Tratamento de choque contra o crack

Tratamento de choque contra o crack

Além câmeras, viaturas e motos, PM e GCM receberam kits com armas de eletrochoque e sprays de pimenta 

 
Tratamento de choque contra o crack
São Paulo está armada para enfrentar um dos principais problemas de segurança e saúde públicas no país: o crack. A cidade vai usar armas de eletrochoque e sprays de pimenta, além de câmeras, viaturas e motocicletas customizadas, unidades móveis de videomonitoramento (micro-ônibus) e treinamento de agentes na luta contra a droga.
Ontem, cem agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) concluíram um curso de capacitação para colocar em prática o programa Crack, é Possível Vencer, oferecido pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), do governo federal. Outros cem começam a estudar na segunda-feira.  O objetivo é a capacitação para operar toda essa aparelhagem em cinco regiões diferentes da cidade onde o tráfico e o consumo da droga são maiores.
A GCM recebeu cinco kits. Cada um contém um micro-ônibus, capaz de monitorar vinte câmeras, duas motos e dois carros. Vieram também 250 tasers e 750 sprays, armas consideras de menor potencial ofensivo. A PM recebeu outros cinco kits e a Polícia Civil, um, segundo a GCM. A informação não foi confirmada ontem pelas duas corporações do estado. O investimento total chega a R$ 22 milhões.
Só para o crack/ “Nossos agentes foram formados só para o manejo do crack. Ou seja, são capazes de identificar e coibir traficantes e vão usar esses equipamentos apenas no programa”, explica a secretária executiva do GGM-I (Gabinete de Gestão Municipal Integral), Angélica Molina.
Ela explica que as ações do pacto federativo foram divididas em dois eixos: prevenção e autoridade. O primeiro visa monitorar os espaços públicos, escolhidos após pesquisas de maior incidência de tráfico e consumo do crack.
A GCM ficou com as praças da Sé, da República, da Luz, Metrô Saúde e Avenida Senador Teotônio Vilela, altura do número 1.778. Cada local vai ser monitorado em um espaço de três quilômetros quadrados e contará com um micro-ônibus, duas motos e duas viaturas. A meta principal é inibir novos consumidores e  dispersar os já existentes.
Projeto quer proibir arma não letalO deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT) não vê com bons olhos o uso das armas de menor potencial ofensivo no combate ao crack. Ele é autor de um projeto que visa proibir o uso das balas de borracha pela PM. “Tivemos  problemas com isso nos últimos protestos. Qualquer ação tem de combater a origem do problema e, depois, o consumo”, diz. O projeto está em fase de discussão na Assembleia  e deve sofrer emendas. “É provável que sejam incluídas outras armas, como spray e tasers”, diz.
GCM admite, em último caso, usar armas contra os usuários
Treinados para aplicar as armas não letais no programa, os GCMs só vão fazer uso dos aparelhos em casos de flagrante de tráfico e furto, garante Angélica Molina, do GGM-I.  “Nossa função é dar uma pronta resposta aos agentes das secretarias municipais da Saúde e de Assistência e Desenvolvimento Social. Mas nossos guardas podem atuar com os aparelhos em último caso”, admite.
As armas não letais são objeto de polêmica. No ano passado, o brasileiro Roberto Laudísio Curti, de 21 anos, foi morto pela polícia australiana, em Sidney, após supostamente ter roubado biscoitos em um mercado. Foram aplicados 14 disparos de tasers no rapaz.
No dia 19 de agosto, em Florianópolis (SC), um adolescente de 16 anos também foi contido pela polícia, dentro de uma escola, com uma arma do tipo.   O DIÁRIO questionou a PM sobre  o uso deste equipamento no combate ao crack, mas nenhum oficial falou com a reportagem. O governo federal também não quis comentar sobre o programa.

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DIÁRIO_ O programa Crack, é Possível Vencer é uma boa resposta a este problema crônico?MELINA RISSO_ Não sou profunda conhecedora do projeto do governo federal, mas me parece mais repressivo do que preventivo. E isso está errado.
Por quê?Quando vemos as nossas autoridades investirem pesado no aparelhamento das forças de segurança pública é porque algo não funcionou ou não foi feito lá atrás, na origem do problema. Ao que me parece, processos que deveriam ser prioritários não estão sendo feitos.
E o que você entende como prevenção?Investir mais nas políticas públicas voltadas para a saúde e assistência social, por exemplo. Pensar nestas duas frentes de trabalho é o ideal.
E o uso de armas não letais?É um assunto complexo demais, assim como tudo que envolve dependência de drogas. Mas penso que existem outras perspectivas. A capacidade de verbalização, investimento em defesa pessoal dos policiais, técnicas de imobilização, entre outras possibilidades.
Entrevista com Jorge Lordello, Especialista em segurança pública e privada: ‘Nossa cultura latina é reativa’
DIÁRIO_ O governo federal age bem em fornecer armas de efeito não letal para as polícias combaterem o crack?
JORGE LORDELLO_ Em qualquer abordagem o que deve ser feito é um escalonamento de forças. Ou seja, primeiro deve-se usar o diálogo. Depois, a intimidação com a presença de vários agentes. Em último caso, as armas de menor potencial ofensivo.
Você pensa que as ações de combate às drogas estão no caminho certo?
Infelizmente o que vemos nossos governos fazerem é só enxugar gelo. O que precisa ser feito é trabalhar em três frentes e atacar as duas primeiras com mais afinco.
Quais são essas frentes?
A primeira é investir no jovem que não usa drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. A segunda é saber lidar com o sujeito que já faz uso delas, mas ainda não é dependente. A terceira é quando o jovem sai da fase de usuário ocasional para comprar e, portanto, torna-se um consumidor habitual. A partir desta última etapa, ele, com o passar do tempo, vira um viciado.

Fonte - DiarioSP

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