DE SÃO PAULO
FERNANDO TADEU MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em seis anos, o índice de mulheres brasileiras que bebem álcool frequentemente cresceu 34,5%, passando de 29% (2006) para 39% (2012). É o que revela o segundo levantamento nacional de álcool, que está sendo divulgado hoje pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Foram entrevistadas 4.607 pessoas com 14 anos ou mais em 149 municípios brasileiros. Desse total, 1.157 eram adolescentes.
Os dados mostram que, no geral, houve um aumento de 20% na proporção de bebedores frequentes (uma vez por semana ou mais).
Segundo Ronaldo Laranjeiras, professor titular de psiquiatria da Unifesp e coordenador do levantamento, o aumento do consumo de álcool por mulheres reflete a maior frequência do ato de beber socialmente, e não em casa. "Mulheres que socializam como homens estão bebendo tanto quanto eles."
As pessoas em geral também estão bebendo mais. É o chamado "binge", isto é, ingerir grande quantidade de álcool (quatro unidades para mulheres e cinco unidades para homens) em um período curto de tempo (duas horas). Na pesquisa, uma unidade de álcool equivale a uma lata de cerveja ou uma taça de vinho.
Entre 2006 e 2012, houve um aumento de 31% nessa forma de consumo. Novamente, as mulheres se destacam: o crescimento entre elas foi de 36% (entre os homens, foi de 29,4%). Mas a taxa desse de consumo "binge" ainda é muito maior entre os homens, 66% contra 49% das mulheres entre os bebedores.
"O padrão de consumo de álcool pelo brasileiro difere do padrão europeu e americano, onde temos uma taxa baixa de abstêmios e uma taxa alta de bebedores moderados. Aqui, há muitos abstêmios e, comparando com o levantamento de 2006, quem já bebia passou a beber mais e com maior frequência", disse Laranjeiras.
Segundo os pesquisadores, quase um em cinco bebedores frequentes consome álcool de forma abusiva e apresenta um comportamento compatível com dependência.
Entre os efeitos prejudiciais do beber estão:
- 32% dos adultos que bebem referiram já não ter sido capaz de conseguir parar de começar a beber.
- 10% disseram que alguém já se machucou em consequência do seu consumo de álcool.
- 8% admitem que o uso de álcool já teve um efeito prejudicial no seu trabalho, e 9% relataram que houve o prejuízo à família ou ao relacionamento.
Os efeitos da "Lei Seca" também já podem ser percebidos: houve diminuição de 21% na proporção de pessoas que relatam terem dirigido após o consumo de álcool no último ano.
Segundo Ilana Pinsky, professorda da Unifesp que também participou do levantamento, entre as medidas que podem ajudar a reduzir o consumo estão o aumento de preços das bebidas e a restrição dos locais de venda e da publicidade.
Fonte - Folha de São Paulo
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