A vida após o crack
Entenda as mudanças que um ex-usuário de droga tem de enfrentar para se manter longe do vício
Henrique vive longe do crack. Há dois anos e meio, encerrou uma história de crises familiares, furtos, anos de consumo de múltiplas substâncias e de sonhos vendidos a traficantes. Hoje, aos 26 anos, reconstrói a vida social e profissional.
A triste experiência de relatar um passado de envolvimento com o crack é também um privilégio. A maioria das pessoas que entra em contato com a droga não poderá contar uma história de superação. Suas vidas ficarão pelo caminho, perdidas para o vício ou para o tráfico.
A assistente social do Centro de Reabilitação Jovens Livres, Cíntia Gomes, calcula que dos mais de 100 residentes que o centro recebeu em 2008, cerca de 90% procuraram tratamento contra o crack. Entre o total de residentes, menos de 10% terminaram o programa de reabilitação.
Há sete anos no Centro de Recuperação Nova Esperança (Cerene) de Blumenau, o psicólogo especialista em Dependência Química e Comunidade Terapêutica Osvaldo Christen Filho diz com segurança que um dependente de crack que não busca nem ganha ajuda provavelmente morrerá em cinco ou seis anos:
– Ele vai ser morto pelo tráfico ou vai definhar.
Henrique sabe que escapou da morte. A decisão de internar-se, o ex-viciado diz ter tomado ao perceber os prejuízos à saúde. Desde então, não teve recaídas. Orgulhoso com a nova vida que conquistou, se ressente pela que deixou para trás. Quando começou a usar crack, Henrique participava ativamente da Congregação Cristã do Brasil.
– Eu era um líder jovem, o meu nome já estava em pauta para a parte administrativa da igreja. É difícil retomar aquilo que eu tinha, e isso me incomoda – diz o ex-craqueiro.
Se pudesse voltar no tempo, Henrique sabe exatamente em que momento poderia ter revertido o rumo que sua vida tomou.
– O meu desejo era ter voltado aos 15, 16 anos. Meu desejo era que não tivesse acontecido nada disso – afirma o jovem, que aos 12 anos começou a fumar maconha.
Por causa da droga, levava objetos de casa e quando adolescente chegou a ser internado 45 dias no Centro de Internação Provisória (CIP), por furto.
– Mas isso faz muito tempo – comemora.
Questionado sobre o passado, o ex-viciado prefere voltar-se para o futuro e para projetos profissionais.
Henrique usou crack por mais de dois anos, diariamente. Antes de permanecer quatro meses em um centro de recuperação, passou 20 dias no Hospital Santo Antônio para desintoxicação. No começo do tratamento, a equipe do Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen) e o pai do ex-viciado foram até a boca de fumo recuperar o violino que o ex-craqueiro havia entregue ao tráfico. O silêncio atual do instrumento é motivo de frustração para o jovem, que chegou a dar aulas particulares.
– O meu violino está estragado e não tenho condições de consertar. O que ganho hoje é para ajudar em casa – lamenta Henrique, que trabalha com eventos.
O nome do entrevistado foi trocado, em observância ao Guia de Ética, Qualidade e Responsabilidade Social da RBS
mariana.furlan@santa.com.br MARIANA FURLAN
Henrique vive longe do crack. Há dois anos e meio, encerrou uma história de crises familiares, furtos, anos de consumo de múltiplas substâncias e de sonhos vendidos a traficantes. Hoje, aos 26 anos, reconstrói a vida social e profissional.
A triste experiência de relatar um passado de envolvimento com o crack é também um privilégio. A maioria das pessoas que entra em contato com a droga não poderá contar uma história de superação. Suas vidas ficarão pelo caminho, perdidas para o vício ou para o tráfico.
A assistente social do Centro de Reabilitação Jovens Livres, Cíntia Gomes, calcula que dos mais de 100 residentes que o centro recebeu em 2008, cerca de 90% procuraram tratamento contra o crack. Entre o total de residentes, menos de 10% terminaram o programa de reabilitação.
Há sete anos no Centro de Recuperação Nova Esperança (Cerene) de Blumenau, o psicólogo especialista em Dependência Química e Comunidade Terapêutica Osvaldo Christen Filho diz com segurança que um dependente de crack que não busca nem ganha ajuda provavelmente morrerá em cinco ou seis anos:
– Ele vai ser morto pelo tráfico ou vai definhar.
Henrique sabe que escapou da morte. A decisão de internar-se, o ex-viciado diz ter tomado ao perceber os prejuízos à saúde. Desde então, não teve recaídas. Orgulhoso com a nova vida que conquistou, se ressente pela que deixou para trás. Quando começou a usar crack, Henrique participava ativamente da Congregação Cristã do Brasil.
– Eu era um líder jovem, o meu nome já estava em pauta para a parte administrativa da igreja. É difícil retomar aquilo que eu tinha, e isso me incomoda – diz o ex-craqueiro.
Se pudesse voltar no tempo, Henrique sabe exatamente em que momento poderia ter revertido o rumo que sua vida tomou.
– O meu desejo era ter voltado aos 15, 16 anos. Meu desejo era que não tivesse acontecido nada disso – afirma o jovem, que aos 12 anos começou a fumar maconha.
Por causa da droga, levava objetos de casa e quando adolescente chegou a ser internado 45 dias no Centro de Internação Provisória (CIP), por furto.
– Mas isso faz muito tempo – comemora.
Questionado sobre o passado, o ex-viciado prefere voltar-se para o futuro e para projetos profissionais.
Henrique usou crack por mais de dois anos, diariamente. Antes de permanecer quatro meses em um centro de recuperação, passou 20 dias no Hospital Santo Antônio para desintoxicação. No começo do tratamento, a equipe do Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen) e o pai do ex-viciado foram até a boca de fumo recuperar o violino que o ex-craqueiro havia entregue ao tráfico. O silêncio atual do instrumento é motivo de frustração para o jovem, que chegou a dar aulas particulares.
– O meu violino está estragado e não tenho condições de consertar. O que ganho hoje é para ajudar em casa – lamenta Henrique, que trabalha com eventos.
O nome do entrevistado foi trocado, em observância ao Guia de Ética, Qualidade e Responsabilidade Social da RBS
mariana.furlan@santa.com.br MARIANA FURLAN
Fonte - Jornal de Santa Catarina
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