“Dá uma sensação enorme de felicidade”. Esse é o argumento de Manoela*, 17, que experimentou ecstasy e LSD pela primeira vez aos 16 anos, em uma boate da região Centro-Sul de Belo Horizonte e não parou mais. A história da adolescente é cada vez mais comum entre os jovens belo-horizontinos, principalmente aqueles das classes média e alta. No período de um ano, a apreensão de drogas sintéticas na região metropolitana aumentou 515%. A longa duração do efeito, o custo e a facilidade de usar a droga sem levantar suspeita são os principais motivos para o aumento do consumo.
Entre maio de 2011 e abril de 2012, foram 2.063 unidades apreendidas na região metropolitana pela Polícia Civil, enquanto no mesmo período entre 2012 e 2013, esse número passou para 12.700.
Os policiais explicam que a venda disseminada entre “amigos”, sem concentração de grandes quantidades do produtos em “bocas de fumo” em favelas, como acontece com o crack, por exemplo, dificulta a fiscalização. É o caso de Manoela. Ela estuda em uma escola particular da região Centro-Sul da capital e conta que vários amigos usam a droga e são os próprios colegas os fornecedores.
“Qualquer balada tem um conhecido que vende”, garante a garota.
O delegado chefe da Delegacia Especializada de Repressão Antidrogas da Polícia Civil de Minas Gerais, Márcio Lobato, explica que o tráfico entre amigos é muito disseminado. “Eles começam como usuários e em pouco tempo estão traficando. Porém, eles não têm noção da gravidade do que estão fazendo. Só quando são pegos e presos por tráfico é que a ficha cai”, explica.
João*, 34, começou como usuário e traficou ecstasy até ficar preso por um ano e meio. “Só quando fui detido, em uma operação da Polícia Federal que percebi a gravidade do que estava fazendo, tanto nos danos que eu causava quanto nas leis que eu quebrava. Antes de ser preso, eu me achava muito diferente daquele traficante que vendia crack na boca de fumo”, conta o ex-presidiário. Ele alega que sempre teve amigos ricos e começou a vender para acompanhar o estilo de vida deles.
Custo. O preço de uma unidade de ecstasy ou LSD varia entre R$ 40 e R$100, mas o efeito pode durar até 15 horas, outros dois atrativos para os jovens. Um usuário da capital conta que vale a pena pagar pela droga, “Sai mais barato usar (droga) que passar a noite bebendo em uma boate de Belo Horizonte, onde as bebidas são mais caras”, diz.
* Nomes fictícios
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