Neste trabalho que desenvolvo junto a instituições, diretamente com o tratamento de dependentes químicos, e hoje na área administrativa, mais centrado na triagem administrativa, acolhimento e recepção, nas entrevistas com familiares e internandos, nestes anos que já se passaram, me deparei com inúmeras situações difíceis, vi muitas mães chorarem, muitos pais. Vi jovens serem mortos como consequência da vida que levavam, vi jovens irem e virem para instituições, 1, 2, 3, 4 vezes...Vi também, muitos e muitos casos de sucesso. Infelizmente, a estatística está contra a recuperação. Porém este não é um fato recente, desde há muito as estatísticas de recuperação, variam, e tem variáveis (idade, drogas de uso, ambiente, etc), porém mantem-se entre 10 e 20%, de resultados favoráveis.
Um breve relato
Uma mãe, esta semana que passou, estava desesperada ao telefone. Morava em outra cidade próxima (a instituição na qual trabalho fica em outra), e ligava para saber, quais os procedimentos de internação, para seu filho, valores etc. Procedi com a conversa de praxe, com calma, perguntei seu nome, o de seu filho, perguntei de que cidade era (na qual eu trabalho existe convênio, mas somente para moradores do município, situação a qual expliquei), e falei então, o valor da mensalidade, da instituição instituição. Continuava a explicar outros pontos do programa terapêutico, quando ela me interrompeu.
Exaltada, me pediu descontos na parcela e tal, e claro, que pode ser analisado, explico a ela, mas teria de levar o assunto a superiores, porém quando revelo, que nossa modalidade de internação é voluntária, ela responde: - Mas assim caro, e ainda por cima, não vem buscá-lo ? Então, ela fala tudo o que está passando, e por fim, revela que pagou, na semana anterior R$ 1.000,00 a um traficante, dívida do filho. Compreendo esta mãe, que na verdade, está muito doente, em grande parte, consequência da adicção do seu filho.
Então digo a ela: - A Sra, teria dificuldades de custear, mas paga dívidas (altas) de drogas do seu filho (para ver sua reação); ressalto que, ainda assim poderia ver a possibilidade do desconto, e completo, afirmando, que da maneira como ela deseja (resgate e tratamento involuntário), pode ser feito, eu mesmo conheço várias clínicas de contenção (tratamento involuntário), e o preço delas está entre R$ 2.500,00 a R$ 5.000,00, aquelas das mais em conta. A mensalidade da instituição na qual eu trabalho, é de R$ 800,00 mensais, que é, uma Comunidade Terapêutica, com o tempo de tratamento não inferior a 9 meses. Por fim, digo que não é pagando dívidas de drogas, que irá ajudar o filho, ela revolta-se, e diz que se não for assim, seu filho corre risco de vida.
Pois bem, muita conversa depois, explicando da melhor maneira, como ela poderia estar lidando com a difícil situação, recomendei expressamente, que ela procurasse ajuda, no grupo de Amor Exigente, da sua cidade. É, uma mãe extremamente doente, e codependente. Citei exemplos, e quando ela percebeu que havia em minha voz, e em meu tom, calma, e algum conhecimento de causa em minhas palavras, acalmou-se, e solicitou à mim, o endereço do Amor Exigente de sua cidade, como eu estava de frente ao computador, "busquei" via google, e passei-lhe. Nos despedimos.
Claro que, dizer pra uma mãe que tem um filho dependente químico: Se ele não quer a ajuda oferecida, deixe seu filho na rua, pois neste momento, ele escolheu este caminho; Não pague as dívidas de drogas do seu filho; Se seu filho roubar, ameaçar, etc, chame, se necessário, a polícia.
Não é tão simples. É muito difícil, pra uma mãe aceitar, que o próprio filho, a quem ela deu amor, cuidou, amamentou, etc, está transformado, em outra pessoa pela ação da doença. Em um pessoa que não pestanejará, para roubar tudo dentro de casa, e trocar por drogas, tudo que foi conseguido com tanto sacrifício e esforço, e em muitos casos agredir os próprios pais, ou familiares. É difícil aceitar, que seu próprio filho, esteja na condição de mendigo, morando na rua, comendo restos na lata de lixo, e vivendo para usar, mais e mais, todos os dias. Vale lembrar, que a DQ, é uma doença, e ela altera as emoções (mente-área psíquica), os comportamentos (socio-comportamental), o físico (organismo como um todo, incluindo mente), e o espiritual (ausência de Deus-egocentrismo do DQ), de quem é portador dela. Vale perceber também, algumas questões, ainda não foram totalmente respondidas pela ciência tais como o porque uns reagem (ou tem ações) desta, ou daquela forma sobre efeito das drogas, mas pode-se concluir a grosso modo, que a droga pode potencializar uma tendência por exemplo (a violência também pode ser considerada uma doença, ou ser gerada por alguma outra comorbidade) ou desencadear.
(...) Por outro lado, os efeitos de álcool e drogas sim estariam associados à violência. Também pessoas portadoras de Transtorno de Personalidade Anti-Social estariam mais propensas ao crime (nem sempre violento e agressivo). Portanto, boa parte das pesquisas não encontrou diferença na prevalência da violência em doentes mentais sem abuso de substâncias, quando comparados com a população geral, sendo que o risco de violência em indivíduos da população geral com abuso de álcool ou drogas foi duas vezes maior do que em pacientes esquizofrênicos sem esse abuso. Finalmente, o maior risco de violência ocorre na combinação de abuso de álcool e/ou drogas com transtorno de personalidade anti-social. (...) Fonte-Psiqweb
Agressão a idosos parte de filho ou neto viciado em Ribeirão Preto
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO - José, dentista aposentado de 72 anos, mora em uma casa de classe média no bairro Lagoinha, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). Cinco anos mais jovem, Joaquim, porteiro também aposentado, vive no Ribeirão Verde, na periferia da cidade. De bairros e condições sociais distintas, os dois idosos, que pediram para não ter o nome divulgado e cujos nomes nesta reportagem são fictícios, têm um triste ponto em comum: foram agredidos pelos próprios filhos, ambos usuários de drogas. Um deles teve o braço quase esmagado por um pedaço de pau enquanto o outro foi atingido na cabeça por uma barra de ferro.
A maior parte dos registros de lesão corporal a idosos em Ribeirão Preto é cometida por pessoas bem próximas e por um mesmo motivo: são na maioria filhos e netos usuários de álcool e drogas, principalmente de crack.
A informação é da Delegacia do Idoso de Ribeirão, unidade especializada da Polícia Civil criada no final em 2010 para atender ocorrências em que a vítima é uma pessoa com mais de 60 anos. Por dia, são registrados de dois a três casos de agressão envolvendo idosos. Segundo o delegado Luiz Geraldo Dias, 80% dos casos são praticados por filhos ou netos sob o efeito da dependência química. No restante dos casos, as agressões acontecem por cônjuges, outros parentes ou pessoas conhecidas, motivados por brigas familiares ou discussão por dinheiro, como um saque indevido no cartão de crédito do idoso. Dias chama a atenção para uma outra realidade: apesar do crescente volume de denúncias, o dobro de dois anos atrás, as notificações ainda estão muito aquém da quantidade de casos reais de agressões a idosos. "Há uma enorme subnotificação", disse. "O idoso tem medo de represália ou mesmo tem medo de seguir adiante com o processo e perder a ajuda dos familiares."
É principalmente em casos extremos que há denúncia para a polícia e a Defensoria Pública. São situações em que o idoso procura os órgãos para pedir, principalmente, que a Justiça afaste o agressor da residência.
PUNIÇÃO Agredir uma pessoa com mais de 60 anos resulta em até quatro anos de prisão. A pena pode chegar a até 12 anos na cadeia dependendo da gravidade da lesão --se o braço atingido, por exemplo, perder totalmente a função.A matéria acima está publicada no site Folha de São Paulo
Vamos a um ponto: Dívidas de drogas, pagar ou não ?
Não pode se perder de vista, que há um fator de risco de vida, claro, que é o mais importante. Em uma situação destas, nunca deve-se decidir sozinho, mesmo porque, o familiar, está emocionalmente envolvido. Chamar alguém de confiança, é fundamental, outro membro da família, vizinho, amigo. Mas alguém centrado, que possa raciocinar e ajudar nesta hora.
Em um primeiro momento, se possível, eis algumas coisas que podem ser feitas em um caso de urgência:
Em um primeiro momento, se possível, eis algumas coisas que podem ser feitas em um caso de urgência:
Afastar o familiar dependente, da cidade, ou do bairro se for possível;
Oferecer internação imediata ao dependente, se não puder pagar, acione a secretaria de saúde do município, se possível, caso não de resultado, antecipe-se aos fatos, e ingresse com uma ação, contra o estado. (Saúde é obrigação e dever do estado);
Se necessário, vá até um promotor de justiça.
(Mas importante: Tudo isto, em caso de urgência, para alguma medida de proteção, jamais se envolva de forma direta com traficantes, nem, se não houver necessidade, tome medidas heróicas de denúncias (a não ser que sejam anônimas). O mais importante, o foco, é a vida do familiar.)
É muito importante, ter cautela, calma, mas ao mesmo tempo, tomar decisões práticas e efetivas.
Se o dependente químico não quer o tratamento ?
Desespero de uma mãe |
Este é sem dúvida, o ponto mais delicado. Diante da negativa, da aceitação de ajuda por parte do familiar dependente, algumas decisões, e atitudes devem ser tomadas. Porém, antes de qualquer ação, deve se chamar o dependente, e explicar-lhe, com calma, qual resolução esta sendo tomada, e o porque, e dar alternativa, ou seja, tratamento. A família chega a um ponto, onde não é mais possível conviver por assim dizer, com o dependente químico, mas o mais importante, é que se, a família continuar a sustentar o vício do mesmo, repondo coisas roubadas, encobrindo problemas causados a estranhos, dando dinheiro com a justificativa de que não quer ve-lo roubar, pagando suas dívidas com traficantes, esta família, só estará prolongando a agonia, e contrário do que pensa, estará cada vez mais afundando a si mesma, e ao dependente químico, e ainda, financiando a "morte" lenta do mesmo.
O dependente químico, deve saber, que suas escolhas negativas, serão suas escolhas, e para nossas escolhas, quer negativas, quer positivas, existem consequências, e somos responsáveis, por estas. Apesar de difícil a idéia de ver um irmão, filho, ou amigo nas ruas, mendigando, é as vezes através desta dor (porque nas ruas ele sentirá a dor), que poderá vir a força de vontade, para a superação do desejo de usar.
Não há muitas alternativas. Agora, com as novas políticas de internação involuntária, talvez as coisas possam melhorar para famílias que não tem condições de pagar as caras clínicas de contenção, porém, ainda está em processo de implantação, e de forma deficitária, e lenta.
Neste ponto, podemos citar, os grupos de auto ajuda, para familiares de dependentes: Al-Anon, Nar-Anon, e Amor Exigente. A primeira coisa, e a melhor, que um parente ou amigo de um dependente químico pode fazer, já na primeira vez, que souber que seu filho, marido, ou amigo usa drogas, quer seja de forma abusiva, quer não, é procurar um grupo destes. Eles são formados, por codependentes, e alguns possuem profissionais especializados em seus quadros, e tem um único objetivo, a ajuda mútua. Além de mãe, pai, irmão, e/ou amigo de um dependente químico, o familiar deve entender, que é também um ser humano. O auxílio e a experiência vivida por outras pessoas, com situações parecidas, será degrande valia, para a tomada de decisões. Importante é saber o que fazer. Criar situações, para que o familiar mude de idéia, e queira se tratar, quer ambulatorialmente, quer em clínicas, ou comunidades terapêuticas. Também, que decisões tomar, e quais as posturas a ter, diante deste fato. De qualquer forma, buscar ajuda é fundamental, sózinhos, não conseguimos.
Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade
Amor Exigente:
O Amor-Exigente é um programa de auto e mútua ajuda que desenvolve preceitos para a organização da família, que são praticados por meio dos 12 Princípios Básicos e Éticos, da espiritualidade e dos grupos de auto e mútua-ajuda que através de seus voluntários, sensibilizam as pessoas, levando-as a perceberem a necessidade de mudar o rumo de suas vidas e do mundo, a partir de si mesmas.Há 29 anos, o Amor-Exigente (AE) atua como apoio e orientação aos familiares de dependentes químicos. e também para pessoas com comportamentos inadequados.O Programa eficaz estendeu-se também ao trabalho com Prevenção , passando a atuar como um movimento de proteção social já que Amor-Exigente, desestimula a experimentação, o uso ou abuso de tabaco, do álcool e de outras drogas, assim como luta contra tudo o que torna os jovens vulneráveis, expostos à violência, ao crime, aos acidentes de trânsito e à corrupção em todas as suas formas; são também propostas do Amor-Exigente.
Atualmente, o movimento conta com 11 mil voluntários, que realizam, aproximadamente, 100 mil atendimentos mensais por meio de reuniões, cursos e palestras. São mais de 641 grupos no Brasil, 1 na Argentina, e 14 no Uruguai, além de cerca de 259 Subgrupos de frutos de Amor-Exigente. (Texto sobre Amor Exigente extraído do site oficial)
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