Prevenção contra as drogas: desafio de pais e educadores
O risco do consumo de drogas lícitas ou ilícitas ronda todas as  famílias. Qualquer jovem pode vir a se envolver com elas, e os  adolescentes são os mais vulneráveis. Afinal, essa é uma fase de crise e  descoberta da própria identidade, na qual muitos contestam os modelos  vigentes e se distanciam da família. Surge a insegurança, a timidez, a  curiosidade pelo que é proibido... E tudo isso pode acabar levando ao  uso de drogas – na ilusão equivocada de diminuir a timidez, ser aceito  nos grupos, ganhar status.
  Muitas vezes, o jovem entra nas drogas por falta de perspectiva, pelas  incertezas sobre o seu ser/estar no mundo. Por isso, o tratamento deste  tema vai além de palestras eventuais. Juntas, escola e família podem  ajudar o adolescente a desenhar o seu projeto de vida, construído a  partir da sua identidade e valores, definindo seus objetivos e missão. E   podem, ainda, fornecer-lhe instrumentos, conhecimentos e recursos para  que ele seja capaz de levar esse projeto adiante com autonomia e  responsabilidade.
Como a escola pode ajudar na prevenção
  A Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (IBGE, 2009) traz dados que preocupam: 71,4% dos estudantes de 9o  ano do ensino fundamental das capitais brasileiras já experimentaram  bebidas alcoólicas; 22,1% já se embriagaram e 9% já tiveram problemas  ocasionados pela bebida, como brigas ou perda de aulas. No mesmo nível  de ensino, 8,7% dos estudantes já consumiram alguma droga ilícita, como  por exemplo maconha, cocaína ou crack.
  A escola pode e deve ajudar na prevenção deste problema. Afinal, ela é  um espaço privilegiado que reúne diariamente crianças e jovens, num  ambiente seguro e confiável.
  Em primeiro lugar, é preciso agir nas causas, naquilo que pode levar um  jovem a recorrer a um entorpecente. As preocupações com a aparência, as  exigências da sociedade de consumo, pelas quais muitos jovens querem  ter cada vez mais coisas da moda para se sentir valorizados, os padrões  de beleza muitas vezes inviáveis, a influência de modelos da mídia, tudo  isso pode ser trabalhado e questionado na escola. Trazer essas questões  para dentro da sala de aula ajuda a formar o espírito crítico, ensina a  pensar por si mesmo e fazer as próprias opções, promove a autonomia  intelectual.
  Além disso, há que envolver as famílias, fornecendo informação sobre o  assunto e orientação sobre prevenção e diagnóstico. Não basta uma  reunião ocasional. A formação da família deve ser contínua, e o diálogo,  aberto e permanente. Detectando um problema de consumo de drogas por  parte de um aluno, mesmo que seja fora do ambiente escolar, há que  convocar a família imediatamente.
  Ao abordar o tema na sala de aula, é preciso habilidade, conhecimento e  cuidado. Pode haver alunos com casos graves de dependência de drogas na  família, e o professor não deveria fazer referências que viessem a  desmerecer os parentes ou causar pânico. Pode-se imaginar, por exemplo, a  tristeza de estudantes filhos de alcoólatras ou de fumantes ouvindo  frases como: “Pobre da família que tem um alcoólatra, isso é o pior dos  castigos”; ou “Quem fuma está com os dias contados”.
  Por tudo isso, a formação dos professores para trabalhar este tema é  urgente. Preocupa a ausência de um projeto consistente e ousado, na  maior parte das redes públicas de ensino do país. Distribuir cartilhas é  pouco. É necessário um trabalho que atinja e mobilize toda a rede,  deixando claro: 1) quem lidera, gerencia e avalia o projeto na escola;  2) qual é a política comum para a abordagem do tema; 3) o que devem  fazer professores e gestores escolares se detectarem que um aluno  começou a consumir drogas. É essencial, ainda, que os projetos se  realizem em articulação com as secretarias de saúde de cada estado e  município.
O que fazer em casa
Cabe à família a responsabilidade primordial de educar, e isso inclui a  questão das drogas. Em primeiro lugar, há que criar espaços de diálogo  franco e transparente. Não uma única vez: falar sobre o tema sempre,  aproveitando as oportunidades cotidianas para educar. Um filme, uma  história, uma notícia de jornal, um personagem de novela ou um anúncio  de TV podem ser disparadores interessantes de conversas esclarecedoras  sobre o tema.
  Os pais não deveriam fugir do assunto nem tratá-lo como um tabu, com  ameaças, proibições e punições. Mais vale oferecer informação: explicar  quais são as consequências do uso de entorpecentes para o organismo,  para a família, para a vida social.
  O ambiente familiar deve contribuir para promover valores: de respeito  ao próprio corpo, de liberdade com responsabilidade, de cuidado de si  mesmo e dos demais. O clima da casa deveria transmitir equilíbrio,  afeto, bem estar; ser promotor da autoestima de todos aqueles que lá  convivem. Para tudo isso, o exemplo é fundamental. Pais que consomem  drogas lícitas ou ilícitas perderão a autoridade ao conversar com os  filhos sobre seus malefícios.
  Os amigos podem exercer certa influência sobre os adolescentes, mas não  é por isso que os pais devem controlar todos os relacionamentos. Ficar  atentos, conhecer o grupo e até mesmo os outros pais é aconselhável; mas  será impossível construir uma redoma para preservar os adolescentes.  Patrulhamento em excesso acabará passando a ideia de que os pais não têm  confiança no filho. É bem melhor, em vez de proibir coisas “porque  sim”, conversar e conscientizar, explicar os motivos, formar o  pensamento crítico, ensinar a dizer não aos colegas quando algo não  interessa. Mostrar que, se um amigo quer levar o outro para um vício, no  fundo ele não é amigo de verdade.
  Estas dicas finais podem ajudar os pais na prevenção do consumo de drogas:
    - Em vez de fazer patrulhamento, converse e oriente.
 - Ofereça atividades saudáveis, ligadas a esportes e cultura.
 - Reforce a autoestima, com afeto e confiança no seu filho.
 - Nunca fuja do tema: ele precisa ser encarado.
 - Fique atento aos sinais e, detectando os problemas, busque ajuda especializada. Com apoio da família, o tratamento tem mais chances de alcançar bons resultados.
 

Eu faço um curso Online de Prevenção às Drogas,promovido pela Unb de Brasília.Sábado teremos a divulgação desse Projeto para toda a comunidade,dentro do ãmmbito escolar.Gostei muito de ler suas informações!Sempre voltarei aqui!!Obrigadaa!!
ResponderExcluirUm abraço,Veraneide.
Obrigado Veraneide, grande parte das publicações do site, são matérias, pesquisas, artigos científicos, e expriências como esta que você está engajada. Tenho um pensamento: Importante é saber quem e como, mas primordial é saber que deu resultado. Todo este conjunto, tem o propósito de divulgar, mais e mais a informação, a respeito das drogas, da prevenção, e meios de recuperação. A grande "arma" de nós, pais (e eu sou pai), e de toda a sociedade, é a informação, por meio da educação...Parabéns por teu trabalho, Abç Emerson, Mais 24 Hrs da Paz e Serenidade
ResponderExcluirAndrea, adoro ler os seus livros para mim e de muita valia,sucesso querida e sempre lembre de nós.
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