vez, o Dr disse: "Na verdade, o álcool, se utilizado, deve fazer parte do acompanhamento de uma refeição, em datas especiais..." Ou seja, nunca um dos "ingredientes principais...
Por Mais 24 Hrs
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