Dependência Química: Apenas duas palavras ?


Dependência Química: Apenas duas palavras ? - http://www.mais24hrs.blogspot.com.br
Interessante é, como as opiniões se multiplicam, quando o assunto trata da dependência química. Assuntos como "legalização da maconha", "despenalização (sem prisão do usuário)", "descriminalização do uso/usuário de drogas", tratamento involuntário, tratamento compulsório, "cracolândia",  para citar os mais atuais. Opiniões de todo tipo. Os que argumentam sem nenhum fundamento, os que argumentam utilizando da situação como platafoma política, "grupos de defensores disto, ou daquilo", enfim, um "balaio de gatos". Mas também, existem muitos e muitos profissionais sérios, pesquisadores, médicos, cientistas, envolvidos nesta questão com um único objetivo em comum: A VIDA. 


Diante disto, o que mais falta é informação adequada a grande parcela da população. Isto, desde a educação nas escolas (onde hoje, já existe uma evolução), até a educação no núcleo familiar e comunitário. E incrível é, quer acreditem ou não, que para uma boa parcela da população, trata-se (a DQ, ou o uso e abuso de Spa's) de "falta de vergonha na cara", ou "sem-vergonhice", ou "falha de caráter", o uso de drogas. Estas pessoas simplesmente, e inocentemente desconhecem o que é, como age, do que se trata a DQ. A realidade é que hoje, quando se relaciona uma pessoa às palavras: DEPENDENTE QUÍMICO, EX-USUÁRIO DE DROGAS, etc, cria-se imediatamente, em uma grande parcela da sociedade, um estigma, um pré-conceito, um "rótulo". 

Vários pensamentos associados: "ele não é normal...(porque já usou drogas)", "é meio doido...(porque já usou drogas)", "não dá pra confiar muito...(porque já usou drogas)", "ele está bem, mas sabe como é já usou drogas e tal...(porque já usou drogas)", etc.

Vários sentimentos também: medo, aversão, etc.

Muito se deve ao fato de que, as pessoas relacionam o DQ com o uso de substâncias, ou seja, veêm na pessoa, a própria substância. 
Em dependência química, não há "cura", mas há recuperação, e é esta recuperação que "trás de volta" a pessoa da escuridão do uso de drogas, para a luz de uma vida normal, sem o uso de drogas. E se esta recuperação, for vivenciada realmente, o dependente químico, ou adicto, ou ex-usuário, terá até, o que muitas pessoas que não são portadoras da doença hoje não tem: QUALIDADE DE VIDA.
Enfim, ainda levará muito tempo, até a informação, e a educação, chegar a todos, de igual forma, e com consistência. Depois então, qualquer pré-conceito, ou sentimento negativo, será inerente a ignorância de cada um. Claro, que não dá pra se culpar, e não este o objetivo. 
 De igual forma que o dependente químico, não tem culpa de ser portador da doença mas sim tem responsabilidade por sua recuperação, as pessoas que hoje tem uma visão errada, ou sentimentos errados, com respeito ao DQ, não tem culpa destes, visto que quando se desconhece, ou se ignora algo, a primeira reação normal da maioria de nós, é o medo, e a opinião que formamos, e quando formamos, geralmente é a de "acompanhar os outros", ou optar por uma "opinião" ou "visão" já existente. Portanto, creio que, cada um é responsável pelo conhecimento que busca, não só para si, mas para repassar aos seus, com intuito inclusive de proteger e educar.

A respeito da DQ, o que segue, é informação facilmente encontrada em dezenas de sites, e é baseada na ciência, óbvio, mediante pesquisa, experimentação, e resultados, portanto é informação já consolidada, até o presente conhecimento humano.


Definição: 
 
A dependência química ou física é uma condição orgânica que nasce da utilização constante de certas drogas psicoativas, as quais consequentemente provocam o aparecimento de sintomas que envolvem especialmente o Sistema Nervoso Central, o qual se torna dependente de uma dada substância, sofrendo assim os efeitos de uma abstinência repentina e prolongada. O uso abusivo do álcool, de drogas consideradas ilegais como a heroína, e da nicotina pode gerar esta reação corporal.

A dependência é distinta do vício, que leva o usuário ao consumo excessivo e compulsivo da droga, gerando uma conexão psíquica e emocional mais profunda, uma ligação patológica com as substâncias utilizadas. Mas a sujeição química também é uma enfermidade, que exige tratamento eficaz e muitas vezes urgente. As drogas mais comuns que geram a dependência psicológica e psíquica, são por exemplo a maconha, cocaína, crack, etc. O crack e a cocaína, quase não possuem sintomas de dependência física, inclusive síndromes de abstinência física como dores musculares, a abstinência, é psíquica e psicológica.

Explicando: O dependente do álcool, pode chegar em determinado estágio, que envolve tremores, sudoreses, e outros sintomas, onde que o "remédio" que o dependente tem, é o próprio álcool. Dores musculares também fazem parte do quadro. Seria a dependência química (psicológica) aliada a dependência física (organismo). Assim acontece com os dependentes da heroína também. O início do processo de tratamento, para estes casos, é por vezes mais doloroso, e requer o auxílio de medicação, e inclusive internação hospitalar para os primeiros dias.

Acrescentando que, a DQ tem características físicas, emocionais, sociais, e principalmente espirituais (ou ausência). 


Segundo Ballone GJ - Dependência Química - in. PsiqWeb:

A Dependência Química é um conjunto de fenômenos que envolvem o comportamento, a cognição e a fisiologia corporal conseqüente ao consumo repetido de uma substância psicoativa, associado ao forte desejo de usar esta substância, juntamente com dificuldade em controlar sua utilização persistente apesar das suas conseqüências danosas. Na dependência geralmente há prioridade ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações sócio-ocupacionais.

A tolerância é o primeiro critério relacionado à dependência. Tolerância é a necessidade de crescentes quantidades da substância para se atingir o efeito desejado ou, quando não se aumenta a dose, é entendida também como um efeito acentuadamente diminuído com o uso continuado da mesma quantidade da substância. O grau em que a tolerância se desenvolve varia imensamente entre as substâncias.

Existe um padrão de uso repetido da substância que geralmente resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo de consumo da droga. Um diagnóstico de Dependência de Substância pode ser aplicado a qualquer classe de substâncias. Os sintomas de dependência são similares entre as várias substâncias, variando na quantidade e gravidade de tais sintomas entre uma e outra droga. Os sintomas psíquicos e sociais decorrentes da dependência do fumo, por exemplo, são absolutamente menores do que aqueles da dependência ao álcool.

Chama-se "fissura" o forte impulso subjetivo ou compulsão incontrolável para usar a substância. Embora não seja especificamente relacionada como um critério, a “fissura” tende a ser experimentada pela maioria dos indivíduos com Dependência de Substância (se não por todos). A dependência é definida como um agrupamento de três ou mais dos sintomas relacionados adiante, ocorrendo a qualquer momento, no mesmo período de 12 meses.

Os indivíduos com uso pesado de opióides e estimulantes podem desenvolver níveis gravíssimos de tolerância, por exemplo, como se necessitasse dez vezes mais quantidade depois de algum tempo. Freqüentemente essas dosagens da tolerância seriam letais para uma pessoa não-usuária. Muitos fumantes consomem mais de 20 cigarros por dia, uma quantidade que teria produzido sintomas de toxicidade para uma pessoa que está começando a fumar.

Os indivíduos com uso pesado de maconha em geral não têm consciência de que desenvolveram tolerância, embora esta tenha sido largamente demonstrada em estudos com animais e em alguns indivíduos. A tolerância pode ser difícil de determinar com base apenas na estória oferecida pela pessoa, porém, os testes laboratoriais acabam mostrando altos níveis sangüíneos daquela substância, juntamente com poucas evidências de intoxicação, o que sugere fortemente uma provável tolerância.

Critérios para definição da dependência:

Um padrão mal-adaptado de uso de substância, levando a prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por três (ou mais) dos seguintes critérios, ocorrendo a qualquer momento no mesmo período de 12 meses: 

(1) tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos:
(a) necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para adquirir a intoxicação ou efeito desejado
(b) acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de substância
(2) abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos:
(a) síndrome de abstinência característica para a substância
(b) a substância (ou outra estreitamente relacionada a ela) é consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência
(3) a substância é freqüentemente consumida em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido
(4) existe um desejo persistente ou esforços mal-sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância
(5) muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância (por ex., consultas a múltiplos médicos ou fazer longas viagens de automóvel), na utilização da substância (por ex., fumar em grupo) ou na recuperação de seus efeitos
(6) importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância
(7) o uso da substância continua, apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela substância (por ex., uso atual de cocaína, embora o indivíduo reconheça que sua depressão é induzida por ela, ou consumo continuado de bebidas alcoólicas, embora o indivíduo reconheça que uma úlcera piorou pelo consumo do álcool) (Fonte - Psiqweb)

"Sem Vergonhice", "Falta de Caráter" ?, ou Doença:

A Organização Mundial de Saúde reconhece as dependências químicas como doenças. O No Código Internacional de Doenças (CID), ela está representada nos ítens de F10 a F19. Uma doença é uma alteração da estrutura e funcionamento normal da pessoa, que lhe seja prejudicial. Por definição, como o diabete ou a pressão alta, a doença da dependência não é culpa do dependente; o paciente somente pode ser responsabilizado por não querer o tratamento, se for o caso. Exatamente da mesma maneira que poderíamos cobrar o diabético ou o cardíaco de não querer tomar os medicamentos prescritos ou seguir a dieta necessária. Dependência química não é simplesmente "falta de vergonha na cara" ou um problema moral.

E é uma doença progressiva, incurável e fatal, ou seja: CRÔNICA. Se não tratada, e ESTAGNADA, ela progride, avança exponencialmente, levando a morte por overdose, por uma doença adquirida, ou por consequência de meios ambientes e/ou ações relacionadas (está intimemente ligada à violência urbana), e incurável, porque não há no momento, cura. 
Existem pesquisas avançadas a respeito de vacinas e bloqueadores, mas veja bem, que isto é, e será importante, porém atingirá somente uma parte da doença. O uso em si. A dependência química, vai além disto. Ela reside por exemplo, na inabilidade do doente, de lidar com situações e problemas. Na inabildade do equilíbrio em sua vida.

O que acontece no país:

Vejo nas ações do governo, muito pouco de eficácia. Representam, como estão, poucas chances, para os usuários de crack de São Paulo por exemplo, apesar de parecerem o contrário. E realmente, queremos, todos nós, crer que irão dar bons resultados, queremos crer, que haverá progresso e evolução, neste combate ao crack, ao uso deste. A matemática, por assim dizer é simples:

Etapas cronológicas do dependente químico submetido a internação compulsória (até o momento segundo noticiado, em sua grande parcela):

  1. Estágio de quase morte (nas ruas).
  2. Resgate
  3. Desintoxicação: Levado para um Hospital Psiquiátrico por períodos que variam de 45 a 90 dias. (desintoxicado, razoavelmente com saúde física recuperada).
  4. Alta após recuperação física, e administração provável de medicação estabilizadora de humor durante o período.
  5. Liberado com "Alta" médica. 
  6. Estado após alta: Bem fisicamente, mas sem teto (em muitos casos), sem família (em muitos casos), sem trabalho (em muitos casos), sem apoio psicológico (em muitos casos), sem medicação contínua (em sua grande parcela).
  7. Resultado = Retorno ao mesmo ambiente familiar de antes, as ruas, e consequentemente a volta ao uso. 
  8. Dados:
    (...) No última quinta-feira, ele foi liberado. Segundo Sonia, o hospital já havia tentado liberar o filho outras duas vezes, dizendo que ele já havia passado pela desintoxicação.
    "Na primeira vez, o médico chegou a assinar a alta, mas meu filho disse que não tinha condições de sair, que sonhava que estava usando a droga e acordava com o gosto dela na boca", conta. O jovem saiu e foi orientado a continuar o tratamento num Caps (Centro de Atenção Psicossocial), da prefeitura, onde havia sido tratado anteriormente, sem sucesso. No dia seguinte à alta, o rapaz fugiu. "Meu filho não tinha condições de ter alta ainda. O hospital está dando alta para todo mundo em 15 dias, um mês, para poder abrir vagas", diz Sonia. (...) 
    Um dos principais pontos, é o resultado final, é a reinserção social e familiar do dependente químico. Sem planejamento adequado, sem o mínimo de estrutura e acompanhamento eficazes, a tendência é o retorno ao uso, e às ruas. A adicção, não se trata somente com remédios, soro, e alimento.
Dados do Governo de São Paulo:

Atualmente a Secretaria de Estadual de Saúde mantém 691 leitos públicos para dependentes químicos, dos quais 209 foram implantados na atual gestão (aumento de 43%). Outros 488 novos leitos estão em processo de implantação e devem estar disponíveis até o final de 2014, quando o Estado contará com 1.179 leitos. O Governo de São Paulo foi o primeiro do Brasil a criar clínicas com leitos públicos para internação de dependentes, processo que começou em 2010. Todos estes leitos são financiados com recursos exclusivos do governo do Estado, sem a participação do governo federal.


Desde o dia 3 de dezembro de 2012, o trabalho de abordagem social para auxiliar os dependentes a largar as drogas está sendo realizado com o apoio de 56 agentes da Associação Missão Belém. Os agentes são pessoas que já estiveram em situação de rua e dependência química e foram reinseridos socialmente pelo trabalho da própria Missão. Até o momento mais de 400 dependentes foram retirados do centro e levados para as casas de triagem da Missão. Diariamente, de 10 a 15 pessoas têm concordado em ir para as casas de triagem. Depois de passar pelas casas de triagem e por tratamento de saúde, os usuários podem ser recebidos em moradias assistidas, onde se iniciará a reinserção social. Nesta etapa, o processo conta com atividades de educação, trabalho, lazer, esporte e cultura, além de incentivo para o retorno ao convívio familiar. Do Portal do Governo do Estado e da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
 A recaída, quando se fala de drogas, é em muitos casos, fatal.

Não faço uma crítica. Existem de fato, oportunistas políticos
 envolvidos em toda esta questão, mas também, existem profissionais sérios, capazes, e que até voluntariamente dedicam-se a causa com a finalidade de obter o verdadeiro resultado: a recuperação do indivíduo. Não é tarefa fácil.

O indivíduo

A recuperação pessoal, envolve muitas vezes, mais que a pessoa que se submete ou é levada para um tratamento. Parte claro, da vontade desta, da sua conscientização e interiorização de que tem um problema, e necessita da solução. 

Porém, o ambiente onde se dá este tratamento, deve ser favorável, e deve proporcionar "ferramentas" que possibilitem tratar sua dependência química, seja por meios medicamentosos e por terapias, ou pelo ambiente adequado. Posteriormente a internação, vem uma etapa primordial, a continuidade, a "manutenção" daquilo que absorveu durante o período em que esteve internado. Isto requer agora, muito mais da parte do indivíduo, que irá de encontro aos ambientes onde se dará esta continuidade, também se for o caso, adquando o seu próprio lar. Aliado a isto, não menos importante, estão as condições de vida: Trabalho, saúde, moradia, estudo, lazer, etc. Ter acesso, e buscar a estes meios, na prática, pode definir o sucesso de um tratamento. 

Alguns, o próprio dependente químico terá de ir buscar, outros, o estado deve proporcionar, principalmente no caso de moradores de rua. A recuperação da pessoa, quando se fala em combate ao crack, cracolândia, tratamento compulsório e involuntário, deveria prever e suportar estas etapas. Existem progressos já, no sentido do tratamento. O Estado de São Paulo por exemplo, disponibilizará vagas de uma Comunidade Terapêutica, assim como já por certo mantém convenios com muitas outras. A situação após a desinternação, apesar de já existir um programa específico do governo e casas de apoio, é que creio eu está longe de ser adequada.

Mais 24 Hrs de Paz e Serenidade

Share:

0 comentários:

Postar um comentário

Orientações para comentários
Por favor, certifique-se de que seu comentário tenha relação com o artigo em questão, ou com o conteúdo deste blog.
Comentários OFENSIVOS, ou que façam APOLOGIA a qualquer tipo de DROGA LEGAL, ou ILEGAL, não serão publicados, bem como anúncios comerciais de qualquer espécie.
Para anúncios, entre em contato com blogmais24hrs@gmail.com


Sua opinião e participação, são muito importantes. Participe !
Obrigado, Emerson - Administrador