Tratamento multidisciplinar é essencial para recuperação de usuários de drogas
Por Victória Cirino
Atualmente, a dependência química é um dos assuntos de maior destaque em noticiários brasileiros, principalmente devido à chamada “epidemia do crack”. Apesar da grande diversidade de artigos sobre o tratamento para reabilitação dos usuários, há pouca discussão sobre a importância da prevenção por meio da educação e da intervenção precoce em casos de comportamento de risco. “Apesar de o uso de drogas começar na adolescência, a prevenção começa na infância”, explica a psiquiatra Sandra Scivoletto, pesquisadora e professora da Faculdade de Medicina da USP. Segundo ela, é importante identificar, ainda na infância, comportamentos que possam estar relacionados ao abuso de substâncias posteriormente, como o caso de adolescentes com dificuldade de interação social que recorrem à droga para romper essa barreira.
A prevenção também se dá pela promoção de hábitos saudáveis, que podem ser adquiridos na infância e mantidos ao longo de toda a adolescência. Apesar de serem mais resistentes aos efeitos físicos das drogas do que os adultos, os adolescentes são mais vulneráveis do ponto de vista do desenvolvimento cerebral. “Como o cérebro do adolescente ainda está em formação, uma série de habilidades estão sendo desenvolvidas nessa fase da vida. O uso de drogas pode comprometer habilidades como o controle de impulso e a interação social”, esclarece Scivoletto. De acordo com ela, não é possível definir com precisão ainda o quanto esses efeitos podem ser revertidos após um período de abstinência.
O uso de drogas está frequentemente associado a diferentes doenças psiquiátricas, como transtornos alimentares, de ansiedade e do humor (principalmente depressão), mas o tratamento para cada caso dependerá do quadro do indivíduo como um todo. “Se é um quadro muito grave, existe a hospitalização para fazer uma desintoxicação”, afirma Arthur Guerra de Andrade, psiquiatra e professor da USP e da Faculdade de Medicina do ABC. Ele também justifica as diferentes intervenções pelo fato de que uma mesma substância pode afetar de maneiras distintas pessoas diferentes: “Tem gente que bebe todo dia uma taça de vinho. Para outra pessoa, a mesma taça diária já causa um problema sério”. Segundo ele, o critério para tratamento é baseado no exame clínico e no grau de comprometimento da saúde do sujeito. “Em geral, o tratamento é feito de forma ambulatorial. A internação é indicada para aqueles casos gravíssimos, nos casos em que a pessoa não consegue diminuir o uso da droga e em que ela não se cuida mais, por exemplo”, define.
Por ser um problema atravessado por diversas questões, inclusive sociais, a dependência química deve ser acompanhada por uma equipe de saúde multidisciplinar que seja composta por diferentes profissionais da saúde. Eduardo Luiz da Rocha Cesar, por exemplo, é profissional de educação física especialista em dependência química. Ele defende a importância da inserção da atividade física no tratamento de dependentes químicos. “Nem todos sabem que existe um exercício físico específico para cada dano físico dos pacientes. Muitos usam o jogo como um momento de trabalhar a parte social apenas”, explica, alegando que o dano físico de cada paciente depende do tipo de droga utilizada.
De acordo com ele, o processo de reabilitação física traz inúmeras vantagens para o paciente: além de ajudar na recuperação como um todo, pode ajudar a prevenir recaídas. “Alguns estudos em modelos animais mostram que o exercício aeróbio faz com que haja maior liberação de algumas substâncias, como opióides endógenos, que estimulam o cérebro no sistema de recompensa”, ensina Eduardo, fazendo referência a um sistema que regula comportamentos ligados à sobrevivência e ao prazer. Outros benefícios da atividade física personalizada incluem a diminuição do efeito colateral de eventuais medicações ministradas e uma mudança positiva na imagem corporal, o que é essencial para que o paciente mantenha a abstinência após o acompanhamento médico.
Sandra Scivoletto afirma que a participação da família durante o tratamento é um fator determinante para a recuperação de um adolescente usuário de drogas. Essa participação também é importante para manter o indivíduo em abstinência e para dar continuidade ao tratamento ambulatorial. Além disso, seu ambiente social frequentemente guarda relações com seu comportamento de usar a droga. “A dependência é uma área que tem um componente social muito forte, existe um fator importante ligado aos grupos e à diversão, por isso é importante trabalhar a questão do lazer, porque às vezes a droga era o único prazer da pessoa”, esclarece Arthur Guerra.
Os entrevistados concordam na questão da importância da promoção de hábitos saudáveis como a melhor maneira de prevenir tanto o surgimento da dependência quanto recaídas de usuários que passaram por tratamento. É possível dizer que as internações são feitas em caráter de exceção, quando o tratamento ambulatorial não é possível ou quando os danos ameaçam a integridade do sujeito. É preciso salientar também a importância do diálogo entre as diversas estruturas da saúde para o benefício do paciente: “A interlocução com as redes de atenção primária é fundamental, porque não é bom internar o paciente e depois da alta não ter para onde encaminhá-lo”, complementa Guerra.
Atualmente, a dependência química é um dos assuntos de maior destaque em noticiários brasileiros, principalmente devido à chamada “epidemia do crack”. Apesar da grande diversidade de artigos sobre o tratamento para reabilitação dos usuários, há pouca discussão sobre a importância da prevenção por meio da educação e da intervenção precoce em casos de comportamento de risco. “Apesar de o uso de drogas começar na adolescência, a prevenção começa na infância”, explica a psiquiatra Sandra Scivoletto, pesquisadora e professora da Faculdade de Medicina da USP. Segundo ela, é importante identificar, ainda na infância, comportamentos que possam estar relacionados ao abuso de substâncias posteriormente, como o caso de adolescentes com dificuldade de interação social que recorrem à droga para romper essa barreira.
A prevenção também se dá pela promoção de hábitos saudáveis, que podem ser adquiridos na infância e mantidos ao longo de toda a adolescência. Apesar de serem mais resistentes aos efeitos físicos das drogas do que os adultos, os adolescentes são mais vulneráveis do ponto de vista do desenvolvimento cerebral. “Como o cérebro do adolescente ainda está em formação, uma série de habilidades estão sendo desenvolvidas nessa fase da vida. O uso de drogas pode comprometer habilidades como o controle de impulso e a interação social”, esclarece Scivoletto. De acordo com ela, não é possível definir com precisão ainda o quanto esses efeitos podem ser revertidos após um período de abstinência.
O uso de drogas está frequentemente associado a diferentes doenças psiquiátricas, como transtornos alimentares, de ansiedade e do humor (principalmente depressão), mas o tratamento para cada caso dependerá do quadro do indivíduo como um todo. “Se é um quadro muito grave, existe a hospitalização para fazer uma desintoxicação”, afirma Arthur Guerra de Andrade, psiquiatra e professor da USP e da Faculdade de Medicina do ABC. Ele também justifica as diferentes intervenções pelo fato de que uma mesma substância pode afetar de maneiras distintas pessoas diferentes: “Tem gente que bebe todo dia uma taça de vinho. Para outra pessoa, a mesma taça diária já causa um problema sério”. Segundo ele, o critério para tratamento é baseado no exame clínico e no grau de comprometimento da saúde do sujeito. “Em geral, o tratamento é feito de forma ambulatorial. A internação é indicada para aqueles casos gravíssimos, nos casos em que a pessoa não consegue diminuir o uso da droga e em que ela não se cuida mais, por exemplo”, define.
Por ser um problema atravessado por diversas questões, inclusive sociais, a dependência química deve ser acompanhada por uma equipe de saúde multidisciplinar que seja composta por diferentes profissionais da saúde. Eduardo Luiz da Rocha Cesar, por exemplo, é profissional de educação física especialista em dependência química. Ele defende a importância da inserção da atividade física no tratamento de dependentes químicos. “Nem todos sabem que existe um exercício físico específico para cada dano físico dos pacientes. Muitos usam o jogo como um momento de trabalhar a parte social apenas”, explica, alegando que o dano físico de cada paciente depende do tipo de droga utilizada.
De acordo com ele, o processo de reabilitação física traz inúmeras vantagens para o paciente: além de ajudar na recuperação como um todo, pode ajudar a prevenir recaídas. “Alguns estudos em modelos animais mostram que o exercício aeróbio faz com que haja maior liberação de algumas substâncias, como opióides endógenos, que estimulam o cérebro no sistema de recompensa”, ensina Eduardo, fazendo referência a um sistema que regula comportamentos ligados à sobrevivência e ao prazer. Outros benefícios da atividade física personalizada incluem a diminuição do efeito colateral de eventuais medicações ministradas e uma mudança positiva na imagem corporal, o que é essencial para que o paciente mantenha a abstinência após o acompanhamento médico.
Sandra Scivoletto afirma que a participação da família durante o tratamento é um fator determinante para a recuperação de um adolescente usuário de drogas. Essa participação também é importante para manter o indivíduo em abstinência e para dar continuidade ao tratamento ambulatorial. Além disso, seu ambiente social frequentemente guarda relações com seu comportamento de usar a droga. “A dependência é uma área que tem um componente social muito forte, existe um fator importante ligado aos grupos e à diversão, por isso é importante trabalhar a questão do lazer, porque às vezes a droga era o único prazer da pessoa”, esclarece Arthur Guerra.
Os entrevistados concordam na questão da importância da promoção de hábitos saudáveis como a melhor maneira de prevenir tanto o surgimento da dependência quanto recaídas de usuários que passaram por tratamento. É possível dizer que as internações são feitas em caráter de exceção, quando o tratamento ambulatorial não é possível ou quando os danos ameaçam a integridade do sujeito. É preciso salientar também a importância do diálogo entre as diversas estruturas da saúde para o benefício do paciente: “A interlocução com as redes de atenção primária é fundamental, porque não é bom internar o paciente e depois da alta não ter para onde encaminhá-lo”, complementa Guerra.
Fonte - Saúde da Mente
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